DEUS NÃO TEM UM PLANO ESPECIAL PARA TI
- desaovicente
- Aug 6, 2021
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NUNCA evangelize alguém dizendo-lhe: "Deus tem um plano para ti"; porque Ele não tem. O plano de Deus é todo especialmente focado em Cristo, O Filho amado em quem se compraz (Mateus 3:17)
A ideia de que Deus tem "um plano" para alguém particularmente como foco da atenção no primeiro acto de evangelizar é contraproducente e até absurdo, e isto porquê?
Quando alguém é confrontado com a sua realidade espiritual, e a primeira mensagem que lhe é dirigida é um plano de Deus totalmente centrado em si mesmo, essa pessoa não vai nunca entender que Cristo e não ele, é que é O Centro de todos os planos de Deus.
O mundanismo da relevância como oposição ao Evangelho da Graça foca na individualidade ou na natureza especial de cada um, de forma a sublimar o ego e projectar na consciência individual a ideia de que a realidade de cada um é especial em relação a todas as outras. Na realidade onde todos são especiais, ninguém é realmente especial.
Especial é Cristo, " O Filho do Homem", Filho de Deus; O Próprio Deus vivo encarnado, em quem deve incidir todo o tempo a particularidade de uma natureza diferente, uma natureza Divina, especial, única, pois realmente Ele é incomparável quando posto diante da mediocridade de todos nós. Ele é Deus, e nós somos pecadores rebeldes, condenados, desgraçados, perdidos. Esta é a realidade base do Evangelho, e o lugar por onde deve ir crescendo a ideia de esperança, e de riqueza pelo Evangelho. Não uma ideia de prosperidade e benefícios, mas uma de bênçãos não conquistadas e favor não merecido para a posse de um tesouro inimaginável.
O perdão de Deus, a redenção por Jesus, o nascer de novo Pelo Espírito, e a eterna comunhão na Glória com Deus são as infinitas riquezas que alguém pode contemplar somente de olhos postos no plano especial de Deus em Cristo (e não em si mesmo).
Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo,
Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.
Ao ouvir esse "apelo" emocional e mundano de um "evangelho híbrido" equivocado, focado no benefício pessoal, alguém inevitavelmente entende que tanto Deus como Seu plano estão girando à volta de si mesmo, o que não é de todo verdade. Jesus é o centro do Evangelho para a plenitude de TODAS as coisas, e não "o plano" das vidas individuais (Efésios 1:10) (Efésios 2:20). Dessa forma, nesse "evangelho" o foco deixa de ser Deus, e até deixa de ser "o plano", e passa a ser somente o benefício que advém do plano de Deus para a pessoa em questão. (Salvação, escape ao inferno, Paz de espírito, prosperidade e bênção, e todas as mais valias com elas associadas)
Deus tem muitos planos, que individualmente nos dizem respeito a cada um de nós colectivamente, mas que partem de Deus como desígnios e decretos imutáveis e Eternos, centrados somente na Sua Glória em Cristo Jesus. (Colossenses 1:19) (Efésios 1:23) Falar dos benefícios da Cruz é inevitável a dada altura, pois Cristo em muito nos beneficiou, mas a riqueza que Ele nos deu maior, foi ELE MESMO.
Por isso O Evangelho não deve começar com “vantagens” celestiais mas com a desvantagem espiritual da pessoa a quem O Evangelho é pregado.
Pessoas condenadas devem se sentir em condenação verdadeiramente, de modo a receberem a Graça com transparência.
O Evangelho deve sobretudo surgir a partir de uma exposição sóbria da Doutrina da depravação total, através da qual, alguém em consciência entende que o que Deus oferece não é um prémio de competências, um brinde aleatório, ou um favor devido.
A Salvação e o perdão de Deus são o resultado de um plano eterno preparado para através da condenação e da redenção mostrar o carácter santo de Deus, e os atributos perfeitos de Jesus O Filho que é a Luz do mundo.
Só alguém que sabe o seu lugar de desvantagem pode receber essa dádiva, sem confundir o plano de Deus com um serviço prestado à conveniência pessoal.
Depois de alguém entender o estado em que se encontra de desvantagem e a impossibilidade de por si mesma contornar essa condição, é que Cristo se tornará O verdadeiro Alvo da atenção do homem.
Em Cristo muitos são os benefícios e maravilhas colocadas para nosso gozo e desfrute, mas a Salvação deve exaltar Cristo e não o que Ele pode ou não pode fazer por nós. Ainda que hajam riquezas materiais notáveis reservadas para os filhos Do Rei eterno, as riquezas que alguém convertido anseia são as espirituais de valor inestimável.
Se o evangelho começa apontando para a individualidade: “um plano para ti”; rapidamente a pessoa em questão começa a filtrar todo o evangelho à Luz não de Cristo e da Sua Obra, mas de si mesmo no centro do “tal plano”. Não interessa Onde Cristo está, (No centro), mas na realidade onde ela (a pessoa em questão), pode estar. A visão de alguém que recebe o Evangelho com sucesso deve passar de antropocêntrica, para Cristocêntrica.
Na graça a ideia obcecada de individualidade é esbatida, para uma visão colectiva de sujeição e amor, ao serviço de Jesus e do reino dos céus. Um corpo espiritual liderado por Jesus (Romanos 12:5)
Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por Ele.
A Igreja é um símbolo da perda da individualidade, para a comunhão de todos, centrada somente na preeminência de Jesus EM TUDO. (Colossenses 1:18) Se alguém se "converte" emocionalmente com a ideia dos planos de Deus para si, ela nunca se converteu, pois a conversão e o Evangelho procedem da negação e da humilhação que o homem naturalmente experimenta, assim que descobre que os planos de Deus afinal não são em nada acerca de si, mas de Cristo. Por isso muitos entram nas igrejas cheios de "fervor", "devoção", "fé", e emoção, crendo nesse "plano" de vantagens e benefícios só até ao ponto de se desmotivarem com o "plano" que não lhes trouxe afinal muitos benefícios (na óptica da perspectiva pessoal mundana). Por isso saem depressa para irem logo buscar no mundo diversão, afectos ordinários, vantagens momentâneas e "aproveitar a vida" (Mateus 13:5-6). Afinal se alguém entra na Igreja cheia de expectativa, sobretudo por causa do Plano "especial" de Deus para si conforme lhe foi anunciado, ela não entendeu que a Igreja, é o plano de Deus para a Glória de Cristo, e não para o benefício individual de cada um de nós. Somos beneficiados em Cristo sem dúvida, mas a ideia de benefício verdadeiro só pode ser entendido pelo Espírito, para as coisas que não se vêm, que são eternas" (2 Coríntios 4:18) A maioria não vê para além da pobreza e miséria "do plano" individual, porque sua entrada no Evangelho foi por meio da visão do Plano e não por Cristo, Pelo Espírito, PARA a visão da Glória de Deus. Somos todos pedintes diante de Deus, pobres e miseráveis. A verdadeira pobreza, é confundir a Graça de Deus com gratificação, a nobreza de Deus com interesse, a Santidade de Deus com passividade, o Silêncio de Deus com negligência, a generosidade Dele com benefício, Sua Salvação com vantagem, e Sua Glória com lucro pessoal. Por isso Jesus é também confundido como "meios para um fim", e não como "O FIM DE TODOS OS MEIOS".
As pessoas não são pobres por aquilo que não têm, são pobres por aquilo que não buscam.
Ser-se especial só parece importar ao ego numa realidade onde ninguém é. o que nos faz querer ser diferente dos outros, para que também os outros queiram ser como nós.
Todos aqueles que partilham da mente de Deus, estão especialmente satisfeitos em serem exactamente como Cristo é.
Essa é a especialidade do Evangelho para mim e para você.
Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões,
Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa.
Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.
Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

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