Deus "escolheu" uns para Salvar e outros para Condenar?
- desaovicente
- Oct 28, 2021
- 18 min read
Updated: Mar 6, 2022
Deus "escolheu" uns para a Salvação e outros para a Condenação?
Onde é que isto é Bíblico?
Encontramos na Bíblia um Livro que se refere a uma lista de nomes (que só Deus conhece), chamada de "O Livro da Vida" (Filipenses 4:3) (Apocalipse 20:15) (Apocalipse 21:27) (Apocalipse 13:8) (Lista de todos os Eleitos escolhidos, predestinados, chamados e Salvos). Quando foram escritos os nomes destas pessoas no Livro da vida? "Desde a fundação do mundo" (Apocalipse 17:8) segundo uma Eleição feita "Antes da fundação do mundo" (Efésios 1:4)
-Porque encontramos 2 momentos na Bíblia distintos, referidos como "Antes" e "Desde" a fundação do mundo?
"Antes" (Efésios 1:4) (1 Pedro 1:20) (João 17:24) (João 17:5) (Colossenses 1:17)
"Desde" (Apocalipse 17:8) (Apocalipse 13:8) (Mateus 25:34) (Mateus 13:35)
Nós entendemos então a partir deste versículos 2 realidades distintas:
Que Fomos "Eleitos e predestinados" em Cristo ANTES da fundação do mundo;
Que fomos "Salvos" em Cristo DESDE a fundação do mundo quando O Cordeiro foi morto; Cujas obras nossas foram acabadas desde então, pelas coisas ocultas desde então publicadas e reveladas, para que soubéssemos ser herdeiros de um reino que desde então também nos foi preparado.
"Antes" trata de um momento que precede a obra da criação, ao tempo "Kairos" (eternidade) e aponta para a mente de Deus, Sua vontade soberana, Seus decretos, Sua relação Trinitária, Seus desígnios e planos em relação à Criação.
"Desde" trata do momento do início da obra da Criação, no tempo "Chronos" (Tempo medido) em que Deus põe em acção todo o Seu plano respectivamente ao papel da Criação segundo o conselho da Sua Vontade.
O "ANTES" e o "DESDE" se complementam, permitindo a revelação de que fomos "Eleitos segundo a presciência de Deus Pai" (1 Pedro 1:2) ou seja, que entre o "antes" e o "depois" Deus se interpõe, agindo soberanamente sobre o homem, assim que ele existe e se torna responsável por suas acções.
O "DESDE" é muito importante distinguir, pois é aqui que entram os planos eternos de Deus cuidadosamente entrelaçados no comportamento humano pelo qual Ele julgará cada um de nós (Hebreus 9:27). A razão porque O Cordeiro foi morto "Desde" e não "Antes" é porque o pecado só passou a existir depois da fundação do mundo. Contudo a Predestinação de todas as coisas foi "ANTES" de forma a que o comportamento humano ainda que responsável e individual, não o pudesse impedir.
Lembremos sempre que a razão porque "O Cordeiro foi morto antes da fundação do mundo", foi porque Deus soberanamente predestinou a resposta imediata à necessidade criada no surgimento do pecado. Sem pecado não haveria necessidade de nenhum sacrifício por parte Do Cordeiro. Embora saibamos que Jesus só morreu milénios Depois, Sua morte estava preparada, desde o momento que o pecado foi concebido.
O "Antes" precede o "desde" de forma a que nada do que acontece em toda a criação, esteja alheio a essa vontade soberana descrita em Efésios, onde a Eleição e a predestinação tomaram lugar para orquestrar todas as coisas. Os nomes escritos no Livro da vida, foram escritos "desde" a fundação do Mundo, assim como a "Morte do Cordeiro" porque a fundação do mundo é o primeiro passo dentro de um tempo medido por Deus para completar a Sua obra. Contudo, o que acontece Desde a fundação do mundo está decretado Antes do mundo ser fundado. Deus não foi tomando decisões baseadas no comportamento humano à medida que o homem foi exercendo suas decisões. A vontade de Deus é presciente, de forma a que as decisões humanas não podem anular os Decretos imutáveis que Ele determinou.
Existe um Livro da Vida portanto, escrito "Desde" a fundação do mundo, segundo a mente de Deus que "desde Antes" preparou a Eleição de todos, cujos nomes estão escritos lá.
Quando Paulo diz: "havendo sido predestinados" (Efésios 1:11) Ele aponta para o momento de "Antes" (pró - πρό) e não para o "Desde" (apó - ἀπό).
Em grego o termo "Desde" refere que a partir daquele momento da fundação, houve uma separação logo ali; a mesma separação que Génesis fala entre a Luz e as Trevas (Gênesis 1:4,5), embora os astros como fonte de luz nem houvessem sido ainda criados. O termo grego "Apó" indica que de uma grande parte, foi separada uma porção; Foi feita um afastamento entre uma parte e outra, e aqui aponta para a Eleição segundo um desígnio previamente decidido na Mente da Trindade de Deus.
A nossa predestinação segundo Paulo, ocorreu antes de todas as coisas, para que no momento da fundação do mundo, fôssemos separados do mundo por Deus, para "o fim de sermos para louvor da sua glória" (Efésios 1:12)
Onde está a lista do "Livro da morte" que Deus preparou para os condenados? EM LADO NENHUM!
Deus não "Escolheu uns" para condenar, porque TODOS estavam condenados. Ele ESCOLHEU sim Muitos (não todos), para Salvar, e para fazer deles Eleitos a quem deu Ao Filho, para Sua Glória Eterna.
A Bíblia é clara, que todos se desviaram de Deus, e que seus méritos são inúteis ou insuficientes em si mesmos para a salvação. Ela vem pela Graça somente, pela qual Deus se compadece de muitos dentre todos os que estavam condenados à perdição pelo pecado.
Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não, nem sequer um.
Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem.
O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus.
Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.
3x isto é repetido na Bíblia, para deixar bem claro, que não foi Deus que escolheu pessoas para condenar. Ele criou o homem perfeito, e viu que era muito bom; Se Deus tivesse decretado o pecado no homem, como podia Ele ver que era muito bom? Acaso Deus olha para o pecado com bons olhos?
3 é o número da perfeição de Deus, contrastando com a imperfeição do pecado. O Homem não está num bom lugar, até que Deus pela graça o tire para fora dos grilhões do pecado.
A "escolha de Deus" foi feita tão somente pela Graça que Ele destinou aos que escolheu para a Salvação.
A Sua decisão não foi de escolher e selecionar individualmente homens para a condenação, como Ele fez com aqueles a quem Predestinou, Elegeu, Chamou, Justificou, e Glorificou. (Romanos 8:30)
Em lado nenhum diz na Bíblia que ele elegeu, decretou e preparou pessoas para a perdição.
Diz sim que aos homens pecadores, ímpios a quem não elegeu, Deus agiu de forma a repudiá-los:
-Entregou-os aos desejos ilícitos dos seus corações (Romanos 1:24);
-Abandonou-os às paixões infames (Romanos 1:26);
-Entregou-os a um sentimento perverso (Romanos 1:28);
-Deus lançou entre eles espíritos perversos para os punir (Isaías 19:14)
-Cegou-lhes os olhos e endureceu o seu coração (João 12:40);
-Odeia a sua alma (Salmos 11:5);
-O Senhor ri-se das suas rebeldias (Salmos 37:13) (Salmos 2:4);
(Muito embora Deus use particularmente homens condenados na Sua soberania para levar a cabo Seus planos Eternos e a concretização da Sua vontade incontornável, ainda assim a escolha livre dos homens torna-os inescusáveis em consciência);
Faraó foi endurecido neste sentido; Judas cumpriu as Escrituras traindo, mas não foram ambas as decisões tomadas na consciência condenada, ainda que "Livre" de cada um?
A precisão ao detalhe na escolha de Deus na Salvação dos eleitos demonstra que houve atenção especial, dedicação, Amor e plano particular, partindo do plano geral.
Deus compadeceu-se de muitos, e de tantos outros se irou. Ele tem esse direito!
Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer.
Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade?
Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?
Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?
E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição;
Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou,
No plano geral, está o pecado e está a condenação, da qual todos estavam incluídos.
O plano Geral surge de Muitos decretos Soberanos e absolutos, nos quais Deus permite muitas coisas na Liberdade Humana. Deus permite o pecado, permite a violência, o crime, a corrupção, as agendas ecuménicas, a apostasia, as acusações do Diabo, porquê? Pela mesma razão que ele permitiu que "Se achasse iniquidade em Satanás" e que Eva fosse desobediente, após ter sido previamente avisada.
-Eva desobedeceu antes de ter sido avisada a não comer daquele fruto??
Não! Ela desobedeceu depois da liberdade dela ter sido ofertada pela boca Do próprio Deus! Foi posto nas mãos de Adão e de Eva a escolha de obedecer ou desobedecer. Esta é a razão porque a árvore estava disponível no jardim.
-Deus tentou Eva? Deus decretou a desobediência de Eva, para que ela fosse forçada a pecar?
CLARO que não! As escrituras são claras a este respeito: "Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.
Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.
Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte." (Tiago 1:13-15)
Muitos são provados por Deus, mas não tentados; Por isso diz no versículo que antecede:
O Senhor prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a sua alma.
Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.
Tiago 1:12
"Ser provado" é uma acção resultante do Decreto de Deus na Eleição agindo sobre a vida do eleito. Deus prova para a conversão, prova ainda na regeneração, e continua a provar na santificação, aqueles a quem Elegeu para a salvação, e essa provação é somente para QUEM ELE ESCOLHEU e visa somente o nosso aperfeiçoamento, para Louvor da Sua Glória.
O Trabalho de Satanás e a única razão porque ele existe e persiste, é porque Ele faz o trabalho de acusador e opositor, tentando os Eleitos de Deus, aos quais Deus prova, Pela Sua Soberana Mão para Sua Glória.
Deus está seguro de que a provação é boa, porque ELE MESMO soberanamente nos sustenta, e não porque Ele esteja seguro de que "iremos fazer boas escolhas".
Jó é a personagem provada por excelência; Deus elogia Jó (Jó 1:8), porque ELE sabe que é a Graça trabalhando em Jó quem garante o resultado da provação.
-Que proveito então há na Provação?
A FÉ, a dependência e o reconhecimento pessoal de quem recebe a Graça, estão seguros na certeza que é Deus que opera a Obra ainda que seja por meio da nossa consciente liberdade em fazer escolhas;
Se as escolhas são feitas de acordo com a salvação, então o mérito é da Graça, ainda que operando livremente na consciência daquele que "escolhe", e tudo isto não para louvor do homem, mas para Louvor e GLÓRIA de quem a concede.
A escolha do homem é secundária às escolhas de Deus; nas escolhas boas, O Espírito de Deus sempre move a consciência do homem para a boa obra.
Por isso lemos as Palavras de Deus a respeito das "escolhas de consciência" a fim de que o homem não confunda a sua liberdade de consciência, com o Livre-arbítrio que só existe Pelo Espírito nos salvos (2 Coríntios 3:17): "Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós" (João 15:16);
JÓ foi Acusado por Satanás, tentado, afligido, mas simultaneamente PROVADO por DEUS SEGURO NA SALVAÇÃO. Isto é a acção prática da SOBERANIA E GRAÇA agindo na liberdade de Jó. Jó fez o que tinha de fazer e fê-lo livremente, de acção voluntária em consciência, contudo Deus era a força que fazia Jó permanecer fiel.
Receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal?
Jó sabia que "o mal" que sobreveio sobre si, era necessário, ainda que não sabendo porquê. Nos bastidores espirituais, Deus estava a providenciar uma lição para todos nós ainda hoje, e Jó na sua ignorância foi o instrumento usado por Deus; Satanás cumpriu a sua parte de acusador, tentador, trazendo o mal sobre Jó, e Deus permitiu porque embora a Sua vontade não fosse fazer Jó sofrer, o sofrimento havia de cumprir uma obra eterna de ensinamento que Deus é fiel e bom até no sofrimento recebido.
A condenação de muitos que não são eleitos, ainda assim demonstra o coração bom de Deus, que tira uma parte dos seus inimigos para neles demonstrar Graça.
A punição dos restantes demonstra que Deus não é passivo para com o mal, e o mal tem de ser punido. Se Deus fosse só Amor, onde ficaria a Justiça e a Verdade como atributos Divinos?
A condenação de todos (excluindo os eleitos que foram escolhidos particularmente) não impede em nada a Soberania de Deus, e neles não há provação para a salvação, porque Deus pretende distinguir os vasos da ira dos vasos da misericórdia.
E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Romanos 9:22,23
Distinguir vasos da ira (condenados) de vasos da misericórdia (eleitos e escolhidos) serve que propósito?
"Dar a conhecer o seu poder" (mostrando a ira =Justiça nos condenados)
"Dar a conhecer as riquezas da Sua Glória" (mostrando o Amor = Graça nos Salvos)
Referindo-se aos vasos da ira, refere - "preparados para a perdição"
Referindo-se aos vasos da misericórdia refere - "Que para Glória já DANTES preparou".
O "dantes" adicionado nos vasos "escolhidos" em relação á "preparação", é o mesmo "dantes" referido no capítulo anterior: "Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos." (Romanos 8:29)
A ideia errada em relação à Doutrina da Eleição sempre parte da ideia de que Deus é de alguma forma obrigado a "salvar todos" para ser bom e justo. Se Ele só salva alguns, e de alguma forma podia salvar todos, então Ele é mau.
Mas o que falta muita gente discernir, é se Deus salvasse todos, como puniria Ele a rebelião, o pecado, a desobediência, a maldade? Onde ficaria a justiça pendente por todos os crimes cometidos desde o éden?
Se nós como humanos sentimos prazer ao ver a justiça prevalecer e os criminosos sendo punidos, é porque na nossa natureza está gravada a justiça de Deus.
Isto não serve apenas para sentirmos prazer em vermos os crimes abomináveis dos outros sendo punidos, mas para nos consciencializar que sem Cristo, nós merecíamos punições semelhantes.
A Eleição portanto tira muitos homens debaixo da ira, e torna-os em vasos de misericórdia, onde Deus balança o Seu senso de Justiça com o Seu amor e compaixão.
Ninguém que conheça e reconheça o carácter perfeito de Deus, iria querer substituí-lo por um "Deus só de amor" (Esse sim seria um deus injusto), ou somente um "Deus de justiça" (Esse sim seria um deus terrível);
ELEIÇÃO pelo acto de "escolher" da parte de Deus, só está particularmente destinada aos Salvos, pela Graça.
Não existe "eleição" Bíblica para a condenação. As pessoas não nascem "neutras" ao ponto de Deus determinar a partir daí, absolvição ou condenação.
O Homem nasce já condenado, porque nasce do pecado:
Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.
Óbvio é constatar que se uns são separados para salvação do meio de todos, os restantes são os que se juntam para a condenação. Mas o acto de juntar os restantes é fruto dos que Deus ajuntou primeiro para a salvação. Os condenados são a porção que sobra, depois da Eleição cumprir o seu propósito. Não que Deus tenha criado aquelas pessoas especificamente para condená-los ao inferno.
O versículo seguinte por exemplo é um versículo polémico por causa da má interpretação que muitos lhe atribuem:
O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal.
Provérbios 16:4
O "ímpio para o dia do mal", seguido à declaração de que "O Senhor fez todas as coisas", parece evidenciar que os pecadores foram feitos para fazer o mal; contudo não é disto que se trata o versículo.
O que o versículo refere é que dentro dos pecadores condenados a quem a Eleição não abrange, e a estes somente nascidos em pecado, naturalmente confortáveis em praticar o mal, Deus também usa soberanamente para ainda assim conduzir a Sua vontade incontornável. Ou Seja, aos condenados e perdidos (os não eleitos), Deus continua a usar, para que sua prática da maldade sirva ainda propósitos maiores que Deus decretou necessários.
Os ímpios condenados também são instrumentos nas mãos de Deus para a concretização da Sua vontade. Não há ninguém que possa através de decisões pessoais, construir realidades tanto pessoais como colectivas, que possam transcender a soberania de Deus.
Por vezes um perdido praticando o mal visa a conversão de um eleito; ou a punição de outros perdidos; ou ainda em alguns casos o mal praticado num momento é transformado em bênção terrena para muitos (tanto salvos como até perdidos); E todas estas coisas fazem como diz o versículo: "Atendem aos Seus próprios desígnios"; A vontade de Deus é maior e mais elevada que a nossa, não há como entender na totalidade, muito menos combater e contrariar. (Isaías 55:8)
Foi Assim que José percebeu e perdoou a traição de ser vendido pelos seus próprios irmãos tornando-se um homem de poder caindo nas graças do Faraó:
Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.
Por outro lado, no episódio do Êxodo, a figura do Faraó é diferente da figura do Faraó na história de José.
O coração endurecido de Faraó contra Moisés e o povo Judeu prova isto mesmo; um homem condenado, sendo usado por Deus para perseguir o povo que havia já deixado partir em liberdade. o relato fala de "Deus endurecendo o coração de Faraó" (Êxodo 14:8) para persegui-los posteriormente. Isto porquê? Deus sendo glorificado é a razão dada:
E eis que endurecerei o coração dos egípcios, e estes entrarão atrás deles; e eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros,
E os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavaleiros.
Êxodo 14:17,18
Os Decretos de Deus visam Eleger muitos de entre todos os condenados, e também que as acções dos condenados contribuam para a vontade de Deus maior atentando os Seus próprios desígnios, mas isto não quer dizer que Deus decretou que pessoas nascessem pra ser condenadas propositadamente, ou que Deus força pessoas a cometerem crimes contra a Sua vontade, de forma a que sejamos todos "peões sem vontade própria", somente obedecendo a um "deus manipulador" e maníaco num tabuleiro de xadrez galáctico.
A Soberana vontade de Deus, é confundida por muitos na condenação como um Decreto porquê?
O decreto de Deus na condenação de muitos, assim como na eleição de muitos outros, não é um decreto como uma ordem de selecionar um a um e determinar à toa que um é salvo e outro não, como quem tira as pétalas de um malmequer.
Os decretos eternos determinam um curso de história, de eventos, de circunstâncias, que ainda tendo a consciência individual e colectiva dos homens em atenção, nem os prive da sua liberdade de escolha voluntária, nem impeça o plano de Deus de se cumprir perfeitamente.
Como é isto possível?
Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.
Afinal não pode Deus ser Soberano se Eleger apenas UNS de TODOS que já estavam condenados? A soberania de Deus se não decretar salvação para todos acaso é má?
Onde é que a Soberania de Deus é afectada?
Decretos de Deus e permissão de Deus são coisas distintas, porque ambos agem e fortalecem a Liberdade que Deus Deu ao homem, ainda que em consciência somente. As permissões de Deus estão contempladas nos decretos, soberanamente. Mas não é porque Deus permite o mal que Ele o decreta. Deus não tem parte com o mal, por isso diz o profeta Habacuque:
Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar;
Então a vontade de Deus em relação ao mal é qual?
-Onde podemos entender melhor a Vontade de Deus logo desde o início?
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Gênesis 2:17
A vontade de Deus precedeu a decisão pessoal de Eva, quando Deus colocou pela Liberdade que Ele mesmo concedeu, a possibilidade de:
-Obedecer á Sua Vontade (não comendo);
-Ou desobedecer (tomando o fruto)
A Soberania de Deus já não estava contemplando a decisão de Eva? CLARO que sim.
Contudo, não é Eva responsável pela desobediência? Não foi ela punida por desobedecer?
Se Deus tivesse Decretado particularmente a desobediência de Eva, e entendendo que Decretar significa dar ordem, como seria Eva responsável?
Afinal se a ordem fosse para no final das contas desobedecer à "ordem de não comer", comendo o fruto em questão não seria obedecer ao decreto de Deus para a desobediência?
E se assim foi e Eva obedeceu desobedecendo, porque razão foi punida?
-Então o mal vem de onde se afinal tudo é decreto soberano?
Na verdade nem é correcto falar do mal como algo criado, porque o mal não é uma obra da criação de Deus, e não está descrito no relato de génesis nada nesse sentido.
Biblicamente o mal é a ausência interior, ou o afastamento do bem; O afastamento de Deus, em obediência, sujeição e dependência.
Aquilo que está contra a vontade de Deus é descrito na Bíblia como mau aos seus olhos; a contrariedade ou oposição à vontade e natureza de Deus é a raíz de todo o mal (2 Reis 23:32) (2 Reis 8:18) (1 Reis 14:22) (2 Crônicas 29:6) (Jeremias 32:30) (Números 32:13), etc.
O mal portanto vem de nós pessoas rebeldes, na liberdade concedida na imagem e semelhança da qual fomos feitos? Ou vem de Deus que o decreta?
Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti. Ezequiel 28:14,15
-Deus decretou o mal onde?
Diz Deus -"até que se achou iniquidade em ti"; ou seja, primeiro Diz: "Eras Perfeito" (a perfeição semelhante à perfeição de Adão e Eva feitos à imagem e semelhança de Deus) para depois falar da iniquidade como algo "que se achou nele" (em satanás como querubim ungido); O termo "até" descreve que desde a criação, até esse momento temporal, Lúcifer era perfeito como Deus o havia feito.
Se eram perfeitos todos os anjos, e O Homem e a mulher criados, o mal não estava neles, e por isso vemos Deus descansar no último dia e o relato descrever: "E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom" (Gênesis 1:31); O que era "muito bom" era uma obra completa (Gênesis 2:3) e perfeita; O pecado e a o mal não faziam parte desta obra.
O termo "se achou" é um termo curioso; Implica que a iniquidade não estava no querubim perfeito, até um momento em que surge; O que originou o surgimento do pecado não foi nenhum decreto externo de Deus, mas a causa é revelada interiormente e isso é descrito no termo: "em Ti";
A passagem continua e esclarece a fonte de onde surge a iniquidade:
"Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste" (Ezequiel 28:16); e ainda: "Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor" (Ezequiel 28:17); A "multiplicação do comércio" é uma referência feita ao Rei de Tiro, à semelhança da postura de satanás, que era a força por trás do rei; esta expressão trata de revelar que a honra, liberdades, poder, autoridade dadas a Lúcifer foram recebidas com elevação e não com humildade (Da mesma forma com o Rei a quem Lúcifer é comparado). Foi no "interior" de Lúcifer que o pecado surgiu, um ego explodindo de desejo de Glória e poder. Por isso lemos também Isaías falar a respeito dizendo: "E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo." (Isaías 14:13,14); Deus não decretou o pecado como uma ordem para que ele surja! Deus decretou vontades soberanas maiores do que o interior de satanás, de tal forma que Sua vontade ainda assim está perfeitamente conduzida apesar do pecado. Os decretos eternos contemplam ainda o pecado de satanás, mas não são a causa dele.
No entanto, algumas pessoas fazem uso de certos versículos bíblicos para afirmarem equivocadamente que a Bíblia ensina que Deus criou o mal.
Um desses versículos está no livro de Isaías:
Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro.
Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.
Este versículo aponta para a soberania de Deus como a certeza que Deus tem o controlo sobre todos os eventos e circunstâncias que ocorrem na realidade experimentada, e não que ele "criou o mal" como fez o mal surgir. O mal aqui referido, é aquilo que nós como humanos entendemos como "mau" (Uma doença, um acidente, uma desgraça, um ataque de invasores, uma traição, etc)
Outro versículo utilizado está em Lamentações.
Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande?
Porventura da boca do Altíssimo não sai tanto o mal como o bem?
Isto é precisamente a mesma coisa que Jó disse sobre receber tanto o mal como bem; Trata da realidade que advém da vontade maior de Deus que pode ocorrer em bênção ou em castigo. Deus está no comando!
O profeta Amós também diz:
Sucederá algum mal na cidade, sem que o Senhor o tenha feito?
Estes versículos porém, de modo nenhum estão a dizer que Deus é o criador do mal.
Na verdade eles precisam ser interpretados à luz dos contextos em que se inserem. Quando a Bíblia diz que Deus cria o mal, esse mal não é o mal moral, isto é, o pecado; o mal como conceito de oposição ao bem.
Os textos que dizem que Deus cria o mal se referem ao mal circunstancial, ou seja, as consequências que nós entendemos por "más" segundo a óptica do nosso benefício; o castigo enviado por Deus por causa da maldade do homem.
Este é o contexto de todas estas passagens.
Portanto o mal "que se achou" em Lúcifer, é um mal totalmente diferente.
O pecado de lúcifer não impediu as vontades de Deus se cumprindo, ao contrário elas prepararam o caminho para A Glória de Cristo na obra gloriosa da Cruz; Afinal foi a queda de satanás, a desobediência de Eva, e o pecado de todos nós que fez a vinda de Jesus necessária. A Glória do plano de Deus cumprindo tudo em todos, Elevando O Filho, Veio das circunstâncias criadas por meio de todas as coisas; Deus decreta todas as coisas agindo perfeitamente ainda que sobre o mal do pecado; contudo Ele não decreta o pecado nem o mal;
O que Deus Decretou é a Salvação Gloriosa para contrapor o mal que seria "achado" em Satanás.
Abraão desobedeceu ao não esperar o Filho que vinha de Deus; O filho da desobediência veio pela Vontade de Deus então, ou pela vontade da carne?
Contudo, não preparou Deus um plano Eterno e Soberano já contemplando a desobediência de Abraão?
Foi Deus menos Soberano porque Abraão desobedeceu? Ou foi o Homem tornado menos livre quando voluntariamente obedeceu à serpente e desobedeceu a Deus?
"Achou-se em ti" significa: TU PECASTE e EU não tenho nada a haver com isso.
O seu pecado não está escusado debaixo da soberania de Deus, fazendo você uma vítima dos decretos de Deus soberanos sobre si; é o seu interior que está cheio de violência.
Você é o pecador rebelde; você é o desobediente; você é o resistente, intransigente, ingrato, transgressor;
Não é Deus a causa da sua natureza pecaminosa, mas o seu coração perverso, herança dos primeiros homens que voluntariamente desprezaram a Deus, manipulados pelo querubim que ousou querer ser igual a Deus.
Portanto cuidado, quando a Sua leitura Bíblica acrescenta Verdades absolutas que a Bíblia não contém.
Não desculpe a sua natureza rebelde, resistente e desobediente debaixo de uma suposta "eleição injusta", ou desculpe os seus pecados debaixo de uma soberania permissiva de Deus que tudo comanda; A sua consciência é livre, andando ela livremente pelos caminhos da salvação, ou pelos caminhos da condenação.
Você saberá no fim, esteja onde estiver, que Deus não foi injusto nos que se perdem, nem justo nos que se salvam. Nenhum merecia o céu, e todos mereciam o inferno.
Tudo foi Graça e justiça, para Louvor e Glória de Deus em Cristo Jesus!

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