O DÍZIMO A AVAREZA E O CRENTE LADRÃO
- desaovicente
- Nov 27, 2021
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Updated: Nov 28, 2021
Falar sobre coisas espirituais de valor interior, que se debruçam sobre o conceito do que é verdadeiramente "Valioso" sempre dificulta a conversa necessária sobre a gestão dos recursos materiais terrenos cujo valor é meramente "simbólico". O objecto de "valor" está associado ao reconhecimento pessoal que alguém desenvolve em relação a alguma coisa. Nós valorizamos o dinheiro porque fomos ensinados que ele nos permite a aquisição de bens, e que portanto por ele, existam muitas facilidades no mundo disponíveis ao nosso alcance. Mas a realidade é que o dinheiro cada vez mais se torna uma comodidade virtual que só é necessária na medida em que precisamos das coisas que requerem dinheiro para obter. A pobreza e riqueza então são meros estatutos que dependem das dependências materiais de cada um. Mas as pessoas na realidade não são pobres por aquilo que não têm, mas por aquilo que não são. A verdadeira pobreza é não entender o valor daquilo que o dinheiro não pode avaliar, pois não tem preço. Se nós não cobiçássemos nada que o dinheiro atribuiu valor, nós seríamos os mais ricos dos homens. Talvez por isso exista tanta gente nos nossos dias, tão pobres, que a única coisa que têm é dinheiro. Afinal quando contemplamos as coisas espirituais, concernentes à vida eterna no céu, sempre sabemos que lá, as riquezas serão riquezas disponíveis a todos para desfrute, pois no céu onde o pecado não existe só reside o conceito mental de valor, e não de preço. Lá ninguém terá que trabalhar para adquirir posses adicionais àquilo que é de todos. No reino dos Céus, nada tem preço, tudo é inestimável. No céu nada se compra, nada se vende, tudo é nosso fruto de uma Herança incorruptível e incontaminável como diz a Palavra (1 Pedro 1:3,4); Tudo é valioso porque tudo tem valor. É bom imaginar um lugar assim, onde nunca mais teremos de nos preocupar com impostos, contas, cobranças, miséria, dificuldades financeiras e pobreza. Onde as pessoas receberão o seu devido valor, de tal forma que o valor de tudo o resto será um espelho da forma como cada um de nós verá as riquezas disponíveis. O valor do céu estará na Própria presença do Eterno Deus e na acessibilidade que teremos a Ele; na forma como Ele nos valorizou no Seu Filho, e na forma como nós entendemos o valor da obra eterna que Ele preparou. O Reino dos céus e a cidade Santa feita de ouro e as mansões como de vidro puro onde iremos morar (João 14:2) (Apocalipse 21:18), os portões cravejados de todas as pedras preciosas (Apocalipse 21:19) os corpos perfeitos glorificados (1 Coríntios 15:52-54) são somente as primeiras riquezas que tomaremos posse nessa Herança Gloriosa em Jesus! No entretanto, vivemos temporariamente na terra, segundo princípios terrenos em que o dinheiro exerce uma importante parte da nossa sustentabilidade e ao qual estamos de alguma forma sujeitos. É portanto no conceito de Sujeição que devemos meditar tendo o dinheiro como objecto de consideração. O que é que a Bíblia fala sobre o dinheiro, e como é que um cristão deve lidar com ele durante a sua estadia temporária na Terra? Tendo em conta que o cristão é um herdeiro ou co-herdeiro em Cristo das riquezas eternas do reino dos céus (Romanos 8:17), como deve o cristão proceder em todas as suas obras, tanto as que requerem o manuseio de dinheiro como em qualquer outra? E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis. Colossenses 3:23,24 Nós podemos usar o nosso dinheiro e posses ao serviço do Reino de Deus na Terra, para a obra da Igreja e da evangelização, e nenhum outro empreendimento é tão útil e digno como este. Se o fizermos de coração, entendendo que toda a nossa generosidade e boa gestão de recursos primeiramente serve ao Senhor e não aos homens a quem dirigimos o nosso auxílio, receberemos o galardão devido. O problema é que o interior do homem nunca vê a obra de dar como bênção, mas como prejuízo.
Muitas pessoas têm a noção de que receber é melhor que dar; Talvez por isso Jesus tenha ido directo ao assunto para dizer precisamente o oposto, e Lucas assim o confere: "Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber." (Atos 20:35) Devemos num primeiro momento entender que "o dinheiro" (ou as posses materiais) em si não constituem pecado nenhum a não ser no manuseio, uso e gestão da parte do homem pecador que dele usufrui. O sentimento humano em lidar com o dinheiro é que o perverte. O pecado não está em nada externo ao homem, mas reside e parte do interior de cada um. Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios, Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem. Marcos 7:21-23 A "Avareza" é um dos pecados referidos por Jesus, e é um pecado que está intimamente ligado à gestão de posses; A avareza trata da forma como o homem olha para o dinheiro e como projecta nele o seu conceito de "valor". A "Avareza" na sua manifestação mais óbvia resume-se à Sujeição ao valor atribuído na posse adquirida. A AVAREZA E O DINHEIRO O Termo "avareza" no grego original é o primeiro pecado referido no meio de todos os restantes pecados; (PLEONEXIAI) (πλεονεξία) de (pleonexía) fala de: um desejo ganancioso de ter mais e mais, que nunca encontra contentamento; uma cobiça desenfreada; um sentimento de obsessão em possuir e reter as posses; Ou seja, em suma, a avareza é um relacionamento de sujeição ao dinheiro. Jesus nos orienta a discernir que devemos ter cuidado com o sentimento de avareza, pois a vida de um homem não consiste no que ele tem, mas no que ele é aos olhos de Deus. E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. Lucas 12:15 O conceito do mundo valoriza a avareza, porque os homens são medidos pelo que têm, e por isso muitos homens movidos por uma sensação de falta de valor pessoal, projectam nas posses o valor que eles crêem que os outros reconhecem nele. Usar o dinheiro ou as posses como forma de "autoafirmação" é o comportamento mais básico e também mais medíocre da condição de um homem sem valor. Ostentar títulos, estatutos ou posses são os métodos mais frequentes de vermos pessoas projectarem seu valor socialmente, e normalmente quanto mais pobre for uma cultura, povo ou indivíduo, mais propenso é o seu comportamento a agir com ostentação ou avareza. A ostentação e a avareza embora distintos na prática partem do mesmo pecado da sujeição ao poder que o dinheiro dá. O coração dos ímpios (Homens sem conhecimento de Deus) é assim, inclinado para cobiçar a glória dos seus desejos materiais concretizados, mas também para glorificar aqueles que os ostentam; Diz salmos: "Porque o ímpio gloria-se do desejo da sua alma; bendiz ao avarento, e renuncia ao Senhor." (Salmos 10:3). Contudo Deus olha para nós de uma forma completamente diferente, ignorando todos os subterfúgios e apetrechos que nós usamos para nos adornar exteriormente diante dos outros. Deus disse a Samuel, quando este escolhia um dos filhos de Jessé para ser rei de Israel usando deste princípio de ver a aparência como valor: "Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração." (1 Samuel 16:7 ) A Bíblia diz que o amor ao dinheiro é a raíz de todos os males e por isso vimos a avareza nas palavras de Jesus associada a: furtos, maldades, engano, dissolução, inveja, soberba, loucura, etc. A avareza sempre gera toda uma outra panóplia de pecados que rapidamente se associam a ela. Diz a Palavra: Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas. 1 Timóteo 6:6-12 "A piedade" refere-se à prática da Verdade, ou à vivência segundo a Verdade de Deus passada aos homens. Se há uma verdade que Deus fez questão de nos passar é que devemos nos libertar desse grilhão do dinheiro que perverte a nossa noção do valor em dar e repartir. A "a piedade com contentamento" é descrita por Paulo como: "grande ganho"; O que contraria a nossa ideia pecaminosa que dar leva-nos ao "prejuízo". Já dizia um sábio provérbio: "A mão que não estendeu no momento de dar, não estará estendida no momento de receber"; O galardão da generosidade é como uma gota de mercúrio, em que é necessário a mão aberta para o reter; ao fecharmos rapidamente nos escapa. Paulo fala de um contentamento em descobrir que as posses deste mundo, são ganhas nele, e ficarão nele assim que partirmos, para que outros desfrutem delas. Remete a consciência para a gratidão no contentamento em precisar de pouco para se estar satisfeito. O avarento porém não sabe o que é este sentimento de contentamento; Salomão falou precisamente disto dizendo: "Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade." (Eclesiastes 5:10) A carta aos Hebreus também apela ao contentamento na confiança na generosidade de Deus para connosco: "Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei." (Hebreus 13:5). Não há ninguém que realmente tenha reconhecido a generosidade de Deus para consigo, que retenha a sua mão para retribuir em generosidade. Todos aqueles que têm dificuldade em dar, não crêem que aquilo que têm tenha vindo de Deus, mas dos seus próprios esforços e méritos, por isso não são remetidos para a gratidão e para a generosidade. Querem só para eles, aquilo que eles crêem ser seu de direito. Também não confiam em Deus para esperar que aquilo que seja ofertado seja reposto novamente por Ele. Paulo continua dizendo a Timóteo: Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; Que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam se apoderar da vida eterna. 1 Timóteo 6:17-19 "um bom fundamento para o futuro" não se trata de "pé-de-meia" ou de investimentos financeiros para a reforma. O futuro que Paulo refere é o futuro da eternidade, na realidade futura daquilo que virá depois da saída deste mundo. O acto de "entesourar" para o futuro fala do mesmo que Jesus falou: Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Mateus 6:19,20 Jesus no decorrer desta passagem fala sobre os cuidados da vida que causam ansiedade, relacionados com a gestão do dinheiro. "O que comer" e "o que vestir" são preocupações básicas que nós entenderíamos serem razões válidas para nos preocuparmos, mas Ele insiste que não nos devemos preocupar com elas, pois se estamos sujeitos a Deus "buscando primeiro o reino de Deus e a Sua justiça, todas estas coisas nos serão acrescentadas" (Mateus 6:33). Sendo as coisas de cima, as coisas do céu, eternas, relacionadas com o futuro, faz sentido entender que as temporárias também estão tratadas como Deus já tratou das futuras. Basta confiar e gerir devidamente as oportunidades que Ele nos dá em gratidão e generosidade de coração. As riquezas sem generosidade são a pobreza dos homens pois só há duas formas de reagir à Graça recebida: Com gratidão e generosidade. Se Jesus estivesse preocupado em dizer-lhe para você amontoar riquezas para uma reforma de luxo, e para o futuro dos seus filhos, netos e bisnetos, Ele não acabaria esta passagem dizendo: "Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal." (Mateus 6:34) Paulo é bem explícito falando do que a conversão de um homem a Deus faz depois de receber Cristo como Seu Senhor e Salvador: Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória. Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; Colossenses 3:1-5 A AVAREZA É IDOLATRIA Note-se ainda o que Paulo diz também aos Efésios: Mas a fornicação, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos; Nem torpezas, nem parvoíces, nem chocarrices, que não convêm; mas antes, ações de graças. Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Efésios 5:3-5 Dizer que o "Avarento" é "Idólatra" é a forma mais directa de se descrever o que a avareza representa na verdade; uma adoração irreverente que afronta a Glória de Deus. Adorar o dinheiro é dar glória ao sentimento de benefício pessoal que o dinheiro proporciona. Quando alguém começa a olhar somente para o seu próprio benefício, ele está a fazer do dinheiro o seu próprio "deus". O dinheiro é idolatria na medida em que os homens se "dobram a ele", cultuam os meios pelos quais adquirem o dinheiro e fazem deles o seu projecto de vida. Muitos até negligenciam os seus compromissos com Deus de forma a honrar patrões, clientes, colegas e trabalho em primeiro lugar, gabando-se ainda das riquezas adquiridas nesse processo. O dinheiro substitui o lugar que só devia ser ocupado por Deus no coração do homem avarento e ele se torna um idólatra semelhante aos que se dobram perante estátuas sem valor e poder algum. Muitos destes homens crêem não ser idólatras em relação à sua avidez por dinheiro, que escondem debaixo de várias camadas de santidade pintando-se homens trabalhadores e honestos. Mas quem recebe de Deus tudo, e pouco ou nada dá, não é um homem honesto e justo diante de Deus. O Apóstolo João escrevendo em uma das suas cartas fez a seguinte recomendação aos crentes: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 João 5:21). Que ídolos? Todos os ídolos que preencham o coração e a mente com promessa de glória e benefício pessoal. O idólatra que adora a estátua, não a adora por quem a estátua é, mas pela ideia de benefício que a adoração a ela pode proporcionar. A idolatria é um problema de sujeição, e Jesus falou disso quando referiu a divisão entre 2 Senhores no mesmo capítulo 6 onde fala sobre ajuntar tesouros no céu: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom." (Mateus 6:24) "Mamom" em grego (MAMÔNA) (μαμμωνᾶς) é um termo de origem aramaica (מָמוֹן) que se refere literalmente a: dinheiro; riquezas; tesouros personificados; este termo passou a representar directamente o pecado da ganância e avareza, razão porque foi referido por Jesus como 1 dos 2 "Senhores" aos quais o Homem se divide em servir.
Quem estiver sujeito a Jesus está livre do pecado da avareza e amor ao dinheiro, da mesma forma que alguém preso a estes pecados, nunca estará verdadeiramente sujeito ao Senhor Jesus. Paulo disse a Timóteo na passagem referida (1 Timóteo 6:6-12) "Foge destas coisas". Viver em sujeição a Deus, em Verdade, vivendo segundo a Palavra é a maior riqueza de um homem convertido a Deus; Disto fala o Rei David no livro de Salmos: "Folguei tanto no caminho dos teus testemunhos, como em todas as riquezas" (Salmos 119:14). Se algum homem quer contentamento, não é no dinheiro que o obterá, pois o dinheiro gera sempre ânsia por mais, e gera avidez desenfreada que conduz à miséria espiritual que é a maior manifestação de pobreza. Lembrando novamente as palavras de Salomão: "Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará" (Eclesiastes 5:10) A gestão de dinheiro e de recursos sempre é um tema polémico ou indesejado por parte das Igrejas Bíblicas, porque por conta de igrejas não bíblicas, a exploração dos crentes tem sido uma realidade terrível à qual Deus olha dos céus ardendo em ira. Por isso também muitos crentes sem conhecimento escriturístico acabam por confundir as obrigações administrativas das igrejas, e seus custos, com a prática de extorsão de dinheiro da direcção face à congregação. Muitos ainda têm desculpado sua própria avareza, usando o exemplo de igrejas antibíblicas, para justificar também sua atitude antibíblica perante as necessidades da Igreja às quais se fazem de desentendidos. Neste âmbito então, sempre há controvérsia e receio de falar com naturalidade das responsabilidades da igreja como corpo colectivo dos filhos de Deus. A prática do dízimo e das ofertas portanto tem sido envolta em "debates acesos", que resultam sempre num dever negligente de inúmeros crentes, que crendo estarem em boa vivência da fé, estão literalmente a roubar a Deus aquilo que não lhes pertence.
Sim o termo "correcto" ou apropriado é "Roubar"! Reter o dinheiro que Deus nos dá, para usarmos somente para nós mesmos, ignorando as necessidades da obra de Deus, e do sustento dos seus servos ao encargo do serviço Ministerial não é o espírito certo de quem tem O Espírito de Deus. O dinheiro e bens que possuímos na verdade não são nossos, mas são instrumentos da Graça de Deus postos à nossa disposição para gerir adequadamente no curso da nossa "peregrinação" na terra (1 Pedro 2:11), onde devemos nos abster constantemente das concupiscências carnais como a cobiça e a avareza. Se todo o crente visse aquilo que é "seu" como aquilo que "A DEUS PERTENCE", não haveria necessidade alguma dentro de nenhuma igreja dos Santos. A razão porque há igrejas com dificuldades, e Obras do Senhor enfrentando desafios financeiros, é porque os crentes envolvidos estão em falta, retendo aquilo que não lhes pertence por causa da avareza instalada. O DÍZIMO E AS OFERTAS ALÇADAS Quando olhamos para a Igreja primitiva vemos que os primeiros cristãos eram reconhecidos por sua generosidade e pela forma como entrando na fé eram libertos de toda a avareza, e contribuíam fervorosamente para a obra do Senhor. Muitos destes cristãos eram pobres e nem por isso eram desculpados das suas responsabilidades e deveres, ao contrário eles próprios assim faziam questão de repartir do pouco que tinham. Leia-se: Portanto, tive por coisa necessária exortar estes irmãos, para que primeiro fossem ter convosco, e preparassem de antemão a vossa bênção, já antes anunciada, para que esteja pronta como bênção, e não como avareza. E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça; Para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se dêem graças a Deus. Porque a administração deste serviço, não só supre as necessidades dos santos, mas também é abundante em muitas graças, que se dão a Deus. 2 Coríntios 9:5-12 Várias coisas aqui são rapidamente entendidas para esclarecer dúvidas em relação à prática do dízimo. Paulo não pede dízimo, pede ofertas para ajudar os mais necessitados; aquilo que hoje muitos crentes fazem e entendem como "uma vaquinha" ou uma junção de esforços em resposta à necessidade de outros. Tendo em conta que esta carta está inserida no Novo testamento e é dirigida aos coríntios, habitantes da cidade grega de Corinto, fica fácil entender que são palavras dirigidas à Igreja como corpo de Cristo, e não dirigida a Judeus que rejeitaram Jesus e continuavam por isso debaixo da maldição da Lei. Em momento algum nos evangelhos ou em todo o Novo testamento, está um texto que se dirige particularmente à Igreja promovendo a prática do Dízimo Judaico que fazia parte da Lei. É usado sim o tema do Dízimo no contexto Judeu para apelar à consciência dos crentes para a responsabilidade de contribuições estáveis e não esporádicas como fazem hoje em dia alguns crentes, achando que as contribuições só se justificam a cada 3 meses. Paulo diz: "Cada um contribua segundo propôs no seu coração", o que automaticamente confirma que a prática do crente regenerado de dar para a obra não requer nenhuma percentagem determinada. Ora o dízimo é a 10ª parte ou 10% dos ganhos como porção adequada. Paulo não faz nenhuma referência ao tamanho da oferta, e deixa ao coração (que se entende regenerado) assim o determinar segundo a capacidade de cada um. Paulo também não deixou nenhuma direcção para que a ajuda requerida fosse tirada dos "dízimos" dados à igreja de Corinto. Paulo deixou tudo ao coração dos irmãos na generosidade voluntária. Mas também logo a seguir atesta que a retribuição de Deus das bênçãos espirituais estará de acordo com o que o coração de cada um determinou em justiça. Ou seja, embora o coração do homem seja enganoso (Jeremias 17:9) até para se enganar a si mesmo, a Deus ninguém engana, e Ele retribui a cada um segundo a sua obra: "E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra." (Apocalipse 22:12)
Dar segundo "o coração", não é um escape para se "dar o mínimo possível"; O mínimo possível já tinha sido estipulado como 10% nos dízimos do Velho testamento e isto somente porque o povo era avarento e precisava ser forçado ao compromisso de sujeição. A gratidão dos Judeus duros de coração tinha de ser forçada, coagida pelo dízimo para que hoje tivéssemos por contraste as notórias diferenças da Lei e da Graça.
"Dar pouco gera pouco, dar muito gera muito" é o conceito passado por Paulo segundo a forma como Deus opera. Mas na prática às vezes parece que que os mais avarentos continuam tendo cada vez mais, e os que pouco têm, menos ainda. O método que Paulo descreve refere-se às bênçãos de Deus, que não se referem particularmente a bens materiais. As bênçãos que Deus retribui àquele que dá muito do que tem, pode vir em forma de saúde, alegria, paz interior, segurança, estabilidade, e ainda outras espirituais como, discernimento, firmeza na fé, sabedoria, eloquência, etc. Muitos ímpios prosperam aparentemente, mas suas vidas são uma miséria espiritual e emocional, precipitando-se em ruína como fala Paulo sobre os que querem ser ricos (1 Timóteo 6:9). A Bíblia bem ensina que não nos devemos indignar com a aparência de prosperidade do ímpio, pois Deus tem a sua queda preparada (Salmos 37:7) (Provérbios 24:19) (Salmos 73:12-18)
Também aprendemos que o nosso "enriquecimento" serve o propósito de servir "para toda a beneficência"; Isto ensina-nos a reflectir se de facto temos sido o tipo de pessoa que usa a sua riqueza para beneficiar os outros, ou somente a nós mesmos. Entendemos ainda que "a administração deste serviço" de contribuições serve para suprir a necessidade dos Santos, seja dentro da Igreja como fora dela, de forma a produzir abundantemente acções de graças para Deus, tanto de quem dá, como de quem recebe. Este é o espírito da Igreja primitiva, também descrita no Livro de Actos: "E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister." (Atos 2:44,45) Um Espírito generoso comunitário caracterizava a igreja criada pelo Senhor Jesus. Quando as pessoas têm pela Graça, O Espírito de Deus falando ao coração, que necessidade há em existir uma regra imposta com valor determinado impelindo a contribuição por coacção? Que valor tem isto para O Deus que diz: Misericórdia quero e não sacrifício? (Oséias 6:6) Jesus usou a mesma expressão (Mateus 12:7) (Mateus 9:13) dirigindo-se especificamente aos fariseus legalistas para revelar que o que Deus quer é um coração regenerado para obedecer ao amor e à sujeição sem que a Lei o force.
Desde o velho testamento que os holocaustos eram mandados pela Lei, embora saibamos que DEUS não tinha prazer nenhum neles (1 Samuel 15:22) (Hebreus 10:5-9). O propósito deles era apontar para Jesus somente! Hebreus diz: "Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo." Jesus está estabelecido agora para a Igreja como o padrão do amor perfeito.
Apelar ao dízimo segundo a Lei para a responsabilidade do crente em Jesus, é negar o trabalho que O Espírito opera na consciência e coração.
Se alguém não contribui, ou dá de si mesmo voluntariamente, é somente porque ele não é regenerado e salvo! O dízimo implementado na igreja de cristo nos dias actuais serve apenas o propósito de forçar pessoas não convertidas disfarçadas de crentes a dar o que lhes compete. A verdade é que se eles não são crentes, não lhes compete dar absolutamente nada, pois Deus não precisa da esmola do avarento, mas agrada-se somente na gratidão de um Filho.
Não há nada de errado em usar simbolicamente o dízimo Judaico de forma a instituir um compromisso fiel em crentes que tenham dificuldade em exercitar a generosidade, se assim for voluntariamente decidido mas sempre lembrando que o acto de dar não é segundo a Lei, mas segundo a graça e que o "dízimo", (chamado pelo nome legalista) é só um simbolismo de obediência aos deveres individuais de cada crente.
Então o Dízimo como 10% instituído no Antigo Testamento não está mais em vigor? A quem foi dirigida esta ordenança? A Igreja está isenta de dizimar? Notem-se as Palavras de Jesus: E disse-lhe um da multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança. Mas ele lhe disse: Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós? E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. E propôs-lhe uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus. Lucas 12:13-21 Jesus diz com todas as letras: "Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?" Ao contar a parábola logo de seguida Jesus evidencia que aqueles que são ricos para com Deus (Os salvos segundo as infinitas riquezas da graça) têm uma forma diferente de encarar o dinheiro, as heranças, e as divisões na gestão dos recursos no mundo. Jesus não introduz nenhuma Lei a respeito destas coisas, porque Ele veio trazer a Graça como dispensação, onde pelo Espírito, as obrigações dos homens para com Deus são comunicadas interiormente. Ou seja, nós a igreja dos Santos, não precisamos de Leis adicionais impostas que nos forcem a agir de determinada forma, como fazia a Lei na dispensação do antigo testamento, para forçar os Judeus rebeldes a agir em conformidade com os desígnios de Deus. Paulo escreve a Timóteo passando-lhe várias directrizes sobre diversos assuntos e diz: "para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade" (1 Timóteo 3:15) O Espírito de Deus pela Palavra completa (Velho e novo testamento) é que nos ensina como convém andar diante de Deus, e isto engloba como agir, como pensar, como contribuir, e tudo mais que diga respeito à vida de um crente. Contudo sabemos que ao ler a Bíblia existem realidades de dispensações diferentes, e mensagens que se destinam particularmente a pessoas, povos, em épocas diferentes; Contudo todas as mensagens da Bíblia são intemporais! Então como saber determinar o que é para fazer e não fazer, de forma a que não nos prendamos de novo ao exercício do cumprimento da Lei, como jugo do qual fomos libertos por Jesus? Nós devemos contribuir sem avareza de espécie alguma, conscientes do dever que nos é pedido ao coração, e não como a obrigação que é imposta ao pensamento; Devemos contribuir pela graça, e não pela coação psicológica e doutrinária utilizada por muitos líderes de igrejas, através de versículos da lei judaica, mas sim contribuir sem constrangimento como exposto por Paulo na carta aos Coríntios. Primeiro temos de distinguir "Contribuição" de "Dízimo" de forma a termos o entendimento desbloqueado para discernir a vontade de Deus para nós. O "Dízimo" como uma porção particular separada para ser entregue é uma ordenação passada aos Judeus na dispensação da Lei no Antigo testamento e estava afixada em 10% dos ganhos (das colheitas e bens) como valor particular e não propriamente de "Dinheiro". Para a Igreja, as contribuições ou ofertas alçadas não são uma ordenação, pois não estamos mais debaixo da Lei; A bíblia deixa isto bem claro: "Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei." (Gálatas 5:18)
(Isto não significa que podemos andar em caminhos contrários à Lei sendo avarentos como é óbvio)
Ora se é O Espírito que nos guia, Ele também nos ensina como devemos agir em todas as áreas da nossa vida. No acto das contribuições é Ele também que nos dirige, e prepara o coração para a justiça diante de Deus. Muitas pessoas automaticamente entendem isto como uma facilidade para "dar pouco", ou uma libertação da "obrigação de dar"; A pergunta é: Se não há obrigação, não somos obrigados a dar? A forma mais fácil de explicar isto seria dizer que O Espírito tira a obrigação dos 10% dirigida antigamente aos Judeus, e coloca no seu lugar um valor muito maior que 10% ainda que diga que "devemos dar segundo o coração". Em suma, se não existem mais 10% como valor determinante, é o coração pelo Espírito que determinará. Agora leiam-se as seguintes palavras de Jesus: E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna? E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos. Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho; Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda? Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades. Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus. E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Mateus 19:16-24 Ouvir Jesus dizer: "vende tudo o que tens e dá-o aos pobres", prova que a "libertação dos 10%" pela Graça não foi uma forma de produzir crentes que não contribuam; Jesus transformou os 10% em 100% quando respondeu ao Jovem que o abordou nesta passagem. "VENDE TUDO" é o mesmo que dizer vende 100% do que tens e dá 100% aos pobres; foi uma forma dramática de Jesus demonstrar que o coração do homem é avarento, portanto não é confiável. "Dar segundo o coração" porém, como Paulo referiu aos Coríntios, só é válido se O Espírito de Deus estiver presente no coração. Aí os 100% são determinados no coração daquele que dá segundo as suas possibilidades e noção de justiça e fidelidade perante o Deus eterno que o abençoa em Cristo, e não segundo uma regra imposta. O crente que realmente foi salvo e nascido de novo já não tem o tal "coração de pedra" (Ezequiel 36:26) que é enganoso, mas um novo coração e uma nova medida de amor; 10% era a medida para o coração de pedra dos Judeus por isso era imposto. Isto quer dizer que Jesus nos está a orientar para vendermos literalmente tudo e dar aos pobres? Obviamente que não, o que também não impede ninguém de sentir no seu coração a vontade de o fazer se assim o desejar. Lembremos que "é o coração que determina" (e mediante a regeneração ao não de cada um, produzir-se-á generosidade ou avareza) A dificuldade de um rico entrar no reino dos céus, não é porque não deu tudo o tinha, mas porque amou tudo o que tinha com todo o seu coração. É disto que se referia Jesus quando inquirido sobre o grande mandamento na Lei: Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. Mateus 22:36-40 Amar a Deus de coração leva-nos a amar ao próximo de tal forma, que nossas acções estejam sempre orientadas "para toda a beneficência". Contribuir para a obra do Senhor, para a boa manutenção das necessidades dos Santos, para o auxílio dos pobres, para a dignidade da Igreja, e para o sustento dos servos de Deus compromissados com a obra do Evangelho é um privilégio e nunca uma obrigação! Nenhuma Lei poderia estar associada a esta bênção na dispensação da Graça de Deus em curso! O testemunho perpétuo de "William Colgate" fundador do império "Colgate" a quem deu o nome, para sempre será lembrado, quando este Senhor, cristão professo, admitiu em entrevista que seguindo as suas responsabilidades cristãs para com a obra do Senhor, e reconhecendo que seu "império" era somente fruto da benignidade e misericórdia Divinas, passou a viver com 10% dos seus ganhos, doando os restantes 90% para o serviço do reino de Deus. Ora aqui está o perfeito exemplo de um coração que entendeu que o dízimo dos 10% é um símbolo judaico que para o cristão não faz qualquer sentido. O sentimento não é: -Porque tenho de dar 10%? Mas: -Porque tenho de dar somente 10%? O dízimo tem produzido mais crentes avarentos presos à ideia de 10% como valor mínimo e máximo a contribuir, do que crentes que não se prendem a valores simbólicos, e dão de coração segundo as suas possibilidades de forma fervorosa e generosa. O dízimo bloqueia um mínimo na obrigação do crente, mas também impede que ele passe do seu limite, a regra é 10%, e por aí fica na cabeça de muitos "crentes". Dar do que temos é uma honra, pois tudo o que temos é Do Senhor! Nós somos despenseiros das riquezas da Graça, e todos devemos ser fiéis às nossas responsabilidades, tendo-as não como obrigações mas como deveres. Paulo confirma isto dizendo: Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel. 1 Coríntios 4:1,2 Os discípulos do Senhor foram fiéis, e bem sabemos que todos deixaram suas vidas, profissões e seguiram a Jesus sem hesitar (Mateus 4:18-22). O Senhor não deixou de confirmar a cada um deles que essa fidelidade seria generosamente recompensada: Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que receberemos? E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna. Porém, muitos primeiros serão os derradeiros, e muitos derradeiros serão os primeiros. Mateus 19:27-30 Não devemos dar por obrigação nem dar com interesse de ter "cem vezes mais"; novamente é num coração generoso e voluntário que o valor das contribuições são reconhecidas por Deus. O cristão não é obrigado a dar o dízimo, nem por medo do “devorador” apresentado aos Judeus avarentos (Malaquias 3:11) ou de ser "amaldiçoado" (Malaquias 3:9), porque o dízimo é um mandamento da lei judaica, e nós que somos a Igreja, bem lemos que nenhuma condenação há para os que estão em Cristo. Contudo note-se o que diz o versículo: Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Romanos 8:1 Só não há condenação para quem anda Segundo O Espírito; a avareza por sinal não é um fruto do Espírito, mas um sinal de andar segundo a carne, o que determina que todos os avarentos estão debaixo da condenação, ainda que muitos deles estejam por aí disfarçados de "crentes". Embora o dízimo seja ordenança não dirigida à Igreja, mas ao povo Judeu rebelde, ainda assim, é possível ver nas passagens do Antigo testamento a postura de Deus para com a avareza e a falta de fidelidade nas contribuições daqueles que O dizem "servir". Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. Malaquias 3:7-9 Deus tinha esta afronta como algo digno de maldição, pois considerava a importância das contribuições para o mantimento da Sua casa e da Sua obra como lemos no versículo seguinte; Deus falou de maldição na afronta, mas também falou de bênção na fidelidade. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. Malaquias 3:10 O Deus do Velho testamento é o mesmo Deus do novo, e não é porque a dispensação é outra, que Deus veja diferente a afronta e a fidelidade. As palavras do profeta Malaquias ainda continuam bem relevantes e actuais, de forma a que nós mesmos não tendo a ordenança do Dízimo a cumprir como obrigação, estamos a ser provados pelo Senhor ou como avarentos que O afrontam na nossa mesquinhez gananciosa, ou que O agradam na nossa fidelidade e beneficência. Pela Lei, o dízimo era destinado à tribo levítica, aos sacerdotes desta tribo. Eles recebiam e se mantinham dos dízimos, porque não tinham herança e cuidavam do Templo de Deus, a Casa do Senhor, para onde os dízimos eram levados. O Templo foi destruído e não existem mais os sacerdotes levitas, portanto o papel do dízimo conforme foi instituído inicialmente cessou. Isto de forma nenhuma quer dizer que tenham cessado as responsabilidades e deveres para com a obra do Senhor; Afinal O templo foi substituído pela "Igreja". Lembremos que Jesus pegou nos 10% e fez deles 100% no coração daquele que dá.
AS ORIGENS DO DÍZIMO
DÍZIMO é um preceito da LEI de Moisés (Números 18:21-31); embora Abraão tenha dizimado antes da Lei 400 anos antes (Gênesis 14:20), no lugar do número dos sacerdotes, O Dízimo só passou a ser um pacto mais tarde; (Deuteronômio 12:6-17) um contrato, entre Deus e os israelitas (Deuteronômio 14:22-29). Todavia, nem os gentios, e nenhum representante da Igreja de Cristo estavam lá para ouvir este pacto, ficando assim, a Igreja actual, comprometida com o dízimo. Como Jesus cumpriu toda a lei (Romanos 10:4), ao estabelecer um Novo Testamento, nem mesmo o judeu actual tem qualquer compromisso com a observância do Dízimo, uma vez convertido a Jesus e fazendo parte da Igreja Universal que é o corpo de Cristo (Hebreus 12:23).
O DÍZIMO surgiu na dispensação da Promessa, que ocorreu no período de Abraão até Moisés. Deus estava para estabelecer o número de sacerdotes (10% da tribo de Levi), na dispensação da Lei, dentre os filhos de Levi, que já se encontravam nos lombos (no corpo) de Abraão; Estes teriam a finalidade de ministrarem no Templo onde passariam a habitar. Foi o principal motivo, pelo qual, o Espírito inspirou Abraão a pagar a Melquisedeque o dízimo dos despojos (Hebreus 7:4), referente a 10% dos sacerdotes da tribo de Levi que estavam nos seus lombos. Quando o dízimo foi instituído na Lei, os levitas ficaram isentos de pagá-lo, como diz o texto: "por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos"; ou seja, Levi que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. (Hebreus 7:5-9)
Ficaram isentos porque o dízimo deles foi pago na pessoa de Abraão a Melquisedeque, que era a figura do sacerdócio eterno de Cristo. Os sacerdotes levitas foram os únicos autorizados por Deus, aqui na terra, segundo as Escrituras, a receberem dízimo (2 Crônicas 31:4-6) (2 Crônicas 31:12) (Neemias 10:37) (Neemias 12:44) e não o Sistema eclesiástico actual. Como contribuir então? Em Lei ou em Graça? Para se entender melhor, usemos o seguinte exemplo: O Adultério Na Lei: Para não adulterar, o meio utilizado foi o apedrejamento (Levítico 20:10)
Na Graça: Para não adulterar, o meio utilizado foi a justificação pelo amor de Cristo (1 Coríntios 6:10,11)
A Contribuição Na Lei: Para contribuir, o meio utilizado foi o medo do devorador. (Malaquias 3:10,11)
Na Graça: Para contribuir, o meio utilizado é o coração regenerado pelo amor de Cristo (2 Coríntios 9:7)
Nos exemplos do Adultério e da Contribuição nas dispensações o Velho e novo testamento, mudou o meio, mas o objetivo foi o mesmo: Não adulterar e sempre contribuir.
Ou seja embora o dízimo não seja uma forma válida de consciencializar os crentes a obedecerem aos seus deveres de contribuir fervorosamente para a obra do Senhor com Justiça e fidelidade retribuindo as infinitas misericórdias da Graça derramada sobre eles, não quer dizer que não seja válido usar o exemplo do Dízimo para alertar as consciências dos negligentes. Afinal Os mesmos princípios de sustento dos sacerdotes e levitas no Antigo Testamento são usados para o sustento dos obreiros de Deus no Novo Testamento, e disto fala Paulo aos coríntios:
Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois?
Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante.
Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?
Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo.
Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar?
Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.
1 Coríntios 9:9-14
Deve é contudo, ser feito biblicamente, comunicado segundo a Graça, e não segundo a Lei!
Você vive debaixo da GRAÇA e não debaixo da LEI; Porque quando se faz uso da lei estando debaixo da graça, somente com o fim de alcançar certo objetivo, mesmo que necessário, está-se a incorrer num erro que levará fiéis a desviarem-se do destino certo, por causa do caminho errado adoptado.
Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade. 2 Coríntios 13:8 Algumas pessoas interpretam a seguinte conversa de Jesus com os Fariseus de forma a dizer que o dízimo ainda é válido hoje: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. Mateus 23:23 Primeiro, Jesus ao dizer: "deveis, porém, fazer estas coisas" Ele está claramente a incluir os dízimos, mas devemos nos lembrar que Ele está a falar com os "Fariseus" (os Judeus que faziam questão de estar presos à Lei como legalistas) portanto há um contexto particular em jogo. Segundo, Ele o diz, porque O templo ainda estava no exercício das suas funções e não destruído como está actualmente. Jesus, aqui está a falar a Judeus fariseus daquela época, não para a igreja, que até então, não havia sido totalmente formada com fundamentos da graça; o ministério de Cristo não havia ainda sido consumado (o véu do templo não havia sido rasgado), tanto que Jesus ordenou ao homem que era leproso para apresentar-se ao sacerdote e fazer oferta pela purificação, conforme a Lei (Lucas 5:14).
Pela Graça, a instituição do dízimo como uma obrigação do crente não tem fundamento porque todos nós somos sacerdotes de Cristo (Apocalipse 1:6) pois não há mais necessidade desta tribo sacerdotal de Levitas. O Dízimo foi estabelecido para os Judeus e não para a igreja de Jesus Cristo. A carta aos Hebreus expressa isto perfeitamente: E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive. E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro. De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão? Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei. Hebreus 7:5-12 Ora se o sacerdócio mudou, dos levitas para Jesus o nosso Sumo-sacerdote, porque razão a lei do dízimo é imposta sobre a igreja como era sobre os Judeus? O coração dos Judeus pela lei do dízimo não foi aperfeiçoado para as contribuições voluntárias dadas de coração. "(Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus." (Hebreus 7:19) Assim sendo, é por Jesus por acção directa do Santo Espírito de Deus que nós somos motivados a contribuir para a obra do Senhor voluntariamente de coração. Qualquer crente regenerado entende que 10% é muito pouco, em contraste com a posição dos Judeus que viam os 10% como muito, de tal forma que roubavam a Deus até nisso.
Um coração grato a Deus não tem a sua contribuição limitada a 10% como que sua generosidade tem esse limite imposto. A libertação da Lei não faz com que a vontade de Deus exercida por meio dela seja para desconsiderar, mas nós a consideramos por causa do Espírito em nós, e não por causa da Lei que nos é imposta. Devemos compreender a diferença entre contribuir pela LEI e o contribuir pela GRAÇA, para não ficarmos debaixo de maldição, e obrigados a guardar toda a lei. Paulo diz que se escolhermos seguir algum mandamento da Lei como um jugo de servidão somos obrigados a guardar toda a lei. Note-se: Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Gálatas 5:1-3) O acto da circuncisão era um acto de conformidade com a Lei em regime de obrigação, e essa era a fonte do problema; não o acto de circuncidar em si, que nós até sabemos hoje que tem suas vantagens em termos de saúde e fertilidade. Por isso Paulo diz "Da Graça tendes caído", como uma forma de demonstrar que havendo recebido verdadeiro conhecimento do que Deus pede ao coração do Homem, novamente aqueles homens voltavam aos rituais impostos pela Lei pela qual os homens se justificavam a si mesmos. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído. Porque nós pelo Espírito da fé aguardamos a esperança da justiça. Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor. Gálatas 5:4-6 O facto de Paulo apontar para O Espírito da Fé e para Jesus para evidenciar aquilo que Deus realmente dá valor, revela que a imposição de rituais legalistas não estão de acordo com a acção da Graça agindo voluntariamente no interior dos Homens. A graça é regeneração da mente e coração para o cumprimento voluntário do amor de Deus, em contraste com a Lei que servia para evidenciar o espírito de contrariedade do povo Judeu. Na LEI, o DÍZIMO era a causa principal da bênção do povo judeu e a bênção era consequência deste DÍZIMO (Malaquias 3:10). Deus agia com dureza com um povo que recebia a vontade de Deus com dureza. O propósito da Lei era evidenciar isto mesmo! Na GRAÇA, o SACRIFÍCIO DE CRISTO é a causa principal da bênção do povo cristão. (Efésios 1:3) Ao invés de incentivar os cristãos a viver o amor de Deus pela Graça em espírito de beneficência, generosidade e contribuição, muitos crentes exortam as igrejas através de métodos da Lei Judaica para fazer cumprir os deveres dos membros negligentes e avarentos. Nós devemos estimular sim, todos os crentes a permanecerem fiéis nas ofertas pois elas precisam ser pessoais, metódicas, regulares e proporcionais aos ganhos de cada um. Não são esses os mesmos princípios que regulamentam os dízimos? Sim são, contudo, eles não justificam a defesa da prática do dízimo judaica, mas ao invés, incentivam o Crente a ser muito mais generoso, indo para além desse valor "simbólico" no acto de ofertar. Não é na prática do Dízimo como ordenança da Lei que devemos incidir para consciencializar crentes descompromissados com a obra do Senhor, mas na prática do Amor voluntário que não está cego para ver que a Igreja tem necessidades, para livre-curso de uma obra próspera. Se todos os crentes estiverem despertos para o que a Graça opera no coração regenerado, a Igreja será mais rica por meio das contribuições voluntárias, do que por meio dos dízimos impostos. Cristo não colocou “VINHO NOVO” (A GRAÇA) em “ODRES VELHOS” (A LEI). (Marcos 2:22) Jesus estabeleceu tudo novo por meio de um coração nascido de novo; Fomos libertos por Jesus para sermos livres de toda a imposição, regra, ordenança, obrigatoriedade, e maldição. Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque. Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também agora. Mas que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre. De maneira que, irmãos, somos filhos, não da escrava, mas da livre. Gálatas 4:28-31 Não podemos fazer do cristianismo uma seita judaica de costumes Judaicos aos quais a Igreja de Cristo não está sujeita. Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo; E não ensinará cada um a seu próximo, Nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; Porque todos me conhecerão, Desde o menor deles até ao maior. Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, E de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais. Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar. Hebreus 8:10-13 Lembre-se dos 100% pedidos por Jesus ao Jovem que se entristeceu por possuía muitas propriedades em comparação aos 10% do dízimo imposto pela Lei na dispensação do Antigo testamento e depois pondere a sua fidelidade Bíblica ao Eterno Deus em honestidade de coração. Você tem sido avarento (nem que seja um pouquinho) e sabe disso! Quem reclama dos 10% que o Dízimo simbolicamente representaria para sua contribuição, está a 90% de distância de descobrir o verdadeiro amor de Deus em gratidão!
Convém lembrar o tempo todo: nenhum avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. (Efésios 5:5)

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