O JEJUM BÍBLICO
- desaovicente
- Mar 24, 2024
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Updated: Mar 25, 2024
John Wesley, Pastor e Teólogo Inglês do século 18, deixou-nos uma citação que descreve bem a importância do Jejum na vida do crente, que diz: "o homem que nunca jejua está tão distante do céu quanto aquele que nunca ora.”
Embora pareça uma afirmação drástica ou extremista, isto é uma verdade básica da vida espiritual de um crente. Infelizmente vivemos em dias, em que a prática da obediência às escrituras, e os hábitos secularizados da igreja moderna, transformaram o coração e a mente dos filhos de Deus para o "relativismo".
Quando a palavra de Deus e seus estatutos são relativizados, abre-se espaço para a opinião pessoal reinar sobre aquilo que Deus determinou. Isto é o que tem acontecido na Igreja actual dos dias de hoje!
Tudo é relativo, portanto tudo está dependente da opinião e sensibilidade de cada um. Por isso hábitos normais como o Jejuar, praticamente desapareceram da vida dos cristãos modernos para dar ocasião à carne de reinar (Gálatas 5:13).
Paulo aos Gálatas fala sobre a liberdade do crente em Cristo, como a liberdade dos grilhões do pecado, não da liberdade para cada um fazer o que quer, como quer, quando quer, para o que quer.
Por isso também fala logo de seguida da "batalha da carne contra o espírito, e do espírito contra a carne" (Gálatas 5:17) lembrando que: "os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências." (Gálatas 5:24) e que: "o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna." (Gálatas 6:8)
O Jejum é muito importante para anular a carne e nos aproximar de Deus.
Quando estamos em jejum nós estamos a experimentar a nossa própria fragilidade, e a reconhecer onde residem as nossas fraquezas.
Isto nos leva a deixar que o poder de Deus domine sobre nós, para que por sua vez, nós possamos dominar sobre o nosso próprio corpo em pecado.
Muitas pessoas crêem que Deus nunca tem nenhuma intenção de nos deixar sofrer, e por isso que Ele também tem uma obrigação em prevenir, travar ou impedir o nosso sofrimento.
Por isso é que também não se dedicam à prática do Jejum, e por sua vez não praticam a negação da carne, pois ambas produzem privação e sofrimento intencionais.
Se o Jejum não provocasse desconforto e privação, ele não faria nenhum sentido, pois o propósito do Jejum é provocar a fraqueza e ensinar o crente a sair da sua "zona de conforto" espiritual onde a apatia, a fraqueza e a negligência se acomodaram.
Uma coisa interessante que retiramos do episódio de Paulo em 2 Coríntios 12 e do tal "espinho na carne" (que era um mensageiro de satanás atormentando-o) (2 Coríntios 12:7) é que depois de Paulo orar 3x para que Deus o removesse (2 Coríntios 12:8), a resposta que recebe é: "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza." (2 Coríntios 12:9).
Deus tem a reacção completamente oposta ao que uma pessoa sentindo a fraqueza da carne esperaria ouvir, contudo é a resposta ideal para quem está nessa condição.
Logo a seguir na reacção de Paulo, vemos como um crente verdadeiro reage àquilo que Deus determina; e ele diz: "De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo." (2 Coríntios 12:9).
Paulo não usou de desculpas, nem manipulou a conversa para fazer a sua vontade prevalecer como fazem hoje os crentes modernos quando confrontados com a vontade de Deus em contraste com os seus desejos pessoais.
O objectivo da fraqueza é o fortalecimento no poder de Cristo! Paulo entendeu isto perfeitamente ao dizer: "Porque quando estou fraco então sou forte." (2 Coríntios 12:10).
O desejo do Senhor é expor a fraqueza, para ser Ele mesmo a proporcionar a força.
Só assim seremos realmente fortes espiritualmente para combater o pecado em nós, e dominar sobre a carne que batalha contra o espírito.
Sem o poder de Cristo, só existe a "batalha da carne contra o espírito" e ponto final. Mas, o versículo fala também do "espírito batalhar contra a carne" (Gálatas 5:17), que é inteiramente possível pelo poder de Deus em Jesus Cristo nosso Senhor!
Paulo teve poder para resistir ao "espinho" na sua carne, que era um mensageiro de satanás, somente pela "Graça" de Deus, que foi "bastante" ou "suficiente" para o efeito.
A expressão "A minha graça te basta" devia portanto confortar e fortalecer qualquer crente no meio da fraqueza.
Quando lemos O Senhor Jesus dizer aos Seus discípulos que uma determinada casta de demónios só se podia expulsar por meio de "oração e Jejum" (Mateus 17:21), nós entendemos o poder que a oração e o Jejum têm na vida do crente para vitória sobre o inimigo, e qualquer ataque das trevas sobre a carne.
A grande conquista no jejum é um estado de completa dependência de Deus; na dependência há força, porém convém lembrar que a dependência significa obediência e sujeição.
Não é de estranhar então que vejamos tantos crentes fracos para lutar contra a carne. Seu problema está exactamente na dificuldade que têm em se sujeitar a Deus para que "A graça lhes baste".
Infelizmente para eles a graça não é suficiente, sendo preciso manter seus relacionamentos ilícitos, seus vícios carnais, seus hábitos mundanos, suas opiniões seculares, e por aí fora.
Através do jejum recebemos poder espiritual para vencer o pecado, suportar o mundo e expulsar demónios da nossa vida vencendo todas as fortalezas do inimigo.
A santificação deve ser buscada em jejum e oração constante para que em nós habite o poder de Deus (2 Coríntios 13:3-4).
Tanto a oração como o Jejum são chamadas de disciplinas espirituais em Teologia, pois na vida do Cristão, são obras que à semelhança da piedade, do amor fraternal, da caridade, fazem cada vez mais firme a nossa vocação e eleição (2 Pedro 1:10) comprovando a nossa fé, com obras que espelham a nossa salvação (Tiago 2:17-26).
Parafraseando Paulo em (Efésios 2:10), nós não somos salvos por obras, mas somos salvos para as obras que Deus preparou para que andássemos nelas.
Se o Jejum é uma evidência bíblica da obra de Deus na vida cristã, então porque há cristãos que desconsideram completamente o Jejum?
O Jejum na Bíblia está associado a uma acção de pecadores dirigida a Deus para o perdão e a purificação dos pecados:
Ainda assim, agora mesmo diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto.
E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.
Quem sabe se não se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de alimentos e libação para o Senhor vosso Deus?
Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembléia solene.
A ordem ao Jejum vem da boca do Senhor, e não de nenhum Homem.
O Jejum não é apresentado como um mandamento, mas como uma prática natural de um coração quebrantado diante de Deus.
O Yom Kipur (o dia da expiação) uma das celebrações Judaicas, devia ser praticado 1x por ano como um dia designado especificamente pelo Senhor para o Jejum e a oração como a prática de "afligir as almas" (Levítico 23:27).
Mas o Jejum tornou-se prática natural entre os filhos de Deus, por causa do pecado constante, que pedia a ira de Deus; O Jejum como aflição da alma, tinha o poder de desviar a ira de Deus e mostrar o lamento daquele que pedia misericórdia e conforto do Senhor.
É evidente pelo testemunho dos Homens de Deus no Antigo testamento que o Jejum fazia parte das suas vidas quotidianas e era usado em situações diversas:
Moisés jejuou por 40 dias e 40 noites pelo pecado de Israel (Deuteronómio 9:9)
Davi jejuou e lamentou a morte de Saul (2 Samuel 1:12)
Davi jejuou e lamentou a morte de seu filho (2 Samuel 12:16)
Acabe jejuou e se humilhou diante de Deus (1 Reis 21:27-29)
Dário o Rei, jejuou a noite inteira pela vida de Daniel na cova dos leões (Daniel 6:18)
Daniel jejuou pelo pecado de Judá quando leu a profecia de Jeremias (Daniel 9:3)
Ester jejuou em favor de seu povo (Ester 4:16)
Esdras jejuou e chorou pelos pecados do remanescente de Israel (Esdras 10:6)
Neemias jejuou e lamentou sobre os muros quebrados de Jerusalém (Neemias 1:4)
Josafá, rei de Judá, apregoou jejum por causa dos pecados da nação (2 Crónicas 20:3)
O Jejum na Bíblia é praticado em momentos distintos, para fins distintos, contudo é sempre na dependência e sujeição a Deus:
-Jejum no meio das perseguições e aflições para a protecção e justiça de Deus: (Salmos 69:7-11) (Salmos 35:11-16)
-Para nos humilharmos diante de Deus: (Esdras 8:21) (1 Reis 21:27-29)
-Para reconhecer a nossa fraqueza, pecado e miséria perante Deus (Daniel 9:3-10) (Neemias 1:4-7)
-Para pedir a intervenção, socorro e o favor de Deus (2 Crónicas 20:3-4) (Ester 4:16)
-Para desviar a ira de Deus e pedir perdão e misericórdia: (Jonas 3:4-9) (2 Samuel 12:22)
-Para o fortalecimento nas provações da fé (2 Coríntios 11:27) (Actos 14:22-23)
-Para receber revelação da parte de Deus (Actos 10:30-33) (Actos 13:2-3)
-Para resistirmos firmes às tentações do Diabo (Mateus 4:1-4)
-Para expulsarmos demónios e combater as forças das Trevas (Marcos 9:25-29)
Muitas são as razões e os benefícios do Jejum na vida do crente e fica evidente pelo melhor exemplo de Jesus, que o Jejum fazia parte constante da Sua vida.
Jesus pode suportar um jejum de 40 dias e 40 noites (Mateus 4:2) porque Ele estava exercitado na prática de jejuar, sendo que o jejum deve ser praticado com hábito regular para ser saudável e não produzir danos físicos irreparáveis.
Lembramos que embora O Senhor Jesus seja muito mais que um mero "Homem", Ele era um Homem com um corpo semelhante ao nosso.
Claramente Jesus era alimentado durante os seus jejuns com a Palavra de Deus, que é o verdadeiro alimento que nos sustenta espiritualmente de modo a que tenhamos poder e domínio sobre o nosso corpo à semelhança Dele.
Seu corpo estava com fome, mas Seu espírito estava saciado; Só assim Ele pode resistir a satanás no momento mais difícil do seu estado de Jejum.
O exemplo fica, para cada um de nós ponderar, a razão porque nós não conseguimos vencer as nossas tentações de barriga cheia.
Notem-se as palavras de ditas por Jesus no deserto ao próprio Satanás, quando ele O tentava na fragilidade da fome: "Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus." (Mateus 4:4). Noutra ocasião também diz aos Seus próprios discípulos quando lhe rogavam que comesse: "E entretanto os seus discípulos lhe rogaram, dizendo: Rabi, come. Ele, porém, lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. Então os discípulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe, porventura, alguém algo de comer? Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra." (João 4:31-34)
Novamente vemos "o Jejum" associado à sujeição a Deus em obediência nas palavras de Jesus, e vemos a indicação de que a Palavra de Deus deve ser o menu permanente no nosso cardápio espiritual.
O facto de Jesus Jejuar 40 dias e 40 noites (Mateus 4:2) à semelhança de Moisés no Antigo testamento nos ensina algo valioso; Moisés jejuou 2x um jejum prolongado como Jesus; Moisés Jejuou durante 40 dias e 40 noites, quando subiu ao monte para receber do SENHOR as "tábuas da Lei" (Deuteronómio 9:9-11); E Jejuou mais 40 dias e 40 noites, depois de ter descido do monte e encontrado o povo de Israel envolvidos na criação do bezerro de ouro (Deuteronómio 9:18).
O que Deus nos quer ensinar na Sua Palavra, é que Moisés era um arquétipo de Jesus, uma figura do Cristo por vir; Jesus depois do Seu Jejum no deserto, Ele nos dá uma "nova Lei", no seu grande sermão da Montanha logo no capítulo seguinte (Mateus 5).
O segundo jejum de Moisés, era um Jejum intercessor, para que a Sua vida fizesse um elo de separação entre Deus e os Homens ali em pecado, de modo a que por ele, O Senhor desviasse a Sua ira do povo e não os consumisse (Deuteronómio 9:19).
Jesus após ressuscitar ficou com os discípulos durante 40 dias até à Sua ascensão aos céus (Actos 1:3), de modo a instruir e a preparar o Seu povo para o que vinha depois da Sua partida.
Por isso Ele também é tido como "Intercessor" (Hebreus 7:25) "Mediador" (1 Timóteo 2:5) ou o "Advogado" que temos diante de Deus Pai (1 João 2:1).
Convém saber que não é Jesus que recebe o simbolismo de Moisés nesta lição, mas sim Moisés que já naqueles tempos antigos prefigurava aquilo que Jesus um dia iria fazer por nós.
Jesus nos mostra a nós, como o povo devia ter respondido e agido face às tentações durante o período de provação que Deus havia preparado para eles.
Interessante é saber o significado ou simbolismo do Número 40 na Bíblia, e a razão porque este Jejum praticado por Moisés e Jesus é exactamente de 40 dias e 40 noites.
O número 40 na Bíblia simboliza particularmente: preparação, expectativa e mudança; no contexto de um tempo designado para evidenciar o que vem a seguir;
Alguns outros exemplos do seu aparecimento e simbolismo na Bíblia:
Deus fez chover 40 dias e 40 noites nos tempos de Noé (Gênesis 7:4);
O povo de Israel passou 40 anos em êxodo pelo deserto rumo à Terra Prometida (Números 14:33);
Os Homens enviados por Moisés para espiar a Terra de Canaã, fizeram-no por 40 dias (Números 13:17-25)
Elias passou 40 dias e 40 noites caminhando até o Monte Horeb (1 Reis 19:8);
Israel viveu 40 anos de paz sob os juízes (Juízes 3:11);
Duraram 40 anos os reinados de Saul (Atos 13:21), Davi (2 Samuel 5:4) e Salomão (1 Reis 11:42), os três primeiros reis de Israel;
Jonas profetizou 40 dias de julgamento para que Nínive se arrependesse (Jonas 3:4);
Jesus foi levado por Maria e José ao templo 40 dias após Seu nascimento (Lucas 2:22,23) 7 + 33 = 40 o tempo da purificação (Levítico 12:2-4);
Jesus inicia um novo momento na Sua vida de testemunho a todos nós, após esse Jejum no deserto de 40 dias e 40 noites.
Seu jejum foi particularmente colocado em "reclusão" no "deserto" (Mateus 4:1), para que saibamos que nós à semelhança do povo Judeu nos dias de Moisés, também andamos no nosso "êxodo" pelo deserto desta vida, sendo provados pelo Senhor e muitas vezes castigados também por causa do nosso pecado (Deuteronómio 8:2-6) até chegarmos à terra prometida.
Nossa vida cá deve ser de Jejum e oração, ou seja de negação da carne, e dependência de Deus. A "reclusão no deserto" simboliza a "separação do mundo" que deve ocorrer em cada um de nós particularmente.
Olhemos portanto para o Jejum de 40 dias do Senhor no deserto, e que cada um de nós possa contemplar o que vem a seguir desta vida de provações que é a vida eterna e a Glória da completa redenção;
ENTÃO O QUE É O JEJUM?
Embora O Jejum na Bíblia apareça figurativamente ligado à abstinência temporária de bebida e comida como necessidades básicas da carne comuns a todos os Homens, o Jejum bíblico é muito mais do que deixar de comer e beber.
A "negação da carne" é uma forma de Jejum, na medida que existe abstinência, renúncia e privação, e sua prática deve ser ao contrário do jejum de comida e bebida, não somente temporária, mas contínua e permanente.
Contudo ninguém se engane, não pode haver jejum verdadeiro de mais nada, se primeiro não houver o jejum da comida e bebida como Deus instituiu.
Isto porque a comida e a bebida são as necessidades biológicas mais básicas do ser humano. É lá na fome, que percebemos verdadeiramente o valor do "Pão da vida":
³³ Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.
³⁴ Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão.
³⁵ E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.
O Jejum da comida e bebida portanto é meramente um exercício de hábito que Deus providenciou para nos prepararmos para o Jejum espiritual de todas as outras coisas que a nossa carne também cobiça, mas que devem ser completamente riscadas das nossas vidas.
Devemos praticar o Jejum, porque também devemos nos abster da carne, renunciando toda a impiedade e as concupiscências mundanas, como princípio chave da Santificação.
Ora se não nos for fácil e prazeroso a privação de comida e bebida, como poderá ser possível a privação das concupiscências espirituais que combatem na nossa carne??!
Se a fome do jejum for uma "Cruz pesada" para si, lembre-se da cruz que Jesus carregou por si em seu lugar. Jesus é bem claro em Suas Palavras: "E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á." (Mateus 10:38,39), e repete ainda: "Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me; Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á." (Mateus 16:24,25)
A abstinência e renúncia da carne, é sinal de Santidade e santificação na vida do crente; é igualmente sinal de que há sintonia e semelhança entre o crente e Cristo.
Lembrando que o jejum de comida e bebida na carne é temporário, para os benefícios permanentes no espírito, leiam-se as seguintes passagens:
¹ Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus, que assim como recebestes de nós, de que maneira convém andar e agradar a Deus, assim andai, para que possais progredir cada vez mais.
² Porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus.
³ Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da fornicação;
⁴ Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra;
⁵ Não na paixão da concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus.
A "fornicação" aqui não é só no sentido literal do sexo ilícito, mas no sentido da busca incessante e sem restrição do prazer na carne, e não do prazer em Deus no espírito!
Esta fornicação é o adultério espiritual do amor ao mundo, que Tiago fala em (Tiago 4:4) como o Amor carnal que o mundo sem Deus pratica.
¹¹ Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma;
¹¹ Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens,
¹² Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente,
¹³ Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo;
A prática do Jejum deve ser "intencional" e com "propósito"; Passar fome, não é a mesma coisa que Jejuar.
A intenção deve ser a de reprimir a carne e seus impulsos que dominam sobre nós;
O propósito deve ser a rendição à dependência completa de Deus para a santificação.
O Jejum portanto deve ter um foco Santo e espiritual, razão porque deve ser acompanhado de Oração como sempre vemos nas Escrituras (Neemias 1:4) (Actos 13:3), e deve pedir afastamento de quaisquer distrações carnais que impeçam a consciência espiritual da privação.
Mais importante do que o acto de Jejuar, é o porquê que se jejua!
Muitas pessoas se privam em jejuns mundanos, mas não pelas razões espirituais que Deus pede de nós, para por causa de dietas, e propósitos superficiais como emagrecimento e estética. Esses Jejuns não têm nenhum poder ou benefício espiritual além dos benefícios físicos naturais.
Deus é tão bom para nós, que até nestas práticas instituídas por Ele, existam benefícios tanto espirituais como físicos. Assim como o Jejum tem impacto sobre o nosso corpo em termos de saúde, pois o Jejum ajuda a revitalizar o corpo, a purificar e regenerar as células, a circuncisão por exemplo, que Deus também instituiu ao Seu povo, tem benefícios sexuais, e até de fortalecimento do sistema imunitário.
Nada que Deus determina como ordem ou regra para nós, tem prejuízos, a não ser benefícios de toda a espécie.
É triste então vermos cristãos desprezarem o Jejum, por crerem que há prejuízo na sensação de "fome" que o corpo experimenta.
O Jejum segundo a bíblia tem seu foco em Deus e os seus benefícios são primeiramente espirituais para auxílio do crente na batalha da carne:
É uma forma de demonstrarmos arrependimento e angústia de espírito em relação à nossa miséria espiritual presos a um corpo pecaminoso. (Tiago 4:7-10)
É uma forma de ensinarmos o nosso corpo que ele não está no controle, e que nós fomos libertos da escravidão aos instintos carnais mais básicos. (Romanos 7:5-6) (Gálatas 2:20)
Consciência da fragilidade em nossas dependências carnais em contraste à nossa dependência de Deus. (Romanos 7:24) (Filipenses 4:12-13)
Aumento da sensibilidade espiritual e da convicção mental sobre os pensamentos contrários a Deus. (Efésios 4:22-24) (Romanos 12:1-2)
Aumento do poder espiritual sobre o reino das trevas. (Efésios 6:10-13)
Desenvolvimento do espírito sacrificial que há em Jesus para a obediência nas causas difíceis. (Filipenses 2:5-8)
Treino e disciplina para o Livramento de tentações e santificação do corpo. (Romanos 8:12-14) (Colossenses 3:5-6)
O Jejum então é um acto voluntário que deve partir do crente que deseja o domínio sobre o seu pecado, deseja a santificação e sobretudo, deseja honrar a Deus demonstrando Sua sujeição e dependência Dele.
Contudo, há que distinguir o Jejum verdadeiro, em contrição e coração quebrantado, do Jejum hipócrita religioso cuja finalidade não é nada mais do que a superficialidade das intenções (parecer santo, legalismo, fins de emagrecimento, auto-glória, e por aí fora).
O VERDADEIRO JEJUM E O JEJUM HIPÓCRITA
E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
O Senhor Jesus nas Suas Palavras demonstra que Ele via o Jejum como algo natural que faz parte da vida do crente; Ele diz: "Quando Jejuares" e não "Se Jejuares" deixando claro que a prática do Jejum ocorre naturalmente e ocasionalmente na vida do crente, como forma de mortificação da carne (2 Coríntios 4:10) que é uma doutrina óbvia na Bíblia, que anda sempre de mãos dadas com a Doutrina da Santificação (1 Pedro 1:15-16) e a Doutrina da Separação do Mundo (1 João 5:19).
Na Bíblia torna-se evidente que Deus não aceita o jejum ilegítimo (Mateus 6:16) sem o coração certo, assim como também não aceita celebrações e cultos ilegítimos (Amós 5:21) não aceita sacrifícios ilegítimos (1 Samuel 15:22) (Amós 5:22) nem aceita louvor ilegítimo (Amós 5:23).
Um Jejum que não é feito na disposição de deixar o pecado permanentemente, de abandonar o jugo da escravidão da carne, ou dos hábitos e ideias contrários à fé não pode agradar a Deus!
O Jejum como privação da comida e bebida, é apenas um meio para o Jejum espiritual, da renúncia do pecado, conforme Deus assim o ensina ao Seu povo:
Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados.
Todavia me procuram cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos, como um povo que pratica justiça, e não deixa o direito do seu Deus; perguntam-me pelos direitos da justiça, e têm prazer em se chegarem a Deus, Dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos as nossas almas, e tu não o sabes? Eis que no dia em que jejuais achais o vosso próprio contentamento, e requereis todo o vosso trabalho.
Eis que para contendas e debates jejuais, e para ferirdes com punho iníquo; não jejueis como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto. Seria este o jejum que eu escolheria, que o homem um dia aflija a sua alma, que incline a sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao Senhor?
Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?
Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda.
O povo anunciava de voz alta um suposto "Temor e reverência a Deus", passando a ideia de que realmente "tinham prazer em andar nos caminhos do Senhor, como um povo que pratica a justiça" (Isaías 58:2), mas seu desejo de abandonar o pecado não era genuíno. Até os seus jejuns eram falsos, como era falsa a sua proclamação de fé.
Outro belo exemplo de jejum hipócrita, está em Zacarias, acerca do povo que jejuava, mas ainda assim não abandonava o pecado:
Então a palavra do Senhor dos Exércitos veio a mim, dizendo: Fala a todo o povo desta terra, e aos sacerdotes, dizendo: Quando jejuastes, e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes setenta anos, porventura, foi mesmo para mim que jejuastes? Ou quando comestes, e quando bebestes, não foi para vós mesmos que comestes e bebestes?
Não foram estas as palavras que o Senhor pregou pelo ministério dos primeiros profetas, quando Jerusalém estava habitada e em paz, com as suas cidades ao redor dela, e o sul e a campina eram habitados?
E a palavra do Senhor veio a Zacarias, dizendo: Assim falou o Senhor dos Exércitos, dizendo: Executai juízo verdadeiro, mostrai piedade e misericórdia cada um para com seu irmão. E não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o seu irmão.
Eles, porém, não quiseram escutar, e deram-me o ombro rebelde, e ensurdeceram os seus ouvidos, para que não ouvissem. Sim, fizeram os seus corações como pedra de diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o Senhor dos Exércitos enviara pelo seu Espírito por intermédio dos primeiros profetas; daí veio a grande ira do Senhor dos Exércitos. E aconteceu que, assim como ele clamou e eles não ouviram, também eles clamaram, e eu não ouvi, diz o Senhor dos Exércitos.
Estas passagens demonstram bem a hipocrisia do coração do crente que por um lado, demonstra uma cerca reverência, temor, ou tremor, mas que na prática é meramente superficial ou aparente.
A igreja do Senhor Jesus nestes dias onde a multiplicação da iniquidade tem aumentado e o amor de Deus e a Deus tem esfriado (Mateus 24:12) tem de aprender a temer o Deus que proclama servir, lembrando as Suas próprias palavras que dizem: "Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo." (Hebreus 10:30,31)
Muitos cristãos vivem vidas medíocres, apáticas, acomodadas, sem discernir que a falta de bênção, de graça, de poder transformador, de ousadia e fervor, de poder sobre a sua carne, de sucesso evangelístico, tem origem na sua hipocrisia espiritual instalada.
Deus não ouve as suas orações, não aceita seus louvores, e nem tampouco os seus jejuns.
Assim diz o Senhor, acerca deste povo: Pois que tanto gostaram de andar errantes, e não retiveram os seus pés, por isso o Senhor não se agrada deles, mas agora se lembrará da iniquidade deles, e visitará os seus pecados. Disse-me mais o Senhor: Não rogues por este povo para seu bem. Quando jejuarem, não ouvirei o seu clamor, e quando oferecerem holocaustos e ofertas de alimentos, não me agradarei deles; antes eu os consumirei pela espada, e pela fome e pela peste.
O Apóstolo Paulo era um homem legalista, segundo suas próprias palavras lemos: "segundo a lei, fui fariseu" (Filipenses 3:5), vivendo na hipocrisia da religião, e por isso, se havia tornado um "perseguidor da Igreja" (Filipenses 3:6), mas o "perseguidor", logo se havia de tornar "perseguido" por amor a Deus ao serviço do Senhor Jesus.
A primeira coisa que sabemos do encontro que ele tem com O Senhor a caminho de Damasco, e da sua conversão (Actos 9:1-8) é que: "esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu." (Atos 9:9).
É incrível, como do legalismo à humilhação diante de Deus em jejum e oração (Actos 9:9-11) Saulo um fariseu legalista é transformado para Paulo um servo obediente e sujeito ao Senhor (Actos 9:17-20).
Sua transformação imediata, deixou a comunidade e os Homens atónitos (Actos 9:21).
-Onde estão estas conversões nos dias actuais, quando as pessoas professam e confessam um encontro com Deus, e uma experiência pessoal com Jesus?
-Onde estão as conversões que produzem transformações imediatas, e o total abandono dos costumes antigos?
No Livro de Actos, lemos que na cidade de Antioquia: "foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos." (Actos 11:26).
A pergunta a fazer, é: -Que tipo de pessoas foram chamadas cristãos? A resposta seria: -Os discípulos!
Nos dias de hoje porque tudo foi invertido pela multiplicação da iniquidade, até dentro das Igrejas, seria mais pertinente perguntar: -Quantos cristãos hoje podem ser chamados de discípulos?
Pelo que se entende, quem não tem o espírito de discípulo semelhante àqueles homens da Igreja primitiva, não tem legitimidade para ser chamado de Cristão.
Por isso Jesus na sua mensagem da grande comissão começa por dar a ordem ao discipulado, dizendo: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações" (Mateus 28:19).
O grande problema então dos dias actuais, é que as igrejas não guardam os Seus mandamentos, nem tampouco atentam para os fazer cumprir.
Há um grande problema em fazer "Membros" nas igrejas que não são "Discípulos".
Primeiramente eles dão ao mundo uma visão errada do que é o Cristianismo, por isso temos tantas pessoas convencidas de que "os cristãos" são pessoas "hipócritas". (Pelo testemunho desses ditos cristãos por aí fora pelo mundo, até é compreensível que assim se pense).
As pessoas até podem apoderar-se do "título", mas não lhes pertence, sem o coração servil e seguidor de discípulo.
Segundo, depois de sabermos que seu testemunho lá fora envergonha o cristianismo; Dentro das Igrejas, esse mesmo testemunho corrompe outros crentes em suas afinidades carnais a segui-los.
Vivemos em dias tão terríveis que muitas vezes aquele que diz que não ser envergonha do Evangelho, não sabe que ele mesmo é uma vergonha para o evangelho.
Não existem mais exemplos assim como Paulo à nossa volta em testemunho vivo, porque as pessoas fazem confissões de fé, batizam-se, tornam-se membros da Igreja de Deus, sem espírito sacrificial, sem negação da carne, sem oração nem jejum, nem leitura da Palavra.
Se as conversões não são acompanhadas de mudança radical de vida, elas não são conversões bíblicas, nem sustentadas no poder de Deus.
-"Eis que tudo se fez novo" (2 Coríntios 5:17)? ou "Eis que nada se fez novo"?
O primeiro grande movimento missionário no mundo começou no primeiro século pelos discípulos e a igreja primitiva levantada por eles, mais especificamente em Atos 13. -Qual foi o contexto para esta explosão gloriosa do Reino de Deus?
E lemos: "Servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo : Apartai-me a Barnabé e a Saulo para obra a que os tenho chamado." (Atos 13:2-3).
Nada no mundo espiritual é eficaz sem a oração e o Jejum, e quanto mais poder sobrenatural é pedido, mais necessário é orar e jejuar.
Uma coisa que o crente deve ganhar discernimento acerca do Jejum, é que esta prática não é somente um hábito a desenvolver como uma "regra", mas uma "poderosa arma de guerra espiritual" contra o maligno.
A vida de um cristão verdadeiramente convertido não é a "obediência a regras", mas a "obediência a Deus que as institui".
Se alguém obedecer e se sujeitar a Deus em verdadeira submissão, ele vai cumprir naturalmente as regras, os estatutos, mandamentos, ordens que Deus estabelece.
A Palavra Obediência na raíz do grego original bem nos ensina isto; Paulo aos Romanos diz que em Jesus nós: "recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome" (Romanos 1:5);
Então a "Obediência" (HYPAKOÊN) é a junção de 2 palavras:
(Hupó) = estar debaixo de alguma coisa.
(Akoúo) = Ouvir atentamente.
Então o termo refere-se a ouvir debaixo de alguma coisa, mas do quê?
Fala literalmente de “ouvir debaixo de uma submissão”.
O Apóstolo Paulo aos Coríntios abordando o tema do verdadeiro espírito de Igreja de "semear boas obras", na ajuda da obra, na participação das necessidades, na fidelidade e compromisso com o reino de Deus, fala da submissão daqueles que confessam o Evangelho de Cristo, como algo que glorifica a Deus em testemunho público (2 Coríntios 9:13).
Se de verdade confessamos a mesma fé, e a mesma obediência, devemos nos lembrar de tudo o que diz respeito à nossa vida espiritual, e do que O Senhor pede de cada um de nós no processo da santificação em serviço permanente.
O Jejum não devia ser algo que devia sequer se tornar necessário advertir os irmãos para praticar, pois o Jejum se torna uma necessidade tão básica na novidade de vida, como é também a necessidade de comer e beber.
Se os crentes não sentem a necessidade de Jejuar, suas vidas espirituais estão já ameaçadas correndo sérios riscos debaixo dos ataques do inimigo que são espirituais (Efésios 6:12).
Todo aquele que está bem nutrido de corpo, vigoroso fisicamente, mas não jejua, está espiritualmente débil, fraco, raquítico.
ENTÃO COMO PRATICAR O JEJUM?
O Jejum começa por ser uma "gestão do tempo", pois deve ser enquadrado na nossa vida diária, nem sempre sendo viável, dada a condição de fraqueza que produz no corpo físico.
Também porque o Jejum pede dedicação ao Senhor, reclusão se possível, negação dos distrações, meditação e observância da Palavra, e muita oração.
Separar um tempo de jejum é repensar os dias, entregando ao Senhor aquilo que entregamos deliberadamente aos outros ídolos da nossa vida que criamos para ocupar o lugar que só Deus devia ocupar.
Somos sufocados pelas preocupações desta vida e pelos prazeres e riquezas conforme a parábola do Semeador descreve um tipo particular de "terreno" onde cai a semente (Lucas 8:14).
O jejum é necessário porque nos reposiciona. O Jejum leva-nos a lembrar de ver O Senhor onde nos temos esquecido que Ele está.
O Jejum é Adoração na medida em que é renúncia de tudo o que os nossos olhos cobiçam, para colocá-los somente no Deus da nossa Salvação, cuja Glória está em Jesus Cristo nosso Senhor.
O Jejum deve ser acompanho de louvor a Deus, de atribuição de glória em reconhecimento dos Seus atributos Divinos, e da Sua graça sobre nós não só na duração do Jejum, mas durante todo o tempo das nossas vidas.
A Adoração só cresce quando descansamos na providência de Deus libertando-nos das ansiedades e cuidados desta vida (Mateus 6:21-25).
O Jejum pode ser praticado individualmente ou em grupo como aconteceu no caso do povo de Nínive (Jonas 3:5) cujo jejum teve o poder de desviar completamente o peso de juízo que havia sido já determinado por Deus a Jonas (Jonas 3:3), ou no caso de Ester (Ester 4:16) que todos do povo se uniram a ela em Jejum, pedindo a intervenção de Deus face às injustiças e opressão de Hamã.
O tempo associado ao Jejum deve ser predeterminado pela pessoa que se propõe a Jejuar (sem nenhuma imposição pré-estabelecida), e deve ser cumprido conforme o voto previamente estipulado, pois o Jejum planeado com propósito espiritual é considerado por Deus como um voto, e a bíblia bem nos ensina que devemos cumpri-los atempadamente: "Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votares e não cumprires." (Eclesiastes 5:4,5).
O Jejum portanto pode ser:
Jejum total: nenhum alimento ou água é consumido. Este Jejum deve ser praticado como a base de Jejum. Deve complementar outros Jejuns e não substitui-los.
Jejum à base de líquido: apenas líquidos são ingeridos nesta tipo de Jejum.
Jejum de pão e água: nada mais do que pão e água são ingeridos durante o tempo do Jejum.
Jejum parcial ou intermitente: durante esse jejum, faz-se apenas uma refeição por dia deixando passar 24h até a refeição seguinte.
Jejum diverso: cortar durante o período designado, com qualquer dependência que se creia haver domínio sobre a carne (Internet, telemóvel, hobbies, doces, sexo, etc)
Resumindo, o Jejum acima de todas as coisas, é um acto Negação da carne, de adoração a Deus, de testemunho de que a vontade de Deus é soberana sobre as nossas próprias vontades e desejos.
Nenhum testemunho é mais poderoso do que um crente negando-se a si mesmo, renunciando as suas necessidades e dependências carnais para na fraqueza a graça de Deus lhe baste para viver.
Uma passagem tremenda (Lucas 14:15-27) em parábola contada pelo Próprio Senhor Jesus, bem nos ensina como a obediência e o ouvir o convite do Senhor devem ser características naturais daqueles que professam servi-lo.
Um exemplo é dado sobre aqueles que nesta Terra têm "outras prioridades" e um coração "ocupado" para atender ao Senhor sem restrições.
Nesta parábola é evidente que aqueles que "se escusam" (Lucas 14:18) para não atender ao Senhor, demonstram uma dificuldade em negarem-se a si mesmos (Lucas 14:26-27), e que na "Ceia do Senhor" ficarão de fora.
8 capítulos depois em (Lucas 22) Vemos a celebração da Páscoa e da Ceia do Senhor, fazendo uma paralelo com a "Ceia" da parábola de Lucas 14, de modo a que se entenda que os que ficam de fora à margem da ceia que está a decorrer, foram os que desprezaram o convite, e se fizeram "ocupados" com sua vida.
Sabendo que a celebração da Ceia representa a partilha do corpo do Senhor, e da Sua obra ficar de fora quer dizer muito.
Se você é destas pessoas constantemente dividido em servir ao Senhor e a si mesmo, Leia o seguinte:
³ Tu pois, sofre as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo.
⁴ Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.
⁵ E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente.
Paulo aos Coríntios também fala sobre este acto de militar, como faz um desportista na sua corrida com olhos postos na meta e diz:
²⁴ Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prémio? Correi de tal maneira que o alcanceis.
²⁵ E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível.
²⁶ Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar.
²⁷ Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.
Lembramos o que disse "um" que estava sentado com Jesus à Mesa:
E, ouvindo isto, um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado o que comer pão no reino de Deus.
Para você que pratica ou quer praticar o Jejum a partir de hoje, lembre-se na fome e na sede, na privação, na abstinência, na carência, na renúncia, na aflição, que Deus sempre acaba saciando nossas necessidades no fim da provação, e que no reino dos céus vindouro, uma mesa farta, e toda a abundância de prazeres será posta diante de nós para deleite eterno.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Eis que vêm dias, diz o Senhor DEUS, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR.

Toda glória seja dada ao Senhor Jesus