O INFERNO E O SEIO DE ABRAÃO
- desaovicente
- May 12
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¹⁹ Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente.
²⁰ Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele;
²¹ E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas.
²² E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado.
²³ E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.
²⁴ E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
²⁵ Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado.
²⁶ E, além de tudo isto, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá.
²⁷ E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai,
²⁸ Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.
²⁹ Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.
³⁰ E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam.
³¹ Porém, ele lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco serão persuadidos, ainda que algum dos mortos ressuscite.
Esta passagem é pesada na consciência porque envolve o peso da consequência directa das decisões de uma vida na eternidade.
Neste relato de Jesus, Ele refere o destino final do "homem rico" e do "mendigo lázaro" de modo a colocar os fariseus e sua religião vã, presunçosa e hipócrita debaixo da reprovação.
Esta parte da passagem especificamente trata de deixar um exemplo de consequência a longo prazo, que durante a vida na terra as pessoas desconsideram até que venha a morte e faça delas um exemplo para os que vivem.
¹ Melhor é a boa fama do que o melhor unguento, e o dia da morte do que o dia do nascimento de alguém.
² Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração.
AS CARACTERÍSTICAS DOS 2 HOMENS CITADOS
O "homem rico" - Não é citado por nome, mas somente pela característica das suas possessões terrenas; Isto é propositado para demonstrar como as pessoas sem Deus que amam o dinheiro e as riquezas perecíveis perdem sua identidade, sendo reconhecidas diante de Deus somente pelos seus pecados e misérias.
Como diz o ditado: "Pessoas tão pobres que a única coisa que têm é dinheiro".
A passagem descreve a "cor púrpura" e o "linho finíssimo" como 2 artigos representantes do luxo e do status social; O "pigmento de cor" era sinónimo de riqueza, pois as pessoas pobres usavam os tecidos na sua cor natural, sendo que o processo de pigmentação era dispendioso para o comum dos mortais; da mesma forma o "Linho" era um tecido de alta qualidade não acessível aos pobres.
A expressão que refere que "vivia todos os dias regalada e esplendidamente" serve o reforço da ideia de uma vida de facilidade, e felicidade por meio do luxo; isto para que logo se perceba que o prazer na terra é como o dinheiro do monopólio, e só vale alguma coisa enquanto o "jogo" dura.
Da mesma forma, quando o "jogo da vida" terminar, todos as possessões perdem seu valor tornando-se inúteis.
Outra particularidade acerca deste homem é que seu destino final foi o inferno; dada a conta das possessões terrenas, a passagem para a eternidade por meio da morte não lhe trouxe nenhuma vantagem.
A morte física, trouxe a morte eterna, pois o dinheiro, luxos e facilidades terrenas não só não têm o poder de impedir a morte de chegar, como não têm nenhum valor para comprar a entrada no céu e a vida eterna.
O "Mendigo Lázaro" - É citado pelo nome particularmente, de modo a que se entenda que a diferença entre ele e o o outro homem rico, é que Lázaro havia sido chamado por Deus para a salvação; sua identidade é relevante na história em comparação ao homem rico, pois ele era um filho de Deus.
O termo (Klethos) em grego na bíblia refere-se a alguém ser chamado pelo próprio nome, ou seja um "chamado particular" de Deus para a Salvação.
Lázaro na terra é descrito como um "mendigo", ou seja, alguém pobre e necessitado, e o lugar onde ele surge no relato é "na rua à porta da casa do homem rico".
Provavelmente o homem rico passava por ele todos os dias, e se deparava com a sua pobreza, mas não estendia a mão para ajudá-lo nas suas necessidades, sendo que a passagem refere Lázaro "alimentando-se das migalhas do rico".
A descrição de Lázaro aponta para um homem que jazia "cheio de chagas" como alguém também doente e debilitado fisicamente; É importante lembrar destes pormenores, pois eles servem para criar contraste entre as realidades terrena e eterna;
Lázaro era pobre em riquezas terrenas, mas rico nas coisas espirituais; era desalojado na terra, mas possuindo uma mansão no céu; fisicamente debilitado e doente, mas espiritualmente saudável, purificado do pecado.
O Homem rico era no final de contas, o pobre, miserável, espiritualmente doente, como são hoje muitos homens vivendo suas vidas "regalados" de "facilidade", incluindo muitos crentes que há semelhança dos crentes de Laodicéia deviam atentar às palavras do Senhor Jesus: "Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;" (Apocalipse 3:17-18); Enquanto aquele homem rico desfrutou dos prazeres do mundo, jamais pensou que um dia podia estar naquele tormento, e se o fez, logo o desconsiderou, preferindo viver o momento sem a preocupação de se reconciliar com Deus (Mateus 16:26).
Na parábola de Jesus sobre o Homem que tinha muitos bens e quis construir um celeiro maior para ajuntar mais e mais e folgar descansado, lemos: "E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus".(Lucas 12:19-21)
Quando olhamos para o Homem Rico e Lázaro, logo entendemos quem realmente era "rico para com Deus"! Ambos morrem, pois a morte é a certeza garantida a todos os que vivem (Eclesiastes 3:19), porém o resultado das vidas de cada um na terra, logo produzem destinos diferentes.
A bíblia é clara sobre a morte e sua importância, para que aqueles que vivem, tenham em conta o exemplo do "homem rico" que viveu como se nunca fosse morrer, só para morrer sem que nunca tivesse vivido. Uma vida sem Jesus, é morte certa; morte eterna!
⁷ Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si.
⁸ Porque, se vivemos, para O Senhor vivemos; se morremos, para O Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.
⁹ Porque foi para isto que morreu Cristo, e ressurgiu, e tornou a viver, para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos.
¹¹ Palavra fiel é esta: que, se morrermos com Ele, também com Ele viveremos;
¹² Se sofrermos, também com Ele reinaremos; se o negarmos, também Ele nos negará;
OS 2 DESTINOS FINAIS PARA CADA UM QUE MORRE
O "Inferno" - Este é o "inferno temporário" descrito pelo termo (Hades) o lado para onde vão os homens perdidos, que morrem sem Jesus como Seu Senhor e Salvador; Este lugar é onde "a verdade é vista tarde demais".
A "prisão" que detém captivos todos os homens perdidos à espera do julgamento final e da condenação eterna (Apocalipse 20:11-15).
Este inferno é descrito como um lugar de "tormento" (básanos), que se traduz por um instrumento de tortura usado para extrair à força a verdade de alguém que se recusava a revelá-la.
- A pergunta agora a fazer, qual é a verdade que os homens perdidos recusavam admitir em vida?
- A grande Verdade que Jesus é O Filho de Deus enviado, O Salvador dos Homens e único caminho para a vida eterna! (João 3:16-19).
A bíblia é clara que haverá o dia em que "Toda a língua confessará que Jesus é O Senhor para a Glória de Deus Pai" (Filipenses 2:10-11), em que todos os incrédulos, soberbos, rebeldes, duros e resistentes serão forçados a admiti-lo eternamente por meio do tormento da justiça Divina sendo aplicado.
Como vemos na passagem descrita, o "homem rico" morreu fisicamente, mas a verdade é que neste "inferno" é descrito que ele estava vivo e tinha consciência, capacidade de ver, habilidade de falar, de se lembrar, de sentir, e tinha consciência do lugar onde estava e principalmente da consequência das decisões que tomou para o colocarem ali naquele lugar.
Na Bíblia não há nenhuma indicação que dê aos homens a ideia de que a morte é um estado inconsciente, ou a ausência de consciência; A morte não traz "o nada", ou a "não existência", como muitos pensam, para aliviar a ideia do que virá depois da morte ou para esquecerem das consequências que a morte poderá trazer; Por isso lemos: "aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo" (Hebreus 9:27).
A descrição de que o "homem rico" a dada altura "levantou os olhos" para ver o outro lado onde Lázaro estava parece revelar que do seu lado, o "inferno temporário" descrito na passagem seja um lugar inferior e próximo ao "Seio de Abraão" (também temporário).
A bíblia sempre associa o inferno a um lugar inferior (Provérbios 9:18) (Provérbios 15:24) (Salmos 86:13), para que também seja evidente que ele é um lugar criado em primeiro lugar para o Diabo e seus anjos, que "caíram" do lugar elevado que tinham diante de Deus (Mateus 25:41).
Antes de haver o Juízo final, e a criação dos "Novos céus e nova Terra", o "inferno" e o "céu" são lugares temporários de passagem para a realidade eterna que trará então o "inferno final" também chamado de "Lago de fogo", e o "Novo Éden" que é a junção do céu celestial que desce à Nova Terra criada.
Nesta eternidade, parece lógico e presumível que do céu ninguém possa jamais ver o Lago de fogo, pois a realidade da vida eterna será de prazer, felicidade e beleza perfeitas, onde esqueceremos toda a dor, incluindo a lembrança de que pessoas que amávamos estão em tormento eterno.
Porém parece legítimo que do Lago de fogo continue a haver a possibilidade daqueles que lá estão, possam ver o céu à distância como parte do seu tormento, sendo eternamente lembrados da riqueza da Glória que perderam ao desprezar O Deus Eterno e O Seu Cordeiro!
A bíblia descreve este lugar de um modo terrível para causar o impacto necessário na consciência para a realidade de alguém ir parar a este lugar de onde não há mais retorno.
Fala sobre "labareda de fogo" e "eterna perdição", um lugar "longe da face do Senhor e da glória do seu poder" como distanciados da graça e bênção que há na presença de Deus (2 Tessalonicenses 1:8-9); um lugar que "arde com fogo e enxofre" (Apocalipse 21:8); Onde o "bicho não morre e o fogo nunca se apaga" (Marcos 9:43-44); uma "fornalha de fogo" onde há "choro e ranger de dentes" (Mateus 13:41-42); um lugar onde "o tormento é de dia e de noite para todo o sempre" (Apocalipse 20:10).
- Quem no seu perfeito estado de consciência e saúde mental pode estar sem Deus e achar que não há nenhuma hipótese de vir parar a este lugar, ou pior ainda, pensar que pode ir lá parar mas não se importar com isso? Quem pode negar a Deus e garantir, provar, ou comprovar que a morte não lhe dará entrada directa neste inferno?
A Bíblia deixa o último apelo no Livro de Eclesiastes, o livro sobre a vaidade da vida por sinal, dizendo: "De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau" (Eclesiastes 12:13-14).
O fim da Bíblia no último capítulo lemos uma mensagem semelhante, para acabar em tom de alerta para todos os que desconsideram a Graça de Deus e o tempo disponível para o arrependimento: "Quem é injusto, seja injusto ainda; e quem é sujo, seja sujo ainda; e quem é justo, seja justificado ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra." (Apocalipse 22:11-12)
O "Seio de Abraão" - Este lugar só é descrito 1 única vez em toda a Bíblia e é nesta passagem de Lucas 16. A tradução do grego original para "seio" (kólpos) aqui, refere-se ao peito, mas não no sentido propriamente de uma parte do corpo, mas no sentido de um lugar de proximidade, intimidade e conforto, à semelhança de João reclinado sobre o seio de Jesus em (João 13:23). Claramente a expressão significa um favor especial como uma posição de honra (João 1:18).
Onde este lugar está realmente situado parece ser motivo de alguma divergência, e especulação equivocada por causa da má interpretação e também mau entendimento da tradução do termo (Sheol) em Hebraico para o termo (Hades) em grego.
A palavra (Sheol) aparece no Velho Testamento para se referir ao "reino dos mortos" o lugar para onde os que morrem vão, e é abrangente, podendo ser usado pra descrever o lugar comum para onde vão ambos os ímpios, e simultaneamente os filhos de Deus (Eclesiastes 3:19); Ou ainda em alguns casos especificamente para se referir somente ao lugar onde os ímpios aguardam juízo (O inferno temporário) (Salmo 86:13).
Jacó por exemplo refere este termo quando acerca da morte de José diz: "Porquanto com choro hei de descer ao meu filho até à sepultura" (Gênesis 37:35); Claramente o termo "sepultura" (SHËOLÅH) não é usado aqui pra descrever o "inferno", mas o lugar onde José que havia morrido estaria (O reino dos mortos).
Outro bom exemplo que comprova esta aplicação, está no Livro de Jó que diz: "Quem dera que me escondesses na sepultura, e me ocultasses até que a tua ira se fosse;" (Jó 14:13); Aqui novamente o termo "sepultura" (SHËOLÅH) refere-se a estar morto, e não a estar no "inferno" onde há condenação.
Em (Provérbios 15:24) o termo "inferno" (MISHËOL) porém, usa a raíz da mesma palavra para descrever o destino dos ímpios, não só de morte, mas de morte com juízo (a ideia do inferno).
Desta forma, observa-se que o termo apresenta usos distintos, que podem facilmente confundir, por causa da "tradução" grega da Septuaginta que substituiu (Sheol) por (Hades) que é também uma figura do submundo da mitologia grega e do deus que o governa com o mesmo nome (é daqui que vem a ideia completamente errada da cultura, do Diabo reinar no inferno sendo ele a aplicar o juízo aos mortos).
Na mitologia grega, há um enorme simbolismo em representar "Zeus" o pai dos deuses como "Deus" reinando nos céus, e "Hades" seu irmão caído, como o próprio Diabo, reinando sobre o submundo na figura do Inferno.
-Então como nós podemos entender o "Seio de Abraão" no sentido correcto em que ele é aplicado na passagem?
Tanto o termo hebraico (Sheol) como o equivalente grego (Hades) trata do lugar pra onde os mortos vão mas está dividido em 2 lugares distintos: Um de bênção (onde Lázaro está) e um de punição (onde está o homem rico) e há uma distinção física até de um lugar ser "inferior ao outro".
O problema é que por causa do uso do termo (Hades) referir-se no novo testamento mais frequentemente ao "Inferno" como o lugar temporário da punição, existe confusão em entender a diferença que há entre o "Seio de Abraão" e o "inferno" como 2 lugares distintos do "Sheol".
Este lugar descrito no relato de Lucas 16 não é ainda neste momento "o céu celestial", daí que seja possível haver contacto à distância entre os 2 lados distintos (o lado da bênção e o lado da punição) conforme a passagem revela.
Este é o lugar onde as almas dos Salvos estariam a aguardar a ressurreição final e a imortalidade da habitação dos corpos de Glória no tempo anterior à ressurreição de Jesus (1 Coríntios 15:51-54) (2 Coríntios 5:1-2).
Por isso Paulo diz na ocasião do arrebatamento que: "os mortos ressuscitarão primeiro" referindo-se ao momento de receber o corpo de Glória, como estipulando a ordem em que aqueles que esperavam no "Seio de Abraão", teriam a prioridade pois esperavam nesse estado intermédio.
Há portanto a possibilidade como vários estudiosos pensam, de que após a ascensão do Senhor Jesus aos Céus, que este "Seio de Abraão" tenha sido transportado directamente para o "o céu celestial" e que os santos que "dormem" estejam agora lá mas ainda sem seus corpos glorificados.
Por isso a partir desse momento o termo "Hades" no Novo Testamento, passa a referir-se maioritariamente ao "Inferno" como o lugar onde os ímpios esperam o Juízo.
Isto porque na passagem quando Jesus fala sobre o Homem rico e sobre Lázaro, Ele ainda não tinha ascendido aos céus; Por isso mesmo, Lázaro não "estava" com Jesus mas com Abraão, o patriarca da Fé do Velho testamento, prefigurando um sistema de ordem antigo que em breve com a ressurreição e ascensão do Senhor, iria trazer aos que morrem o privilégio de estar imediatamente com Ele no "Paraíso" (outro termo usado para definir o céu espiritual) (Lucas 23:43).
Agora após a ida de Jesus para junto do Pai (o Céu onde está a Nova Jerusalém), o "Seio de Abraão" foi transportado com Jesus para lá, não havendo mais a possibilidade de haver comunicação entre os perdidos que estão em punição, e os que agora se uniram a Jesus.
Assim sendo, se alguém "partir" desta terra por meio da morte, estará imediatamente com Jesus, porém distante daqueles que estão no "Hades" aguardando o juízo (Filipenses 1:21-23).
A MENSAGEM DE UM PERDIDO NO INFERNO
No final da passagem (Lucas 16:27-31) Há uma mensagem de apelo particular, que não vem directamente de nenhum profeta, missionário ou evangelista, mas da boca de um ímpio perdido no inferno.
A sua mensagem é particularmente impactante, pois ela parte de alguém que está a experimentar em primeira mão o preço das suas escolhas, e o tormento que havia desconsiderado enquanto vivia sua vida desprezando a oportunidade de buscar a Deus e a Sua Salvação.
Este Homem sabia que era impossível para ele voltar atrás e fugir ao inferno, porém lembrando-se dos seus irmãos ainda vivos, roga a Abraão para que mande Lázaro interceder diante deles, de modo a evitar que colham o mesmo destino; e lemos: "Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento."
De alguma forma é possível ainda reter sentimentos "nobres" no inferno, como o amor pelos familiares perdidos, e o sentimento de protecção daqueles a quem um dia se amou em vida, sentimentos porém que são inúteis servindo somente o propósito de aumentar o tormento.
A mensagem a reter aqui é que se alguém realmente ama a sua própria vida, ou a de seus familiares, que pondere sobre para onde caminham todos, e o peso de não agir, não interceder, não intervir, enquanto realmente há uma forma de voltar atrás e mudar de caminho.
A resposta de Abraão é dura e concisa: "Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos."
Moisés representa a Lei e os mandamentos de Deus, e os profetas, aqueles que anunciam a Verdade dedicando seu tempo e vida a testemunhar da misericórdia de Deus andando de mãos dadas com Sua Justiça.
Este pobre homem queria forçar o arrependimento dos seus irmãos por meio de outra estratégia que não pela Fé, contudo Abraão mostra que o seu problema não é falta de provas ou circunstâncias propícias ao arrependimento, mas pela mesma dureza e resistência que levou-o a ele e a todos os outros incrédulos ao inferno; E diz: "E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém, ele lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco serão persuadidos, ainda que algum dos mortos ressuscite." (Lucas 16:30-31)
Muitos "vivos" não conseguem ouvir estas palavras e colocarem-se no lugar deste homem desenvolvendo o temor necessário que leva à consciência do perigo para si e para todos à sua volta de viverem caminhando regalados em facilidade em direcção ao inferno!
Pais levam filhos ao inferno, maridos suas esposas, amigos e amantes, familiares próximos e distantes, colegas, companheiros, parceiros de toda a espécie, uns olhando para os outros dando primazia ao prazer e à felicidade superficial, protegendo os pecados de cada um, relativizando as consequências de uma vida rebelde, santificando-se a si mesmos e aos outros para que o pecado permaneça e os prazeres temporários que ele proporciona; Porém um dia, haverá entre eles, choro e desespero, lamento, terror e decepção.
Parte do tormento eterno é também o sentimento de responsabilidade que cada um terá, na perdição de seus pais, irmãos e filhos que não se advertiu, sacudiu e apelou por amor!
O amor bíblico verdadeiro e puro é aquele que pretende tirar os outros do inferno, e não aquele que os protege no pecado até às portas do inferno!
Uma só "gota de água" (Lucas 16:24) era o único desejo do Homem rico no inferno; O homem que viveu sua vida desprezando a "água da vida" que é Jesus! (João 4:14)
A mensagem continua a ser a mesma, para sacudir as consciências sem Temor e Tremor diante do Eterno Deus que virá em breve julgar a Terra!
E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes Aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.

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