A ORAÇÃO MODELO DE JESUS
- desaovicente
- Feb 23, 2022
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Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
O pão nosso de cada dia nos dá hoje;
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;
E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.
Mateus 6:9-13 Antes de olharmos para o Modelo de Oração que Jesus nos deixou, vejamos a introdução que Ele faz mesmo antes do modelo ser apresentado: Antes de tudo, Jesus exorta os ouvintes sobre a "Atitude ou postura" correcta que alguém deve ter quando ora.
Oração não é um ritual, ou uma obrigação, ou um método religioso de criar "pontes" com Deus. É Ele que vem ao nosso encontro através do Espírito Santo, portanto a oração não é uma ponte, mas contacto íntimo estimulado pelo desejo de relacionamento do Próprio Deus para com aqueles a quem Ele regenera para a novidade de vida. O primeiro benefício prático desse relacionamento é a oração, para que Deus esteja sempre à distância de um pensamento, sem que ainda tenhamos de sair de onde estamos. A oração não cria pontes para os filhos de Deus, pois o objectivo de uma ponte é ligar 2 pessoas distantes uma da outra, e Deus não é distante àqueles que são Dele, assim como aqueles que são Dele não Lhe são distantes. A oração é prova dessa proximidade constante. A oração pode funcionar temporariamente como uma ponte, quando um filho do mundo, reconhecendo em Jesus O caminho O busca em oração voluntária, mas se o coração for chamado por Deus (e só Deus pode chamar alguém até Ele), a oração não é mais uma ponte, pois achando graça aos Seus olhos, a oração funciona já como uma confidência em relacionamento. A oração portanto é uma conversa de intimidade e comunhão; um momento de proximidade e procura em que nós, Filhos de Deus, buscamos voluntariamente em prazer, Sua companhia e Sua atenção. Exactamente como um filho faz com o seu Pai, nós também corremos para Ele com inúmeros propósitos; A oração são as pernas velozes de um atleta espiritual que sabe que o sucesso da sua corrida, está no privilégio de que do outro lado da Oração está em qualquer momento e ocasião, O Deus Supremo Criador dos céus e da Terra, renovando nossa stamina para a vitória. O prémio é a Vida eterna a Seu lado! Como não correr para Ele? (Romanos 8:31) (João 6:68)
A Postura correcta para a oração deve ser de dependência, sujeição e amor. Estas 3 características são naturais para quem conhece e reconhece Deus como Pai, Mestre, Senhor, Rei, e Deus. A oração pode levar um filho de Deus pela dependência, Sujeição e Amor, a pedir e a agradecer. Pedir, deve contemplar o perdão (se somos filhos -não para a Salvação, mas por causa da Salvação que nos faz querer humilhar perante Ele, demonstrando pesar por nossas transgressões) (Se não somos filhos ainda - para que Deus nos receba como Filhos em Jesus, por arrependimento dos pecados pedir o perdão para os pecados e para a Salvação - Separação do mundo), Nisto também é preciso haver Amor e Sujeição. Pedir pode contemplar desejo de protecção e cuidado, de segurança e estabilidade; de conselho e direcção; de força e resistência para com o sofrimento; e também para a firmeza da Fé na luta constante contra o pecado. Pedir também pode e Deve contemplar a intercessão pelos outros, pelas necessidades, provações e dificuldades de todos em geral, mas especialmente aos domésticos da Fé, Orando pela Igreja, e todos os irmãos do corpo de Cristo espalhados pelo mundo fora (congregações e células locais, irmãos dispersos, e sobretudo pela Igreja perseguida). Neste sentido também é nossa obrigação e prazer orar por Israel, Nação e Povo que Deus levantou excepcionalmente para neles demonstrar Sua fidelidade e poder. E nesse âmbito ainda pedir em oração tudo o que for necessário para a obra da Evangelização e missões de serviço ao Ministério de Cristo na Terra operado pelo Santo Espírito de Deus, em todos os Seus filhos, em todos os lugares do mundo. Pedir é importante porque demonstra dependência e Sujeição, e firmemente expressa a nossa incapacidade de desejar colocar em nós mesmos ou na causalidade, qualquer empreendimento disposto. É em Deus que confiamos, e é Nele que depositamos a nossa esperança para a concretização e encaminhamento de qualquer necessidade. Mais importante ainda que Pedir, é agradecer; A oração deve ser de contínua acção de Graças, (1 Tessalonicenses 5:17) (Filipenses 4:6) no demonstrar fervoroso de gratidão e preenchimento por estarmos revestidos da Sua Graça, debaixo do Seu permanente cuidado e Favor. A oração é um óptimo veículo para sem cessar, vivermos Pelo Espírito, todo o tempo uma sensação de plenitude e satisfação que contrariamente ao curso do mundo, exibe paz e tranquilidade na ideia segura de que Deus está no controle de tudo, e que Ele tem nos dado muito mais do que precisamos e merecemos. Agradecer deve não apenas contemplar bênçãos perceptíveis (vantagens, benefícios, conquistas e vitórias pessoais), mas deve sobretudo incidir nas provações e adversidade a que estamos sujeitos, para que Pelo amor e fidelidade a Deus, mediante qualquer circunstância, demonstremos que reconhecemos O Seu permanente Amor e fidelidade incondicional para connosco. Se a nossa acção de Graças é condicional aos favores de Deus prestados, e na ausência de aparente vantagem, em vez da gratidão há pesar, estamos a demonstrar que não cremos que a Sua fidelidade e Favor tem sido incondicional para com as nossas necessidades. A Oração deve ser de consciência clara e inequívoca de que por vezes a aparente ausência de bênção da parte de Deus, é a Própria Bênção de Deus, ensinando-nos coisas valiosas imperdíveis, escondidas na adversidade, para nossa aprimoração e crescimento No Espírito. (2 Coríntios 12:10) Pedir e Agradecer são ambos de grande importância, mas a Oração deve ainda Obedecer a outro critério que mesmo na ausência de pedido e agradecimento, deve sempre contemplar. A Oração deve servir em primeiro Lugar para Louvar a Deus, exaltar Seu Santo Nome, e bendizer ao Senhor nosso Deus por quem Ele é para nós. A Oração é um testemunho singular prestado pela nossa alma miserável, perante a Glória sublime de Deus, e por isso ela deve sempre ser um veículo para glorificar O Deus da Glória. Por isso antes de ensinar a oração do Pai Nosso, o texto bíblico mostra que Jesus exorta seus ouvintes e seguidores à honestidade de coração, não agindo como os hipócritas que buscam apenas o reconhecimento humano durante as suas orações. Jesus está no fundo a dizer que O problema é que, quando as orações são feitas incorrectamente, com o propósito errado, elas são uma ofensa para Deus, e não abonam em nada a nosso favor. Se o objectivo da nossa oração é nossa "própria glória", então a nossa Oração não é segundo o propósito pela qual a oração deve sequer partir de nós: - que é A Sua Glória somente. Jesus também condena a prática das vãs repetições que era um comportamento comum entre os gentios em seus cultos pagãos (os mantras religiosos e místicos que o mundo entende por "pontes" ao Divino). Mas Jesus melhor que ninguém sucintamente resume a estrutura base de uma oração Bíblica que agrada a Deus. Esta não é uma oração para ser repetida como fazem os religiosos místicos, mas é um exemplo formatado por Jesus para resumir a estrutura de uma oração digna que depois de assimilada deve produzir em nós orações espontâneas e voluntárias, de cariz pessoal e íntimo, e não um formato generalizado e repetitivo sem qualquer naturalidade cúmplice para com Deus. Cada oração deve ser um momento único de palavras conduzidas Pelo Espírito, em perfeita comunhão, e não o fruto de um formato previamente estabelecido, repetido ao pormenor para as aparências ou pior ainda para puro ritualismo (Que Deus por sinal abomina). A ORAÇÃO DE JESUS A oração do Pai Nosso pode ser dividida em duas partes. A primeira parte traz três declarações que de forma geral dizem respeito à glória de Deus. O facto da Oração começar com a Glorificação de Deus, é a indicação inequívoca e irrevogável, de que a Oração deve Exaltar primeiro que tudo, a Santidade e Majestade de Deus. Primeiro vemos que a oração deve ser dirigida A QUEM em particular? "Pai nosso que estás nos céus" - Portanto dirigida Ao Pai. A palavra traduzida como “Pai” corresponde à palavra aramaica "Abba" que era uma forma comum de um filho se dirigir ao seu pai com carinho. Jesus adoptando este termo revela que a oração deve identificar o contacto afectuoso entre um filho e Seu Pai. A Ideia de que devemos olhar para Deus como "PAI", é porque estamos em Cristo; E Ele é O FILHO AMADO; (Mateus 3:17) Isso porque, por natureza, nós não somos filhos de Deus. A Bíblia diz o homem caído é, na verdade, filho da ira (Efésios 2:1-4), portanto qualquer que não reconhecer em Cristo, O Filho Amado, não é digno sequer de entrar em oração. (João 14:21) (1 João 5:1) (João 16:27) (1 João 2:23) Mas Deus nos adoptou em Cristo Jesus. Isso significa que pelos méritos de Cristo nós fomos adoptados como filhos por Deus, e recebidos como herdeiros em Sua família celestial. Só podemos chamar Deus de “Pai” por causa de Cristo. Identificar Deus como Pai é anunciar que somos parte da Família dos Céus, pela qual na Terra todos tomamos o nome de "Cristãos" (Efésios 3:15) Esta é a razão pela qual todos os caminhos (religiões, filosofias e ideologias) não levam a Deus, e sim somente Cristo (O Caminho) (João 14:6) Oração portanto não é uma prática religiosa legítima em todas as religiões e crendices do mundo, mas um veículo directo pelo qual a família de Deus comunica. A oração é estendida também como uma espécie de "walkie talkie" externo a todos os que estão de fora dessa família, se o desejo de seus corações for de integrar essa família e reconhecer Deus como Pai, conforme nos é ensinado. Deus chama e Ele mesmo coloca a bateria no Walkie talkie, para que a comunicação e o canal esteja aberto. De outra forma, nenhuma oração é Ouvida por Deus. (1 Pedro 3:12) (Isaías 1:15) Onde está O Pai a quem oramos? No céu!
Quando Jesus diz "Pai nosso" Ele está a incluir-se em Sujeição Ao Pai, de forma a demonstrar que esta familía dos céus, é uma família de ordem e hierarquia, e que o sentimento de sujeição que Ele demonstra para com O Pai deve ser o mesmo que o nosso, e deve começar na oração. O Pai está no céu, o que Lhe confere outra autoridade e poder que nenhum "pai" terreno pode sequer competir. Deus está no céu ouvindo a oração de Milhões de Homens ao segundo, e Ele atende a todas elas, se elas são orações legítimas. Deus ouve porque do alto do Seu Trono, tendo a Terra e os céus como um tapete debaixo dos seus pés, Ele Reina com autoridade e comando, e não está distante para que não possa ouvir (Isaías 66:1-2) (Isaías 59:1) Quais são então as primeiras 3 Lições de como deve uma oração legítima, que agrade a Deus deve iniciar? São elas: “santificado seja o teu nome;" - Reconhecimento da Santidade de Deus, razão pela qual a oração deve ser de sujeição temor e Adoração; Ele é Santo, e nós somos miseráveis pecadores. Todo o homem deve entrar em oração com esta grande Verdade em consciência. O Nome de Deus deve ser Santificado por nós em reverência e humildade, entrando na Sua presença em Espírito desejando nada com desejo maior do que primeiramente estar NA SUA PRESENÇA. O Nome é o símbolo da Autoridade e da legitimidade reconhecida por nós pela qual a oração faz sentido existir. Por isso é que terminamos as nossas orações pedindo todas as coisas em Nome Do Filho, O Nome acima de todo O Nome -O Nome de Jesus (Efésios 1:21) (João 16:24) (Filipenses 2:9) (João 14:13) O nome para nós não tem muito significado porque a nossa cultura é pobre em simbolismo, e tem perdido a riqueza da língua e também do próprio modo das pessoas se relacionarem umas com as outras. Nos tempos antigos os nomes não eram apenas títulos que distinguiam uma pessoa de outra. Na verdade os nomes eram considerados uma expressão da natureza da própria pessoa. No Hebraico vemos isso quando vemos que todos os nomes tinham significados simbólicos que descreviam cenários reais da natureza e história daquela pessoa, o que fazia com que muitos homens mudassem de nome mesmo depois de adultos. Interessante observar que, quando Deus muda nomes de pessoas na Bíblia, é com o objetivo de apontar para mudanças na vida daquela pessoa ou no futuro dela. Podemos ver, por exemplo, que Deus muda o nome de Abrão para Abraão; (Génesis 17:5) de Jacó para Israel; (Génesis 35:10) Sara para Sarai (Génesis 17:15-16). Simão para Pedro (Mateus 16:16-18). Oseias para Josué (Números 13:16), o que nos faz entender que para Deus O NOME tem simbolismo importante, e aqui O NOME de Deus representa a exclusividade de quem Ele é. Não oramos a um "deus" impessoal a quem atribuímos atributos e características conforme nossa imaginação ou opinião, mas oramos AO único Deus que tem poder para ouvir e responder. Este é um Deus de relacionamento, Um Deus Pessoal; Por isso a oração é pessoal e deve ser de intimidade e relacionamento. Orações não são listas de compras, chamadas de emergência, ou barganhas espirituais; Oração é relacionamento. "venha o teu Reino;" - Aqueles que se preocupam que seu Pai celestial seja glorificado e seu nome reverenciado, também desejam que o Reino de Deus seja estabelecido mais e mais neste mundo. Quando oramos pedindo que o Reino de Deus venha, estamos reconhecendo o domínio de Deus e almejando que esse reconhecimento também alcance todas as partes desta terra. Sabemos que o Reino de Deus já está presente connosco -os Filhos. Jesus disse: “É chegado o Reino de Deus” (Mateus 4:17). Mas também sabemos que esse reino ainda não veio em toda a sua plenitude. Ele virá quando Cristo voltar já no registo de governante e regente, não mais de "Salvador". Então ao dizer “venha o teu Reino”, estamos a pedir pela manifestação plena e final da obra de Deus na História; estamos a demonstrar fervor pela expansão do Evangelho; e a anunciar o nosso desejo pelo retorno de Jesus Cristo e por Sua revelação Gloriosa ao Mundo. "Seja feita a Tua vontade, tanto na terra como no céu" - Se a oração é a manifestação objectiva da dependência, Sujeição e Amor a Deus, é notório que nosso maior desejo expresso é de que a Sua vontade seja exercida sobre a nossa vontade. Afinal a oração é a constatação de que sabemos que só Ele está apto para mudar o curso das nossas vidas, e de gerir e conduzir o curso das coisas que nós não temos nenhum poder pessoal sozinhos para mudar. O mundo não ora a Deus porque a ideia generalizada do pensamento em pecado é de que o Homem pode mudar e controlar e gerir sua própria vida, mas isto é um pensamento enganoso e pobre que resulta sempre em frustração, amargura, decepção, solidão e morte (e no fim ainda condenação eterna). A nossa vontade pessoal não pode mudar o curso de coisas que estão para além do nosso próprio controlo. Nunca em momento algum nenhum homem pelo poder do pensamento positivo, pela prática dos seus rituais, ou pela orientação de seus próprios desígnios morais, impediu que a morte lhe estivesse reservada. Se entendemos que a glória de Deus é o que realmente é importante e que Seu Santo Nome deve ser reverenciado; e se entendemos ainda também a importância que há na expansão do Reino de Deus nesta terra, então também entendemos que tudo deve estar submetido à vontade de Deus. É a vontade de Deus que deve prevalecer, não a nossa. A consciência dessa verdade bíblica deve moldar o nosso relacionamento com Deus e sobretudo deve moldar a nossa postura ao orar. Antes de pedirmos qualquer coisa a Deus, devemos nos lembrar que é a vontade d’Ele que deve ser feita e honrada. Então as nossas petições devem estar filtradas segundo este princípio em primeiro lugar. (Provérbios 19:21) (Lucas 22:42) (João 6:38) (Efésios 5:17)
Perceba que Jesus atribui à vontade de Deus autoridade sobre a terra tanto como no céu. No céu a vontade de Deus é obedecida plenamente. Mas na terra, por causa do pecado, os homens transgridem a Lei de Deus continuadamente; eles não andam segundo a vontade do Senhor. Porém, quando oramos para que a vontade de Deus seja feita na terra assim como é feita no céu, estamos a desejar que o mundo reconheça também a autoridade que Deus tem no céu, pois sabemos que em breve ela será exercida com "vara de ferro" sobre a Terra. (Apocalipse 12:5) A nossa oração deve desejar ver a vontade de Deus sendo exercida sobre tudo e todos, e também que tudo e todos reconheçam que a Sua vontade é boa, Santa e agradável. Isto para que Seus planos e Seus propósitos sejam completamente cumpridos, e que Ele seja obedecido, reverenciado e glorificado na terra assim como Ele é no céu.
Já a segunda parte da oração Jesus nos traz outras três características que dizem respeito à nossa vida e suas necessidades básicas. Ou seja a primeira parte da Oração está totalmente centrada em Deus, e a segunda está centrada na nossa situação perante Ele. Identificamos o seguinte: “o pão nosso de cada dia nos dá hoje;" - Perceba que somente depois de orarmos pela santificação do nome de Deus, pelo Reino de Deus e pelo cumprimento da Sua vontade, é que devemos expor as nossas necessidades diárias. O “pão nosso” a que Jesus se refere nessa oração diz respeito justamente àquilo que é essencial para nossa sobrevivência física nesta terra. É interessante notar também que Jesus diz “o pão de cada dia nos dá hoje”. Isso significa que devemos todos os dias estar em dependência de Deus para as necessidades básicas. Devemos em oração estar satisfeitos e preenchidos na plenitude da gratidão em saber que Deus cuida de nós e que continuará a cuidar. Diz nesta mesma passagem que antes mesmo de pedirmos, Deus sabe do que necessitamos (Mateus 6:8); A palavra de Deus também nos ensina que devemos ser pessoas de necessidades simples, e de contentamento com o básico, no sentido em que nunca será difícil para nós encontrar satisfação se o nosso padrão de exigência for humilde e simples (Romanos 12:16) (Filipenses 4:11-12); O cuidado de Deus por nós é garantido na Fidelidade que Ele demonstra para com toda a Vida; (Mateus 6:26-32). Pouco mais à frente nesta mesma passagem, Jesus foca de novo a importância de sabermos que "cada dia" deve ser vivido na dependência de Deus, e na certeza de que a cada dia a Graça Dele nos basta. Muitas pessoas não vêm de onde O Senhor Jesus foi buscar o exemplo "do pão de cada dia", mas voltemos ao Velho testamento e vejamos a lição que Deus dava ao seu povo no êxodo trazendo "maná do céu". (Maná era uma espécie de pão que Deus sobrenaturalmente fez literalmente cair do céu para alimentar diariamente o Seu povo) Quando Deus tirou seu povo da escravidão do Egipto rumo à Terra Prometida, Ele guiou-os pelo deserto onde não podiam plantar e colher, o que os levou a murmurarem contra o Senhor e contra Moisés. A lição de Deus era maravilhosa, mas aquele povo ingrato, exigente e soberbo não conseguiam perceber, mesmo depois de terem testemunhado do poder sobrenatural de Deus que havia feitos coisas indescritíveis a Seu favor. Deus queria que o Seu povo dependesse totalmente da provisão divina para seu sustento e que percebessem que a confiança em Deus era a sua grande provação. 40 anos foram necessários para ensinar isto, e muitos não aprenderam perecendo pelo caminho por causa da sua contínua rebeldia e ingratidão. Todos os dias caía "Maná do Céu" e todos os dias esse mesmo maná apodrecia, impedindo que pudesse ser guardado para reserva. (Êxodo 16) Moisés bem explica isto: "E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos, ou não. E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem." (Deuteronómio 8:2-3) Agora repare-se no episódio quando Jesus indo ao deserto foi tentado por Satanás, e Suas palavras, e exemplo totalmente opostos aos do povo Judeu no deserto em semelhante cenário.
"E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus." (Mateus 4:3,4); Se repararmos no que Jesus faz aqui, Ele substitui "Maná" por "Palavra"; O maná, portanto, é um simbolismo da Palavra de Deus: é o alimento que vem do céu para o sustento do seu povo. O nosso sustento não é o pão, mas O próprio Deus que nos alimenta tanto fisicamente como Espiritualmente.
Temos muito que aprender com Jesus no que diz respeito à dependência e sujeição, e a oração é obviamente onde isto se torna mais evidente. Pedir o pão nosso de cada dia, é demonstrar a confiança na Sua provisão e descansar na segurança de que Deus providencia conforme Lhe apraz provando-nos o tempo todo. Por isso esta Passagem de Mateus 6 termina com a ordem de buscar primeiro as coisas de Deus (o alimento do Espírito), para que todas as outras coisas nos sejam devidamente acrescentadas. (Mateus 6:33)
A segurança na confiança que a Fé em Deus nos concede é o que nos permite viver cada dia segundo este princípio; Esta confiança em Deus não provoca inquietude, mas conduz-nos à dependência que Deus quis ensinar ao seu povo durante seu percurso pelo deserto: " Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal." (Mateus 6:34)
O percurso de cada um de nós tem sido um deserto árido em muitos aspectos, mas para quem tem buscado primeiro o Reino de Deus e Sua Justiça, Maná não lhe faltou, nem faltará. "perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores; - As dívidas que pedimos para que Deus perdoe não são dívidas terrenas, mas dívidas espirituais. Essa parte da oração é uma confissão declarada dos nossos pecados que embora já pagos na Cruz, ainda assim nos levam pela vergonha de os cometer à humilhação perante Deus em profundo arrependimento. Não pedimos perdão para a Salvação, mas perdão porque sabemos do Alto e bom preço (1 coríntios 7:23) que foi pago para que esses pecados estivessem perdoados e nossa Salvação assegurada. Apesar de termos sido redimidos, justificados e regenerados, enquanto estivermos nesta terra ainda estamos sujeitos ao pecado (1 João 1:10), por isso continuamos a clamar a Deus por Sua misericórdia sempre que nós pecando voluntariamente estamos espiritualmente a martelar aqueles mesmos pregos na cruz. Sabemos que Cristo pagou todos os nossos pecados na cruz. Entretanto, a Bíblia nos ensina a confessarmos os nossos pecados a Deus para que possamos sentir o conforto de seu perdão através da pessoa de Cristo (1 João 1:9) (Provérbios 28:13). Mas há algo importante aqui ainda a referir. Jesus diz que ao pedir perdão pelas nossas "dívidas", devemos fazê-lo já conhecendo nós próprios o prazer em perdoar. Ninguém pode não perdoar e ainda assim esperar de Deus o perdão. Quem não perdoa não foi perdoado. Na Parábola do Credor Incompassivo Jesus ensina que nós perdoamos porque fomos perdoados (Mateus 18:23-35). Se não perdoamos aqueles que nos ofendem, como poderemos clamar pelo perdão do Pai? Além disso, o perdão que dispensamos aos outros nas palavras de Jesus é uma evidência de que também somos perdoados por Deus (Mateus 6:14,15). "não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do mal”; - "Não conduzir" é melhor traduzido como "não nos deixes cair" em tentação. A Bíblia bem nos ensina que Deus a ninguém tenta e de ninguém é tentado (Tiago 1:13) portanto este versículo tem uma explicação coerente que não nega a verdade expressa em Tiago 1. O termo grego aqui usado é o "eisenegkes". É uma combinação de eis (para) e phero (trazer). Literalmente, “trazer para”.
Para compreender o sentido verdadeiro desta frase, é necessário olhar outro momento, quando Jesus falou sobre vencer a tentação. Jesus está nas suas horas finais sendo conduzido para a cruz. Ele segue para o jardim para orar. Ele pede a três de seus discípulos para vigiarem com Ele e Ele diz-lhes: “Orai para que não entreis em tentação”. (Mateus 26:41) (Lucas 22:40) Poderíamos traduzir este comentário neste sentido, que é assim que Jesus o profere: “Orem para que vocês se desviem do caminho da tentação”.
Noutras palavras esta expressão aqui quer dizer que quando orarmos devemos pedir a Deus que nos proteja de cometer um erro indo pelo caminho errado, ou de nos desviarmos dos caminhos que Lhe agradam. Exatamente o mesmo tipo de desejo que vemos em salmos descrito: "Apartai-vos de mim, malfeitores, pois guardarei os mandamentos do meu Deus." (Salmos 119:115), ou ainda nas referências de que não nos devemos desviar dos caminhos do Senhor, nem para a esquerda nem para a direita (Josué 1:7) (Isaías 30:21) (2 Crónicas 34:2) (Provérbios 4:27); Esta deve ser a postura do nosso coração em contínua petição a Deus, precisamente porque conforme o exemplo anterior, reconhecemos o nosso pecado e fraqueza perante Deus pedindo perdão. Ou seja, depois de pedir perdão a Deus por nossas dívidas para com Ele, agora pedimos que nos guarde nos Seus caminhos para que não voltemos a cair em tentação cometendo o mesmo pecado.
Basicamente esta petição serve para demonstrar que o coração sincero perante Deus reconhece que o alvo da sua confiança para andar em santidade é O próprio Deus, e não as suas próprias forças. Só podemos resistir e fugir da tentação dependendo e sujeitando-nos a Deus: "Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." (Tiago 4:7)
A oração é portanto também uma poderosa arma espiritual para combater as hostes das trevas e todo o poder maligno que se pretende apoderar de nós para nos afastar da sujeição a Deus.
Depois destas lições e pontos chave devidamente ordenados, a oração remete-nos para um único lugar: - O de contemplação!
Se o propósito da oração é o relacionamento; o propósito do relacionamento é a ADORAÇÃO CONTEMPLATIVA!
Jesus sabe bem que o fim de qualquer oração é a rendição À Majestade, poder e Glória do Pai! "Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!"
Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém.

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