O Amor ao próximo na Defesa do Pecado?
- desaovicente
- Apr 27, 2022
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Quando você ouve alguém citar o mandamento de "amar o próximo", raramente você ouve a medida do amor e a ordem do amor: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mateus 22:39); é a medida que convém salientar. Mas a ordem está revelada nos 2 versículos anteriores:
Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.
Este é o primeiro e grande mandamento.
No confronto com o pecado exposto, quando alguém quer fugir ou negar a hipótese de um juízo de valor, "Amar o próximo" sempre parece um bom recurso para citar. Depois dele, normalmente vem também associado o de "não julgar".
Contudo, citar o amor ao próximo neste contexto só atesta para a defesa não do amor, mas do pecado.
Não existirá porventura uma realidade Bíblica onde por amor alguém possa apontar erros e encorajar os outros a mudá-los?
Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?
Julgar o pecado, e condená-lo é Bíblico se for feito com amor a Deus e à Verdade, segundo a recta justiça, e visando sempre a edificação e o crescimento espiritual daquele que é julgado. Julgar biblicamente também é chamado de:
exortar (Persuadir/Convencer/Dissuadir/Incitar/Demover)
admoestar (Avisar/Advertir/Repreender/Censurar/Acusar)
redarguir (Recriminar/Replicar/Refutar/Contestar/Retorquir/Contrapor)
(João 7:24) (Efésios 5:9-11) (Tiago 2:12,13) (1 Coríntios 10:15) (1 Coríntios 14:29) (Lucas 12:57) (1 Tessalonicenses 5:12-14) (Colossenses 3:16) (Romanos 15:14) (Tito 1:9) (2 Timóteo 4:2) (2 Timóteo 3:16) (Hebreus 3:12-14) (Hebreus 10:25)
O Juízo hipócrita contudo é obviamente condenado nas escrituras:
(Mateus 7:1-5) (Romanos 2:1-4) (Tiago 4:11,12)
Tem de sempre haver alguém que aponta o amor àquele que julga, mas ninguém aponta para o amor daquele que se permite ser julgado? Tanto é preciso amor para julgar, como para se deixar ser julgado. Dir-se-ia até que é preciso muito mais amor para alguém se permitir julgar sem tomar afronta.
As pessoas amam-se tanto a si mesmas, que quando falam de amor ao próximo, elas apenas estão a difundir o amor permissivo que elas têm para com os seus próprios pecados e para consigo mesmo. Não é realmente o próximo que importa, na altura de relativizar o erro e desculpar o pecado alheio. Tudo o que importa é defender o pecado pela carne, para que o nosso também esteja seguro. Quem defende o pecado alheio, na verdade defende seu próprio pecado primeiro, por isso corre ao socorro do outro, tendo o seu próprio, como provavelmente o próximo.
O nosso compadecer é cúmplice na altura de aplicar julgamento porque a nossa consciência sabe que o juízo aplicado, merece juízo em mesmo tom.
Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.
É o peso implícito que Deus coloca no acto de julgar, que provoca tanta aversão Àqueles que consideram o julgamento um acto sem amor. Quem defende o erro instalado e o pecado professo exige a mesma medida para si mesmo, na altura em que ele mesmo estiver debaixo de juízo. Nós defendemos o pecado, porque queremos continuar a pecar, debaixo da nossa própria defesa e da dos outros.
Se a medida é amar o próximo como a si mesmo, quando alguém defende o pecado instalado (seja dele ou de outro), o amor que ele professa não é o amor a Deus, mas o "Amor-próprio" (confundido aqui com o amor a si mesmo).
A defesa parte primeiro do nosso coração que defende o pecado em nós, e usando essa medida, amamos os outros defendendo também o seu pecado. Alguém teria a mesma postura relativista e permissiva diante do erro instalado se o amor à Verdade fosse a prioridade? Obviamente que não. Alguém teria alguém dificuldade em julgar o que é condenável, se porventura não estivesse ele mesmo debaixo da sensação de auto-condenação?
Se a palavra de Deus não pode condenar seu comportamento, você claramente está fazendo coisas condenáveis e sabe disso!
Aquele que não gosta de ver o pecado sendo condenado nos outros, é aquele que semelhantemente o pratica e defende. A defesa do pecado alheio através do "amor ao próximo", pretende apresentar-se como altruísmo, mas na verdade o que ele reivindica é o amor do próximo para si mesmo, quando for a vez dele de ser apanhado debaixo do juízo. (Isto não é altruísmo, mas egocentrismo)
Por isso os ímpios sempre se defendem entre si quando um cristão aparece condenando a prática do pecado. Raramente e até contra a razão um ímpio defende um cristão contra outro ímpio, ainda mesmo que seja evidente onde está a razão. Quem na defesa do pecado cita "o amor do próximo como a si mesmo", na realidade está a dizer que ama o seu próprio pecado, e porque se ama a si mesmo em pecado primeiro, é natural que também defenda o pecado alheio.
Amar o próximo como a si mesmo só serve para quem ama a Deus primeiro, pois o amor a si mesmo, é o amor a Cristo.
Por isso nos diz a Palavra de Deus:
E vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim;
Aquele que é salvo e se "ama a si mesmo", ama a Cristo primeiro pois é Ele que vive em nós (e não nós mesmos na figura da individualidade carnal).
Então "amar o próximo" como "a si mesmo" aponta para amar, como Cristo ama; Nós sabemos que Cristo não ama, relativiza e protege pecados; Cristo disse à mulher adúltera, demonstrando o seu amor por ela: "Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais." (João 8:11)
Não condenou a pecadora, mas condenou o pecado, deixando claro que esse pecado deve terminar. O Amor deveria ter passado ao lado do pecado daquela mulher, de forma a que Jesus fosse silencioso em relação a ele? De modo algum.
Se alguém não ama a Cristo em primeiro lugar, o seu amor próprio contamina o "amar a si mesmo" do mandamento, com o amor ao pecado que devia ter sido substituído por Cristo na regeneração que ainda não ocorreu.
E como amam o pecado aqueles que fazem do amor ao próximo o primeiro mandamento...
"COMO A TI MESMO" é a medida terrível que condiciona a expressão do amor ao próximo. Deus implementou esta condição, para que quando proferirmos amor, tenhamos cuidado para que, se com ele defendemos o pecado, estamos automaticamente a dar testemunho que amamos os nossos pecados, e que queremos na verdade defendê-los também em primeiro lugar. O nosso amor não é altruísta ainda que finjamos que é; quando usamos o amor para defender alguma coisa, estamos a projectar a forma como nós usamos o amor em relação a nós mesmos primeiro.
Na Bíblia O Amor é uma arma usada para a consciência do erro e do preço do pecado que Jesus pagou na Cruz;
Muitos rentes porém usam o amor como uma arma contra a condenação do erro (precisamente o oposto do que é suposto).
Se amamos a Cristo o nosso amor é recto e justo e Santo; Se estamos cheios de amor-próprio, o nosso amor é relativista, permissivo e cúmplice do erro. Se o amor vem de Deus nós amamos sem tolerância pelo pecado, pois Deus também não o tolera. Cristo prova a intolerância de Deus pelo pecado pagando com Sua própria vida. Onde é que na Bíblia prova que condenar o pecado é sinal de falta de amor? E onde atesta que o amor compactua com o erro?
A Bíblia não ensina que Deus perdoa pecados, mas que perdoa os pecados no pecador. Os pecados do pecador porém são ou pagos por Jesus nos salvos, ou pagos pelos pecadores no inferno.
Deus só desvia os olhos dos pecados daquele que os reconhece como pecado, da mesma forma que só perdoa o erro daquele que conhece a Verdade que o condena. Só a um amor santificado no reconhecimento do pecado pela Verdade, produzindo verdadeiros frutos do Espírito é que a Bíblia atesta que contra isto não há Lei (Gálatas 5:23).
O Amor que cobre uma multidão de pecados é o amor que reconhece também uma multidão deles. (1 Pedro 4:8)
Como vimos em Mateus 22, a ordem correcta parte de um primeiro grande mandamento de "Amar o Senhor nosso Deus de todo o teu coração, e de toda a alma, e de todo o pensamento." (Mateus 22:37,38)
Se a ordem começa por amar a Deus em primeiro lugar, isso significa que o amor à Santidade, Verdade, justiça, ética, peso e medida rectos, é o amor que deve transparecer prioritário.
-Porque devemos amar o próximo? Somente porque amamos a Deus!
Porque razão cada um deve ter o amor ao próximo como o amor a si mesmo? Porque na Bíblia não existe amor próprio, vindo do ego. O amor que alguém deve ter por si mesmo, é O Amor que vem da santidade de Deus em nós que nos chama ao aperfeiçoamento. É o amor de Deus em Cristo!!
Se alguém manifesta um amor ao próximo que despreza primeiro o amor a Deus e à Verdade, ele expõe que a essência do amor que tem por si mesmo, é maior que o amor que Deus tem por ele e que ele por sua vez tem por Deus.
Deus não salva pessoas com uma salvação que não lhes faz odiar o pecado como ELE odeia.
O Senhor prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a sua alma.
Só há razões para alguém se amar a si mesmo biblicamente, depois de ele compreender como Deus o ama. A resposta é: - EM JESUS! Deus não nos ama e aceita como nós somos, mas aceita e ama cada um de nós por causa de Jesus, O espelho directo do amor Do Pai. Por isso o amor de Deus pede renovação de vida. Porque Cristo havia de morrer por pessoas que Deus ama exactamente como são?
Jesus amou e ama muitos pecadores como eu e você, mas não desculpou o pecado de nenhum. Convém lembrar que o pecado perdoado, não é um pecado relativizado e esquecido, muito pelo contrário, é um pecado que foi pago com sangue, e lembrado inúmeras vezes durante a Salvação pela Ceia, que celebra o Alto preço que custou.
Quem não aceita o juízo pelo pecado pago por Jesus, também não aceita o perdão que ele proporciona.
Quando você estiver a ver o pecado no erro instalado sendo biblicamente condenado, não o defenda usando o amor ao próximo como esquema de protecção do seu próprio pecado, mas pelo verdadeiro amor ao próximo, lembre apenas o preço que a Verdade de Deus em Jesus pagou na dureza da Cruz.
-O seu amor ao próximo, é mais por amor a si mesmo e ao seu próprio pecado, ou é o que surge por amor a Jesus?
-O Seu amor ao próximo visa livrar o outro do juízo pelo seu pecado ou ilibá-lo a si dos seus?
-O seu amor ao próximo, visa martelar a justiça de Deus no coração do pecador, ou martelar nas mãos de Jesus o pecado dele que você agora defende?
Se o seu amor pelo próximo TEM MAIS PROXIMIDADE do pecado do que de Deus, você não ama a Deus, nem o próximo, nem a si mesmo. Você não ama ninguém....a não ser o pecado...
Sempre que você estiver prestes a defender o pecado alheio, veja o reflexo no espelho que seu pecado projecta em si mesmo, e lembre-se, que em breve se continuar assim, também o seu estará destroçado...

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