top of page

Ama o teu sofrimento

-"Aquilo que não te mata, torna-te mais forte" é apenas mais um dos inúmeros Lemas da nossa sociedade antropocêntrica, e pelo qual se tem cultuado a Auto-indução como a nova "religião social".

Este lema, tornando-se numa espécie de "grito de guerra" é celebrado por muitos como a vitória de quem alguma vez já passou por algum momento de sofrimento aparentemente insuportável e o venceu.

-Quem de nós não reconhece este lema, e a dada altura já se identificou com esta experiência?

Toda a cultura psico-emocional que nós devoramos como seres relacionais, é construída para a empatia com a experiência comum, que é vivida por todos nós, enquanto seres sociais.

Vivemos de relacionamentos; de emoções; e de paixões; Vivemos de experiências; Tudo em nós é acerca de:

  • Prazer ou Dor

  • Desejo ou repressão

  • Satisfação ou Frustração

  • Propósito ou Desmotivação

  • Coragem ou cobardia

  • Sonhos ou ansiedades

  • Força ou debilidade

  • Poder ou impotência

  • Atracção ou Repulsa

  • Empatia ou Aversão

  • Fascínio ou Indiferença

  • Interesse ou Desprezo

  • Ilusão ou Desilusão

  • Confiança ou Medo

  • Esperança ou angústia

  • Fé ou Incredulidade

A "cultura" humana (na realidade -humanista) tem sido cada vez mais conduzida pela auto-indução, pois no âmago do Homem, é constante a noção de miserabilidade e impotência, (Todos sabemos que somos miseráveis) onde cada um de nós está consciente de que é incapaz de controlar verdadeiramente a sua própria vida e as circunstâncias que a envolvem (Esta é a verdadeira fonte de todo o sofrimento).

Nós podemos sim, tomar decisões que nos levam a encarar a vida de uma forma controlada, ou seja, ter controlo sobre a forma como vivemos a experiência, (ou como queremos ser moldados por ela) mas não temos nunca em momento algum controlo sobre o que a vida nos reserva, pois esses estímulos residem noutras esferas, onde nós, pela limitação da nossa natureza débil, não podemos contestar; - Caímos da Graça para a "desgraça".

Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá.
Provérbios 19:21

(A vontade humana pode desejar muitas coisas, mas é a vontade de Deus que permanece sobre todas as coisas)

É precisamente por esta claridade de consciência em relação ao seu próprio estado, que o Homem desenvolve e cultua cada vez mais a auto-indução, como o processo pelo qual, se desconstrói a percepção da realidade, para a criação de uma nova, que a substitua interiormente; - a realidade "individual" (alienada da realidade colectiva e universal). 

A auto-indução é um processo mental de treino das emoções e dos pensamentos, para o "positivismo" e a imposição de novas regras sobre o consciente; este processo confere ao Homem (rebelde contra Deus), uma eufórica (ainda que equivocada) noção de controlo, e de poder sobre si mesmo e sobre a realidade que o rodeia, revertendo a ideia de sofrimento pela exacerbação (exagero) da expectativa positiva, temporariamente alimentando aquilo que muitos entendem por "auto-confiança".

Auto-indução; auto-confiança; auto-estima; auto-controle; são tudo expressões que têm em comum o prefixo "Auto".

-"Auto" = (Centrado em si mesmo); Esta expressão parece evidenciar à partida, todo o problema concernente ao Homem e a razão porque suas percepções individuais tendem a alienar-se cada vez mais da realidade.

O "Pai" do Pecado (Satanás e não Adão - (Ezequiel 28:15) é a criatura por excelência, de todo o movimento emocional egocêntrico; Este ser celestial (centrado em si mesmo) foi a primeira criatura a rebelar-se contra O Seu Criador, alienando-se da realidade ao ponto de se colocar a si mesmo no lugar de Deus (Isaías 14:14); Este foi também o estímulo que ele mesmo apresentou a Eva no jardim do éden para a iniciar no pecado: "E sereis igual a Deus" (Gênesis 3:5);

Todo o sofrimento causado pelo ser humano a si mesmo, e aos outros, procede deste desejo de se querer ser igual a Deus, e estar-se sempre aquém. Todo o sofrimento da psique humana está intimamente ligado ao desejo de poder, de relevância e auto-Glória, o que resulta na vontade desenfreada da satisfação do prazer, e na busca incessante de encontrar na experiência propósito auto-centrado (Que tudo seja acerca de si), e daí procedem toda a espécie de pecados e malignidade.

Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios,
Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfémia, a soberba, a loucura.
Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem.
Marcos 7:21-23

Quando inevitavelmente descobrimos as limitações que nos estão impostas e a impotência da nossa natureza caída, o sofrimento é gerado, pois somos lembrados da nossa própria insignificância; Aqui entra em acção a Auto-indução trabalhando na consciência pobre e miserável do Homem, para que o coração enganoso que agora é escravo do pecado seja iludido a crer que ele tem poder sobre si mesmo. (Daqui partem todos os devaneios da psique humana como o ateísmo, a falsa ilusão de liberdade, as paixões infames, a equivocada noção de autoridade sobre a sua própria existência e a tão famigerada convicção de que a vida não tem nenhum propósito maior além do que "o momento" em si, determina pela experiência.

-Que diz a Bíblia sobre isto?

Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?
Jeremias 17:9

O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.
Provérbios 1:7

Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.

Romanos 1:21,22

Desde as cidades gemem os homens, e a alma dos feridos exclama, e contudo Deus lho não imputa como loucura.
Eles estão entre os que se opõem à luz; não conhecem os seus caminhos, e não permanecem nas suas veredas.

Jó 24:12,13

Se Deus lhes dá descanso, estribam-se nisso; seus olhos porém estão nos caminhos deles.
Por um pouco se exaltam, e logo desaparecem; são abatidos, encerrados como todos os demais; e cortados como as cabeças das espigas.

Jó 24:23,24

Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.
Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia.
E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.
Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso;
Seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso,
E vós de Cristo, e Cristo de Deus.

1 Coríntios 3:18-23

Ter noção da Hierarquia do Universo, e qual é o nosso próprio lugar no plano de Deus é crucial para se saber lidar com o sofrimento. Por isso é que os Filhos de Deus têm uma esperança inexplicável, uma resistência ao sofrimento inigualável, e uma alegria que nenhuma circunstância pode extinguir, que os ímpios não conhecem nem podem conhecer.

Os Filhos de Deus não precisam de auto-indução como o mundo, para superar seus transtornos; Nós estamos seguros na Mão de Deus pela Fé em Cristo Jesus, que é O Mediador entre Deus e os Homens (1 Timóteo 2:5). Ele é a razão e o propósito de toda a existência, e quem Está Nele (e seguro desta Verdade), não será confundido.

Porque a Escritura diz: Todo aquele que Nele crer não será confundido.
Romanos 10:11

O que acontece aos que não temem a Deus e ainda por cima desprezam A Sua autoridade sobre toda a realidade?

Por que se amotinam os gentios, e os povos imaginam coisas vãs?
Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo:
Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas.
Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles.
Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os turbará.

Salmos 2:1-5

Eis que, envergonhados e confundidos serão todos os que se indignaram contra ti; tornar-se-ão em nada, e os que contenderem contigo, perecerão.
Buscá-los-ás, porém não os acharás; os que pelejarem contigo, tornar-se-ão em nada, e como coisa que não é nada, os que guerrearem contigo.

Isaías 41:11,12

A Auto-indução (aparentemente benéfica em determinado momento) é o resultado de uma indução mental temporária e progressiva (consciente ou não) projectada na percepção da realidade (o circuito da experiência) para levar determinada pessoa (o indutor) a adaptar (ou transformar) a realidade, ao estímulo desejado. A indução então, passa a exercer força contagiante no próprio circuito da experiência, e o indutor passa a ser influenciado mais pela indução (a realidade experimentada - a realidade pessoal ou "interior") do que pela própria realidade (a realidade externa - Universal).

Daqui surjem todas as alienações da mente humana (a loucura de - Romanos 1:22)

A experiência torna-se o alvo, e a emoção retirada da experiência passa a ocupar o lugar do propósito maior (A percepção torna-se um "deus" - Um deus emocional; individual; interior).

Desta forma, pela auto-indução as pessoas crêem poder induzir psicologicamente "algum tipo de poder" para mudar a realidade que lhes é de alguma forma contrária.

Infelizmente para nossa própria frustração, a realidade que Deus criou está bem além da imaginação humana, e como tal, não depende dela para existir. Ir contra esta realidade é o caminho directo para a auto-destruição e a morte espiritual eterna.

Mas de onde vem este princípio da psicologia do comportamento? A auto-indução como técnica de "recurso psico-emocional vem de princípios básicos de biologia no que diz respeito à energia (da qual toda a vida é regida) semelhante aos princípios básicos de electricidade.

Autoindutância ou Auto-indução, é o fenómeno no qual o campo electro-magnético gerado pela corrente num circuito, induz uma tensão no próprio circuito. O componente electrónico responsável por criar uma Auto-indução significativa num circuito é chamado -indutor. O indutor tem o propósito de causar auto-indução. 

Toda corrente eléctrica gera um campo magnético, logo, uma corrente ao percorrer um circuito dará origem a um campo magnético que vai agir/actuar no próprio circuito. Se a corrente for variável, o campo magnético consequentemente irá variar também, ou seja, um circuito percorrido por uma corrente variável induz em si próprio uma força electromotriz induzida e originada pela variação do seu próprio campo magnético.

(Para melhor entendimento destes processos, pesquise sobre as leis de Ohm; e Faraday).

Mas que tem isto em comum com o cérebro humano? Se imaginarmos um cérebro como uma máquina, cheia de impulsos electro-magnéticos, circuitos, fusíveis, ficheiros, bem ao estilo de um super-computador, podemos entender melhor o que é a -Auto-indução e ver suas similaridades.

Mas a consciência humana vai muito mais além do que mera biologia, pois a mente humana está preparada para funcionar como um "receptor" do espírito para as coisas espirituais eternas. Ignorar isto é o que resulta em toda a espécie de atrocidades visíveis no comportamento humano, e é o que faz com que o Homem esteja iludido na escravidão do pecado.

Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará.
Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.

Gálatas 6:7,8

Muitas pessoas hoje em dia precisam de apoio de psicólogos e psiquiatras e fármacos para superar circunstâncias da vida, e é onde este lema normalmente ganha especial relevância:

-O que não me mata torna-me mais forte! (e o mundo aplaude)

Todo o trabalho feito por psico-terapeutas actualmente vem como reforço auto-indutivo, onde este "mantra" (e outros semelhantes) são cantados à exaustão, e tem levado inúmeras pessoas a (supostamente) "vencer" temporariamente os seus obstáculos emocionais e a levantar-se dos escombros das suas angústias, vencendo o sofrimento ultrapassado, com a sensação de que "coisas positivas" foram retiradas desse percurso atribulado.

A ideia que fica normalmente é que embora tais experiências difíceis, tivessem custado a superar na altura do desafio, foram a seu tempo benéficas pelos frutos que produziram no carácter e na personalidade, conferindo uma espécie de esperança, resistência, determinação, coragem, ousadia, e resolução temporárias.

Então a pobre mente humana começa a insuflar-se na ideia de que a força para vencer está em si mesma, na sua própria percepção, na sua própria construção da realidade. 

A auto-indução é legitimamente boa e potencialmente terrível porquê? Como algo pode ser simultaneamente bom e péssimo?

Se alguém coloca a sua convicção em si mesmo; na sua própria força; o que acontecerá quando a força lhe faltar? Não é comum vermos pessoas carregadas de suposta auto-confiança e força e "positivismo" caírem ao ponto de nunca mais se levantarem? Quem nunca viu pessoas "caírem do alto", para baterem bem no fundo? Não é a Depressão a "doença" do Milénio?

Há um sábio provérbio que diz:

"O céu parece sempre pequenino se for visto do fundo de um poço"

O fundo do poço é o lugar onde todo o Homem está, sem conhecimento de Deus. Muitos usam a auto-indução como a escada com que podem subir alguns degraus, mas somente para cair de novo, pois seus degraus são feitos de madeira podre.

Só o Cristão pode dizer com toda a sobriedade que "o que não o mata, torna-o mais forte"; Isto porque a sua força não reside nele mesmo, mas em Deus que o fortalece.

Confira a força do Cristão na Palavra:

Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.
Filipenses 4:13

O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O SENHOR é a força da minha vida; de quem me recearei?
Salmos 27:1

Não temas, porque Eu sou contigo; não te assombres, porque Eu sou teu Deus; Eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.
Isaías 41:10

Porque razão então a auto-indução é um problema, embora aparentemente "a solução" que os ímpios buscam para lidarem com o sofrimento?

O problema com a auto-indução não é a técnica em si, ou o fundamento do "exercício" prático, mas tão somente com o estímulo que é apresentado.

-OS ESTÍMULOS DA AUTO-INDUÇÃO

A psicose do: "Eu superior" - (Eu posso; Eu mereço; "Eu determino"; "Eu declaro;) e outra infinidade de (mantras) indutivos, operam como uma espécie de "culto" interior "benéfico", que é comummente confundido com Auto-Estima e Auto-Confiança)

Na Antiga Grécia, o suposto berço da nossa "Civilização" "moderna", havia um lema semelhante que prova que este método da auto-indução não é "novidade" da cultura do progresso: -"páthos-máthos"; a tradução seria algo como - ("o sofrimento é escola").

A inteligência emocional fruto da experiência, é desenvolvida pelas provações que a vida apresenta, em contraste com o nosso desempenho e percepção. Muitas pessoas vivem uma vida inteira, e parecem não aprender com os seus erros, e com o passar do tempo torna-se evidente que estas pessoas não estão, nem nunca estarão preparadas para contemplar Verdades superiores sobre a sua própria existência, e o propósito da vida que as envolve. Vivem como se nunca fossem morrer, e morrem sem que nunca tivessem vivido.

A tal aparente e temporária ideia de "paz interior" é sempre circunstancial durante todo o percurso de uma vida (o tal viver o momento), e como tal, o fim da vida vem num determinado momento, mas vem repleto de desespero, medo e vazio; isto porque durante toda a vida a auto-indução sempre funcionou como o analgésico para os sintomas, e não como o remédio para o problema. Também porque a força (pessoal) é debilitada na doença e se extingue na velhice, deixando o Homem no fim dos seus dias entregue à impotência e à inevitabilidade da Morte.

Curar sintomas pode ser temporariamente benéfico (o tal alívio), mas quem quer ficar por aí, enquanto a doença persiste e progride? E quando o efeito do "analgésico" passar, e o sofrimento voltar?

A cultura do "alívio", é a cultura que faz da satisfação momentânea o alvo. Por isso vivemos numa sociedade entupida de drogas, de fármacos, de calmantes, de tranquilizantes, de anti-depressivos, de vícios, de dependências várias; tudo para desviar os olhos do problema, e render pobres almas ao alívio temporário.

O ser humano está doente (caído da Graça), apresentando todos os sintomas (o pecado) de alguém condenado à morte (ira de Deus), e Jesus Cristo é a cura que toda a gente precisa, mas que ninguém quer receber. 

Que adianta no meio da escuridão suster uma lanterna acesa apontando para um caminho para o qual não se quer percorrer?

Um bom exemplo disto são as palavras do Próprio Jesus ditas aos judeus religiosos que utilizavam as Escrituras como analgésico ligeiro para os seus sintomas:

Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;
E não quereis vir a mim para terdes vida.

João 5:39,40

-O ESTÍMULO DA EXPERIÊNCIA

A experiência é benéfica, se a experiência estiver associada directamente ao discernimento. A experiência só é válida no sentido em que nos traz oportunidades de observar o percurso temporal entre escolhas e consequências, e a causa e efeito que as mesmas produzem; Contudo, se ao vivermos as experiências, continuarmos cegos para os padrões do comportamento (nosso e dos outros), e sobretudo para as motivações interiores que nos levam a cair constantemente nos mesmos erros, nós não nos estamos a tornar "mais fortes", mas "mais iludidos" e por conseguinte "menos vivos".

A morte dos sentidos torna o Homem letárgico, e por isso vivemos actualmente numa sociedade onde não existem mais "pensadores"; toda a razão foi exacerbada por uma falsa ideia de conhecimento absoluto sobre a vida, fruto das doutrinas da pseudo-ciência completamente anti-Deus. O entretenimento e a cultura têm promovido incansavelmente toda a espécie de estímulos ligados aos prazeres sensoriais (a tal experiência percepcionada, disfarçada de realidade), com o intuito de criar uma geração de pessoas amorfas, ignorantes, relativistas, totalmente alienadas da razão e da objectividade, e cegas para as Verdades de Deus.

O estímulo da Experiência, desvia os olhos do discernimento, razão pela qual a experiência é válida, e coloca o foco na própria experiência. Ora se a experiência não precisar nem conduzir ao discernimento, o Homem ficará sempre vulnerável, tornando-se vítima de si mesmo e o seu comportamento será naturalmente constrangido num ciclo auto-destrutivo sem propósito, senão o prazer, que por sua vez não existe sem sofrimento.

Desta forma a experiência é cultuada como um "deus de sensações", criando um modelo de existência onde gerações se cruzam para se curvarem ao prazer.

"Atreve-te" -É o chamado subtil à consciência pobre para uma "aventura" pelo universo da experiência pessoal; onde cada um pode descobrir os limites da sua percepção, apenas para ultrapassá-los de seguida.

"Vale tudo", se o propósito maior for tão somente "a experiência". (Yolo; No regrets; carpe diem; seize the moment; Live today, die tomorrow; - Tudo slogans de um mundo centrado no "viver o momento").

Este estímulo serve para exacerbar os desejos do coração hedonista (que busca o prazer em primeiro lugar), e para extinguir os limites do bom senso e da prudência. Desta forma, se a experiência é o propósito maior, então, todas as experiências são válidas, e por isso apetecíveis. 

E porque razão este estímulo é tão perigoso?

-Porque "o momento" é uma fracção da Eternidade à qual estamos inseridos, e como tal, não está alheio à autoridade de Deus num determinado período temporal. Ou seja, mesmo que num determinado momento Deus seja "extinguido" pela incredulidade do Homem para a satisfação do prazer momentâneo, Deus estará noutro determinado momento no tempo, exercendo a Sua autoridade no Juízo. Destruir a ideia de que Deus existe", não cessa a existência de Deus.

O tão conhecido "efeito borboleta" ligado ao comportamento humano, ensina-nos que todas as acções, decisões e comportamentos têm repercussões directas na realidade tanto pessoal como colectiva, e que, o Homem não está imune às consequências da sua interacção com a realidade (esteja ele consciente ou não).

Que diz a Bíblia sobre isto?

De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.
Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.

Eclesiastes 12:13,14

 

Dizei entre os gentios que o Senhor reina. O mundo também se firmará para que se não abale; julgará os povos com rectidão.
Alegrem-se os céus, e regozije-se a terra; brame o mar e a sua plenitude.
Alegre-se o campo com tudo o que há nele; então se regozijarão todas as árvores do bosque,
Ante a face do Senhor, porque vem, porque vem a julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos com a sua verdade.
Salmos 96:10-13

A experiência por si só, portanto não pode determinar propósitos para a nossa existência nem validar comportamentos alheios à autoridade de Deus, de forma a isentar alguém do Juízo para o qual Deus determinou um dia terrível. É pela experiência de vida sim, que descobrimos os Gloriosos e Santos planos de Deus, em contraste com o coração maligno do Homem, de forma a contemplar o nosso estado de miséria e condenação, e a Redenção que nos é ofertada pelo sacrifício de Jesus Cristo na Cruz por todos nós. A experiência tem de ser vivida debaixo do discernimento espiritual de Deus para ser benéfica e proveitosa. De outra forma, as experiências não passam apenas de circunstâncias momentâneas, contribuindo somente para a nossa eterna perdição.

-O ESTÍMULO DO SOFRIMENTO

A maioria das pessoas adeptas do culto hedonista do prazer pela experiência, também sofrem ocasionalmente o preço pelas suas próprias escolhas, mas porque elas estão centradas tão somente na experiência, o seu sofrimento é tido como injustiça, e uma das razões pela qual estas também se tornam incrédulas em relação a Deus.

Por esta razão são recorrentemente as primeiras a fazer a pergunta:

-Se Deus existe, porque razão há tanto sofrimento no mundo?

Esta é se calhar -A Pergunta- mais difícil de responder para muitos, e por isso lhes causa tanta confusão entender que "exista um Deus" e que "Ele tenha bons propósitos" para o nosso sofrimento. (O discernimento começa a tornar-se a grande distinção entre os que buscam a Deus e os que buscam o prazer, e o sofrimento e seu propósito são a distinção prática).

O estímulo do sofrimento sem o discernimento espiritual de Deus, provoca na psique humana toda a espécie de devaneios, síndromas, e problemas emocionais, aliás se meditarmos um pouco, entendemos facilmente que o prazer mundano é uma espécie de dor, pois se não é permanente, está intimamente ligado ao sofrimento (e todos nós sabemos o que acontece quando o prazer acaba e o vazio se instala). 

Uma coisa que nos é notória é que tanto os ímpios como os filhos de Deus sofrem (porque ambos vivem no mundo); mas quais as distinções entre ambos, tanto na forma como o sofrimento opera, como na forma como o sofrimento é recebido?

Estar no mundo e ser do mundo são realidades distintas que não podem ser percebidas exteriormente no quotidiano, mas são realidades interiores, captivas à consciência.

A comunicação da realidade interior (o comportamento), é o que define e distingue o Homem; O Cristão que "não é deste mundo" (João 17:14) (Biblicamente falando) comunica a sua realidade interior em forma de "Testemunho".

O Testemunho é a conduta do cristão no que diz respeito ao comportamento, e isto é entendido em todas as áreas da sua vida; no tomar decisões, no tipo de ambientes que frequenta, na forma como se relaciona, como projecta a organização das suas prioridades, na estrutura dos seus projectos pessoais, na administração dos seus recursos (Tempo, dinheiro e aptidões), no cuidado com a sua integridade física e emocional, no seu posicionamento ideológico e na vivência coerente da sua espiritualidade. Aqui é onde muitos "cristãos" lutam batalhas interiores incríveis para se distinguirem dos ímpios, sem haver grandes diferenças a constatar. A verdade é que um cristão verdadeiro, mesmo que no início do seu percurso não tenha ainda vencido muitas batalhas neste sentido, assim que ele recebe o discernimento de Deus ele não se conforma mais com o mundo, e por isso luta contra a sua própria consciência para a transformação interior; (mesmo que muitas vezes e com imensa tristeza, não consiga...)

E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.
Romanos 12:2

O propósito é experimentar a Vontade de Deus, e servir, honrar e glorificar ao Senhor Jesus, autor da Salvação que recebeu gratuitamente de Deus. Quanto maior for o desejo de servir a Deus seguindo O TESTEMUNHO deixado por Jesus, maior será a batalha espiritual travada entre a carne (o velho homem - Romanos 6:6), e O Espírito (A novidade de vida - Romanos 6:4).

Esta é a Batalha da carne contra o Espírito -Gálatas 5:17), razão pela qual a Palavra de Deus nos afirma que é necessário o revestimento de uma couraça espiritual, e todos seus apetrechos, nesse sentido. Deus sabe que os seus filhos terão de lidar com o sofrimento como todos os ímpios, mas a diferença é que ao contrário dos filhos do mundo, os filhos de Deus sabem que os sofrimentos que padecem servem o propósito da Glória eterna que lhes é prometida. (Romanos 8:28) (Romanos 8:18).

Como a Palavra nos ensina a ter força para lidar e superar o sofrimento do mundo?

No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.
Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça;
E calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;

Efésios 6:10-17

É notório que o mundo exerce um grande peso sobre a saúde emocional das pessoas, dado que a estrutura da nossa sociedade está formada para a dependência de um sistema de valores e de estímulos de tal forma contagiantes, que é necessário realmente que exista uma "morte para o mundo" no universo das percepções conscientes. Ou seja, é necessário realmente "nascer de novo".  (João 3:3)

O Apóstolo Paulo dirigindo-se aos Filipenses fala sobre isto, encorajando-os neste sentido a perseverar na Fé, seguindo o bom exemplo (o testemunho), que é a conduta dos Santos conformados à imagem Do Senhor Jesus, para uma viva esperança da Glória prometida e que por Ele mesmo temos acesso; a tal incorruptível Herança nos céus. (1 Pedro 1:4)

Repare a seguinte passagem:

Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.

E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,
E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;
Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte;
Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos.
Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus.
Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim,
Prossigo para o alvo, pelo prémio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Por isso todos quantos já somos perfeitos, sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa de outra maneira, também Deus vo-lo revelará.
Mas, naquilo a que já chegamos, andemos segundo a mesma regra, e sintamos o mesmo.
Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam.
Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo,
Cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas.
Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.
Filipenses 3:7-21

O processo pelo qual um ímpio é convertido para se tornar filho de Deus contempla várias etapas operadas Por Deus na consciência; (Elegidos Pelo Pai, Redimidos Pelo Filho, Selados Pelo Espírito) e isto contempla:

Mas porque a separação do mundo, está intimamente ligada à capacidade de superar o sofrimento?

Note-se a seguinte quote:

"Não é tolo aquele que abre mão do que não pode reter para ganhar o que não pode perder".

Jim Elliot

A ideia de que o mundo é para se ganhar, é comum nas mentes mundanas e superficiais, que têm as coisas terrenas como o objectivo maior, chamam a eles isto de - "Sucesso" (ser-se sucedido). Afinal se as pessoas não podem contemplar as coisas eternas, as temporárias ganham outra dimensão (ou toda a relevância).

Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?
Marcos 8:36

Mas que diz a Palavra sobre os "tesouros da terra" que o Homem cobiça?

Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;
Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.
Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz;
Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!

Mateus 6:19-23

"a candeia do corpo são os olhos" significa que o foco da nossa atenção determina o que é valioso para nós, e são essas as coisas que nos definem. "A candeia" (a fonte de luz), é aquilo que nos faz andar e prosseguir nos trilhos da vida (sem luz não vamos a lado nenhum pois não podemos ver); contudo se "a luz" que nos guia é turva e na verdade não nos ilumina, quando damos por nós, estamos rodeados de trevas e de perigos, e bloqueamos, andando às cegas, até que se extingue toda a capacidade de ver a vida com claridade, e discernimento, só para no fim percebermos realmente o destino que o nosso percurso nos levou.

Vejamos que Luz é esta que pode nos dirigir infalivelmente em todos os trilhos, que o mundo não tem nem conhece.

Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.
João 8:12

Pelos teus mandamentos alcancei entendimento; por isso odeio todo falso caminho.
Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.

Salmos 119:104,105

O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O SENHOR é a força da minha vida; de quem me recearei?
Salmos 27:1

Quando nós recebemos esta luz e vivemos na luz, nós tornamo-nos também luz para o testemunho na Terra, do poder de Deus;

Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.

Mateus 5:14-16

Se Temos Luz em nós (Se Jesus está connosco), andaremos sem tropeçar, vendo tudo com claridade e discernimento; Porém os ímpios (Que desprezam a Jesus) estão em trevas, e todos os seus passos são tropeço para a queda iminente. confira:

Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo;
Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.

João 11:9,10

Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas.
1 Tessalonicenses 5:5

Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.
Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz...(...)

João 12:35,36

Se a Luz de Cristo está à sua frente dirigindo os seus passos, todas as sombras das trevas ficarão naturalmente para trás, nas suas costas, onde é o seu devido lugar.

Se à sua frente só tem trevas, pergunte-se se Cristo tem sido realmente a sua Luz...

Se as trevas estão à sua frente não lhe parece óbvio que você está de costas viradas para Cristo?

Por isso Jesus é para os ímpios como uma pedra de tropeço (1 Pedro 2:8) (Romanos 9:32), e para os Cristãos como uma espécie de farol que ilumina e torna visível todas as coisas que aos outros estão ocultas (Efésios 1:17,18) (Efésios 5:13) (2 Coríntios 4:6); Cristo não só nos guarda de tropeçar, mas nos prepara e fortalece nas provações para que sejamos achados imaculados e irrepreensíveis diante Dele. (2 Pedro 3:14) (Filipenses 2:15) (1 Tessalonicenses 3:13)

Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória,
Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém.

Judas 1:24,25

ILUMINAÇÃO VS IGNORÂNCIA ESPIRITUAL

(3 características distintas importantíssimas, que separam a visão do ímpio da visão Cristã no que diz respeito ao sofrimento como agente de influência na consciência)

  • (1 A) -A Auto-Destruição (Nos ímpios)

Se o prazer for o alvo, o sofrimento torna-se algo terrível e indesejável, a não ser que a auto-indução seja introduzida para a criação de propósito (Porque é o propósito que dirige o Homem - nem que o propósito seja somente o de obter o prazer do mundo = Mundanismo).

Satisfação = Prazer vs Frustração = Sofrimento; passa a ser o centro da realidade emocional, e é por esta dualidade que se propõe viver todas as pessoas mundanas (sem consciência da eternidade); Isto pode ser simplificado numa equação neste registo: eu + mundo = eu no mundo. (uma equação muito básica e limitada)

Para estes, a percepção do mundo resume-se em 2 lados somente: o da dor, e o da satisfação e por conseguinte a ideia de felicidade ou infelicidade. Nestes conceitos, depois é tudo uma questão de preferências e percepções emocionais ditadas pelas experiência.

Os Filhos de Deus que foram resgatados do mundo Pelo Pai para serem ofertados a Jesus -O Filho (João 17:6), removidos das trevas e iluminados com discernimento (Colossenses 1:13) (1 Pedro 2:9), sabem que as coisas do mundo não podem satisfazer um coração forjado no céu. "O nascer de novo" (A Salvação pela Graça), é uma obra gloriosa de Deus pela qual somos revestidos de um novo entendimento sobre o nosso lugar no mundo. O coração do Homem sem Deus é naturalmente auto-destrutivo, e por isso é notório que o Homem sem Deus está entregue a ciclos contínuos de: Euforia Vs depressão; Calma vs Ansiedade; Paz Vs Tormento; Segurança Vs Medo; Sonhos Vs Desmotivação; Satisfação Vs Vazio; Prazer Vs Sofrimento.

  • (1 B) -A Auto-Preservação (Nos salvos)

Quando Jesus (A Vida Eterna) é O Alvo, o sofrimento passa a representar o fortalecimento e a preparação para a eternidade; O cristão passa a entender a dor e o prazer como lições sobre "a realidade com Deus" e "a realidade sem Deus"; O benefício e o prejuízo espirituais, e não as vantagens e desvantagens temporárias, carnais, mundanas e terrenas. A auto-preservação vem de um pensamento centrado na realidade celestial, a realidade permanente, pela qual estamos eternamente com Deus.

Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra;
Colossenses 3:2

Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.
Filipenses 4:8

Jesus passa a ser o centro de toda a consciência emocional, pois a inteligência espiritual começa a influenciar também as emoções, e o discernimento é transportado para todas as áreas de experiência.

A auto-preservação é a acção directa e natural do Espírito de Deus, revigorando, purificando e estimulando o coração humano para a Glória do serviço e sujeição a Deus. Com ela, descobre-se a alegria da Salvação, a paz interior, a esperança inesgotável, e a plenitude da consciência. Tudo isto é Graça de Deus que só o Cristão verdadeiro conhece. O ESPÍRITO SANTO conforma-nos à imagem de Jesus, e para Ele aponta todo o tempo; Ele habita em nós nesse sentido (1 Coríntios 6:19), e é por Ele que recebemos a Mente de Cristo (1 Coríntios 2:16), e por Ele que somos sustentados para a auto-preservação; Por isso é que não existe tal coisa como o "suicídio cristão" (1 Coríntios 3:17). 

(Se quiser saber mais sobre esta tema particular e sensível, leia - https://desaovicente.wixsite.com/atalaias/o-cristao-kamikaze)

Quando Jesus é O Alvo (O nosso propósito)- o Seu exemplo de vida, Seu sofrimento, Sua morte, Sua ressurreição e Sua Ascensão aos Céus, tornam-se o modelo de perfeição pelo qual podemos experimentar o sofrimento de outra forma. A Herança que Jesus deixou, O Seu legado, Seu Testemunho, Suas promessas, Seu Sacrifício, contemplam obras Gloriosas que transformam a percepção do sofrimento numa viva esperança; As feridas da Batalha, passam a ser a Glória no Final.

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.
Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;
Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.

2 Coríntios 4:16-18

E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.
Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.
Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus.
Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou,
Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora.
E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adopção, a saber, a redenção do nosso corpo.
Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará?
Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos.
Romanos 8:17-25

  • (2 A) -A Auto-Justiça (Nos ímpios)

A sensação de auto-justiça que muitos experimentam é fruto não da Graça mas do Ego; Isto porque a auto-justiça está intimamente ligada à ideia de merecimento pessoal (Muitos crêem ser vítimas das injustiças do mundo como algo que lhes é imposto sem que mereçam); a dualidade entre "o que se dá e o que se recebe" começa a determinar a auto-justiça e a indignação surge pela ideia de se ser digno (Na realidade ninguém se indigna quando se sente indigno); Diz a Palavra: "Em vindo a soberba, virá também a afronta; mas com os humildes está a sabedoria" (Provérbios 11:2). Portanto sem o conhecimento das Doutrinas da Depravação Humana, e sem o discernimento Do Espírito Santo, nenhum homem pode receber bem a ideia de que não só merece todo o sofrimento, como o sofrimento é benéfico na medida em que nos humilha, revelando a nossa real condição e o nosso lugar diante de Deus. (Provérbios 18:12) (Jó 40:12) (Lucas 18:14).

O sofrimento por vezes leva-nos a tomar decisões que de outra forma nunca tomaríamos, ou a ceder à mudança, quando estamos em ciclos viciosos de hábitos e rotinas auto-destrutivas. A Verdade é que muitos cristãos verdadeiros no seu processo de aprendizagem e santificação também experimentam esta sensação de indignação face às injustiças do mundo, e à suposta "prosperidade" dos ímpios, contudo a Palavra bem ensina como proceder: (Salmos 37:1) (Provérbios 24:1) (Malaquias 4:3)

  • (2 B) -A Auto-Negação (Nos salvos)

O Cristão sabe que O Favor da Graça que recebe de Deus é imerecido e por isso a Gratidão é o primeiro passo para a auto-negação. A consciência do imerecimento procede do reconhecimento da pobreza interior e por conseguinte de quão indigno se é de se exigir ou reivindicar dignidade, respeito, consideração, e mérito.

A auto-negação não é pobre auto-estima, (Lucas 9:23) portanto não se trata de desprezar capacidades e qualidades pessoais, (uma espécie de falsa humildade) mas de atribuir a Deus conscientemente todo o mérito por tudo aquilo que é bom em nós (na Verdade, é a Graça comum que faz com que homens miseráveis tenham boas qualidades), prosseguindo cada dia, carregando a Cruz (suportando os sofrimentos), com o mesmo simbolismo sacrificial com que Jesus carregou realmente por nós, Humilhando-se e entregando-Se a Si mesmo (Filipenses 2:8) para morrer por nós. O acto de atribuir Glória a Deus é portanto fundamental para todos os que foram justificados, pois lhes é notória que a justiça pela qual foram feitos dignos, não procede de si mesmos mas de Deus, por Jesus Cristo.

"O carregar da Cruz" é o compromisso fiel de receber o sofrimento, da forma que ele é entendido e projectado por Deus - O de "engrandecimento pessoal" (a aprendizagem de mansidão, humildade e sujeição perfeitas), pelo qual somos polidos e lapidados como diamantes em bruto, para a forma final Eterna (A Glorificação -2 Coríntios 5:2); Da mesma forma que Deus exaltou soberanamente O Senhor Jesus (Filipenses 2:9) por ter suportado a Ira pelo pecado por nós (Isaías 53:10), também nós seremos glorificados com Ele, havendo recebido o mesmo compromisso e obediência. (Romanos 8:17); O carregar da Cruz é um sacrifício que deve ser experimentado por nós como um privilégio de aproximação com Jesus (o tal "Vinde a mim"), e por isso, O Próprio Jesus referiu que "o Seu Jugo é Suave e o Seu fardo é leve"; 

Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.

Mateus 11:28-30

Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;
Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.
E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência,
E a paciência a experiência, e a experiência a esperança.
E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

Romanos 5:1-5

Diz o sábio ditado popular "A Laranja só dá fruto depois de passar por grandes apertos".

  • (3 A) -O Auto-Conhecimento (Nos ímpios)

Uma das características mais comuns da incredulidade espiritual é a contradição da ilusão do Auto-conhecimento assumindo forma de "espiritualidade". Os ímpios, que não vivem segundo os parâmetros Divinos (ou seja, segundo o conhecimento de Deus) também vivem uma forma de "espiritualidade", que pode ser ou não consciente, onde o culto prestado é dirigido ao propósito da expansão da consciência. Todo o misticismo do "terceiro olho", e da "iluminação gnóstica" tem penetrado na cultura humana, onde "o conhecimento" se torna a religião interior.

O "empoderamento do "Eu", é um movimento ideológico que mistura várias correntes "espirituais" pagãs, e que chega até a inserir-se nas filosofias e nas ciências modernas supostamente "anti-espiritualidade".

Nos círculos eruditos e intelectuais da cultura Humanista, "O culto do conhecimento" tem promovido uma espécie de libertação, aparentemente conferindo aos seus adeptos uma noção ainda que equivocada de "Iluminação". (Uma espécie de "eureka" intelectual; O "salto" dado na evolução da mente). 

Gnosticismo (do grego Γνωστικισμóς; transl.: (gnostikismós); de Γνωσις (gnosis): = conhecimento; (gnostikos): "aquele que tem o conhecimento") é um conjunto de correntes filosófico-religiosas sincréticas que chegaram a mimetizar-se com o cristianismo nos primeiros séculos da era moderna (muitas vezes referenciado e reverenciado como "Alta Teologia"), mas que também se inseriram em praticamente todas as áreas da cultura de elite moderna.

O auto-conhecimento também está ligado ao prazer na ideia do controlo e do poder ou supremacia intelectual e por isso, quando estas pessoas centram em si mesmas e no prazer, todo o propósito para a realidade experimentada, a ideia do sofrimento potencialmente "fazê-las mais fortes" (em si mesmas e não em Deus), torna-se desejável. O conhecimento passa a tornar tudo válido no processo do engrandecimento pessoal, incluindo o sofrimento (embora fujam do sofrimento como o diabo da cruz).

"Aquilo que não me mata, torna-me mais forte", torna-se um hino para o auto-conhecimento, porque crêem que a experiência tem como objectivo final o conhecimento de si próprio (isto é o que muitos apelidam do "Eu superior" como sublimação da realidade individual).

"Tornarem-se mais fortes" e por conseguinte mais preparados para um próximo confronto com a realidade e seus desafios, de repente torna-se uma espécie de prazer, se o sofrimento servir tão somente para o engrandecimento pessoal. O descobrir da "consciência" torna então válida toda a espécie de experiência, o que confere uma ideia radicalizada de "liberdade" e de "Superioridade". Esta busca por elevação da mente que muitos confundem com auto-conhecimento é uma espécie de orgulho, de soberba, e razão pela qual, quanto maior for a ilusão de grandeza pelo auto-conhecimento, maior o desprezo por Deus. Muitas pessoas desprezam a Deus (ao Deus verdadeiro), mas recebem bem "a espiritualidade cultural" desde que nela, O Homem, como ser racional e inteligente seja sublimado (assumindo o papel de "deus" = dono de si mesmo).

Diz o orgulho que o Homem não precisa de Deus para "evoluir" e "descobrir os mistérios do Universo interior; A Verdade é que ninguém pode olhar para dentro de si para se conhecer verdadeiramente, se Deus não lhe abrir a porta.

A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.
Provérbios 16:18

Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.
Tiago 4:6

Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.
Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia.
E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.

1 Coríntios 3:18-20

  • (3 B) -O Conhecimento de Deus (Nos salvos)

Ora o auto-conhecimento não é por si só uma coisa nefasta, muito pelo contrário, a Bíblia ensina que devemos ter auto-conhecimento, ou seja que devemos saber quem somos nós. Isto porque, só quando nós realmente sabemos quem nós somos, é que podemos contemplar verdadeiramente quem Deus é, e descobrir o vasto e interminável abismo que separa a Grandeza de Deus da nossa insignificância humana.

Diz A Palavra de Deus: "Examine-se o Homem a si mesmo" (1 Coríntios 11:28); como etapa preliminar para a comunhão com Deus, no sentido em que devemos nunca esquecer qual é o nosso lugar, e com reverência, Temor e Tremor, então, buscarmos a Deus (Seus rituais, Suas bênçãos, Seu conselho, Seu perdão, Sua direcção).

Toda a Bíblia nos ensina o valor do conhecimento, da sabedoria e da inteligência no sentido em que estas qualidades nos preparam para conhecermos a Deus e valorizarmos a experiência (Provérbios 1:2-7) (Provérbios 9:10) (Provérbios 4:5-7) (Provérbios 8:4-14).

Podemos afirmar que o auto-conhecimento é o ponto de partida para conhecermos a Deus (Todo o Homem que busca a Deus de verdade, é porque já descobriu primeiro (Auto-examinando-se) que ele mesmo não vale nada).

As doutrinas da depravação humana bem nos confirmam que não somos mais do que pó (Gênesis 3:19); que o nosso coração é enganoso e perverso (Jeremias 17:9); e ele conduz o pensamento a produzir toda a espécie de abominações (Mateus 15:19); que todas as nossas justiças são como trapos imundos (Isaías 64:6); e que a nossa vida é como um sopro efémero (Salmos 144:4);

A intenção da Bíblia que é o único Livro que nos lê, é a de nos consciencializar sobre a nossa verdadeira realidade interior - A da condenação eterna pelo pecado. O Objectivo não é destruir a nossa auto-estima, ou de nos frustrar, criando traumas na nossa psique, mas ao invés, a Bíblia retrata de forma nua e crua, o nosso estado caído, e isto com o objectivo posterior de nos restaurar ao ponto de origem - À eterna comunhão com Deus (à perfeição para a qual fomos concebidos).

Por isso o Cristão (depois de regenerado), não vive traumatizado, castrado, infeliz, reprimido, desgraçado, limitado (como pensam muitos incrédulos); O CRISTÃO SALVO sabe que era todas essas coisas vivendo só para o prazer, mas agora, sente prazer em saber de que foi perdoado de todas essas misérias, para ser aperfeiçoado por Deus.

O auto-conhecimento passa a ser para o cristão uma forma de crescimento espiritual, não para o conhecimento de si próprio como propósito maior, mas para o Conhecimento de Deus.

E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente.
Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração;

Efésios 4:17,18

Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas,
Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.

Jeremias 9:23,24

Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e esconderes contigo os meus mandamentos, Para fazeres o teu ouvido atento à sabedoria; e inclinares o teu coração ao entendimento; Se clamares por conhecimento, e por inteligência alçares a tua voz, Se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares, Então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os rectos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, Para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos seus santos. Então entenderás a justiça, o juízo, a equidade e todas as boas veredas.

Provérbios 2:1-9

 

Ninguém pode verdadeiramente entender o sofrimento no mundo, e o plano maior de Deus para O Homem, sem primeiro ganhar discernimento da condição humana caída da Graça; ou seja, sem reconhecer que os males do mundo não são causados por Deus mas pela própria natureza do coração pecaminoso do Homem rebelde contra Deus. É da natureza humana, e da liberdade de consciência de cada um de nós que se produzem toda a espécie de pecados, de onde eventualmente surgem todos os problemas terrenos (As guerras, a corrupção, a criminalidade, os desastres ecológicos, a decadência, as misérias, a destruição, etc); O sofrimento é a condição pela qual podemos ver as consequências de um mundo caído, "onde o pecado reina".

O amor ao mundo é a raiz de todos os pecados, pois é um amor egoísta que despreza O Criador, para focar nos prazeres da criação. A incredulidade e a falsa religião partilham a mesma ideia sobre o sofrimento, o que faz com que ambas sejam de cariz antropocêntrico, onde o prazer, o sucesso, a bênção e a Auto-Glória são o propósito maior. 

Veja o que a bíblia diz sobre isto:

De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?
Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis.
Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.
Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.

Tiago 4:1-4

"Experimento logo existo" - é o lema pelo qual se busca viver mais intensamente as experiências do amor ao mundo. O declínio moral da nossa sociedade promove estímulos antagónicos, confusos e perigosos, tudo em nome da "Aventura", da "adrenalina" e da Auto-Glória.

Vivemos num mundo repleto de sofrimento, e embora tenhamos "a cultura" ditando como contribuir para "um mundo melhor", sabemos que o mundo vai de mal a pior, havendo sofrimento contínuo, intensificado, generalizado, e do qual ninguém pode escapar, pois o problema do sofrimento do mundo é precisamente a falta de Deus.

Sem pecado não haveria sofrimento, e sem sofrimento não há consciência do pecado; assim como, sem consciência do pecado não há arrependimento, e sem arrependimento não há perdão Divino pelos pecados; Por conseguinte: Sem perdão não há Salvação, e sem Salvação não há vida Eterna.

Quem odeia o sofrimento e simultaneamente odeia a Deus por causa do sofrimento, nunca será liberto das coisas que o fazem sofrer, pois sem Deus, o sofrimento é Eterno também, e em dimensões inimagináveis.

Nós como seres humanos, temos tendencialmente a crer que tudo é acerca de nós, pois a nossa consciência nascida em pecado, está determinada a processar a nossa vontade e nosso prazer em contraste com tudo o resto que nos é externo. Amamos ou odiamos segundo este prisma e a forma como achamos que algo nos dá ou não prazer, ou esteja ou não em sintonia com a nossa vontade pessoal é que define os nossos conceito de Felicidade ou Infelicidade. -A fé do mundo é o egocentrismo, e o Humanismo a sua religião.

Quando não entendemos alguma coisa ou temos dificuldade em lidar com algo que nos abala, a nossa principal e primeira reacção (fruto do pecado), é a rejeição, pois ao sermos tirados da nossa zona de conforto, somos deprivados do prazer que encontrávamos lá, e somos confrontados com uma realidade que destrói a percepção do que é real e habitual e portanto confortável. Nenhum de nós sem Deus está preparado para verdadeiramente contemplar o grande benefício em sermos continuadamente retirados da nossa zona de conforto pelo sofrimento.

O sofrimento do mundo não vem de Deus, mas do nosso afastamento de Deus, que gera consequentemente todo um desdobrar de circunstâncias desagradáveis. Nele (em Deus) está o favor da Vida, e a razão porque Deus permite o sofrimento, é para que sejamos consciencializados do que é a vida longe do Seu favor, e para que contemplemos o que é a Eternidade com Ele e a Eternidade sem Ele.

Porque o que me achar, achará a vida, e alcançará o favor do Senhor.
Mas o que pecar contra mim violentará a sua própria alma; todos os que me odeiam amam a morte.

Provérbios 8:35,36

Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.
Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.
Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.
Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.

Tiago 1:12-15

O Ingrediente principal do combate ao sofrimento é a Fé, pois ela é o combustível do crente (2 Coríntios 5:7)​; Sem ela não podemos agradar a Deus (Hebreus 11:6); Nem ver o que não pode ser visto (1 Pedro 1:8,9);

Então é a Fé é uma proposta ignorante da imaginação? Muito pelo contrário, a Verdadeira Fé que procede de Deus é um engrandecimento no entendimento, que nos leva a discernir sobre a realidade visível e não visível.

A Fé eleva o Espírito para um discernimento inexplicável que os ímpios não podem entender sem experimentar, e como tal, aos seus olhos, os filhos de Deus são tidos como loucos (ou no mínimo ignorantes).

A sabedoria de Deus está então retida, para que o mundo não a obtenha senão somente pela Fé. Aprouve a Deus portanto criar a Fé para tornar reservada a sabedoria Eterna, e impedir a incredulidade do pecado de se chegar a ela (à sabedoria) em rebeldia. Por isso a Fé tem a ver com sujeição, entrega e dependência de Deus.

Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.
Porque por ela os antigos alcançaram testemunho.
Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.

Hebreus 11:1-3

Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.
Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes.
Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?
Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.
Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria;
Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos.
Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.
Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.
Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados.
Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;
E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são;

1 Coríntios 1:18-28

Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior;
Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor,
Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade,
E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.
Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera,
A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém.

Efésios 3:16-21

Novamente:

-Se Deus existe porque razão há tanto sofrimento? (Esta pergunta perdura na mente incrédula e rebelde que deseja culpabilizar Deus por suas misérias pessoais)

 

O problema contraditório desta questão não é a questão em si, mas o entendimento errado do conceito e realidade contextual daquilo que se entende ser - O Sofrimento.

Se houvesse um verdadeiro conhecimento sobre o real sofrimento colocado sobre nós, esta pergunta deixaria de fazer sentido e tornar-se-ia evidentemente contraditória. Isto porque questionar o sofrimento levaria o Homem a questionar primeiro sua independência e Liberdade numa realidade de anarquia interior (que é a realidade terrível da mente e coração humanos).

Quem faz esta pergunta, não acredita em Deus, até ao momento em que precisa questionar Sua autoridade e intenção, e por isso fá-la com o sentido de culpabilizar Deus pelo mal do mundo (se Ele de facto existe pensam elas, então é mau;) ou ainda mais conveniente (Se o mal existe, e Deus não o vence, então Ele não existe); contudo, se Deus não existe (E esta é a premissa inicial do seu pensamento rebelde), nada do mundo pode verdadeiramente ser catalogado como "maligno", pois é de Deus que procedem os conceitos do Bem e do Mal, e destes a ideia de benefício ou prejuízo, vantagem ou desvantagem, prazer ou sofrimento.

A pessoa que faz esta pergunta, será sempre a mesma que dirá objectivamente ser "dona de si mesma" para viver a sua vida conforme lhe aprouver e ver-se-à como alguém livre; pelo menos livre o suficiente para fazer essa pergunta.

Ora se Existe liberdade no Homem, e o mal do mundo vem da acção directa do que o Homem faz contra si mesmo, e uns contra os outros, então o sofrimento do mundo não é daqueles que têm a liberdade para agir conforme lhes apetece? Então qual o propósito coerente desta pergunta senão perseguir a existência de Deus?

Alguém que se questiona assim por não crer em Deus, está a provar que Deus existe, pela indignação do sofrimento que ela tem por "maligno" ou "mau". Sempre que alguém precede a ideia de "bem ou mal" num posicionamento emocional ou filosófico, ela está a corroborar a existência de Deus e do pecado, mesmo sem ser intencional. ​

Epicurus, Um filósofo Grego (270 a.C) questionou a natureza de Deus e a Sua supremacia, fazendo um célebre emparelhamento de raciocínios segundo a sua lógica que destruiriam o conceito da Soberania de Deus. A dada altura a Igreja primitiva teve de lidar também com "pseudo-pensadores" (seguidores radicalizados de desta linha de pensamento); eram estes os "Filósofos Epicureus e Estóicos" retratados em (Atos 17:18), resistentes à Verdade.

Os raciocínios de Epicurus que inspiraram estes "pensadores" são:

 

  1. Deus está predisposto a prevenir o mal, mas não o consegue? Então não é Omnipotente.

  2. Ele é capaz, mas não está interessado? Então ele é maligno.

  3. Ele é simultaneamente capaz e tem interesse em o fazer? Então de onde vem o mal?

  4. Ele não é capaz nem de o fazer, nem está interessado? Então porque chamá-lo de Deus.

 

Convém primeiramente referir que o propósito da filosofia para Epicurus era atingir a felicidade (Que "original") estado caracterizado pela aponia, a ausência de dor (física) e a ataraxia ou imperturbabilidade da alma. Ele buscou na natureza simples, as bases para o seu pensamento: o homem, a exemplo dos animais, busca afastar-se da dor e aproximar-se do prazer. Estas referências seriam as melhores maneiras de medir o que é bom e o que é mau; Ou seja a percepção sensorial determina o conceito de benigno ou maligno.

Estas suposições citadas acima foram criadas segundo a lógica de um homem confuso, que fez da natureza seu próprio "deus", rejeitando a Ideia de que Deus tenha uma identidade pessoal, com definidos padrões morais.

Se Epicurus rejeita a existência da Divindade de Deus, e crê que os padrões do bem ou mal são fruto da percepção sensorial baseados somente na dualidade - Dor e prazer; Como algo pode ser definido como bom ou mau, sendo que a dor e o prazer são conceitos pessoais e na verdade psicológicos e sensoriais?

Então Bom ou mau são conceitos impossíveis de escrutinar, e de aplicar na realidade experimentada de forma objectiva. Epicurus não entendeu que se o padrão moral do Homem não lhe for externo (que proceda de uma fonte neutra à expectativa humana), então ele é tendencioso e não representa a realidade, mas tão somente a "realidade pessoal".

A expressão de que algo é mau (com origem no maligno) só pode ser entendida pelo absolutismo Bíblico das Escrituras que é a fonte de excelência e autoridade mais antiga sobre a concepção humana filosófica sobre o bem e o mal como forças celestiais predominantes no Universo, e que agem directamente na consciência humana.

É daqui que o Homem tem como base a definição dos conceitos do bem e do mal, do certo e do errado e pelas quais foram criadas as Leis Humanas da ordem e da Justiça (que convém referir que sem Deus na equação não fazem sentido algum).

Sem Deus, tudo é válido, tudo é questionável, tudo é relativo. Desta forma se retiramos Deus da perspectiva, não existe fundamento coerente para uma sociedade como a nossa, de direitos e Leis, justiça, honra, carácter, nem para Verdades absolutas de alguma espécie.

Pode alguém então defender que "Hitler foi um bom homem"; (como recriminaríamos seu comportamento sem padrões morais?); "A opressão dos ditadores corruptos seria legítima" (O que seria a corrupção afinal num mundo sem absolutismos?); "A Xenofobia seria algo natural para separar as castas sociais" (Como entender o conceito de Igualdade?); "O crime seria apenas um acto intuitivo de imposição do forte ao mais fraco"; (De onde vem a noção de crime? O que constituiria um crime (a transgressão) sem que o bem e o mal (legal ou ilegal) estejam previamente definidos?), etc.

Epicurus tenta catalogar Deus com base nestes princípios comportamentais básicos, esquecendo que a natureza de Deus não se limita pelos mesmos princípios do pensamento humano (Ele é um Deus Eterno e infinito e nós somos criaturas mortais repletas de limitações). Sem uma consciência perfeita da Divindade de Deus e Seus atributos, a própria pergunta é ridícula.

Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.
Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.

Isaías 55:8,9

Outra pergunta pertinente aqui é, a que "deus" se refere ele na sua afirmação? Sem O conhecimento real sobre O Deus verdadeiro, então não podemos esclarecer devidamente o valor dos absolutismos morais pelos quais reconhecemos os traços gerais do carácter humano.

 

Quando Epicurus afirma que entre o querer, o poder e o fazer, pode tentar encurralar a Omnipotência de Deus, ele ignora que a natureza do seu pensamento limitado não contempla todas as equações que transcendem a realidade temporal, e como tal, seu conceito de "Obrigação e dever" estão comprometidos.

A lógica que nos prende às limitações da carne é o que o leva a desprezar o facto que Deus tem uma vontade própria, que parte de um prisma de visão mais abrangente, fruto da Sua Presciência.

A natureza de Deus está acima da nossa limitação, como tal a percepção do bem e do mal só pode chegar até nós pelo contraste da natureza de Deus, e só serve para nos medir a nós em comparação. 

O Cristão, pela Fé, entende que os caminhos de Deus são insondáveis, e neles espera:

Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!
Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?
Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?

Romanos 11:33-35

Conta o número das estrelas, chama-as a todas pelos seus nomes.
Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; o seu entendimento é infinito.
O Senhor eleva os humildes, e abate os ímpios até à terra.

Salmos 147:4-6

SENHOR, tu me sondaste, e me conheces.
Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.
Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.
Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces.

Salmos 139:1-4

Ao presumir que se existe mal e Deus não o impede, então Deus também é mau, está novamente a cair em terrenos pouco estáveis para sustentar a sua posição. Mas onde vai Epicurus buscar a ideia de que o mal tem de ser combatido? Quem, longe da autoridade de Deus pode afirmar que o Mal existe, quanto mais afirmar que o mal precisa de ser combatido?

Esta objecção presume que se Deus tem o Poder para combater o mal, então ele deve sempre combatê-lo. Se Deus fosse obrigado a combater o mal, teria de combater não só Todo o mal, mas Sempre, todo o mal.

Quem de nós humanos pode estabelecer sem Deus, o limiar que define o bem e o mal e o que precisa ou não, ser impedido? Quem tem esse poder ou carácter?

Uma violação precisa ser impedida, mas uma mentira pode passar? O roubo de um banco tem de ser condenado, mas o roubo de uma folha de papel não? 

Então partindo do princípio afirmado por Epicurus, Deus teria SEMPRE a obrigação de combater TUDO que se lhe opõe em natureza (uma espécie de coerência que Epicurus pretende presunçosamente exigir de Deus).

Ora portanto, Deus teria de destruir e aniquilar segundo este prisma, Tudo e Todos.

 

A arrogância de Epicurus ao questionar a autoridade da natureza de Deus, pela liberdade de questionar o que quer que seja, é prova concreta que Deus não decidiu combater TODO o mal; E isto não acontece, porque Deus não pode, mas porque Deus não quer. Afinal como nos ensinaria Ele valiosas lições, sem deixar que provemos o preço amargo da nossa rebeldia contra Ele?

Se Deus prevenisse o mal antes de ele existir, nós não poderíamos ser na verdade "criaturas livres" como sempre foi a intenção de Deus, criando-nos à Sua imagem e semelhança. (Gênesis 1:26)

A Liberdade é portanto uma das características mais valiosas que recebemos de Deus, e por isso é que o Homem caído não é livre, senão na liberdade de consciência, mas na carne é escravo do pecado.

A escolha de Adão e Eva (a rebeldia da desobediência) é a origem de todo o sofrimento humano, e isto começou quando a consequência (o afastamento de Deus) lhes foi imposta. (Na realidade só sabemos o que valor daquilo que temos depois de o perder) - Esta é a Lição de Deus valiosa para o nosso aperfeiçoamento para a Eternidade.

Epicurus tem o mesmo problema de todo o Homem incrédulo e pecador - Não saber qual é o seu lugar.

-Questionou ele porventura a liberdade que Deus lhe concedeu para questionar o que quer que seja?

Epicurus mais uma vez, ao afirmar que Se Deus tem poder para combater o mal, então tem forçosamente de o fazer, tem de se basear numa espécie de absolutismo moral que defina que o mal tem de ser forçosamente combatido.

 

Observe e medite na seguinte afirmação:

Se uma pessoa nega a existência de Deus, ele não tem base racional para afirmar a existência do mal; por necessidade lógica, nosso reconhecimento de Deus precede nosso reconhecimento do mal. A menos que o Deus cristão seja pressuposto de antemão, o mal continua indefinido. Quando o não-cristão argumenta contra o Cristianismo usando o problema do mal, ele se torna um terrorista intelectual, de forma que ele sequestra o absoluto moral do Cristianismo no processo de argumentar contra o Cristianismo. Contudo, ele não pode se referir a qualquer mal natural ou moral sem implicitamente reconhecer um padrão pelo qual julga algo como mal. Se ele reconhece a existência do mal, então, ele deve primeiro reconhecer a existência de Deus.

— Vincent Cheung

O MAL existe, pelo afastamento que nos separa de Deus; Longe da Luz, há trevas. Na verdade se contemplarmos cuidadosamente esta comparação Luz vs trevas, chegamos à conclusão que não nos é cientificamente possível estudar a escuridão; A forma que nós temos de entender a escuridão é pela óbvia ausência da luz.

Podemos sim, estudar e usar a luz para determinar uma maior ou menor intensidade de escuridão, e é por este método que somos capazes de identificar as coisas. Vemos aquilo que a Luz nos permite ver e na sua ausência nada vemos.

O conhecimento de Deus ilumina, e quanto maior for a nossa aproximação para com a Sua luz, (O conhecimento Do Senhor Jesus) maior o nível de claridade com que vemos e entendemos as coisas. Tudo se torna mais evidente, realçado, óbvio e nítido; da mesma forma quanto maior o afastamento, mais ténue se torna a percepção das coisas, tudo se torna mais obscuro, relativo e menos evidente.

É preciso ter Fé para acreditar na existência de Deus, mas é preciso ter infinitamente mais Fé noutra coisa qualquer para acreditar que Ele não existe.

Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

João 1:4,5

O SOFRIMENTO DE JESUS - O ETERNO TESTEMUNHO

-O que é que nos leva a sofrer verdadeiramente?

O sofrimento é a constatação real da nossa impotência contra circunstâncias que a vida nos constrange a enfrentar, tirando-nos da nossa zona de conforto e dependência, levando-nos um pouco abruptamente a ganhar consciência da nossa fragilidade ou inutilidade. Por isso o sofrimento está tão emocionalmente ligado ao prazer, no sentido em que quando o nosso "prazer" é afectado, nós sofremos. Basta dar a uma criança alguma coisa que ela aprende a gostar, e de seguida privá-la disso, e estamos a ensiná-la a forma mais básica do sofrimento.

-Por que Cristo sofreu?

Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus …” (1 Pedro 3:18)

Depois de ter vencido a morte, logo após a ressurreição, Jesus explicou aos Seus discípulos a necessidade do Seu sofrimento: 

E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos,
Lucas 24:46

Como Ele não tinha pecado, Seu sofrimento não ocorreu para pagar nenhum pecado próprio e só assim pode pagar pelos nossos pecados. Seu sofrimento e morte foram absolutamente necessários para a nossa salvação e isso nota-se na continuação do Seu discurso:

E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém.
E destas coisas sois vós testemunhas.

Lucas 24:47,48

Aqui entra o Evangelho como o apelo à consciência, razão pela qual, todo o Cristão convertido deveria se identificar com o sofrimento de Jesus. Através desse sofrimento Ele tornou possível a nossa salvação e é pela Salvação que podemos ter eterna comunhão com Deus (O propósito inicial de Deus para todos nós). 

E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência,
E a paciência a experiência, e a experiência a esperança.
E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer.
Mas Deus prova o seu amor para connosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.
Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.
Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.
E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação.

Romanos 5:3-11

É notório ao ler a Bíblia que existe sempre uma certa cumplicidade entre o sofrimento e a , o sofrimento e a sujeição a Deus, o sofrimento e a Verdade, o sofrimento e a obediência, o sofrimento e a Glória final.

Também é notório que toda a Bíblia desde o primeiro Livro até ao último, ser tudo acerca de Cristo, primeiro, nas profecias da Sua vinda, depois no tempo da Sua estadia entre Nós, e agora no Tempo em que esperamos o Seu retorno.

Deus tem nos mostrado o Seu plano Eterno centrado em Cristo, através da "liberdade" que nos foi concedida deste o Jardim do Éden, e o nosso percurso desde então, revelando na liberdade, consequências, que nos levaram a descobrir o sofrimento na desobediência, o sofrimento no afastamento do favor de Deus; o sofrimento na rebeldia da auto-adoração, o sofrimento na ignorância da idolatria, o sofrimento na resistência à Verdade, o sofrimento na rejeição da Lei, o sofrimento no seguir o próprio coração, o sofrimento na inveja e na cobiça, o sofrimento na Vaidade, o sofrimento na solidão, o sofrimento na culpa e no arrependimento, o sofrimento no amor ao mundo, o sofrimento na falsa espiritualidade e religião, e o sofrimento na auto-dependência que o Homem coloca em si mesmo e nos outros.

Sempre que sofremos por alguma destas coisas, o Espírito aponta para Cristo como fonte inesgotável de exemplos de como lidar com o sofrimento, porque Nele se descobre a justiça de Deus de Fé em Fé (Romanos 1:17). O sofrimento que passamos serve para que estejamos mais aptos a olhar para Cristo e a depender da Fé para alcançar o entendimento que Deus quer desenvolver em nós para a Eternidade; O de total adoração, fidelidade e gratidão.

Deturpar a permissão de Deus ao sofrimento que nós causamos em nós mesmos atribuindo a ELE uma espécie de responsabilidade negligente ou maligna, é um acto não só de cobardia mas de blasfémia.

O Espírito de Deus usa o sofrimento para polir e moldar o entendimento sobre as reais prioridades na vida, para que sejamos mais e mais conformados à imagem de Jesus, humildes mas engrandecidos em Espírito, sofredores mas esperançosos, sujeitos mas fortalecidos em Glória.

A verdadeira loucura está em não aprender a ver o Amor de Deus no sofrimento que Ele permite nas nossas vidas.

Porque Nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé.
Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.
Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.
Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.

Romanos 1:17-22

Amar o sofrimento não é desejar voluntariamente o martírio propositado para a auto-glória, em registo de "coitadinho" ou "Herói".

Amar o nosso sofrimento é não deixar que o sofrimento gere em nós um sentimento idólatra (Dependente do prazer), ao ponto de qualquer coisa que nos faça sofrer seja tornada num vendaval de comoção e vitimismo que leve à depressão contínua, em que alguém entra em rota de colisão consigo mesmo, dando frutos contrários ao do Espírito, que são a esperança, a confiança em Deus, a Fé nas promessas de Cristo, a permanência no auto-controlo, a Paz e alegria da Salvação.

Amar o nosso sofrimento é confiar que a Palavra de Deus não nos enganou quando nos disse "basta a cada dia o seu mal"(Mateus 6:34), ou "todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus", (Romanos 8:28) ou ainda que "em Cristo somos mais que vencedores" (Romanos 8:37).

O sofrimento e as provações servem para provar a nossa Fé, e nos mostrar quão real é a nossa convicção de que Deus realmente tem o controle das nossas vidas.

É aqui que se distinguem os verdadeiros fiéis dos que passaram uma vida inteira sendo meramente pessoas religiosas com a tal "fé cega" que verdadeiramente nunca viu a Deus.

-Um verdadeiro Filho de Deus não pode ter momentos de fraqueza face ao sofrimento e cair?

Claro que sim, aliás todo o filho de Deus cai e levanta-se inúmeras vezes, pois é no acto de cair e levantar que a força e a resistência são provadas e desenvolvidas. Contudo, o Filho de Deus firmado na Fé verdadeira, com o Verdadeiro conhecimento da Verdade, e ciente da fidelidade de Deus para com os que O amam, não se entrega ao sofrimento de forma derrotista, nem tampouco por longos períodos de tempo se deixa vencer pelo sofrimento, pois se o sofrimento for mais forte que a Fé, que valor tem a Fé? Se o sofrimento for mais forte que o poder de Deus, que "deus" é esse que alguém diz que adora e que tem como seu Salvador?

O Verdadeiro Deus não abandona os Seus e com a provação dá também o escape para que possamos suportar todas as coisas, pois o propósito de Deus não é pisar em nós, mas fortalecer cada um de nós no sofrimento para a Glória que nos é reservada na Eternidade. 

A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade trará justiça.
Isaías 42:3

Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.
Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.

1 Coríntios 10:12,13

Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?
Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.
Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.
Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
Como está escrito:Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia;Somos reputados como ovelhas para o matadouro.
Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,
Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.

Romanos 8:31-39

-Qual é então o propósito do fortalecimento do Cristão no propósito da Eternidade?

O nosso sofrimento é assim tão necessário para aprendermos aquilo que Deus supostamente nos quer ensinar? Não poderia Ele ensinar-nos todas essas coisas sem o sofrimento?

Só quando a nossa realidade é posta à prova, é que nós entendemos a realidade completa. "O sumo" ou "os benefícios" dos apertos que passamos são a razão pela qual o sofrimento é válido. Todos nós temos experiências visíveis nas nossas vidas pelas quais constatamos que fomos fortalecidos, e tornados mais resistentes depois de passar pelo sofrimento que elas produziram (morte de familiares, fim de relacionamentos, vitória sobre doenças, provações financeiras, etc).

"Aquilo que não me mata torna-me mais forte" Devia ser um lema cristão, pois só o Filho de Deus pode dizer isto firmemente, pela garantia Do Espírito Santo de Deus como agente da força e fortalecimento.

Aquilo que Deus tem reservado para nós na Eternidade é tão incompreensível e tão glorioso, que a nossa consciência não poderia contemplar na totalidade a completa grandeza dessa dádiva, em Cristo, que é O propósito da Eternidade, sem que fosse trabalhada nos diversos campos de percepção da realidade e é justamente esse o propósito do sofrimento.

Lúcifer pecou porque não sabia a grandeza do que lhe havia sido entregue, e quando recebemos algo que não sabemos o que custaria alcançar sozinhos, não lhe damos nunca o devido valor. Por isso muitos só percebem o valor daquilo que têm depois de o perderem. Por isso é que os decretos de Deus e a permissão de Deus englobam ainda assim a liberdade dada À criatura criada, sem que os eternos planos para a Criação fossem comprometidos. Só um Deus eterno poderia fazer isto funcionar, e mesmo apesar de tanto sofrimento terrível, produzir a Gloriosa Obra da Redenção.

Isto quer dizer que Deus desejou que o pecado acontecesse? Não! Quer dizer somente que Deus viu a Sua obra perfeita realizada na Eternidade apesar do surgimento do pecado, que não o poderia impedir (Ezequiel 28:15).

Ora se a Sua obra perfeita incluiria ainda a nossa rebeldia e imperfeições, porque razão Ele não as permitiria, com o fim de nos ensinar que os Seus desígnios são incontornáveis e insondáveis e absolutos?

É por causa do nosso sofrimento que Deus deveria ter "escolhido outra opção"? Não é o nosso sofrimento a consequência do pecado em nós? E não é pelo sofrimento que somos provados e fortalecidos?

Se o mundo diz entender que "aquilo que não me mata torna-me mais forte", validando o sofrimento para se auto-gloriar no acto de superar o sofrimento, porque razão, não se haveria de Gloriar Deus no acto de nos auxiliar a suportar o sofrimento, engrandecendo-nos pela força Dele retirada?

Muitas pessoas quando confrontadas com a pergunta: -"se pudesses voltar atrás para mudar alguma coisa em ti, mudarias", afirmam: - Não mudaria absolutamente nada, porque até mesmo todos os erros que cometi, fizerem-me quem eu sou hoje".

Depois são as mesmas pessoas a questionar porque é que Deus não fez as coisas de forma diferente. Este tipo de hipocrisia é sinal mais que evidente da total rebelião contra Deus, e de um disfuncional sentido de ordem e propósito que elas não encontram nas suas vidas egocêntricas e por isso culpam a Deus (o síndroma de vítima do destino).

Contemplar o que é na essência sermos "co-herdeiros de Cristo", é talvez a chave para entender o sofrimento, e também o porquê de Cristo ter vindo ao mundo sofrer e morrer voluntariamente por nós. Somos herdeiros de Cristo para as boas coisas da Eternidade, mas não seríamos herdeiros também nas provações e no sofrimento? Se vemos o sofrimento como algo a evitar a todo o custo, estaremos mesmo aptos para herdar de Cristo alguma coisa, sendo que ELE mesmo voluntariamente se colocou na mira de Deus sofrendo por todos nós?

A resposta de Jó à sua mulher quando esta reclamava indignada pelo sofrimento que o marido passava, é crucial para se entender o verdadeiro coração regenerado do Cristão face ao sofrimento.

Porém ele lhe disse: Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.
Jó 2:10

É precisamente no exemplo do Filho (Jesus) que nós somos ensinados a viver em obediência e sujeição a Deus, e sujeição significa, em todas as coisas, incluindo também no sofrimento.

Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu.
E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem;

Hebreus 5:8,9

O sofrimento que passamos pode ter várias razões e origens:

  • -Deterninar a efemeridade da nossa natureza débil, e remeter a nossa consciência para uma realidade posterior è existência carnal, onde realmente a vida começa (Em Graça no Céu) ou (em desgraça no inferno).

  • -O abalo necessário com que Deus vai amorosamente nos dizendo que a nossa vida não está nos eixos.

  • -Consequências directas de má escolhas que fazemos através das quais Deus nos castiga e consciencializa; 

  • -Maldade e injustiça dos outros cometida contra nós, que serve o propósito de sermos fortalecidos no acto de perdoar e na capacidade de entender o valor da justiça e da integridade;

  • -Sermos usados por Deus como instrumentos de fé (sal e luz) para testemunho público; 

  • -Provações enviadas por Deus para que percebamos que estamos fracos espiritualmente;

  • -Estratégias de Deus para nos conduzir uns aos outros de forma a valorizarmos determinadas pessoas nas nossas vidas que temos negligenciado e a desconsiderarmos o valor que temos dado a outras indevidamente.

  • -entre outra infinidade de razões que só Deus conhece e determina.

Os castigos de Deus frequentemente parecem duros e severos mas eles são misericordiosos e carregados de Amor, que visa a orientação, a correcção e a disciplina. Estes corrigem as nossas loucuras, subjugam as nossas vontades orgulhosas e suavizam e humilham os nossos corações duros diante Dele.

Quando Deus castiga Ele também ensina. As lições são encontradas na Sua Palavra pelos exemplos das personagens e dos povos nela descritos - mas nós nunca aprendemos muito com elas, até que passamos pelas aflições, e é depois que o Espírito usa a Palavra para trazer à memória o que lemos e nos consciencializar. Quando na pele já sabemos o preço da desobediência aprendemos mais verdades a partir da Palavra. Muitas vezes através de uma aflição curta e aguda aprendemos mais do que a ouvir inúmeros sermões!

Como devemos padecer as aflições então? Com bom ânimo!

Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.
João 16:33

 

Na aflição, Deus evidencia o nosso próprio vazio e vaidade, a nossa dependência das coisas superficiais e a insuficiência de todas as nossas coisas terrenas que nada podem realmente fazer por nós espiritualmente.

Na aflição, Deus nos solidifica No Senhor Jesus e Sua grande salvação; mostra-nos o valor da provisão da graça; torna a nossa consciência íntegra e honesta; nos qualifica para utilidade na terra; Nos conforta com a consolação e nos prepara para o desfrute de Si mesmo no Céu.

Desta mesma experiência fala o Apóstolo Paulo aos Coríntios, pois das aflições já tinham aprendido a lição principal: Que até à morte se necessário não devemos confiar em nós mesmos mas Naquele que venceu a morte e tem poder sobre ela.

E a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação.
Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos.
Mas já em nós mesmos tinha-mos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos;
2 Coríntios 1:7-9

 

Nós precisamos de castigo, pois o castigo é a solução para a rebeldia, e a disciplina o remédio para a ingratidão.

Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus repreende; não desprezes, pois, a correcção do Todo-Poderoso.
Jó 5:17

E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correcção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido;
Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho.
Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?
Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.
Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos?
Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade.
E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.
Hebreus 12:5-11

As provações de Deus são a forma que aprouve a Deus determinar para nossa contínua renovação da mente coração e Espírito, e estas servem o propósito da regeneração que leva à Santificação, e portanto necessárias para o nosso crescimento Espiritual. Estas podem servir simultaneamente para nossa edificação pessoal e interior, e edificação pública pelo testemunho que a nossa Fé produz na paciência e confiança em Deus e na Sua Soberania. 

  • Sofrimento e Glória

Ora se Deus é um Deus de Amor, um Deus de Verdade e de Justiça, é claro que o sofrimento pelo qual passamos tem um propósito Eterno, verdadeiro, justo, e repleto de riquezas insondáveis.

Quando nós entendemos que as feridas da batalha serão a Glória no final, nós não só vemos as feridas de outra forma, como entendemos a verdadeira batalha e as coisas pelas quais nós lutamos e sofremos nesta vida. O Apóstolo Pedro dirigindo-se a muitos filhos de Deus espalhados e dispersos que enfrentavam as suas provações, enche-se de palavras de esperança, referindo a Glória Eterna que nos é reservada pela Fé em Cristo Jesus, da qual nenhum Homem pode perder, se sustentado na Verdade e no poder de Deus.

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós,
Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo,
Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações,
Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo;
Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso;

1 Pedro 1:3-8

A "herança incorruptível" (vs4) da qual somos co-herdeiros em Cristo, é a herança que nos traz sofrimento no mundo, mas que nos dará também a Glória nos céus pela Eternidade, e por isso ele refere ser necessário, "que estejamos por um pouco contristados com várias tentações" (vs6). Com que propósito diz ele isto? - "Para a prova da nossa fé" (que comparada ao ouro provado pelo fogo -vs7) se ache em Louvor, Honra e Glória - em Cristo.

Esta passagem afirma que o nosso sofrimento, (seja ele qual for) é passageiro, porque estamos firmados na promessa da Glória Eterna. Aqueles que não têm Cristo como seu salvador, sofrem cá, e sofrerão muito mais pela Eternidade.

Portanto a tristeza do Cristão operada por Deus nas provações visa o propósito da Salvação, e como tal é uma tristeza repleta de gratidão e de consciência terna perante Deus. A tristeza dos ímpios, é inevitavelmente alimentada pela falta de esperança, de fundamento e propósito, gerando contínua rebeldia, rancor e desinteresse pelas coisas de Deus, pois está somente centrada em prazer carnal momentâneo.

Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.
2 Coríntios 7:10

Imaginemos o mundo como um daqueles lugares, onde as tropas de Elite do exército são treinados, vivendo temporariamente em casas que não lhes pertencem, onde são alojados com o fim de serem diariamente postos à prova, durante um determinado período de tempo, em diversas tarefas, e objectivos, que visam melhorar o seu desempenho, expostos a condições insuportáveis, adversidades extremas, e testados ao limite das suas capacidades.

Muitos são testados, e poucos passam o teste; pois é notório que a provação para uns serve o propósito do aperfeiçoamento, e excelência, e para os outros, o propósito da insuficiência e fracasso (os tais "infames" e controversos vasos da honra e desonra -Romanos 9:21-23).

Não estamos cá a passar férias neste mundo, e por isso as provações são necessárias; para que não haja em algum ponto no percurso das nossas vidas, uma visão deturpada do propósito para o qual estamos cá.

A verdade é que o teste só faz de nós tropas de Elite, porque alguém já venceu o teste por nós; desta forma o teste não serve para nos fazer passar ou não, mas para nos tornar dignos Daquele que o passou. 

Por isso o mundo não pode passar o teste, nem tampouco entender o propósito do teste em si.

O Filho de Deus pensa deste modo: -Deus não me testa para me conhecer, testa-me para que eu me conheça

Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;
Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;
Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.
E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus nos chamou à sua eterna glória, depois de havemos padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoe, confirme, fortifique e estabeleça.
A Ele seja a glória e o poderio para todo o sempre. Amém.

1 Pedro 5:6-11

Uma certeza bíblica é que, os sofrimentos do crente estão condicionados, no máximo, a esta vida. Talvez julguemos que anos a fio de aflições seja muito tempo para aqueles que passam por elas, mas o que são 70 ou 80 anos comparados com a Eternidade? Por isso o apóstolo Pedro descreve  "depois de havermos padecido "um pouco” e nos consola afirmando que não estamos sozinhos nesta luta (I Pedro 1).

Uma das confianças mais maravilhosas que o evangelho proporciona àquele que crê é que todo o sofrimento limita-se somente a esta vida. Nos novos céus e na nova terra não teremos motivos para sofrer: “…lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Apocalipse 21:4).

O binómio sofrimento/glória é claro nas Escrituras, porque o que aconteceu a Cristo Jesus é um paradigma daquilo que também acontecerá connosco (na nossa temporária passagem pela vida terrena). Jesus Cristo padeceu tudo aquilo que era necessário tendo a certeza de que seria glorificado depois de finalizar ali a Sua obra e, próximo à Sua crucificação, Ele disse:

Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao céu, e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti;

João 17:1

Este paradigma é o mesmo de romanos 8 que usa o sofrimento/Glória de Jesus, para redireccionar os nossos olhos para o verdadeiro propósito eterno -A Glória de Deus Pai em Cristo Jesus- e a nossa glorificação em Cristo.

E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.
Romanos 8:17

Cristo é a única certeza aplicada ao binómio sofrimento/Glória, pois a esperança que nós temos, está projectada na Sua vitória, e nas Suas promessas Eternas.

Como é interessante perceber que a Palavra de Deus redirecciona sempre os nossos pensamentos ansiosos às certezas do futuro enquanto passamos por sofrimentos nesta vida. Isso não é uma espécie de "fuga à realidade", pelo contrário, é a própria realidade futura que, filtrando a nossa visão limitada do presente, faz-nos esperançosos e jubilosos aguardando o que está reservado para nós.

Um dos mais comuns cenários do sofrimento nos dias de hoje, é a depressão e o desejo de suicídio como falta de esperança e de propósito no acto de viver. A incapacidade de lidar com a realidade e suas imposições sobre nós, leva à frustração e à ansiedade, e por conseguinte a comportamentos nocivos que podem ter desfechos lamentáveis.

Se alguém está em Cristo, é co-participante voluntário também das Suas aflições, e portanto é só natural que embora hajam momentos de fraqueza (humana) em nós, a presença do Espírito de Deus nos fortifica na Fé, na esperança e na alegria da nossa Salvação.

Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse;
Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.
Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus; quanto a eles, é ele, sim, blasfemado, mas quanto a vós, é glorificado.
Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios;
Mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte.
Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?
E, se o justo apenas se salva, onde aparecerá o ímpio e o pecador?
Portanto também os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhe as suas almas, como ao fiel Criador, fazendo o bem.

1 Pedro 4:12-19

Muitas pessoas Questionam o amor de Deus quando vêm os seus filhos sofrer, porque estão habituadas a ver o "amor" como um conceito de permissivismo e de alívio e de protecção cega que visa apenas o prazer e a satisfação. Muita gente pensa e promove um Evangelho falso onde "Filho de Deus nunca sofre", e se sofre é porque está a fazer alguma coisa errada, o que é lastimável, pois isso é totalmente oposto à realidade do crente no panorama Bíblico. Contudo o Amor de Deus é um amor superior, Infinitamente mais nobre, e que visa em primeiro lugar a nossa Salvação e Santificação, e só depois a nossa "satisfação".

Isto porque o nosso conceito de "satisfação e prazer" está corrompido pelo pecado, e centrado em nós mesmos. Quando somos resgatados das trevas para a Luz, encontramos o pináculo da satisfação no facto de sermos agora feitos filhos de Deus, e termos Jesus Cristo como nosso Rei, Senhor e Salvador Eterno.

Muitas pessoas dizem ter Deus como "Pai", mas não se comportam como "filhos", e por isso não podem compreender nem viver essa tão Gloriosa Satisfação.

Concluindo, Provavelmente, qualquer um de nós para chegar onde chegou, tenha passado pelo "vale da sombra da morte" (Salmos 23:4), e a realidade que o cerca pode estar minando a sua confiança no amor e no cuidado de Deus por você.

Perdas dolorosas, notícias de doenças graves, desemprego, solidão, angústias nos relacionamentos, problemas financeiros, depressões ou consequências produzidas pelo medo e pela ansiedade podem estar deteriorando o seu relacionamento com o Senhor Jesus, e com aqueles que estão próximos a você.

O alvo é que você seja encorajado pelas Escrituras somente, pela Graça e pela Fé centradas em Cristo. Não há nada que o homem diga ou faça, e não há nada fora da Bíblia, que possa verdadeiramente ajudá-lo permanentemente.

Se você não concorda e tem encontrado temporariamente conforto noutras fontes, seja ela a psico-terapia, o ombro permissivo de um amigo, nos elogios e clichets das actividades virtuais das redes sociais, ou na auto-indução produzida por si, e para si, saiba que num período razoavelmente curto os sintomas só vão piorar, porque esses "confortos" mundanos são mero analgésico para a dor da alma, que só encontra descanso na paz de Deus. 

A Bíblia contém uma poderosa e infalível promessa que diz respeito ao futuro glorioso que pode lhe dizer respeito: Jesus disse:

Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia.
Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.

João 6:38-40

 

Esta promessa é maravilhosa e tremenda, pois proporciona a garantia e a confiança de que não permaneceremos na morte.

Mais do que isso, à semelhança do nosso Senhor, ressuscitaremos para viver plena e eternamente com Ele e com todos aqueles que creram no Seu Nome e O têm como Seu Senhor e Salvador. 

Cantai ao Senhor, vós que sois seus santos, e celebrai a memória da sua santidade. Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.

Salmos 30:4,5

O sofrimento não precisa ser combatido, se ele for entendido e aceite; Ele virá trazendo as suas lições, e irá embora, deixando as suas riquezas. Você não pode escolher quando sofre; não pode escolher quanto tempo sofre, e pode até nem saber por que sofre, mas pode sem dúvida Glorificar a Deus e testemunhar da Graça ao mundo através do seu sofrimento.

Ame o seu sofrimento e descubra nele uma nova forma de encarar a vida; ame o seu sofrimento pois ele é simultaneamente o seu castigo; e a sua prova de Fé; O meio pela qual você valoriza a gratidão; e o padrão pelo qual você estima a alegria; O percurso que o permite alcançar sabedoria; e a técnica eficaz de Deus lhe ensinar humildade; A oportunidade que você recebe para limar o seu carácter; e a sorte que lhe é concedida de questionar os seus limites; A mui excelente dádiva dos Céus para levar o espírito interior à esperança; e a Lição pela qual você entende o preço das suas decisões; A Gloriosa viagem entre o arrependimento e o perdão; e a derradeira mensagem pela qual você reconhece a sua pequenez; O exemplo a bom tempo que revela a Justiça Divina inseparável do Amor; e o Benefício que o leva a almejar o Favor de Deus.

Ame o seu sofrimento pois o fracasso é o lugar onde você descobre se Jesus é o seu único Tesouro; A decepção é o lugar onde você descobre se é em Jesus que reside toda a sua expectativa; A solidão é o estado onde você descobre, se Jesus é a tua melhor companhia; A tristeza é o lugar, onde você descobre, se Jesus tem sido a tua verdadeira fonte de felicidade; A impotência é o estado, onde você descobre, se Jesus tem sido a tua força e o teu empenho; A fragilidade, é o lugar onde você descobre se Jesus tem sido o teu Escudo e Fortaleza; As dúvidas e incertezas são a condição, onde você percebe se Jesus tem sido a Tua única Verdade.

Tem o teu sofrimento ditado a ordem de prioridade na tua vida? Tem o sofrimento te impedido de glorificar a Deus e dar poderosos testemunhos do que é ser co-herdeiro da riqueza dos céus em Cristo?

Toda a Bíblia está repleta de verdades escondidas, que devem ser descobertas por nós, quando pelo sofrimento do mundo recorremos a ela buscando conforto e direcção.

O Salmo 23 é a passagem por excelência para combate ao sofrimento e a à falta de esperança que dele procede.

As Verdades contidas no Salmo 23:

O Senhor é o meu Pastor... (Isto é relacionamento!)
Nada me faltará... (Isto é suprimento!)
Deitar-me faz em verdes pastos... (Isto é descanso!)
Guia-me mansamente a águas tranquilas... (Isto é refrigério)
Refrigera minha alma... (Isto é renovação!)
Guia-me pelas veredas da justiça... (Isto é direção!)
Por amor de seu nome... (Isto é propósito!)
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte... (Isto é provação!)
Eu não temeria mal algum... (Isto é proteção!)
Porque tu estás comigo... (Isto é fidelidade!)
A tua vara e o teu cajado me consolam... (Isto é esperança!)
Unge a minha cabeça com óleo... (Isto é consagração!)
E o meu cálice transborda... (Isto é abundância!)
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida... (Isto é benção!)
E eu habitarei na casa do Senhor... (Isto é segurança!)
Por longos dias..." (Isto é eternidade!)

Salmos 23:1-6

Pense Assim:

"O Pão da vida" começou o Seu Ministério com fome no deserto.
"O Bom Pastor" foi O cordeiro levado ao Matadouro.
"O Rei dos Reis", viveu uma vida de servidão.
"O Justo Juíz", foi julgado injustamente pelos Homens.
"O Salvador do mundo", foi condenado pelo Mundo.
"A Água da Vida" terminou o Seu Ministério com sede na Cruz.

Quem é você para falar de sofrimento?

Espere em Deus; Ele não tarda. Descanse em Deus; Ele não pesa.
Confie em Deus; Ele não falha. Repouse em Deus; Ele não dorme.
Desfrute em Deus; Ele não cessa. Viva em Deus, e Ele viverá em você.

Maranatha! Ora vem Senhor Jesus!

Jesus Cristo é o único Salvador. Ora vem Senhor Jesus. Maranatha.

bottom of page