
- MATEUS -
CAPÍTULO 1 - (25 versículos)
-
A LINHAGEM DE JESUS
-
A ORIGEM DIVINA DE JESUS - A CONCEPÇÃO PELO ESPÍRITO SANTO
-
A DÚVIDA DE JOSÉ E A REVELAÇÃO DO ANJO
-
JESUS O PRIMOGÉNITO DE DEUS
GENEALOGIA DE JESUS POR JOSÉ
-Versículo 1 ao 17-
A contagem das Gerações em descrição, referentes à genealogia de Jesus por José; A referência no primeiro versículo: "Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão." diz respeito a 2 nomes importantes da tradição e cultura Judaica, ambos tendo um estatuto digno de honra para todo o Judeu; (BIBLOS GENESEÔS IÊSOU KHRISTOU UIOU DAUID UIOU ABRAAM)
Refere "Filho de David", como a linhagem real de Jesus; "Filho de Abraão" como a linhagem Ancestral ou Patriarcal; Estas duas referências certificam a legitimidade de Jesus como Autoridade sobre os Judeus e a Nação de Israel e servem particularmente para testemunhar e registar aos Judeus não só a autenticidade das afirmações de Jesus como certificar as profecias a Seu respeito; Não é David e Abraão que "honram" a Jesus estando na sua genealogia, mas é Jesus que os honra, nascendo dela, contudo aos judeus incrédulos, a referência a estes 2 nomes pede reverência. Por isso João o Baptista disse: "eis que após mim vem Aquele a quem não sou digno de desatar as alparcas dos pés." (Atos 13:25). João sabia que Jesus era maior que ele, que David e que Abraão.
É feito ainda uma referência a Abraão, Isaac, Jacó, e Judá (princípio das 12 tribos de Israel) (Mateus 1:2) - Todo este detalhe certifica que O Senhor Jesus era o predito e profetizado Messias e Rei e Senhor de Israel.
Seguindo a descrição da genealogia, de quem gerou quem, até Jesus, vemos no versículo 17 (Mateus 1:17) referência a uma sequência de 3x 14 gerações: "De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e desde Davi até a deportação para a babilônia, catorze gerações; e desde a deportação para a babilônia até Cristo, catorze gerações." (PASAI OUN AI GENEAI, APO ABRAAM EÔS DAUID, GENEAI DEKATESSARES; KAI APO DAUID EÔS TÊS METOIKESIAS BABULÔNOS, GENEAI DEKATESSARES; KAI APO TÊS METOIKESIAS BABULÔNOS EÔS TOU KHRISTOU, GENEAI DEKATESSARES.)
"Geneai Dekatessares" (14 gerações de memória técnica e registo histórico do povo e cultura Judaica)
-Podemos dividir os 3 grupos desta forma:
-
(1) Desde o nascimento de Abraão até o nascimento de David, tomando as datas fornecido pela cronologia recebida do Antigo Testamento. -B.C. 1996-1085. (14 gerações)
-
(2) Desde o nascimento de Davi até o cativeiro. -B.C. 1085-588. (14 gerações)
-
(3) Do cativeiro ao nascimento de Jesus. -B.C. 588-4. (14 gerações)
A Bíblia fala de 3 grupos distintos de 14 gerações distintas dentro de cada grupo; Não fala de 42 gerações particulares. As Gerações servem para determinar 3 grupos distintos.
Cristo é o alvo em destaque na referência à Genealogia, e a separação temporal em 3 partes é curiosamente interessante. Em (Isaías 9:6,7), nota-se no versículo 7 a referência "Sobre o Trono de David e o Seu Reino" referente ao Reino Eterno do Senhor Jesus;
Com base nesta informação notem-se os 3 grupos distintos:
-
(1)- "Do nascimento de Abraão ao nascimento de David": -Descendência directa do Patriarca e Pai das Nações, até ao Rei David, princípio da Glória de Israel e de um Reino próspero abençoado por Deus; (1 parte)
-
(2)- "Do nascimento de Davi até ao cativeiro": -Da Glória de Israel ao seu declínio; (2 parte)
-
(3)- "Do cativeiro ao nascimento de Jesus": -Do declínio à redenção; Ao nascimento do Rei Eterno, Senhor de Israel e dos Reinos Celestiais. (3 parte)
Se atentarmos às palavras do Senhor Jesus dizendo: "É chegado o reino dos céus" (Mateus 4:17), percebemos o porquê desta sequência de 14+14+14 gerações dividida particularmente em 3 partes e referida logo no início do registo de Mateus; (O número 3 sempre fala simbolicamente da essência Divina e obra soberana da Trindade de Deus em acção).
-O primeiro grupo é, desde Abraão até David realmente:
"desde Abraão até Davi são catorze gerações"
(Abraão, Isaque, Jacó, Judá, Perez, Esrom, Arão, Aminadabe, Nasom, Salmom, Boaz, Obede, Jessé, Davi.)
-O grupo 2 é de Davi até a deportação na Babilónia:
"desde Davi até a deportação para a babilônia, catorze gerações"
(Davi, Salomão, Roboão, Abias, Asa, Josafá, Jorão, Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, Manassés, Amom, Josias)
Este é o grupo real de quatorze gerações desde que todos neste grupo foram reis. O grupo começa com Davi e fecha com Josias, o último rei do reino. David é referido no fim da primeira e no início da segunda porque é de evidenciar a ascensão e glória de Israel assim como a sua queda e declínio, antes de figurar o período de vergonha no exílio, culminando em Jesus O futuro e Glória Eterna como a restauração de todas as coisas.
-Em relação ao terceiro grupo é-nos dito que ele vai desde a deportação da Babilónia até Cristo. Realmente:
"desde a deportação para a babilônia até Cristo, catorze gerações"
(Jeconias, Salatiel, Zorobabel, Abiúde, Eliaquim, Azor, Sadoque, Aquim, Eliúde, Eleázar, Matã, Jacó, José, Jesus)
O termo "desde" "Apo" (απο) em grego significa: Algo que parte de; derivado ou revelado a partir de; distanciando-se de; como um resultado de; O termo "Apocalipse" por exemplo, é a junção de Apo+Kalyptein (Algo revelado a partir de algo que estava oculto)
A revelação de 3 grupos de 14 gerações aponta para o plano de Deus escondido para Israel e o Seu povo, revelado através de Jesus; é disto que trata este grupo de versículos e as 14 gerações referidas em 3 partes distintas.
É sempre bom evidenciar que aqui é descrita a genealogia de Jesus por José; ainda que saibamos que José não teve parte da concepção Divinal de Jesus biologicamente.
Sabemos que Jesus nasceu de Maria por intervenção directa do Espírito Santo de Deus e não das relações físicas entre José e Maria. José não podia então contribuir directamente para a Linhagem de Jesus (geneticamente falando), pois Jesus não teve José como Pai biológico.
O facto de referir contudo a linhagem pura de Abraão até José, serve para mostrar que embora José não tivesse sido relevante no sentido biológico, ele também havia sido escolhido por Deus, pois da sua linhagem também vinha a linhagem pura do sangue Hebreu, do qual O Senhor Jesus é Rei.
Jesus nasceu de Maria, que pertencia à mesma tribo, tendo os mesmos antepassados, contudo a genealogia aqui está focada em José (O registo patriarcal) para que aos olhos do povo, a credibilidade da linhagem de Jesus não pudesse ser posta em causa.
O registo em (Lucas 3:23-38) mostra outra genealogia, mas aqui registada num sentido oposto. Em Mateus, a genealogia parte do passado, de Abraão a José e Jesus; Em Lucas o registo é feito ao contrário e parte de Jesus por José para trás até Adão e Deus que o Criou.
Ambas as genealogias embora aparentemente referentes a "José", ao primeiro olhar, (pois refere: "Jesus filho de José") apresentam detalhes diferentes em foco, porque esta genealogia em questão é a genealogia de Jesus por Maria (da mesma tribo) mesmo que esta não seja contemplada em destaque.
Isto é evidente na referência do versículo de (Lucas 3:23) quando diz que Jesus era "filho de "José" (como se cuidava)", ou seja, como era tido por todos oficialmente, embora biologicamente falando isso não fosse verdade.
As genealogias dadas em Mateus 1 e Lucas 3 são na verdade referentes e relevantes em propósito a Jesus Cristo, vistas supostamente por "José", (embora claramente a de Mateus seja de Jesus por José, e a de Lucas de Jesus por Maria); mas a referência às genealogias serve o único propósito de mostrar a Linhagem Do Senhor Jesus segundo a Linhagem de Abraão e David e não propriamente de seus "pais" (Maria ou José).
Não devemos achar estranho que tenhamos duas genealogias descritas, afinal toda a gente tem duas genealogias: uma do seu pai e uma da sua mãe. Agora O pai de Jesus seja Deus e, portanto, ele não poderia ter uma genealogia do seu pai natural (Até porque Jesus é O Eterno Deus encarnado). Maria também não é a mãe de Jesus no sentido natural que uma mulher é mãe de alguém. Maria foi somente o receptáculo físico onde Jesus veio dos céus fazer-se "Filho do Homem"; (Mateus 18:11) (Mateus 12:8) (Mateus 26:24) (Lucas 22:69), para dar-Lhe esse estatuto na Terra. E vezes que Jesus não se referia a Maria como "Mãe" (João 2:4) (Mateus 12:48)
No entanto, a sua situação legal na sociedade era dependente do homem que a sociedade reconheceu como sendo seu pai, ou seja, José e de maria como sua mãe. É por isso que a Palavra de Deus dá duas genealogias.
O facto das 2 supostas genealogias terem sido expressas, gerou alguns problemas entre alguns estudiosos não sensíveis aos propósitos de Deus em registá-las.
O primeiro problema está relacionado com o facto de que enquanto na genealogia de Mateus 1:16 nos é dito que:
"Jacó gerou José, marido de Maria", - Ou seja, que José era um filho de Jacó;
Na genealogia correspondente de Lucas 3:23, lemos que:
“E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de José, e José de Heli, E Heli de Matã....."
O problema geralmente é criado aqui, porque as pessoas têm tomado esta genealogia como uma genealogia de José. Mas a genealogia não é de José, mas de JESUS.
Jesus, que deveria pela sociedade (Patriarcal) ser o filho de José, era filho de Heli, que era o filho de Matã, etc. Ele não era filho de Heli de José, já que, segundo Mateus, o pai de José, não foi Heli, mas Jacó.
Através de quem, portanto, Jesus foi filho de Heli? A resposta é através de Maria; -"O filho de Heli" - isto é, o genro (José), do qual Jesus era "filho" como marido de Maria sua filha; Pois Heli era o pai de Maria. Em inglês por exemplo o termo genro é mais revelador; “Son in Law” (Filho na Lei); José era “Filho de Heli pela Lei” após ter casado com Maria, Filha biológica de Heli.
Desta forma:
-Mateus escreve a genealogia de José, descendente de Davi por Salomão;
-Lucas por sua vez, de Maria, descendente de Davi por Natã.
Na genealogia de José (recitada por Mateus), está implícita a de Maria, pois os judeus estavam acostumados (e era de lei que assim o fosse) a casar nas suas próprias famílias, da mesma tribo. Importante ver ainda a referência de (Números 36:6-13) para se ver como funcionava a união legítima entre as tribos nessa altura.
A CONCEPÇÃO DE JESUS
-Versículos 18 ao 25-
[1,18] TOU DE IÊSOU KHRISTOU Ê GENESIS OUTÔS ÊN MNÊSTEUTHEISÊS TÊS MÊTROS AUTOU MARIAS TÔ IÔSÊPH PRIN Ê SUNELTHEIN AUTOUS EURETHÊ EN GASTRI EKHOUSA EK PNEUMATOS AGIOU
[1,19] IÔSÊPH DE O ANÊR AUTÊS DIKAIOS ÔN KAI MÊ THELÔN AUTÊN DEIGMATISAI EBOULÊTHÊ LATHRA APOLUSAI AUTÊN
[1,20] TAUTA DE AUTOU ENTHUMÊTHENTOS IDOU AGGELOS KURIOU KAT ONAR EPHANÊ AUTÔ LEGÔN IÔSÊPH UIOS DAUID MÊ PHOBÊTHÊS PARALABEIN MARIAN TÊN GUNAIKA SOU TO GAR EN AUTÊ GENNÊTHEN EK PNEUMATOS ESTIN AGIOU
[1,21] TEXETAI DE UION KAI KALESEIS TO ONOMA AUTOU IÊSOUN AUTOS GAR SÔSEI TON LAON AUTOU APO TÔN AMARTIÔN AUTÔN
[1,22] TOUTO DE OLON GEGONEN INA PLÊRÔTHÊ TO RÊTHEN UPO KURIOU DIA TOU PROPHÊTOU LEGONTOS
[1,23] IDOU Ê PARTHENOS EN GASTRI EXEI KAI TEXETAI UION KAI KALESOUSIN TO ONOMA AUTOU EMMANOUÊL O ESTIN METHERMÊNEUOMENON METH ÊMÔN O THEOS
[1,24] EGERTHEIS DE O IÔSÊPH APO TOU UPNOU EPOIÊSEN ÔS PROSETAXEN AUTÔ O AGGELOS KURIOU KAI PARELABEN TÊN GUNAIKA AUTOU
[1,25] KAI OUK EGINÔSKEN AUTÊN EÔS OU ETEKEN UION KAI EKALESEN TO ONOMA AUTOU IÊSOUN
Nestes versículos vemos a dúvida de José em receber Maria por saber da inusitada gravidez, pois pelos costumes judeus, um homem nas condições de José podia repudiar e condenar Maria debaixo da Lei (Deuteronômio 22:23,24); Maria estava grávida, e José sabia que o filho não era dele; Como resposta aos pensamentos de José, um Anjo aparece em sonhos e revela a Divindade de Jesus e a graça dada a Maria; Jesus é o cumprimento das profecias acerca do Salvador enviado por Deus para reinar (Isaías 7:14) (Isaías 9:6,7) (Isaías 11:1-4) (Isaías 61:1,2) (Miquéias 5:2-4) (Jeremias 23:5,6)
Em relação ao nascimento de Jesus" é descrito:
"Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo." (Mateus 1:18)
JESUS E A ORIGEM DIVINA
Este "achou-se" refere-se ao estado surpreendente em que ela foi achada grávida, (forma sobrenatural), sendo ainda virgem. O termo “achou-se" é “EURETHÊ” que vem da palavra grega “Eureka”. Toda a gente conhece este termo por Arquimedes o célebre Matemático grego; é uma espécie de grito de triunfo, e de deslumbre por algo que era desconhecido, ser esclarecido/descoberto/revelado.
A concepção de Jesus é obra Divina determinada por Deus, levada a cabo pelo Próprio Espírito Santo; Maria é o Veículo usado por Deus para trazer ao mundo o Salvador; Maria é abençoada e santificada por Deus para tal, mas ela não tem nenhum papel de co-agente, ou co-auxiliar como autora dessa obra. É obra da Trindade, e Maria não faz parte dela. (A essência de Deus é Uma -Trindade- e não "um quarteto").
(O “Achar-se grávida” sobrenaturalmente foi a Razão pela qual o próprio José intentou deixá-la, no Vs. 19).
Neste "Achou-se" está inerente o espanto inexplicável do ponto de vista humano. Ninguém naturalmente se "acha grávida". Maria não precisou fazer absolutamente nada; Maria teve uma prestação meramente passiva, obedecendo e sujeitando-se à vontade de Deus de fazer dela Nascer o Messias.
O nascimento do Senhor Jesus não foi uma "decisão" de Maria, mas ao contrário, um Decreto Divino, ao qual ela se sujeitou em obediência. (isto é notoriamente comprovado na sua resposta ao Anjo Gabriel que a visitou -"Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela. (Lucas 1:38)
Por isto é rejeitado todo o objecto de culto "mariano" do catolicismo, que a "entroniza" como "mãe de Deus".
A DÚVIDA DE JOSÉ E O ANJO GABRIEL
José intenta deixar Maria, por causa da sua própria Justiça, como refere a Palavra:
[1,19] IÔSÊPH DE O ANÊR AUTÊS DIKAIOS ÔN KAI MÊ THELÔN AUTÊN DEIGMATISAI EBOULÊTHÊ LATHRA APOLUSAI AUTÊN.
-"José, seu marido, sendo justo" - (Dikaios de Dike) Significa: Correcto, íntegro, com padrões altos de rectidão; esta justiça aponta para o acto de que embora ele soubesse não ser o Pai biológico daquela criança, ainda assim não a imputava nenhuma ofensa. José não queria infamar Maria segundo o termo (deigmatizo de deigma ou deiknuo - Expor, anunciar para todos, exibir em público; Literalmente quer dizer "fazer uma cena"). José não sabia como era possível Maria estar grávida, ainda assim, não a queria expor publicamente como era o costume; Antes queria protegê-la disso.
-"Intentou deixá-la secretamente"- "deixá-la" = Apoluo -Desconsiderar, deixar para trás, desprender-se); "Secretamente" = Lathra de Lanthano - de forma escondida ou encoberta; sem que ninguém repare; outros usos, ex: (Mateus 2:7)-(João 11:28)-(Atos 16:37) é uma expressão interessante que expressa também a honra e a decência de José como Marido e Homem. Como descrito em (Deuteronômio 22:24) vemos que A Lei Mosaica determinava a exposição à vergonha pública e à morte, mulheres no estado actual de Maria;
O deixar secretamente Maria, era sinal da nobreza de carácter de José, que embora sua honra permitisse punir Maria e sua "estranha gravidez" publicamente, ele havia escolhido não o fazer.
Para esclarecer José acerca de tal situação, o anjo o visita num sonho e aponta para a Obra Do Senhor, como o cumprimento das profecias a respeito de Jesus. (Isaías 7:14)
-“E pensando ele nisto”- ([1,20] TAUTA DE AUTOU ENTHUMÊTHENTOS)-(Trazer à mente; ponderar, reflectir; deliberar) denuncia que José não agiu apressadamente segundo a Lei, mas que reflectiu com mansidão "sendo justo".
Sabemos que a Palavra diz que Deus guia e dirige os mansos em justiça; "Guiará os mansos em justiça e aos mansos ensinará o seu caminho." (Salmos 25:9)
"Apareceu num sonho" (KAT ONAR EPHANÊ); O termo "Onar" (sonho), é a raíz da palavra "onírico" (oneiros) e refere-se a pensamentos e ideias que aparecem no período de sono;
"Sonhos e Visões" na Bíblia sempre acompanham eventos e circunstâncias onde é visível a acção directa (Presente ou futura) de Deus sobre a realidade Humana; Apontam para a "Vontade de Deus" (tanto de bênção como de juízo) ou a "concretização profética" do Seu plano eterno, segundo a Justiça sendo revelada; Esta foi uma maneira comum de tornar conhecida a soberania de Deus para os antigos profetas e Seu povo, e será ainda também nos últimos dias; (Joel 2:28) (Atos 2:17) (Daniel 7:1) (Jó 4:12,13) (Jó 7:14) (Gênesis 20:3) (Gênesis 37:5) (Gênesis 41:1) (1 Reis 3:5) (Mateus 2:19); O sonho de José aqui não é um sonho de fantasia durante o sono, mas um evento sobrenatural pelo qual o Anjo comunicou a José a vontade de Deus revelada.
no Versículo 20 ainda, O Anjo referindo-se a José como: "José Filho de Davi" (IÔSÊPH UIOS DAUID) é outra referência relevante de comentar;
O anjo o lembrou da sua relação com Davi (seu antepassado), para consciencializá-lo de que Maria seria a mãe do Messias - o herdeiro prometido de Davi nas profecias (2 Samuel 7:16) (Salmos 89:3,4); Também destas, Paulo mais tarde iria se referir (Romanos 1:2-4). O Anjo literalmente está a passar a ideia de que ali se estavam a cumprir as profecias e o plano de Deus, de forma a organizar os pensamentos confusos de José.
Isto para que José soubesse que a "sua paternidade" "como se cuidava" (Lucas 3:23) certificaria que para todos os Judeus, Jesus teria o mesmo estatuto. Se José sendo “oficialmente” o Pai de Jesus, não tivesse a mesma linhagem e ascendência, Jesus jamais poderia ser chamado publicamente de “Filho de David”.
O Anjo continua em tom profético nos versículos 21,22 e 23, convencendo a José com a autoridade de Deus, de que o plano para aquele Filho, vinha Do Alto, e cheio de propósito a cumprir.
"...E chamarás o seu nome JESUS;..." (Mateus 1:21) é a ordem passada pelo Anjo; Curioso referir que que na altura, segundo os costumes Judaicos, os Judeus eram contra qualquer comunicação entre a noiva e o noivo durante o período de noivado, daí que encontremos Gabriel (O Anjo) falando com Maria em (Lucas 1:31), dizendo-lhe a mesma coisa: "E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus".
Provavelmente o intuito era uni-los num mesmo pensamento (ainda que distantes e incomunicáveis) e responsabilizar e consciencializar ambos individualmente de que a Obra de Deus para o nascimento do Messias já estava ordenada a cumprir-se exactamente como Deus havia determinado; (nem o Nome era decisão deles).
O Anjo deixa bem claro que eles só têm de obedecer e seguir as ordens de Deus, pois é Ele que está no controlo.
O NOME DE JESUS
O "Nome do Filho de Deus" nunca poderia ser decidido por Maria e José, pois, "O Nome sobre todo o nome" (Filipenses 2:9) tem simbolicamente o propósito de espelhar a obra gloriosa que Deus preparou em Jesus.
Aliás O Nome de Jesus é cheio de significado e tem uma história na herança cultural Judaica, mas nem sempre foi um nome especialmente sagrado.
Na sua forma do Velho Testamento encontramos no Livro de Números "Josué" também chamado "Oseias" (Números 13:8) (Números 14:6) ou Joshua, do hebraico יהושוע בן נון, Yehoshua ou Yeshua, que significa Javé (Jeová) Salva ou Javé (Jeová) é Salvação; ou ainda Javé (Jeová) é O Salvador; Este nome é: Iesous na transliteração para o grego; e na forma latina como conhecemos, Jesus.
Josué era chamado originalmente de Oseias, entretanto, o seu nome fora mudado por Moisés, em Cades; note-se: "e a Oséias, filho de Num, Moisés chamou Josué". (Números 13:16)
Oseias significa “Salvação”, todavia, seguindo a prática hebraica e semítica de mudar o nome a fim de ratificar a mudança de posição ou destino, Moisés, influenciado pelo Espírito de Deus, muda o nome do primogénito da tribo de Efraim para Yehōshuāh. (Isto não foi ao acaso)
Com a mudança do nome, altera-se também a função e a responsabilidade dele diante de Deus e do povo de Israel. (Curioso ver que a mudança do nome acompanha "um estatuto") Isto já era o Plano de Deus para a sonância do nome de Jesus (seu futuro cunho Divino) associado ao Cristo (Jesus Cristo ou Jesus O Cristo) e a importância magnífica da Sua Obra eterna, séculos antes do nascimento do Messias - em 1513 a.C.).
A mudança do nome do capitão de Israel de Hoséia (Oséias) para Joshua, não tinha ainda cunho divino, pois Deus havia preparado o nome e o estatuto, progressivamente à medida que também conduzia a história de Israel, e só Após o retorno da Babilónia, é que recebeu uma nova proeminência em relação ao sumo sacerdote Josué, filho de Josedech (Josadaque) (Ageu 1:1) (Zacarias 3:1).
No entanto, não tinha sido ainda associado directamente com as esperanças messiânicas, como indicação de que seria o nome do Cristo por vir (O eterno Sumo-sacerdote -(Hebreus 4:14) (Hebreus 8:1).
Como bem refere logo no primeiro versículo de Mateus ("Livro da geração de Jesus Cristo"...) A associação do nome Jesus ao Cristo deu um novo carácter aos pensamentos dos homens sobre o reino e um cunho Divino de que Ele, era o Messias prometido.
Ele não vinha para conquista e independência territorial (Como eles desejavam) mas para "Salvação" –"libertação" espiritual; não somente libertação dos inimigos humanos (dos romanos e outros povos que sempre ameaçaram Israel), nem das penalidades do pecado (segundo os costumes da religião Judaica), mas A Salvação e Libertação dos próprios pecados (Justificação) - como bem diz o Anjo a José "porque Ele salvará o Seu povo dos seus pecados". (Mateus 1:21)
Esta é a razão porque O Nome Dele seria Jesus e mais nenhum! O Nome é espelho da Obra que Lhe estava proposta.
Por isso o Nascimento Do Senhor Jesus é anunciado ainda no Velho Testamento profeticamente, para não deixar sombra de dúvida dos decretos Eternos de Deus para O Seu Filho e Sua obra.
Por isso vemos no Versículo 22 referido: "para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz"; (Mateus 1:22,23) (Citando Isaías):
"Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel". (Isaías 7:14).
Voltando à origem do nome de Jesus repare-se na decisão de Moisés, bem lá atrás na História de:
-Mudar o nome do primogénito da tribo de Efraim para Yehōshuāh (O nome que viria a ser O nome do Filho de Deus -Yeshua = Jesus;
-De Oséias/Josué ser "o primogénito", como Jesus também é descrito como "o primogénito de toda a criação"(Colossenses 1:15); (Mateus 1:25)
-E de ele ser da Tribo de Efraim (Fundadores da cidade de Belém Efrata) Onde nasceu Jesus.
- Temos então 3 características comuns interessantes a apontar:
1) Estatuto = Primogénito;
2) Nome e função = (Jesus = Jeová Salva ou é O Salvador; é ainda Emanuel = Deus Connosco) A mudança de nome simbolizava a responsabilidade diante de Deus e do povo Judeu, num novo rumo/destino. (Jesus é Aquele que nos transporta das trevas para a Luz) (1 Pedro 2:9); é Aquele que Tira Israel do declínio e o restaura na Glória!
3) Região/Tribo = Belém, (Fundada pela tribo de Efraim) Lugar onde Jesus estava destinado a nascer).
Na profecia quanto ao nascimento de Jesus (Isaías 7:14) citada por Mateus o foco está em 3 aspectos distintos:
1) Uma virgem (2 Coríntios 11:2) (símbolo de castidade, pureza, incontaminação, que mais tarde passa também a espelhar como símbolo a Igreja de Cristo- A Noiva);
2) Um Filho (Salmos 127:3,4) (Símbolo de prosperidade, de bênção, e Herança);
3) Um Nome (Filipenses 2:9) (Símbolo de Identidade e reconhecimento).
Foco 1 - A "Virgem" - sabemos que o nascimento Do Senhor Jesus, não foi fruto de uma relação carnal, mas Ele sendo O Filho de Deus, fez-Se "Filho do Homem"; concebido sobrenaturalmente pelo Espírito Santo. A Santidade da vida Do Senhor Jesus, começou logo no acto da concepção, e prosseguiu durante todo o tempo da sua vida, até a sua morte. Santo, que não conheceu pecado (2 Coríntios 5:21);
Foco 2 - O "Filho" - lembramos que a Palavra fala que: "Os Filhos são a herança do Senhor"; (Salmos 127:3)
A Herança da qual nós fazemos parte, por sermos feitos através de Cristo, Filhos de Deus, e co-herdeiros da Vida eterna (Hebreus 1:2) (1 Pedro 1:4);
Foco 3 - O "Nome" - O termo: "EMANUEL, Que traduzido é: Deus connosco" deixa clara a Identidade verdadeira de Jesus, como O Deus Santo encarnado. Percebe-se então sem sombra de dúvida que que Este Filho, Santo e imaculado, que Veio trazer uma Herança Eterna, é O próprio Deus Vivo.
Disto falou João quando disse: "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade." (João 1:14);
Ele esteve entre nós, (Connosco) fisicamente na Pessoa Do Filho, para ser conhecido por nós, como nós somos conhecidos por Ele. (Efésios 1:11) (Romanos 8:17) (Gálatas 4:7).
Jesus e Emanuel (dois nomes para a mesma pessoa) serve o propósito de Mostrar simultaneamente 2 aspectos Do Senhor Jesus:
-
Revelar que Ele é Deus; - "Emmanuel" = Deus entre nós / Connosco
-
Que Ele é O Salvador, O único que Salva; - "Jesus" = Jeová Salva/ ou é Salvador
No versículo 24 vemos: "E José despertando do sono" (Terminando a visão do Anjo, a mensagem de Deus havendo cumprido seu propósito José retorna à perfeita consciência dos seus sentidos naturais); Provavelmente o estado de José não era o "dormir" natural mas uma espécie de "transe" (estado semelhante ao de Paulo quando é arrebatado ao terceiro céu e profere com alguma dificuldade não saber distinguir a realidade do seu estado - "se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei" (2 Coríntios 12:2); O "Sono" como momento de intervenção sobrenatural, desde Génesis (Gênesis 2:21) tem uma conotação de transe ou "anestesia" dos sentidos;
Assim que José "desperta do sono" vemos que "fez como o Anjo Do Senhor lhe ordenara" (não há dúvida de que José sabia distinguir a realidade de um sonho; José sabia a diferença, o que nos compele ainda mais a acreditar que não era um "sono natural"; O despertar do sono, seguido de mudança de pensamento objectivo e prático, demonstra de facto que José não alucinou.
A VIRGINDIDADE DE MARIA
No versículo 25 diz: -"E não a conheceu" referindo-se à postura marital de José face a Maria;
O termo “a recebeu como sua mulher” (do versículo anterior), poderia dar a entender que José teve relações com Maria. Por isso, no versículo seguinte Mateus faz questão de ressaltar que ele “não a conheceu” (com intimidade sexual) até quando nascesse Jesus.
[1,25] KAI OUK EGINÔSKEN AUTÊN HEÔS OU ETEKEN UION KAI EKALESEN TO ONOMA AUTOU IÊSOUN.
O termo “conhecer” ("Ginosko") era frequentemente utilizado pelos hebreus no sentido de relações sexuais normais entre marido e mulher, como refere noutra passagem: "Conheceu Adão a Eva, sua mulher; e ela concebeu e deu à luz Caim” (Gênesis 4:1).
O facto de Mateus distinguir "receber" de "conhecer" torna óbvia a distinção entre 2 comportamentos diferentes.
-"até que deu à luz seu filho" (período temporal condicional) ou seja: O acto de "conhecer" Maria, no sentido de envolvimento físico foi algo que José não fez (e agora vem a condição), "até que" Jesus nascesse; Até que Maria "desse à Luz seu filho";
O termo usado é “heōs” que literalmente remete para: um estado condicional e temporário; um tempo determinado necessário.
O termo “Sine qua non” (sem a qual não podia deixar de ser) aplica-se aqui perfeitamente, sendo que "a qual" refere-se à condição temporária de ser virgem até que Jesus nascesse.
Se Mateus quisesse dar a entender que José não “conheceu” Maria nunca, (que ela teria permanecido intocável por homem para sempre) teria simplesmente escrito que “ele nunca a conheceu” e não que ele somente não a "conheceu" “até” que Jesus nascesse. A virgindade de Maria é essencial ATÉ ao nascimento de Jesus, porque obviamente, ela havia sido escolhida pela pureza (virgindade), a fim de reter temporariamente dentro de si O Eterno e Santo Deus encarnado. Maria não foi apenas virgem na concepção, mas virgem até ao nascimento (convém salientar).
Isto é óbvio nesta passagem porque evidencia, que após Maria cumprir o seu propósito como "receptáculo" para O Deus vivo", ela não teria mais necessidade de reter sua a virgindade.
Mateus poderia ter escrito o mesmo que foi dito em relação a Mical, que “não teve filhos até o dia da sua morte” (2 Samuel 6:23) e não o fez.
Um breve exemplo do porquê de entender a especificidade do "Até":
Depois da transfiguração vemos que: "Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão, ATÉ que o Filho do homem seja ressuscitado dentre os mortos". (Mateus 17:9)
Prova de que Pedro entendia que o “até que” delimitava um limite, é o facto de que ele próprio realmente contou sobre isso depois que Jesus ressuscitou (2 Pedro 1:17,18). Ou seja: ele compreendia que o “até que” era uma restrição meramente temporária e de nada se aproveitaria manter aquela restrição após aquele período.
Se a virgindade perpétua de Maria fosse decreto Divino ou assunto pertinente nas Escrituras, Mateus tinha aqui uma bela oportunidade de o manifestar, contudo não o fez. Citando o Velho testamento, Mateus poderia deixar claro em relação a Maria que ela não havia gerado filhos durante todo o resto da sua vida (“até a sua morte”), e isso não é encontrado em lado nenhum nos Evangelhos, nem em nenhuma profecia.
Uma boa pergunta a fazer para provar a legitimidade da pretensão em defender a virgindade perpétua de Maria é: -Em quê propriamente, vemos Deus ser glorificado ou O Senhor Jesus enaltecido no que diz respeito a Maria ser eternamente virgem? Esta perpétua virgindade confere mais Glória a Deus ou a Maria?
A resposta é óbvia, e como tal também o propósito daqueles que a defendem.
Maria era uma mulher normal (sem qualquer cunho Divino, ainda que abençoada por Deus ricamente), e sua virgindade após o nascimento de Jesus, em nada seria relevante (a não ser para o culto herético e idólatra de determinadas religiões pagãs sincréticas como o Catolicismo Romano), e por isso as Escrituras nada evidenciam Maria nesse sentido, aliás são contrárias até em inúmeras passagens demonstrando evidências de que ela havia consumado o seu casamento como seria de esperar na tradição Judaica (1 Coríntios 7:3-5), e de que ela continuou a sua vida sem qualquer relevância adicional.
Por exemplo:
-Jesus teve irmãos e irmãs (Mateus 13:55);
-Jesus não a tratou como mãe ou seus irmãos com especial familiaridade (Marcos 3:32-35);
-Jesus refere-se a Maria como "Mulher" (sua serva) e não como "Mãe" (como se tivesse autoridade sobre Ele) (João 2:4); Ele mesmo deixou claro que "Sua mãe e seus irmãos são todos os que fazem a vontade de Seu Pai" (Mateus 12:47-50) não revelando qualquer afinidade especial a Maria em relação a qualquer outra pessoa que faça a vontade Do Pai.
Maria estava na mesma condição que todos nós estamos; A de adoradora, e não de "adorada".
JESUS O PRIMOGÉNITO
-"O primogénito" - (em grego) Τονυιοναυτηςτονπρω - οτοκον (seu primogénito) (Hebraico) בכר - ‘Bech’or’ - (Qual a relevância deste termo?)
Na Bíblia, assim como nos costumes antigos, o termo primogénito sempre estava associado também ao estatuto de herdeiro; Estes são 3 Títulos ou estatutos inseparáveis de Jesus como O Filho de Deus!
Primogénito (prototokos) (Colossenses 1:15) (Hebreus 1:6) (Romanos 8:29) (Apocalipse 1:5)
Unigénito (monogenes) (João 1:18) (João 3:16) (1 João 4:9)
Herdeiro (klêronomos) (Hebreus 1:2) (Romanos 8:17) (Mateus 21:38) (Romanos 8:17)
Termo de Estatuto, -"O Herdeiro"- Referente ao primeiro filho a "abrir a Madre" (O que tem o direito sobre todos os outros) que também acarreta na cultura patriarcal Judaica o estatuto implícito de Separado/Santificado/pertencente a Deus, que remota até ao Velho testamento, já lá, apontando para Jesus como "O Separado de Deus"/ "Ungido de Deus" (Êxodo 13:2);
Também aqui está implícita a virgindade de Maria (primogénito = primeiro) (Lucas também o evidencia -Lucas 2:7) e o privilégio de direito de primogenitura pela lei concedido a Jesus; claro que a Herança de que Jesus trata é a Herança dada Pelo Pai, a herança dos céus e o Trono Eterno, e não a herança de bens materiais terrenos, embora Ele seja herdeiro de tudo o que existe tanto nos céus como na Terra; contudo é no estatuto que foca especialmente a primogenitura (Hebreus 1:2) -O PRIMEIRO.
O facto de Mateus acrescentar também que Maria deu à luz o seu “primogénito” (v.25) também indica que ela teve outros filhos. Caso assim não fosse, teria simplesmente escrito que Maria teria dado à luz o seu “único filho", como a Bíblia frequentemente afirma noutros casos, em que de facto não havia outros irmãos na família (Lucas 7:12) (Lucas 9:38), como o caso da viúva de Naim, cujo “filho único” havia falecido, e do homem que queria expulsar de seu filho um demónio, porque era o seu “filho único”.
-"E pôs-lhe por nome Jesus";
Já vimos anteriormente no Vs. 21 que o nome de Jesus, veio por ordem de Deus, comunicada a José por um Anjo, e tem origem já no velho testamento quando Deus começou a preparar a riqueza do Seu nome gravada na tradição dos Judeus;
O nome foi atribuído oficialmente a Cristo quando aos oito dias de idade (Lucas 2:21); de acordo com a lei judaica, Ele foi circuncidado; assim Ele adquiria O estatuto de "Salvador" no momento do Seu primeiro derramamento de sangue;
MATEUS - CAPÍTULO 2 - (23 versículos)
-
O NASCIMENTO DE JESUS E OS MAGOS DO ORIENTE NA CORTE EM JERUSALÉM
-
HERODES E TODA A JERUSALÉM PERTURBAM-SE
-
ONDE É NASCIDO O REI DOS JUDEUS? OS MAGOS SEGUEM PARA BELÉM
-
OS MAGOS ADORAM A JESUS
-
O DECRETO DE HERODES PARA MATAR JESUS E A FUGA PARA O EGIPTO
-
O RETORNO DO EGIPTO PARA A NAZARÉ APÓS A MORTE DE HERODES
-Versículo 1 a 4-
[2,1] TOU DE IÊSOU GENNÊTHENTOS EN BÊTHLEEM TÊS IOUDAIAS EN ÊMERAIS ÊRÔDOU TOU BASILEÔS IDOU MAGOI APO ANATOLÔN PAREGENONTO EIS IEROSOLUMA
[2,2] LEGONTES POU ESTIN O TEKHTHEIS BASILEUS TÔN IOUDAIÔN EIDOMEN GAR AUTOU TON ASTERA EN TÊ ANATOLÊ KAI ÊLTHOMEN PROSKUNÊSAI AUTÔ
[2,3] AKOUSAS DE O BASILEUS ÊRÔDÊS ETARAKHTHÊ KAI PASA IEROSOLUMA MET AUTOU
[2,4] KAI SUNAGAGÔN PANTAS TOUS ARKHIEREIS KAI GRAMMATEIS TOU LAOU EPUNTHANETO PAR AUTÔN POU O KHRISTOS GENNATAI
- "No Tempo do Rei Herodes" - (EN ÊMERAIS ÊRÔDOU) é uma referência temporal/histórica importante, que atesta que Jesus é uma figura real associando o seu nascimento a uma específica época e a uma figura proeminente dessa altura reconhecida historicamente; (Jesus não é um "mito" inventado por ficção religiosa como muitos pensam e defendem para justificar seu ateísmo ignorante);
Herodes (hebraico: הוֹרְדוֹס; Hordos; (grego: Ἡρῴδης, Hērōidēs), também conhecido como Herodes I ou Herodes o Grande foi um edomita judeu romano, rei de Israel entre 37 A.C. e 4 A.C. conhecido pelo esplendor das obras produzidas durante o seu reinado.
A morte de Herodes (Mateus 2:19) aconteceu no ano 4 A.C. segundo o antigo calendário Romano. Existe uma pequena discrepância entre o Anno Domini instituído (Ano do Senhor) e o actual nascimento de Jesus. Jesus nasceu no ano 6/5 A.C; escapou para o Egipto a 5/4 e retorna para Israel no ano 4 A.C quando morre Herodes.
O NATAL E A SATURNÁLIA
O nascimento de Jesus foi um dos eventos mais notáveis da História ao ponto de criar um novo calendário para nós. Nenhum Evangelho lança detalhes concretos quanto ao dia do nascimento Do Senhor Jesus, portanto sabemos que o dia 25 de Dezembro é um dia fictício usado actualmente como celebração do suposto nascimento de Jesus, mas que foi adoptado do paganismo para fazer uma transição sincrética entre o politeísmo e o Cristianismo; Este dia 25 era portanto o último das festividades da saturnália festejada pelos romanos, que acaba por chamar-se de "Natal" posteriormente quando o império romano institui o cristianismo como religião oficial do império por meio do Imperador Constantino e mais tarde por Teodósio.
O Detalhe contudo de que, rebanhos e pastores estariam ali na mesma comarca (território, ou limite fronteiriço) e que faziam vigílias de noite em campo aberto, conforme (Lucas 2:8) descreve, indicam e confirmam que Ele nasceu possivelmente no princípio do outono (Por volta de setembro/Outubro sensivelmente) e não no inverno. Outra Hipótese ainda é Ele ter nascido na primavera na altura da Páscoa.
Tanto a festa das Primícias (páscoa), como a esta dos Tabernáculos que incidem nestas duas datas/épocas do calendário são propícias simbolicamente para ocorrer a chegada de Jesus na Terra, O Salvador e Deus vivo entre nós; e muito provavelmente será também perto das duas datas que irá ocorrer o Arrebatamento da Igreja.
Os Festivais judaicos criados por Deus no Antigo Testamento e passados ao povo Judeu são momentos simbólicos e significativos dos eternos decretos de Deus em Jesus; Todos apontam para Si e para a Sua Obra gloriosa.
Sabemos que Jesus morreu na época da festa das primícias que nós chamamos Páscoa; e nasceu também nesta altura ou algures na época da festa dos tabernáculos (entre setembro e outubro) no período da festa que celebra "Deus habitando entre os homens". Ele é "O verbo que se fez carne e habitou entre nós" o que justifica também a declaração de João (João 1:14) ; O exacto dia porém, não nos é possível determinar.
O dia 25 de Dezembro, foi atribuído ao nascimento Do Senhor Jesus, pela igreja de Roma, que pretendia criar pontos comuns entre o Cristianismo e o paganismo romano (e isto sempre ocorreu desde que o Imperador Constantino decidiu fazer do "cristianismo" a religião oficial do império); de forma que isto ajudou a tornar mais suave a transição cultural entre as duas "religiões" (Cosmovisões) tão opostas.
Nesta altura, festejava-se sim, a Saturnália, culto e celebração pagã (Um festival da Roma Antiga em honra ao deus Saturno), que ocorria entre 17 de dezembro no Calendário juliano estendendo-se com festividades até 25 de dezembro. O feriado era celebrado com um sacrifício no Templo de Saturno, no Fórum Romano, com um banquete público, seguido de troca de presentes em privado, (entre Senhores e seus escravos) numa atmosfera carnavalesca que derrubava as normas sociais romanas. O poeta Catulo chamava o festival de "o melhor dos dias".
O dia de Natal também está repleto de culto babilónico a Tamuz e Semíramis (Também chamada de Shamuramat, Inaña, ísis, Ishtar ou Astarte/Astaroth) (representados por Maria e o menino Jesus na figura de mãe e filho); Tamuz -"O deus sol", Filho da relação incestuosa entre Semíramis e Nimrod (Seu filho) citado na Bíblia como o autor da rebelião no episódio da Torre de Babel (1 Crônicas 1:10) (Gênesis 10:8). Tamuz e Astarte na Bíblia como figuras de culto pagão são referidas em algumas passages: (Ezequiel 8:14) (Ezequiel 8:16) (Juízes 2:13) (1 Reis 11:5) (1 Samuel 7:4).
Leia mais: (https://desaovicente.wixsite.com/atalaias/idolatria-vs-divindade);
OS MAGOS DO ORIENTE E O NASCIMENTO DE JESUS
-"Eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém,"([2,1] MAGOI APO ANATOLÔN PAREGENONTO EIS IEROSOLUMA) - "Magos" ou "Magoi/Magi" (μάγοι) vem do termo persa "Magus" (Homens de grande poder); Considerados "Homens sábios" ou "Consultores dos Astros",(Provavelmente astrólogos/Astrónomos, cujas áreas ainda não eram distintas como actualmente, que também são descritos como "Intérpretes de Sonhos" em registos antigos) Descritos por Heródoto (Ἡρόδοτος -Historiador Grego) como uma espécie de casta sacerdotal do oriente, possivelmente até sacerdotes zoroástricos, crentes no Deus de Israel difundido naquela região quando o povo Judeu esteve exilado na Babilónia. Pensa-se que Daniel pode ter escrito suas profecias e registos que deram origem posteriormente ao Livro de Daniel quando ainda estava captivo na Babilónia em aramaico que era a língua comum da época (Daniel 2:2-4); Alguns destes textos podem ter sido influência naquele lugar. Isto leva-nos a pensar sobre o poder metódico de Deus levar Sua Palavra de forma inusitada aonde for, tal é o poder do testemunho pela Fé. Daniel pode bem ter sido o agente que levou séculos mais tarde os Magos até Jesus. (O oriente aqui é muito provavelmente a Pérsia, a este de Jerusalém, de onde provêm os mais antigos mapas astrológicos do mundo). Uma profecia do Antigo testamento, de Balaão, também pode bem ser a influência que levou os Magos a procurar o vindouro e prometido "Rei dos Judeus": "Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó e um ceptro subirá de Israel, que ferirá os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Sete." (Números 24:17)
É pertinente identificar que estes Magos eram homens da ciência, cultos, eruditos; Ainda assim, sua experiência intelectual, não os impediu de adorar a Jesus. Eles não tinham interesse em apenas conhecer Jesus, mas seu compromisso com o conhecimento de Jesus tinha como objectivo final Sua adoração. É impossível que um desejo genuíno de conhecer Jesus exista sem o desejo de O adorar. Em que contexto aparecem os Magos na bíblia? No contexto da Adoração. Podemos dizer que eles foram os primeiros a seguir literalmente a Jesus “Filho do Homem”, pois eles seguiam a estrela se calhar até antes Do Senhor Jesus nascer, visto que vinham de muito longe.
O relato de Lucas nos indica que os Pastores Judeus foram os primeiros a receber notícia do nascimento Do Salvador. Deus se havia revelado a eles directamente juntamente com uma multidão de exércitos celestiais. (Lucas 2:9-15) Lucas não refere os Magos, nem Mateus os pastores, o que nos mostra a relevância de termos 4 evangelhos distintos, cada um focando em aspectos particulares dos eventos relatados. Mateus foca primeiro na revelação dada aos gentios (Magos), e Lucas aos filhos do reino (Judeus pastores); Os gentios eram pessoas nobres de estatuto; os Judeus eram pobres pastores; Nestes contrastes nós entendemos que Jesus veio para todos, tanto para Judeus como Gentios; Para os ricos e para os pobres; Desde os exércitos dos céus às Nações da Terra, Todos vieram até aos seus pés para o adorar. O Nome de Jesus tem esse poder (Filipenses 2:9-11)
Os magos não são descritos na Bíblia como 3, nem como "reis" nem os seus nomes são referidos em lugar algum; (outro detalhe para a veneração idólatra do folclore pagão introduzido no Cristianismo pela Igreja de Roma);
Curioso que os Magos venham do Oriente, conduzidos até Jerusalém e não até Belém; Isto é um indício do propósito Divino de que a sua visita fosse um meio de chamar a atenção dos líderes da nação para o nascimento do Messias.
(Versículo 2) -"onde está aquele que é nascido "rei dos Judeus?"- Já se começa a entender porque razão a estrela levou aqueles magos a Jerusalém primeiro e não directamente a Belém. Herodes recebe em primeira mão a notícia de que O Verdadeiro Rei dos Judeus havia nascido; Jesus sempre (desde bebé) simbolizou uma ameaça ao sistema de poder do mundo e por isso foi perseguido (porque falava com autoridade) -(Mateus 7:29)(Lucas 4:32); (A mesma autoridade que tinha mesmo recém nascido, perturbando até ao grande Rei Herodes).
O facto dos magos referirem "rei dos judeus" é uma importante indicação de que os magos eram gentios (Não judeus) mas que ainda assim reconheciam seu poder e autoridade real dignas de honra. (Outra forma de ameaçar a autoridade de Herodes era a reverência e sujeição de nações gentias a Jesus); Jesus não vinha apenas como Rei dos Judeus, mas Rei de toda a Terra, e de todas as Nações; (Prenúncio de que Ele não vinha apenas realizar a sua obra no meio dos Judeus, mas iria atrair todos os gentios também à Salvação com o Seu Sacrifício- (João 12:32).
A PERTURBAÇÃO DE HERODES
(Versículo 3) -"E o rei Herodes ouvindo isto, perturbou-se, e toda a Jerusalém com ele"- A primeira Função dos magos estava cumprida; Revelar O nascimento do Homem que viria abalar os fundamentos dos sistemas de poder do mundo, e que Ele mesmo produziria apenas dois tipos de reacção nas pessoas (como a passagem assim o revela e podemos comprovar ainda hoje) - Adoração (sujeição) (na figura dos magos); Perturbação (rebelião) (Por Herodes e seus súbditos); "Toda a Jerusalém se perturbou com ele" (KAI PASA IEROSOLUMA MET AUTOU) é uma expressão particular: Como poderia "toda a Jerusalém" se apenas aqueles homens ali na corte haviam ouvido as palavras dos magos?
"PASA" significa a realidade individual (Cada um, todos, qualquer um, um todo, toda a gente, tudo) na realidade colectiva (A soma de todos os tipos);
A expressão -"toda a Jerusalém"- refere-se ao facto de que após Herodes e os poucos com ele ouvirem os Magos, Herodes perturba-se e convoca de toda a Jerusalém os Sacerdotes e escribas do povo. Estes não sabendo do que se tratava, mas sabendo que Herodes os convocava em tumulto sem razão aparente, perturbaram-se também, pois Herodes era um rei conhecido por ser um homem desequilibrado e instável; seria apenas normal que toda a cidade se perturbasse sabendo que Herodes estava perturbado, mesmo não sabendo propriamente o que o perturbava.
Herodes perturbou-se porque ele cria nas escrituras e cria que elas eventualmente se cumpririam (Daniel 9:25); O facto de ele crer nas escrituras, e mesmo assim ter intenções claramente malignas perturbando-se daquela forma, prova a loucura dos homens quando seu poder terreno é ameaçado, e isto era também já um sinal de como Jesus (mesmo ainda um inocente e vulnerável bebé) seria perseguido, desprezado, tido como uma ameaça por todo o sistema religioso; (veja mais tarde a história repetindo-se com Jesus já Homem (João 11:47,48) (João 12:42,43)
(Versículo 4)-"Todos os principais sacerdotes e escribas do povo" - (Os líderes religiosos/símbolos do poder eclesiástico convocados) juntam-se com o mesmo propósito - satisfazer a curiosidade de Herodes e aliviar sua suposta perturbação. A pergunta que lhes é feita, é no sentido de indagar o local do nascimento "Do Cristo"; (Provavelmente nem estes sabiam a que propósito Herodes lhes fazia esta pergunta, pois não é devidamente esclarecido que eles estariam todos a par do que os Magos haviam ido ali anunciar. (A própria passagem parece evidenciar 3 conversas separadas e distintas; Do Vs. 2 ao 8 encontramos:
-
1- Magos chegam e anunciam a Herodes que buscam o menino nascido "Rei dos Judeus"; (Vs. 2)
-
2- segunda instância vemos Herodes convocar Todos os sacerdotes e escribas e perguntar sobre a profecia do nascimento "DO Cristo" referindo-se ao lugar exacto; (Vs. 4)
-
3- Terceiro momento, vemos Herodes separadamente em conversa particular com os Magos inquirir sobre o tempo exacto em que a estrela aparecera, para de seguida encaminhá-los para Belém, conforme comprovado pelos escribas e sacerdotes segundo a profecia de Miquéias (Vs. 7 e 8)
Os magos referem primeiro a Herodes "aquele que é nascido rei dos judeus", e Herodes seguidamente ao convocar todos os sacerdotes e escribas refere-se ao menino como - "O Cristo" (Χριστός , Khristós) que significa "Ungido"; Ele sabia que eram a mesma pessoa; Ver: (João 7:42) (Salmos 2:2) (Salmos 45:6,7);
A palavra é na verdade, um título, daí o seu uso tanto em ordem directa "Jesus Cristo" como em ordem inversa "Cristo Jesus", significando neste último "O Ungido Jesus".
"Ungido" é uma expressão de responsabilidade e de privilégio, e sempre que a vemos ser usada de forma inversa como "Cristo Jesus", percebemos que é de forma a atribuir ao Senhor Jesus, responsabilidade, autoridade e exclusividade pelo estatuto de Sumo-Sacerdote, pelo qual fomos feitos Filhos de Deus, mediante a entrega da Sua vida, de cumprir a vontade Redentora Do Pai, para pelo Seu Poder, nos sustentar e assegurar na esperança garantida da Vida Eterna -A Herança em Cristo- (Filipenses 1:1) (Filipenses 3:12) (Efésios 2:13) (Efésios 1:1) (Efésios 3:11) (2 Timóteo 1:1) (2 Timóteo 2:1) (1 Coríntios 16:24) (Romanos 3:24), etc.
Herodes conhecia as Escrituras, pois sabia que "o Rei dos Judeus" era "O Cristo prometido", e ambos os títulos dariam a esta criança direito legítimo sobre o seu trono. (Daí a perturbação)
-Versículo 5 a 8-
[2,5] OI DE EIPAN AUTÔ EN BÊTHLEEM TÊS IOUDAIAS OUTÔS GAR GEGRAPTAI DIA TOU PROPHÊTOU
[2,6] KAI SU BÊTHLEEM GÊ IOUDA OUDAMÔS ELAKHISTÊ EI EN TOIS ÊGEMOSIN IOUDA EK SOU GAR EXELEUSETAI ÊGOUMENOS OSTIS POIMANEI TON LAON MOU TON ISRAÊL
[2,7] TOTE ÊRÔDÊS LATHRA KALESAS TOUS MAGOUS ÊKRIBÔSEN PAR AUTÔN TON KHRONON TOU PHAINOMENOU ASTEROS
[2,8] KAI PEMPSAS AUTOUS EIS BÊTHLEEM EIPEN POREUTHENTES EXETASATE AKRIBÔS PERI TOU PAIDIOU EPAN DE EURÊTE APAGGEILATE MOI OPÔS KAGÔ ELTHÔN PROSKUNÊSÔ AUTÔ
(Versículo 5) Neste versículo é feita uma referência relativa à profecia do profeta (Miquéias 5:2) acerca do local de nascimento onde Jesus nascera, como vimos também descrito logo no versículo 1; Jesus nasce em Belém da Judéia como ligação profética directa ao Rei David. (João 7:42) (2 Samuel 5:2-5)
(Versículo 6 a 8) A atenção e o interesse de Herodes ao saber da missão dos magos, foi logo de buscar nas profecias credibilidade, para saber se era razão para se preocupar ou não. Esta é uma das razões que era necessário os magos terem ido primeiro a Jerusalém em vez de serem logo dirigidos ao local onde Jesus havia nascido. Convinha que esse despertar de atenção (a perturbação) fosse primeiro dirigida para as Escrituras pelo seu Teor profético. A exegese vê na chegada dos magos o cumprimento parcial ainda de outra profecia de (Salmos 72:11) "E todos os reis se prostrarão perante Ele; todas as nações O servirão". (A Bíblia não afirma que os Magos eram reis, mas provavelmente representantes daquelas Nações longínquas do Oriente, e suas ofertas eram símbolo disso; Magos eram títulos de grande porte nos reinos orientais, e estes provavelmente haviam chegado com suas comitivas, como embaixadores, razão pela qual foram recebidos pelo rei Herodes em primeiro lugar);
-"chamando secretamente os magos"- (Vs.7) Herodes agindo "secretamente" (LATHRA KALESAS) (em particular/de forma oculta, encoberta ou escondida) logo denuncia a postura maligna e falsa de Herodes, passando a ideia de que a sua intenção para com o menino Jesus era boa e genuína, quando na realidade não o era.
"Inquiriu exactamente" (o termo ÊKRIBÔSEN de Akriboo) (significa fazer um inquérito detalhado; indagar com diligência/precisão/extremo interesse); Herodes queria todos os detalhes (informação) "acerca do tempo (KHRONON) em que a estrela (ASTEROS) lhes aparecera", isto porque o interesse era saber a idade exacta da criança, no sentido de reconhecer melhor a ameaça ao seu trono.
Herodes já tinha ali a intenção de atentar contra a Sua Vida, e essa informação tornava a tarefa de reconhecer ao pormenor o seu alvo. Ele considerou prudente manter o assunto o mais reservado possível, com receio de que os judeus, entendendo a época do nascimento do Messias, pudessem, a partir daí, ter ocasião de: iniciar uma rebelião por ele não ter um direito hereditário ao reino e por ser um homem terrível e criminoso, portanto na sua cabeça, ele sabia que não tinha motivos para presumir boa vontade do seu povo para com ele.
Temia, também que, caso se ouvisse no exterior que o Messias nasceu, seu propósito de destruí-lo poderia ser evitado ou até combatido; Daí o secretismo para com os Magos directamente.
Herodes não retém os magos, mas ao contrário, pretende usá-los para descobrir o paradeiro da criança para si. Isto porquê? Na sequência da conversa de teor "secreto e particular", vemos a Mão de Deus endurecendo Herodes com o pavor não só da Criança apelidada de "O Rei dos Judeus", mas também de que aquela informação fosse partilhada com aquele grupo de "todos os principais sacerdotes e escribas de Jerusalém" e que através destes, se propagasse desenfreadamente. Se "toda a Jerusalém já perturbada" soubesse a origem da perturbação de Herodes, poderia ver isso como uma fraqueza ou vulnerabilidade, da mesma forma que veriam Jesus como uma possível forma de destronar Herodes.
Vemos (no versículo 7) que só depois de conversar com os principais sacerdotes e escribas é que Herodes falou secretamente com os magos em privado; isto porque ele intentava de alguma forma esconder as razões da sua perturbação (afinal seu pavor vinha das Escrituras cumprindo-se, e do poder de Deus); Sua perturbação podia clarificar a perturbação de "toda a Jerusalém" para além da sua capacidade de contenção.
Por esta mesma razão, ele publicamente não demonstra nenhum interesse particular nem se presencia uma justificação aos principais sacerdotes e escribas, mas manifesta-o secretamente e somente aos Magos.
Herodes não enviou uma comitiva de servos seus para acompanhar os magos, porque não queria demonstrar a origem da sua perturbação com demasiado interesse; Afinal dar crédito publicamente ao nascimento de um suposto Rei de Israel, seria do seu ponto de vista, sinal de ameaça. Mas como Deus já estava agindo ali, endureceu-o com pavor e insegurança, para que ele confiasse tão somente que os magos obedeceriam ao seu "seu pedido" de ser imediatamente notificado. "participai-mo, para que também eu vá e o adore" (toda a maldade dissimulada professa sempre a "melhor das intenções", mas Deus prova os corações);
-Versículo 9 a 10-
[2,9] OI DE AKOUSANTES TOU BASILEÔS EPOREUTHÊSAN KAI IDOU O ASTÊR ON EIDON EN TÊ ANATOLÊ PROÊGEN AUTOUS EÔS ELTHÔN ESTATHÊ EPANÔ OU ÊN TO PAIDION
[2,10] IDONTES DE TON ASTERA EKHARÊSAN KHARAN MEGALÊN SPHODRA
"A ESTRELA" (ASTEROS) é a direcção dos magos desde o oriente; - Que "estrela" seria esta? Um Cometa? Um Anjo? O Próprio Espírito de Deus apresentando-Se sobrenaturalmente? As únicas informações que temos é que:
-
Os magos afirmam terem visto "A estrela no oriente", (Versículo 2) e especificam "A Sua Estrela"; como a estrela Do Senhor Jesus; Ele próprio se refere a si mesmo mais tarde como a "resplandecente estrela da manhã" (Apocalipse 22:16) e "A Luz do Mundo" (João 8:12) (João 9:5); (Parece evidente que os Magos não seguiriam uma estrela normal, pois eram homens hábeis a discernir os céus, estudiosos de astronomia; observadores das estrelas, tendo mapas das constelações e sabendo identificá-las devidamente); esta estrela era notoriamente distinta de todas as outras.
-
Os Magos partem da corte de Herodes, e a "Estrela ia "adiante deles", até que "Se deteve"; Ora é sabido que "astros reconhecíveis" e vistos a olho nu, não perduram no céu pelo tempo que levaria os magos a viajar do oriente (Regiões da Pérsia) até Jerusalém e de seguida de Jerusalém até Belém; O facto da estrela ir adiante deles, e se deter sobre o lugar onde estava o menino, demonstra propriedades ou curso sobrenatural, pois "Estrelas" naturais não se comportam dessa forma, nem tampouco cometas ou qualquer outro objecto no firmamento reconhecível. Como nenhuma estrela pode apontar directamente para uma casa em particular, é fácil presumir que esta estrela estivesse dentro da nossa atmosfera, a uma distância muito menor que as estrelas normais no espaço sideral.
-
A Estrela aparece segundo as Escrituras visível no Oriente na direcção de Jerusalém (como ponto de referência na altura) Por isso os Magos foram dirigidos à corte de Herodes e não a Belém (ao destino final); Quem enviou primeiro os Magos a Belém foi o próprio Herodes depois de indagar o lugar aos sacerdotes e escribas. A Dada altura no percurso, a estrela não era mais visível, até que eles se aproximaram de Belém, o que justifica no Vs. 10, os Magos demonstrando alegria "regozijando-se" porque viram a "estrela" (como se por algum tempo ela teria sido ocultada dos seus olhos, e razão pela qual eles perguntaram a Herodes "onde é nascido O Rei dos Judeus").
Isto leva-nos a concluir que esta "Estrela" em questão, era de origem sobrenatural, razão da "inusitada alegria" expressa pelos Magos; Certamente observadores das estrelas estariam maravilhados ao perseguir aquele astro sobrenatural para descobrir o cumprimento de uma profecia. Eles estariam confiantes de que estavam sob a direcção celestial do conhecido Deus de Israel.
-Que retiramos daqui como ensinamento?
-
O nascimento de Jesus foi um evento Sobrenatural e Celestial e um momento Único na História do Mundo, digno da interposição Divina em dirigir esses homens Àquele lugar, para que por eles, o nascimento do redentor fosse divulgado entre as Nações e começasse a divulgar uma nova dispensação na Terra (a dispensação da Graça).
-
O Plano de Deus sempre foi guiar aqueles que estão dispostos a encontrar O Salvador. E, Mesmo que por algum tempo a luz seja retirada (a estrela), ela voltará a aparecer apontando o caminho para O Redentor! É a direcção Divina sobrenatural, que conduz os homens a Jesus, ainda que por vezes sejamos forçados a cruzar com muitos herodes a meio do percurso. Outra coisa interessante é que vemos que a Luz de Jesus não é visível a todos, dado que não existe nenhum relato de mais alguém ter visto a estrela em questão. Só Aqueles a quem Deus dá sobrenaturalmente a Luz, é que podem seguir fielmente a Jesus e encontrá-Lo.
-
O percurso que fazemos deve ser feito com Fé mesmo que longo e distante (pois os magos vieram do horizonte longínquo do oriente); A nossa chegada aos pés de Jesus deve ser com ofertas dignas (Sujeição, entrega e devoção). Que Jesus seja sempre a estrela que nos conduz pelos caminhos entenebrecidos da vida, e que nós com os olhos postos nela, possamos ser conduzidos até ao destino Final, aos pés de Jesus para uma adoração eterna. Lembrando as palavras de Jesus: "Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai". (João 12:35)
-Versículo 11 a 12-
[2,11] KAI ELTHONTES EIS TÊN OIKIAN EIDON TO PAIDION META MARIAS TÊS MÊTROS AUTOU KAI PESONTES PROSEKUNÊSAN AUTÔ KAI ANOIXANTES TOUS THÊSAUROUS AUTÔN PROSÊNEGKAN AUTÔ DÔRA KHRUSON KAI LIBANON KAI SMURNAN
[2,12] KAI KHRÊMATISTHENTES KAT ONAR MÊ ANAKAMPSAI PROS ÊRÔDÊN DI ALLÊS ODOU ANEKHÔRÊSAN EIS TÊN KHÔRAN AUTÔN
"Abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra." (Mateus 2:11) Suas ofertas (exóticas e valiosas) eram sinal disso mesmo: Na antiguidade, o ouro (KHRUSON) era o presente para um Rei, Símbolo de realeza e riqueza; (o olíbano) incenso (LIBANON) para um Sacerdote, símbolo de culto/adoração/espiritualidade representando a Divindade de Jesus, e a mirra (SMURNAN) simboliza a Sua vida, sacrifício, morte e ressurreição necessárias (Lucas 9:22) apontando para A Eternidade de Jesus; (a mirra era usada para purificar, perfumar e embalsamar corpos; Usada também para criar óleos para ungir ou honrar alguém; Também representa aqui a qualidade de Profeta em que Jesus como o Mensageiro do Pai, veio pagar com a sua própria vida o custo do anunciar as Verdades de Deus aos homens. (João 6:38) (João 7:16)
Estes 3 presentes não são presentes ocasionais, mas presentes que representam 3 importantes papéis de que O Senhor Jesus seria para sempre reconhecido.
Rei - Rei dos reis, Senhor dos Senhores, Rei Eterno, Rei de todas as Nações; (João 18:36,37) (Apocalipse 19:16) (1 Timóteo 1:17) (1 Timóteo 6:15)
Sacerdote - Nosso Mediador, Sumo-Sacerdote eterno; (1 Timóteo 2:5) (Hebreus 5:10) (Hebreus 4:15) (Hebreus 6:20) (Hebreus 5:5) (Hebreus 4:14)
Profeta - O Profeta dos profetas; (João 6:14) (João 7:40) (Atos 3:23) (Atos 7:37)
Qual o presente que hoje cada um de nós deve estar disposto a colocar aos pés de Jesus apresentando a nossa adoração? A resposta está em (Romanos 12:1)
Após terem cumprido com o propósito, que era reconhecer Jesus como o verdadeiro e legítimo "Rei de Israel", e de O adorar, estava na altura de partir de volta para as terras do Oriente de onde haviam partido.
Porque Herodes lhes havia pedido para tornarem a Jerusalém e informá-lo do paradeiro do menino Jesus, Deus intervém concedendo-lhes uma visão sobrenatural para não o fazer, e seguirem por outro caminho.
-Versículo 13 a 23-
[2,13] ANAKHÔRÊSANTÔN DE AUTÔN IDOU AGGELOS KURIOU PHAINETAI KAT ONAR TÔ IÔSÊPH LEGÔN EGERTHEIS PARALABE TO PAIDION KAI TÊN MÊTERA AUTOU KAI PHEUGE EIS AIGUPTON KAI ISTHI EKEI EÔS AN EIPÔ SOI MELLEI GAR ÊRÔDÊS ZÊTEIN TO PAIDION TOU APOLESAI AUTO
[2,14] O DE EGERTHEIS PARELABEN TO PAIDION KAI TÊN MÊTERA AUTOU NUKTOS KAI ANEKHÔRÊSEN EIS AIGUPTON
[2,15] KAI ÊN EKEI EÔS TÊS TELEUTÊS ÊRÔDOU INA PLÊRÔTHÊ TO RÊTHEN UPO KURIOU DIA TOU PROPHÊTOU LEGONTOS EX AIGUPTOU EKALESA TON UION MOU
[2,16] TOTE ÊRÔDÊS IDÔN OTI ENEPAIKHTHÊ UPO TÔN MAGÔN ETHUMÔTHÊ LIAN KAI APOSTEILAS ANEILEN PANTAS TOUS PAIDAS TOUS EN BÊTHLEEM KAI EN PASI TOIS ORIOIS AUTÊS APO DIETOUS KAI KATÔTERÔ KATA TON KHRONON ON ÊKRIBÔSEN PARA TÔN MAGÔN
[2,17] TOTE EPLÊRÔTHÊ TO RÊTHEN DIA IEREMIOU TOU PROPHÊTOU LEGONTOS
[2,18] PHÔNÊ EN RAMA ÊKOUSTHÊ KLAUTHMOS KAI ODURMOS POLUS RAKHÊL KLAIOUSA TA TEKNA AUTÊS KAI OUK ÊTHELEN PARAKLÊTHÊNAI OTI OUK EISIN
[2,19] TELEUTÊSANTOS DE TOU ÊRÔDOU IDOU AGGELOS KURIOU PHAINETAI KAT ONAR TÔ IÔSÊPH EN AIGUPTÔ
[2,20] LEGÔN EGERTHEIS PARALABE TO PAIDION KAI TÊN MÊTERA AUTOU KAI POREUOU EIS GÊN ISRAÊL TETHNÊKASIN GAR OI ZÊTOUNTES TÊN PSUKHÊN TOU PAIDIOU
[2,21] O DE EGERTHEIS PARELABEN TO PAIDION KAI TÊN MÊTERA AUTOU KAI EISÊLTHEN EIS GÊN ISRAÊL
[2,22] AKOUSAS DE OTI ARKHELAOS BASILEUEI TÊS IOUDAIAS ANTI TOU PATROS AUTOU ÊRÔDOU EPHOBÊTHÊ EKEI APELTHEIN KHRÊMATISTHEIS DE KAT ONAR ANEKHÔRÊSEN EIS TA MERÊ TÊS GALILAIAS
[2,23] KAI ELTHÔN KATÔKÊSEN EIS POLIN LEGOMENÊN NAZARET OPÔS PLÊRÔTHÊ TO RÊTHEN DIA TÔN PROPHÊTÔN OTI NAZÔRAIOS KLÊTHÊSETAI
O DECRETO DE HERODES PARA MATAR JESUS E A FUGA PARA O EGIPTO
Assim que os Magos se retiram, José recebe outra visão num sonho de um Anjo que lhe informa do perigo que Jesus corre por causa das intenções de Herodes de O matar; A ordem é de ir para o Egipto.
-"foge para o Egito"- (PHEUGE EIS AIGUPTON) (PHEUGE de Pheugo) -escapar de alguém ou de alguma coisa; correr em busca de segurança; evitar ou contornar o perigo; Esta palavra deu origem ao termo actual "Fugitivo"; A perseguição de Jesus tinha oficialmente começado.
-"Herodes há de procurar o menino para o matar."- (ZÊTEIN de Zeteo) -Procurar; dar prioridade, diligência e atenção em encontrar alguém ou alguma coisa; (APOLESAI de Appolumi) -Devastar; destruir.
Seu tempo no Egipto demorou até que o Anjo notificasse que era altura de voltar; "Até que eu te diga"; este tempo durou até que se cumpriu na Morte de Herodes (Versículos 13,14,15); José volta com sua família, assim que o Anjo o notifica de que é seguro (Versículos 19,20,21) o que nos indica que foi um período de 3 anos sensivelmente; Detalhes sobre a morte de Herodes encontram-se em registo no Livro de Actos (Atos 12:21-23);
-"Se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egipto chamei o meu Filho."- (Versículo 15) Aqui a referência é ao profeta Oséias (Oséias 11:1); O cumprimento desta profecia servia para mostrar a semelhança dos eventos da Vida de Jesus às experiências passadas pelo povo de Israel; Também como eles, Ele havia nascido na terra prometida, forçado ao exílio para fora dela, e mais tarde chamado por Deus a retornar. Por isso Isaías diz: "assim Ele se fez O seu Salvador. Em toda a angústia deles Ele foi angustiado" (Isaías 63:8,9); Desta forma Jesus foi afligido com as mesmas aflições, e repete a sua experiência espiritual retornando a Israel. O Egipto no passado já tinha servido para refúgio ao povo de Deus; Vemos isso com Abraão (Gênesis 12:10); com Jacó (Gênesis 46:3); e Jeroboão (1 Reis 11:40); Então agora novamente o Egipto oferecia asilo ao Primogénito Eleito de Deus.
Óseias viu no êxodo a eleição e a libertação do povo escolhido. Mateus ao referir o profeta Oséias no contexto da saída do povo Judeu do Egipto, ele quer passar a idéia de que Jesus é O Libertador, O Filho Ungido de Deus para libertar o povo Eleito.
Observem-se as palavras de Deus ditas por Moisés ao Faraó: "Israel é meu filho, meu primogénito. E eu te tenho dito: Deixa ir o meu filho, para que me sirva" (Êxodo 4:22,23); Deus conduzia Jesus de volta para o seu povo, assim como sempre conduziu o povo Judeu a Jesus.
-"Se cumprisse"- (PLÊRÔTHÊ de Pleroo) no presente contexto significa: -tornar completo ou completar; reunir e encaixar todas as peças; uma espécie de Xeque-Mate;
(Mateus usa este termo no capítulo 2 em 3 momentos: Versículos 15, 17 e 23)
-"Herodes irritou-se muito"- (ETHUMÔTHÊ LIAN) (Versículos 16) (de thymóō, Thumuoo ou Thumos) -Ser levado à ira; estar possuído de raiva; descontrolado; O enganador fora enganado; Herodes assim que percebe que os Magos (a quem ele confiou somente) não voltaram, revoltou-se. O termo usado é de onde vamos buscar a palavra "Tumulto"; Seu significado refere: mover-se de forma impetuosa como um vento repentino; um movimento violento; uma paixão da mente agitada; o ferver das emoções impulsivas.
-"Iludido pelos magos"- (ENEPAIKHTHÊ de Empaizo) -Brincar como uma criança que faz gozo; provocação ao ridículo; agir de forma insolente; enganar/manipular por divertimento; tratar com escárnio e desdém; Termo usado várias vezes para descrever a forma humilhante com que Jesus era tratado.
Este sentimento humilhante de se sentir enganado, leva-o a mandar matar todos os bebés até aos 2 anos em Belém. O facto de Herodes escolher a data de 2 anos como limite, não indica que Jesus pudesse ter 2 anos, porque é notório que Maria, José e Jesus não ficaram num estábulo durante esse período em Belém. Esta decisão, foi abrangente desta forma porque Herodes estava sem noção alguma de quando Jesus havia realmente nascido. Para estar seguro de que Jesus seria incluído no extermínio, decide sem misericórdia jogar pelo seguro.
Curioso é fazer um paralelo entre a chacina de todos os bebés Judeus homens, no tempo de Moisés por Faraó (Êxodo 1:16) e agora no tempo de Jesus com Herodes.
Deus disse a Abraão que a sua descendência iria ser peregrina e estaria debaixo da escravidão por 400 anos (Gênesis 15:13), portanto satanás sabia que no final desse tempo haveria um "Libertador"; Moisés é um símbolo do Cristo por Vir para libertar também o Seu povo. Nós sabemos que Satanás desde sempre tenta contrariar os planos de Deus e sempre foi sua intenção evitar que O Salvador viesse à Terra concluir a Sua obra. Satanás usou tanto Faraó, como Herodes (Apocalipse 12:4) para esse mesmo fim, mas sempre é fracassado pela potente mão de Deus dirigindo a História.
-"Lamentação, choro e grande pranto"- (Versículos 17 e 18) Novamente vemos cumprida outra profecia, na referência às palavras de outro profeta (Jeremias 31:15) registada cerca de 600 anos antes. O massacre dos bebés inocentes lembra a Mateus a profecia de Jeremias lamentando o captiveiro da descendência de Raquel em Ramá, situada um pouco a norte de Jerusalém; Jeremias simboliza Raquel chorando na sua campa em Belém o destino dos Efraimitas chacinados em Ramá, e Mateus agora usa esta referência para salientar o clima de desgosto e quebrantamento ali registado.
Mateus porque dirige-se particularmente primeiro àqueles com um passado Judeu, ele usa mais citações ao Velho testamento que qualquer outro escritor dos Evangelhos. Mateus cita o Antigo Testamento 93x; Marcos 49x; Lucas 80x e João 33x.
2 termos são usados aqui: (KLAUTHMOS de Klaio) -Chorar, gemer, soluçar; evocar emoções intensas de pesar, através de gemidos ou gritos de remorso, tristeza e comoção; (ODURMOS de Oduromai) -Lamentar-se; manifestar Luto; Raquel a mulher amada de Jacó morreu em Belém (Gênesis 35:19) dando à Luz o seu filho Benjamim. A figura de uma mãe que dá a sua vida pela do seu filho, é simbolizada no choro de todas as mães de Belém que agora dariam pelos seus, e é nesse sentido que Mateus cita Jeremias.
2 nomes foram dados ao filho de Raquel que apontam directamente para Jesus: Benoni ("Filho da aflição") que Jacó renomeou de Benjamim ("Filho da minha destra"); Jesus é por excelência "O Filho das aflições" (Isaías 53:3-5) e agora é "O braço direito" de Deus Pai (Atos 5:31) (Hebreus 1:3).
-"Morto porém Herodes"- (Versículos 19 ao 22) no Ano de Roma 750 (4 B.C) Morre Herodes com 70 anos; Jesus teria provavelmente por volta dos 4 anos de Idade. O reino de Herodes foi dividido entre os seus 3 filhos:
-
Arquelau que governava a Judéia onde Belém estada situada (Mateus 2:22);
-
Filipe o tetrarca de Ituréia e Traconites (Lucas 3:1)
-
Herodes Antipas o tetrarca da Galiléia, onde Nazaré estava situada (Mateus 14:1);
O RETORNO DO EGIPTO
Novamente o Anjo do Senhor que já havia aparecido a José, retorna conforme havia dito, quando chegasse a hora, e dá Ordem a José para voltar com sua família à Terra de Israel.
O termo Terra de Israel aparece apenas uma única vez em todo o Novo testamento. Isto atesta para o simbolismo de Jesus voltando à Terra de Israel como a entrada na Terra prometida, assim como aconteceu no Êxodo com os Judeus exilados no Egipto.
Por "Divina revelação" (Versículo 22) Jesus é levado para as partes da Galiléia para Nazaré, para o cumprimento de outra profecia.
Quando lemos: "para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas" (Versículo 23) "Ele será chamado Nazareno."- a primeira ideia é buscar uma profecia exacta de algum profeta referindo-se a Jesus como Nazareno, contudo não existe. Mas então o que foi dito pelos profetas que Mateus refere?
Jesus era chamado de Nazareno porque Maria, sua mãe, era natural de Nazaré (Lucas 1:26,27); em Nazaré Jesus passou a maior parte de sua vida, desde a volta do Egito até transferir-se para Cafarnaum, no início de Sua vida pública (Mateus 4:13).; Esta é a primeira e mais óbvia razão. Mas o cumprimento profético de Jesus ser associado a "nazareno" vem de onde? Quem são os profetas que falaram a respeito disto?
Nazaré não é mencionada nas Escrituras Hebraicas do Antigo Testamento. A chave para o entendimento está em relacionar “Nazaré” com sua raiz hebraica “né tser”, que significa “renovo”, “broto” ou “ramo”.
Com isso em mente, é evidente que Mateus se referiu às seguintes declarações acerca do Messias que diziam o seguinte:
Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará.
Isaías 11:1
Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra.
Jeremias 23:5
Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante de ti, porque são homens portentosos; eis que eu farei vir o meu servo, o RENOVO.
Zacarias 3:8
E fala-lhe, dizendo: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é RENOVO; ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do SENHOR.
Zacarias 6:12
Também existe uma forte associação ao texto de Isaías 53 quando diz: "Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum." (Isaías 53:2,3)
Existe um ditado antigo entre o povo judeu que dizia: "Se alguém busca ser rico, vá para o norte; se porém busca ser sábio, vá para o sul" referindo-se à localização geográfica de Israel. Nazaré no norte sempre foi entre os judeus um lugar de desprezo, ao ponto de o termo "nazareno" ser usado como insulto ou expressão de desdém entre eles.
Jesus foi reconhecido como Nazareno, ainda assim tendo nascido em Belém (Marcos 14:67) (João 18:4-7) (João 19:19) (Atos 2:22) (Atos 3:6) (Atos 4:10) (Atos 6:14) (Atos 10:38) (Atos 26:9)
Foi em Nazaré que primeiramente o Anjo Gabriel se dirigiu para anunciar a Maria que ela tinha achado graça aos olhos de Deus para dar à Luz O Salvador (Lucas 1:26,27); Nazaré tinha a fama de ser um lugar onde não havia nada nem ninguém de valor algum (João 1:46); Tida como terra onde cada homem era um "zé ninguém", O maior "Alguém" da História do mundo, fez precisamente de lá morada.
No Antigo testamento vemos Jesus como "um nazareno desprezado" em outras passagens que facilmente associam o tom de desprezo que Jesus sofreria, pelo qual o título de Nazareno também estaria associado por Mateus (Isaías 49:7) (Salmos 22:6-8). Nazareno mais do que um termo insultuoso era um rótulo social vergonhoso entre os Judeus.
MATEUS - CAPÍTULO 3 - (17 versículos)
-
JOÃO O PRECURSOR DE JESUS E O EVANGELHO DO REINO
-
O ARREPENDIMENTO A METANÓIA E O BAPTISMO
-
O CONFRONTO DOS FARISEUS E A CONFISSÃO DE PECADOS
-
O BAPTISMO DE JESUS
-
JESUS O FILHO AMADO E A GLÓRIA DA TRINDADE
-Versículo 1 a 6-
[3,1] EN DE TAIS ÊMERAIS EKEINAIS PARAGINETAI IÔANNÊS O BAPTISTÊS KÊRUSSÔN EN TÊ ERÊMÔ TÊS IOUDAIAS
[3,2] [KAI] LEGÔN METANOEITE ÊGGIKEN GAR Ê BASILEIA TÔN OURANÔN
[3,3] OUTOS GAR ESTIN O RÊTHEIS DIA ÊSAIOU TOU PROPHÊTOU LEGONTOS PHÔNÊ BOÔNTOS EN TÊ ERÊMÔ ETOIMASATE TÊN ODON KURIOU EUTHEIAS POIEITE TAS TRIBOUS AUTOU
[3,4] AUTOS DE O IÔANNÊS EIKHEN TO ENDUMA AUTOU APO TRIKHÔN KAMÊLOU KAI ZÔNÊN DERMATINÊN PERI TÊN OSPHUN AUTOU Ê DE TROPHÊ ÊN AUTOU AKRIDES KAI MELI AGRION
[3,5] TOTE EXEPOREUETO PROS AUTON IEROSOLUMA KAI PASA Ê IOUDAIA KAI PASA Ê PERIKHÔROS TOU IORDANOU
[3,6] KAI EBAPTIZONTO EN TÔ IORDANÊ POTAMÔ UP AUTOU EXOMOLOGOUMENOI TAS AMARTIAS AUTÔN
JOÃO O PRECURSOR DE JESUS
João o Baptista aparece como precursor de Jesus a pregar o arrependimento no deserto da Judéia, conforme a profecia de Isaías (Isaías 40:3) anunciando a chegada do reino dos céus e baptizando os judeus por meio do arrependimento e da confissão de pecados.
No Versículo 1 (KÊRUSSÔN) vem de "Kerux" (kērýssō) que significa precursor no sentido de pioneiro; Quem vem adiante de alguém para anunciar a sua chegada; Que ou quem anuncia ou prevê um acontecimento futuro; Quem é o primeiro a apresentar determinadas ideias ou acções. Que anuncia João? O Evangelho, apontando para Jesus!
-"Naqueles dias" (ÊMERAIS EKEINAIS) é um termo que aponta para um momento real histórico; Ainda que Mateus não dê mais nenhuma referência directa ali dos dias a que se refere, Lucas por outro lado completa esta informação (Lucas 3:1-3) afirmando ser no ano quinze do império de Tibério César. Mateus desde a informação do Menino Jesus fugindo para o Egipto e voltando para Nazaré no fim do capítulo 2, salta para o ano 26/27 A.D quando João que era 6 meses mais velho que Jesus (Lucas 1:26-37) tinha por volta dos 30 anos e começa a pregar no deserto o evangelho do arrependimento; A mesma idade que Jesus também tinha quando começou o Seu ministério público (Lucas 3:23) da mesma maneira (Mateus 4:17). Isto tudo para apontar João como o precursor de Jesus e tornar evidente a semelhança e relevância da sua mensagem.
-"Apareceu" (PARAGINETAI) junção de para+ginomai quer quer dizer literalmente: Entrar em cena, chegar ao lugar onde devia estar; Estar ali no momento certo; como se algo ou alguém estivesse em movimento só para estar presente em determinado lugar em determinada altura; O Facto de João estar no deserto a pregar não é uma coincidência; ele foi levado até lá conduzido pelo Espírito Santo. Esta região ficava com a montanha da Judéia a Oeste, com o mar Morto a Este, e com o vale do rio Jordão a Norte; Este termo que se refere a "Deserto" (ERÊMÔ) de "érēmos" fala de: Lugar ermo, solitário, desolado, inabitado; Um lugar selvagem, inóspito e árido; Um lugar sem pastagens.
O uso desta palavra não só se referia ao estado real da zona desértica da Judéia, mas é intencionalmente proposto a descrever por João o estado actual da vida espiritual dos Judeus a quem a mensagem do arrependimento era dirigida. Pessoas secas por dentro, espiritualmente séquidas; os judeus eram homens desolados, selvagens, sem Deus. As palavras de João pretendem ecoar entre o cenário do deserto a voz de Moisés ao povo Judeu no êxodo quando estes também espiritualmente séquidos pereceram no deserto por viverem desprezando e tentando a Deus (1 Coríntios 10:5-11).
Note-se que Jesus usa 2 afirmações sobre ele mesmo que parecem indicar que Ele é exactamente o que homens naquela condição precisam: "Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens." (João 10:9); Os Judeus precisavam de alguém para os transportar do deserto espiritual a um sítio de pastagens, como símbolo de alimento e vida. "Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna." (João 4:14) Jesus é O Messias de Israel, Aquele que pode dar de comer e beber das riquezas eternas de Deus, e vivificar o maior dos desertos interiores de um coração humano morto em pecado. (João 6:35)
ARREPENDIMENTO E METANÓIA
João Vivendo no deserto (Suas roupas e hábitos descritos) (Mateus 3:4) ainda tem o propósito de nos ensinar a ver a Santidade como separação do mundo. João estava de fora "do sistema" de forma a chamar os pecadores para fora dele. O "Arrependimento" de que João apela, não é só o arrependimento daquilo que o homem pecador faz, mas daquilo que ele é;
No versículo 2 -"Arrependei-vos" (METANOEITE) vem de "metanoéō", onde vamos buscar o termo "metanóia", que significa: Mudança de curso ou direcção; transformação na forma de ser, estar, pensar e viver;
Junção de 2 palavras: Meta (para além de) + noéō (exercitar a mente); este termo aponta para a conversão do modo natural de pensar através do pecado, para uma libertação que permite pensar para além dessa formatação natural.
Metanóia portanto é o transcender do pensamento para contemplar a Glória em Deus e o pecado em nós; Pensarmos como Deus pensa, vermos como Deus vê.
Este arrepender não é só um arrependimento como um sentimento de remorso por algo cometido, mas uma transformação interior de pensamento e coração, de tal forma que exija da parte daquele que se arrepende, uma nova forma de viver. Não é uma sugestão mas uma ordem, daí que esteja no tempo presente do imperativo; Esta ordem é dada como um alinhamento necessário ao qual o "Reino dos céus", chegando o exige.
Jesus após ser baptizado por João usa 2 ordens seguindo o mesmo contexto: "E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho." (Marcos 1:15)
Arrepender significa mudança de vida, e crer significa ter os pensamentos de acordo com os comportamentos. Crer pode ser distinguido por Fé ou crença; A Fé é espiritual, e a crença emocional. "Crer" para a salvação é muito mais do que uma verbalização emocional de um suposto "acreditar".
"Reino dos céus" (BASILEIA TÔN OURANÔN), fala de Jesus trazendo consigo os princípios do Reino Eterno de Deus; Jesus é O Reino em toda a Sua Glória, Amor, Justiça, Verdade, Santidade, Autoridade, Soberania, impondo com a Sua presença um padrão perfeito ao qual os homens devem atentar, honrar e seguir.
Este é o significado da chegada do reino. A própria presença de Jesus já nos constrange nos nossos pecados, pois Ele é a perfeição no alinhamento de tudo quanto é elevado, nobre, Santo e irrepreensível; Paulo descreve isto como a “Plenitude da Divindade” (Colossenses 2:9).
Arrependei-vos (No presente do imperativo) é portanto uma ordem de responsabilidade dirigida à consciência de todos os homens. “Mudem” ou “Convertam-se” é o sentido exacto do que “arrepender” aqui constrange.
O uso da palavra "Reino" (BASILEIA) de "Basileus" fala de Rei, Soberano, Monarca; Regente; Aponta para poder real, selo ou cunho de realeza, liderança, governo ou governança soberana, domínio real. Envolvido neste termo está a ideia da autoridade de um governante na actividade de dominar, e de um reino que se apresenta com regras, ordem e hierarquia.
A Ideia de "Reino" sempre comunica vários conceitos implícitos; reino tem politica interna (Estrutura, propósito e visão) reino tem súbditos, (servidão e sujeição) reino tem obrigações (deveres e responsabilidades) benefícios (protecção, paz e segurança) reino tem guarda (ordem e zelo) reino tem Rei (Autoridade, Liderança, soberania e domínio) reino tem lei (Regra, rigor, cumprimento e obediência) reino tem Justiça (Juízo, Julgamento e punição);
Este Reino que não é deste mundo, vem para contrastar com todos os "reinos do mundo".
Implicitamente está 1 reino (todas as Nações, povos e tribos da Terra deste mundo) sendo exposto a 1 outro Reino (o Reino dos céus que não é deste mundo); um é terreno, outro é celestial.
Desta forma as Escrituras sempre anunciam 2 Reinos distintos em acção; 2 Reinos opostos, divididos por ideias, valores e propósito; 2 reinos em guerra:
-"o reino deste mundo", temporariamente debaixo do domínio de satanás (Lucas 4:5,6) (2 Coríntios 4:4) chamado também de "presente século mau" (Gálatas 1:4), onde o "mundo" como reino assume um lugar de rebeldia, pecado e malignidade; um mundo perverso e amaldiçoado em inimizade contra Deus (1 João 2:15,16) (Tiago 4:4) (1 João 5:19)
-"O Reino dos céus" como um reino Eterno (Salmos 145:13); Um Reino que não é deste mundo (João 18:36) mas ao qual todos os reinos deste mundo serão entregues para domínio perpétuo liderados por Jesus (Daniel 7:27) O Rei dos Reis (Apocalipse 19:16);
O Reino "chegado" (ÊGGIKEN) de "Eggizo" fala de: Algo ou alguém que se antecipa para trazer algo que está prestes a chegar, ou que se aproxima; iminência de chegada; Jesus é o espelho do Reino que em breve virá. Nele está o Reino, e é por Ele que temos entrada nele. Faz mais sentido assim perceber porque Jesus se descreve como "A porta" para o Reino (João 10:9) (Mateus 7:13).
No Versículo 3 fala que a voz de João "Clama" no deserto; (BOÔNTOS) de "Boáō" (βοάω) que significa: Levantar a voz em grito desesperante; Palavras chorosas faladas em alta e forte voz; Implorar ajuda em voz alta; um grito de socorro;
João clama, como se implorasse as homens uma mudança radical da sua forma de viver; João reconhece o estado espiritual daqueles a quem sua mensagem é dirigida, e apela a uma transformação interior. Sabendo que João como precursor e profeta serve o papel de ser "a boca de Deus" para povo, é de lembrar que quem "clama" na verdade é O Próprio Deus Jeová, de quem Israel é a noiva desposada e desviada (Jeremias 31:32); Agora após os 400 anos "silenciosos" sem profetas, João aparece como a "Voz" de Deus clamando que Israel volte as caminhos de Deus, endireitando as suas veredas até então tortas e escusas (Jeremias 3:14) (Oséias 14:1) (Joel 2:12,13).
No Versículo 4 vemos uma descrição da indumentária e hábitos de João, de forma a espelhar simplicidade e desapego ás coisas materiais do mundo.
Esta descrição revela humildade, e uma postura de acordo com as suas palavras, ao contrário dos fariseus religiosos por contraste que muito se importavam com as aparências (Mateus 23:5); Por isso Jesus mais tarde referindo-se a João, aponta para o seu aspecto como algo que não era motivo de relevância particular (Mateus 11:7,8)
O BAPTISMO DE JOÃO
No versículo 6 -"eram Baptizados" (EBAPTIZONTO) (βαπτίζω) que refere-se a: Imergir, submergir, mergulhar entre as águas abaixo da superfície; Purificar ou lavar por imersão.
O Baptismo representa simbolicamente o revestimento total do homem no Espírito de Deus que simboliza a fonte de águas vivas em Jesus; a água da Vida; O Espírito que refresca, lava, purifica e limpa de todo o pecado; O Baptismo como revestimento é o que o Apóstolo Paulo descreve aos Gálatas (Gálatas 3:27); Revestir aponta para a realidade de sermos mergulhados numa essência de Santidade, como uma película que nos dá agora protecção e separa da contaminação do mundo; Revestidos, guarnecidos, blindados, contra o pecado. Por isso no ritual do Baptismo está implícita a "separação do mundo" como a morte do corpo mergulhado (Romanos 6:4) e a ascensão de um novo homem das águas, para a "Novidade de vida" (2 Coríntios 5:17) naquilo que a Bíblia descreve como "Nascer de novo" (João 3:3-8) (1 Pedro 2:2);
Ainda diz que o Baptismo era operado mediante a confissão dos pecados; O termo "confessar" usado aqui é (EXOMOLOGOUMENOI) de "Exomologéō" (ἐξομολογέω); Este termo é a junção de 2 palavras: "Ek" (Ex) que significa "meter para fora" implica: uma confissão aberta de expor, libertar de dentro o reconhecimento da culpa pelos pecados; + "Homologeo" que fala de: proferir em concordância com algo; assumir a mesma coisa; concordar com algo; ter em comum a mesma visão; do termo grego "Homo" (Igual/semelhante) + "Logeo" (A mesma lógica ou o mesmo pensamento acerca de alguma coisa) implica que os que confessavam tinham tudo em comum ou seja falavam as mesmas coisas; mas sobretudo, que todos os que confessavam, concordavam com Deus das suas misérias e pecados.
-Versículo 7 a 12-
[3,7] IDÔN DE POLLOUS TÔN PHARISAIÔN KAI SADDOUKAIÔN ERKHOMENOUS EPI TO BAPTISMA AUTOU EIPEN AUTOIS GENNÊMATA EKHIDNÔN TIS UPEDEIXEN UMIN PHUGEIN APO TÊS MELLOUSÊS ORGÊS
[3,8] POIÊSATE OUN KARPON AXION TÊS METANOIAS
[3,9] KAI MÊ DOXÊTE LEGEIN EN EAUTOIS PATERA EKHOMEN TON ABRAAM LEGÔ GAR UMIN OTI DUNATAI O THEOS EK TÔN LITHÔN TOUTÔN EGEIRAI TEKNA TÔ ABRAAM
[3,10] ÊDÊ DE Ê AXINÊ PROS TÊN RIZAN TÔN DENDRÔN KEITAI PAN OUN DENDRON MÊ POIOUN KARPON KALON EKKOPTETAI KAI EIS PUR BALLETAI
[3,11] EGÔ MEN UMAS BAPTIZÔ EN UDATI EIS METANOIAN O DE OPISÔ MOU ERKHOMENOS ISKHUROTEROS MOU ESTIN OU OUK EIMI IKANOS TA UPODÊMATA BASTASAI AUTOS UMAS BAPTISEI EN PNEUMATI AGIÔ KAI PURI
[3,12] OU TO PTUON EN TÊ KHEIRI AUTOU KAI DIAKATHARIEI TÊN ALÔNA AUTOU KAI SUNAXEI TON SITON AUTOU EIS TÊN APOTHÊKÊN TO DE AKHURON KATAKAUSEI PURI ASBESTÔ
O CONFRONTO COM OS FARISEUS E SADUCEUS
Aqui nestes versículos João confronta a hipocrisia dos fariseus e saduceus, apresentando O Jesus por vir; Jesus (Mateus 4:17) como João (Mateus 3:2) também vem no mesmo registo de anunciar O reino dos céus e o arrependimento pelos pecados, assim como expor igualmente a hipocrisia das obras mortas da religião (Mateus 23:33), razão porque vemos o confronto de João surgir logo no início do seu ministério público, já apontando para Jesus e a inimizade futura entre ele e a comunidade religiosa de Israel.
João falava para as multidões que iam até ele (Mateus 3:5), e sua mensagem era de arrependimento e esperança, anunciando o reino dos céus, e Jesus como O Messias por vir (Mateus 3:11);
No Versículo 7 porém, João dirige-se particularmente a 2 grupos de pessoas que são referidos como "Fariseus" e "Saduceus". A Mensagem de João dirigida a eles é em tom acusatório e de julgamento tocando no aspecto da hipocrisia religiosa que ambos tinham em comum. Os Fariseus eram "legalistas literais" que usavam a Lei como um fardo, seguiam tradições orais e preceitos dos homens e viviam de aparências de auto-justiça (Mateus 23:23,24); Os Saduceus eram uma elite religiosa de sacerdotes "Liberais" que governavam as sinagogas, e que negavam muitas Verdades das Escrituras, tendo o Pentateuco apenas como literatura de inspiração Divina, desconsiderando o restante (Atos 23:8); Estes homens parecem estar em opostos como parece o legalismo do liberalismo, contudo, eram muito semelhantes em coração e vida espiritual; Em comum estes 2 grupos de pessoas tinham visões meramente religiosas, onde a conveniência pessoal se fazia servir do estatuto que tinham para justificar suas ideias pessoais em relação às coisas espirituais, mas não tinham discernimento, intimidade e relacionamento com Deus (Mateus 22:29) (João 5:39,40). Em comum tinham ainda o desejo de matar Jesus, e para isso se juntaram (Mateus 21:45,46) (João 11:47-53)
O termo "Raça de Víboras" (GENNÊMATA EKHIDNÔN) é dito num tom acusatório e duro, como de confronto. João está em confronto, porque é necessário determinar uma posição firme, para contrastar com o posicionamento dos fariseus que é dúbio, dividido entre agradar a Deus, agradar aos homens, e agradarem-se a si mesmos. Não existe neutralidade Bíblica no que diz respeito a uma firme posição espiritual; Dois pesos e duas medidas, caminhos escusos, relativismo, liberalismo, afectos mundanos, neutralidade, não agradam a Deus! (Deuteronômio 28:14) (Provérbios 20:10) (Mateus 7:14) (Provérbios 2:13) (Romanos 8:7) (Tiago 4:4);
O objectivo de João não é insultar aqueles homens, mas encurralá-los no seu erro; A comparação de homens malignos a cobras venenosas é comum nas Escrituras, no sentido em que a serpente é a imagem do próprio diabo assumindo ligação com os homens (Gênesis 3:1); Os homens "malignos" estão debaixo da influência e direcção de satanás, daí a associação (Deuteronômio 32:33) (Salmos 140:3) (Isaías 59:5); O termo "Víbora" (Echidna) referindo-se a pessoas trata de passar a ideia de alguém perigoso, tóxico, odioso, vil, cuja interacção sempre resulta em fatalidade. Todas as pessoas a quem os fariseus e saduceus faziam de presa, estavam condenados à morte espiritual pois seu veneno religioso era mortal;
"Fugir da Ira futura" (APO TÊS MELLOUSÊS ORGÊS) trata ainda de referir o juízo de Deus caindo sobre toda a impiedade e injustiça; O Baptismo é um ritual que marca os que por Jesus Pelo Espírito, são nascidos de novo, e como tal, estão fora da condenação e da ira (Romanos 8:1) (Romanos 6:14); Os fariseus e saduceus sabendo disto, pretendendo passar-se por homens justos diante de Deus, criam serem dignos deste baptismo. Por isso Vemos Jesus dizer-lhes semelhantemente noutro momento a mesma coisa: "Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?" (Mateus 23:33); Estes homens estavam debaixo da ira, sem frutos de verdadeiro arrependimento e conversão (João 3:36) (Lucas 16:15,16).
"Ira" (ORGÊS) de "Orgaô" passa a ideia de algo a inchar que eventualmente rebenta da pressão; Portanto descreve uma ira crescente que parte da natureza calma de alguém. Este termo não descreve uma ira descontrolada ou desenfreada como a ira dos homens em pecado segundo o termo grego (THUMOS) como uma ira explosiva e imediata, mas a ira de Deus crescendo ao suportar também o crescimento da iniquidade; O Uso de "Orgês" em vez de "Thumos" trata primariamente da Ira Santa e justa de Deus debaixo de uma paciência que vai se tornando impaciente; É disto que Paulo fala aos Romanos (Romanos 9:22) (EI DE THELÔN O THEOS ENDEIXASTHAI TÊN ORGÊN KAI GNÔRISAI TO DUNATON AUTOU ÊNEGKEN EN POLLÊ MAKROTHUMIA SKEUÊ ORGÊS KATÊRTISMENA EIS APÔLEIAN) e ainda (Romanos 1:18) (APOKALUPTETAI GAR ORGÊ THEOU AP OURANOU EPI PASAN ASEBEIAN KAI ADIKIAN ANTHRÔPÔN TÔN TÊN ALÊTHEIAN EN ADIKIA KATEKHONTÔN);
Na Bíblia é possível ver inúmeras passagens que falam desta Ira de Deus dos quais os fariseus e saduceus queriam escapar (Malaquias 4:1) (Isaías 13:9) (Isaías 30:27) (Sofonias 1:2,3) (Sofonias 1:14-17).
No versículo 8, lemos sobre "frutos dignos de arrependimento" (KARPON TÊS METANOIAS) como algo esperado em sintonia ou equilíbrio com o acto de arrepender;
"Fruto" (KARPOS) fala literalmente de fruto como algo produzido ou gerado na raíz de algo feito para produzir fruto. Na Bíblia vemos recorrentemente o uso deste termo para descrever os obras e comportamentos espirituais daqueles que são convertidos e salvos. (Mateus 7:16) (Efésios 5:9) (Gálatas 5:22) (Mateus 12:33) (Filipenses 1:11) (Mateus 13:23) (Mateus 21:43)
"Dignos" (AXION) de "Áxios" (ou Áxis) e de "Ágō" (Pesar) é um termo preciso que fala de "equivalência; "estar em equilíbrio" ou "trazer ao balanço"; O termo implica a ideia de algo que está de acordo com o esperado, "em sintonia"; Desta forma o "fruto" (o Espírito de acordo com a obra) serve para autenticar o arrependimento. Uma expressão define isto perfeitamente: "Pelos seus frutos os conhecereis" (Mateus 7:20)
No versículo 9 João fala da presunção dos fariseus e saduceus em associar-se a Abraão de forma a inserirem-se a si mesmos à força na aliança que Deus fez com ele e por conseguinte na herança de Glória. João precede a intenção deles de se defenderem usando o "trunfo" dos Antepassados, como direito legítimo ao baptismo. Porque estes Homens estavam mais ligados às Tradições religiosas e costumes dos homens, do que a Deus, sua ideia de justiça diante de Deus era também altamente equivocada.
A linhagem de Abraão não salva ninguém, como ainda pensam hoje muitos Judeus; De igual forma, frequentar igrejas não salva; estar inserido em religiões específicas ou pertencer a denominações particulares não salva; fazer parte de rituais religiosos selectivos, obras de caridade ou ter familiares salvos não salva; Ser filho ou mulher de Pastor também não salva; Ou Seja nada que não a fé e sujeição bíblicas centradas no Jesus Verdadeiro pode tirar alguém debaixo da Ira de Deus. A Graça está na obra de Jesus, e não em nenhuma obra humana. As melhores obras dos fariseus e saduceus rejeitando Jesus, nada valiam para Deus.
João faz um trocadilho dos termos aramaicos -"Filhos" (bĕenayyāa) e "pedras" (abnayyā) semelhantes em fonética, apontando para a textura pedregosa das margens do rio Jordão de forma a expressar que o valor não está naquilo que entra na promessa de Deus, mas da promessa dirigida a quem entra.
Desta forma, até "pedras" sem valor teriam mais legitimidade de entrar na promessa feita a Abraão, do que eles que achavam que tinham direito a ela. (Mateus 11:12) (Lucas 16:16)
O baptismo de João referido é um ritual externo de testemunho público, contudo o Baptismo de Jesus é uma obra interna, operada pelo Espírito Santo naqueles que verdadeiramente se convertem e recebem pela Graça a absolvição de pecados e o conhecimento de Deus (1 Coríntios 2:12) e com Fogo para os que não se convertem e permanecem em trevas, sendo julgados para a condenação pela Ira (Isaías 30:27) (Hebreus 12:29).
O baptismo de João tanto com O Espírito ou com o Fogo, serve o bom e mau testemunho, um na justiça pela misericórdia e outro na justiça pelo juízo; Pois é O Espírito sempre que determina a sentença final de cada um tanto na Graça para a salvação como na Ira para o Juízo (João 16:8-11); Uns recebem O Espírito e são salvos, outros não O recebem e são condenados; Por isso O Espírito Santo sempre aponta para Jesus como O Salvador (João 16:13,14) e também como o Justo Juiz (João 5:21,22)
O Baptismo de Jesus é a consequência final resultante dessas duas posturas, tanto uma para a salvação como a outra para a perdição; (Romanos 9:22,23) (Apocalipse 22:11,12) (Hebreus 10:26-31)
Os versículos 10 e 12 faz uma analogia sobre árvores cortadas a machado e sobre uma eira onde a palha é queimada; Tanto o cortar da árvore que não dá fruto, como da palha sendo lançada no fogo, fala simbolicamente de pessoas que não são úteis para Deus, sem prestação, que não Lhe agradam. Existe uma ideia de "Limpeza" feita de acordo com os standards, daquele que empunha o machado e gere a Eira. (Isaías 21:10) Seguindo a ideia de utilidade no apelo à consciência daquele que ouve e recebe a mensagem do Evangelho estão as seguintes passagens (João 15:5-8) (Mateus 25:14-30) (Mateus 5:13-15) (Mateus 21:19);
A "raíz das árvores" (RIZAN TÔN DENDRÔN), fala de Deus ir directo à base da vida de cada um; A Raíz é a base da vida da árvore, e sem elas, a árvore é "desarraigada" ou seja separada do seu "sustento" para secar e morrer (o Termo “desarraigar” é comummente usado na Bíblia para referir a ira de Deus contra o ímpio) (Salmos 34:16) (Salmos 37:9) (Salmos 37:22) (Salmos 37:34) (Deuteronômio 12:29) (Isaías 29:20); Por isso a Bíblia diz: "no seu favor está a vida" (Salmos 30:5), e ainda: "Mas o que pecar contra mim violentará a sua própria alma; todos os que me odeiam amam a morte." (Provérbios 8:36); A Palavra de Deus deixa bem claro, que a separação entre os que são de Deus e os que não são é inevitável, pois uns serão conservados para a vida eterna e os outros destruídos (Salmos 145:20) (Salmos 92:7) (Mateus 13:30).
O machado referido como: "agora está posto" à raíz das árvores, fala de uma atitude de Deus face a estas pessoas sem utilidade, que Ele já determinou cortar. O termo (KEITAI) de "Keimai" (κεῖμαι) no tempo presente passivo, fala de algo já posto no lugar devido, como preparado para estar no lugar onde deve; Figurativamente este termo significa "preparado" (Determinado ou já decidido), como que machado já esteja destinado para um fim particular, e neste caso é o de "Julgamento e condenação". Repare-se de que o "machado" (AXINÊ) não vai ser posto eventualmente, mas já lá posto na raíz, preparado para a função que lhe compete, que é a de "cortar" (EKKOPTETAI) Junção de: ek = de um sítio para outro + kópto = cortar) .
Lançado no "Fogo" (PUR) de "Pŷr" remete-nos para a ideia de "punição e tormento" no inferno como um lugar de condenação. O Símbolo do Fogo sempre foi usado por Deus para punir Nações e pessoas cujas obras eram provadas odiosas em comparação à santidade de Deus (Gênesis 19:24) (Números 16:35) (2 Reis 1:12); A Bíblia sempre aponta o lago de Fogo como o fim da ira Divina, ou o destino final de todos os que estão em inimizade e guerra contra Deus (Provérbios 5:5) (Salmos 9:17) (Mateus 11:23) (Mateus 13:50) (Mateus 18:9) (Mateus 5:22) (Mateus 23:33)
Por isso Deus é também descrito na Bíblia algumas vezes como um "Fogo Consumidor" (Êxodo 24:17) (Deuteronômio 4:24) (Deuteronômio 9:3) (Hebreus 12:29) e a sua ira como um "ardor de fogo" (Isaías 30:27) (Malaquias 4:1) (Deuteronômio 32:22)
O BAPTISMO DE JESUS
-Versículo 13 a 15-
[3,13] TOTE PARAGINETAI O IÊSOUS APO TÊS GALILAIAS EPI TON IORDANÊN PROS TON IÔANNÊN TOU BAPTISTHÊNAI UP AUTOU
[3,14] O DE IÔANNÊS DIEKÔLUEN AUTON LEGÔN EGÔ KHREIAN EKHÔ UPO SOU BAPTISTHÊNAI KAI SU ERKHÊ PROS ME
[3,15] APOKRITHEIS DE O IÊSOUS EIPEN PROS AUTON APHES ARTI OUTÔS GAR PREPON ESTIN ÊMIN PLÊRÔSAI PASAN DIKAIOSUNÊN TOTE APHIÊSIN AUTON
Jesus viaja até João para ser baptizado por ele, porém João reconhece que não é digno de o fazer; Ainda assim Jesus apresenta a Justiça de Deus que é necessária cumprir, sinal de que o plano da obra eterna Do Pai Pai já havia sido preparado e determinado que assim fosse, e Jesus veio somente para cumpri-lo. (Efésios 4:10) (João 6:38) (João 4:34)
O silêncio que a Bíblia apresenta em relação à vida de Jesus até esta idade é propositado para dar ênfase a este preciso momento.
O mesmo termo usado para descrever a chegada de João ao deserto para pregar, é a mesmo usado agora para descrever a chegada de Jesus a João para ser baptizado.
-Descreve "Veio" (PARAGINETAI) enquanto que relativo a João diz “Apareceu”, embora o termo e o sentido seja exactamente o mesmo; junção de para + ginomai quer quer dizer literalmente: Entrar em cena, chegar ao lugar onde devia estar; Estar ali no momento certo; como se algo ou alguém estivesse em movimento só para estar presente em determinado lugar em determinada altura;
João “Opunha-se” a Baptizar Jesus e o termo usado é “DIEKÔLUEN”; Junção de Dia (intensificar) + Koluo (Impedir) e passa a ideia de não permitir que se concretize, ou de estar persistentemente contra. A razão porque nos é revelado que João não admitia Jesus ser baptizado é a demonstração pública do reconhecimento da Santidade de Jesus; O Baptismo era um símbolo de arrependimento de pecados, e João reconhecia ali perante todos que Jesus estava sem pecado. (Hebreus 4:15) (1 Pedro 2:22).
Por contraste também vemos que anteriormente João também se opunha ao baptismo dos Fariseus e saduceus mas a estes por razões opostas, que era por estarem cheios de pecado e sem arrependimento. Este contraste entre a postura de João nestes 2 episódios serve para evidenciar que Jesus ao contrário dos Homens, foi em tudo irrepreensível e que os fariseus e saduceus eram em tudo repreensíveis.
No versículo 15 vemos que esta oposição de João foi somente até que Jesus refere ser “necessário cumprir toda a justiça” (PLÊRÔSAI PASAN DIKAIOSUNÊN); João estava contra por isso Jesus diz “Deixa por agora” (APHES) que literalmente se traduz como “Permite” um comando no imperativo que pede a uma execução imediata. João imediatamente entende o que Jesus quer dizer e obedece.
O termo “Cumprir” (PLÊRÔSAI) de “Pleroo” quer dizer: Levar a cabo uma tarefa; “fechar um círculo; completar ou preencher os requerimentos exigidos; Este termo aparece muitas vezes o Evangelho de Mateus para descrever o cumprimento de profecias (Mateus 21:4) (Mateus 26:54) (Mateus 13:35), etc.
Toda a “Justiça” (DIKAIOSUNÊN) indica: a completude ou totalidade da Vontade de Deus predestinada; O termo vem de “Dikaios” que passa a ideia de: estar correcto, alinhado com o que Deus requer; No seu sentido mais simples fala de conformidade com um standard normalizado, e quando aplicado no contexto bíblico revela conformado aos “standards” ou padrões perfeitos e santos de Deus.
-Versículo 16 a 17-
[3,16] KAI BAPTISTHEIS DE HO IÊSOUS ANEBÊ EUTHYS ANEBÊ APO TOU HYDATOS KAI IDOU ÊNEÔKHTHÊSAN AUTÔ HOI OURANOI KAI EIDEN TO PNEUMA TOU THEOU KATABAINON HÔSEI PERISTERAN KAI ERKHOMENON EP AUTON
[3,17] KAI IDOU PHÔNÊ EK TÔN OURANÔN LEGOUSA HOUTOS ESTIN HO HUIOS MOU HO AGAPÊTOS EN HÔ EUDOKÊSA
João então, baptiza Jesus e O Espírito de Deus aparece sobrenaturalmente (João 1:33) para reconhecê-Lo publicamente como O Filho Amado, escolhido de Deus. (2 Pedro 1:17) (Lucas 20:13)
O termo (ANEBÊ) de “Anabaino” indica movimento ascendente em direcção a um destino; A segunda vez que este termo é usado na passagem do sermão do monte (Mateus 5:1) quando diz que Jesus “subiu a um monte”. Aqui descreve literalmente Jesus a subir das águas em que foi emergido totalmente.
“eis que se lhe abriram os céus” (IDOU PHÔNÊ EK TÔN OURANÔN) trata de demonstrar e destacar um evento profético sobrenatural da manifestação da Glória de Deus ali.
“Eis” (IDOU) sempre trata de remeter o ouvinte a um momento de espanto no acto de testemunhar alguma coisa notável ou de prestar a devida atenção; contemplar com atenção. O evento ao qual o termo “Eis” trata é a abertura dos céus e a voz de Deus Pai dirigindo-se ao Filho.
A “abertura dos céus” é um evento frequente na passagem de revelações Divinas e arrebatamento dos sentidos (Ezequiel 1:1) (João 1:51) (Atos 7:56) (Atos 10:11); Assim como é uma “Voz nos céus” (Apocalipse 4:1) (Ezequiel 1:25) (Isaías 6:4);
Assim como os céus se abrem para revelar a Glória de Jesus na Terra em seu Ministério de Graça (Mateus 3:16,17) se abrem também em nos últimos dias para revelar a Glória de Jesus nos céus quando começar Seu Ministério de Justiça e juízo (Apocalipse 19:11). Num momento os céus se abrem para a redenção da Terra, e noutro momento para que a terra seja julgada.
“O Meu Filho amado” (HUIOS MOU HO AGAPÊTOS) é a constatação Divina de que Jesus é O Filho de Deus que Dele partiu; “MOU” descreve: Meu, ou de Mim; Novamente “Eis” (IDOU) aponta para a relevância de algo que deve ser contemplado, mas desta vez refere-se ao Filho “HUIOS” a quem os olhos devem ser postos. Algo semelhante ocorre no momento da transfiguração de Jesus com Elias e Moisés, em que a voz do Céu aponta para Jesus dando-lhe toda a autoridade. (Lucas 9:35)
O termo “Amado” (AGAPÊTOS) é um termo referente ao amor espiritual perfeito; um amor nascido do Espírito, Divino, incondicional, precioso, cheio de todas as virtudes; Este termo em grego trata especificamente do Amor de Deus e que O caracteriza em essência, pois Deus É O AMOR; O amor em Espírito do Pai para O Filho e do Filho para O Pai; Jesus é a expressão desse Amor pleno de Deus (1 João 4:16) (1 João 4:8) (Efésios 3:19) (Romanos 15:30)
Este termo é diferente de “Storge” o amor fraternal entre família; do amor “Philiae” como ligação forte entre pessoas que partilham vida comum, também entendido como amizade e companheirismo; e do amor “Eros” como a empatia romântica e física de onde provem a atracção sexual e a paixão carnal.
O termo “agapētos” (ἀγαπητός) ainda passa a ideia de um amor orgulhoso de honrar e proteger e beneficiar o outro. Deus Pai glorificando O Filho como é evidente na Bíblia segue este mesmo princípio de amor (Salmos 2:7,8) (João 13:31,32) (João 3:35) (Filipenses 2:9) (Efésios 1:20-22)
“Em quem me comprazo” (EN HÔ EUDOKÊSA) fala de alguém em quem é encontrado tudo aquilo que se espera; “Comprazo” (Eudokeo) é a junção de 2 palavras: Eu (bem ou bom ou ainda prazeroso, agradável) + Dokeo (Penso) que literalmente significa: alguém de quem eu penso somente boas coisas a respeito; Alguém em quem me agrado em alta estima; Noutros 3 momentos específicos é usado este termo para descrever o prazer Do Pai No Filho (Mateus 12:18) (Mateus 17:5) (2 Pedro 1:17)
O Exemplo da sujeição de Jesus e a reacção de agrado Do Pai serve para que sejamos inspirados a segui-lo. O Pai somente se agrada naqueles que são como Jesus sujeitos e obedientes à Sua vontade. Disse Jesus: "Aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que Lhe agrada." (João 8:29)
Estar em Deus (ou tê-lo connosco) é estar em Jesus (João 15:2-6) pois é somente por Ele que nós somos aprovados Pelo Pai.
CAPÍTULO 4 –(25 versículos)
-
A TENTAÇÃO DO DIABO NO DESERTO
-
JESUS VENCE A TENTAÇÃO E É SERVIDO PELOS ANJOS
-
O MINISTÉRIO DE JESUS COMEÇA COM O RECRUTAMENTO DE SEGUIDORES
-
JESUS É SEGUIDO POR MULTIDÕES
-
O EVANGELHO DO REINO É PREGADO
JESUS E O TENTADOR
-Versículo 1-
[4,1] TOTE O IÊSOUS ANÊKHTHÊ EIS TÊN ERÊMON UPO TOU PNEUMATOS PEIRASTHÊNAI UPO TOU DIABOLOU
Passagens paralelas (Marcos 1:13) (Lucas 4:1,2)
Após Jesus ser baptizado no fim do cap.3 O Espírito Santo de imediato Lhe conduz ao deserto com o intuito de simbolicamente associar ao Baptismo como o “nascer de novo” um espírito de separação do mundo. O deserto como lugar isolado, longe das populações e dos centros sociais aponta a santificação como um contínuo abandono do mundo. Durante este processo de separação do mundo, o antigo oásis do pecado agora se torna um deserto de provações.
O termo “Então” (TOTE) trata de: Seguimento; Continuidade; ligação de eventos; como resultado disso; Isto para nos passar a ideia de que logo a seguir a Jesus ser baptizado e reconhecido publicamente como uma das pessoas da Trindade de Deus, é imediatamente conduzido ao deserto pelo Espírito para ser tentado pelo Diabo. Todas as tentações do mundo vêm directamente do diabo e das forças das trevas; Deus dá provações (Tiago 1:3) (Salmos 26:2) (Salmos 66:10) (Provérbios 17:3) e o diabo é quem tenta; (Mateus 4:3) (Apocalipse 2:10) (Efésios 6:11) (1 Pedro 5:8);
O simbolismo do baptismo como o testemunho oficial da Fé e entrada na Salvação em ligação à tentação que lhe é seguida, servem para demonstrar que a separação do mundo receberá sempre forte oposição do reino das trevas mas que em Cristo temos a Vitória; (1 Tessalonicenses 3:5) (Efésios 6:12) (João 16:33) (1 João 5:4,5) O nosso compromisso com Deus trará inevitavelmente uma fervorosa guerra espiritual. (Gálatas 5:17) (Romanos 7:18-23) (Tiago 4:7) (Mateus 16:18)
“Conduzido” (ANÊKHTHÊ) de (ekbállō) fala de: Dirigir, impelir alguém a estar em determinado lugar; preparar um caminho até um destino; Aqui neste sentido refere-se literalmente em termos espirituais a conduzir alguém a um lugar de provação. É O Espírito de Deus que faz isto propositadamente, para que fosse notório que Jesus pode ser provado nas tentações sem pecado (Hebreus 4:15). O Espírito de Deus faz o mesmo connosco, assim que depois da figura do Baptismo como ocorreu logo de seguida com Jesus, nós nos convertemos. Assim que entramos na Salvação, somos a partir daí provados pontualmente por Deus. A provação de Deus e a tentação do Diabo trabalham em nós para o aperfeiçoamento na fé e na dependência e sujeição a Deus. Deus permite a tentação, mas não é O autor dela (Jó 1:11,12). Esta obra de santificação é a eliminação do “espírito de Adão e Eva” em cada um de nós. Leia-se: “Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.” (Tiago 1:12)
Nos versículos seguintes imediatamente vem esclarecido que as tentações não procedem de Deus, e que ao contrário de Jesus, se nós somos tentados ao ponto de ceder, é porque voluntariamente favorecemos o pecado em detrimento da santificação. Jesus ser tentado pelo Diabo, não pressupõe que Ele se sentiu tentado; sentir o desejo de pecar procede do pecado, e Jesus embora tenha em tudo sido tentado, Ele não sentiu o desejo de pecar; a tentação ocorreu somente da parte do tentador; no nosso caso porém porque somos pecadores, não só o Diabo nos tenta, como nós nos sentimos tentados. (Tiago 1:13-15) Tanto a figura de Jesus sendo Baptizado como tentado, não são para a “santificação de Jesus” (Pois Ele é O Deus Santo e perfeito) mas para exemplo de todos nós.
Algumas vezes vemos comparações entre eventos passados que Deus permitiu registar para nos deixar o exemplo a seguir e nos consciencializar de uma realidade que nos diz respeito também. (1 Coríntios 10:6) (1 Coríntios 10:11) (1 Pedro 3:21) Desta forma o baptismo e tentação de jesus, assim como toda a resistência do mundo contra Ele, Sua perseguição e sacrifício foram feitos como figuras para que saibamos que a entrada na Salvação, vem com muitas provações e tribulações. (Atos 14:22) (Hebreus 10:32,33)
“ser tentado” (PEIRASTHÊNAI) de (Peirazo) o termo de onde vem a palavra “perfurar” para: determinar a durabilidade de alguma coisa; Usado com conotação espiritual fala de: “por à prova” submetendo a um teste de durabilidade e resistência; Desta forma o intuito é passar a ideia de ser “tentado” ou “testado” para ver se somos feitos de “bom material”. A intenção Do Espírito é dar a oportunidade a Jesus de deixar testemunho da Sua perfeição de carácter e Santidade e submetê-lo a todas as tentações que nós como homens estamos sujeitos (Hebreus 4:15). Este termo portanto fala de testar intencionalmente com o único propósito de evidenciar o que há de bom ou de maligno, que poder ou fraquezas, defeitos ou virtudes existem em alguém ou alguma coisa; O Diabo portanto tenta para evidenciar toda a maldade, e Deus prova para evidenciar tudo aquilo que é louvável.
Leia-se a explicação de Moisés ao povo Judeu a respeito das provações: “E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos, ou não.
E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem.” (Deuteronômio 8:2,3)
Deus prova cada um de nós, mas Ele não nos testa para nos conhecer, mas para que nos conheçamos. (Gênesis 22:1) (2 Crônicas 32:31)
-Versículo 2 a 11-
A TENTAÇÃO DO DIABO
[4,2] KAI NÊSTEUSAS ÊMERAS TESSERAKONTA KAI NUKTAS TESSERAKONTA USTERON EPEINASEN
[4,3] KAI PROSELTHÔN O PEIRAZÔN EIPEN AUTÔ EI UIOS EI TOU THEOU EIPE INA OI LITHOI OUTOI ARTOI GENÔNTAI
[4,4] O DE APOKRITHEIS EIPEN GEGRAPTAI OUK EP ARTÔ MONÔ ZÊSETAI O ANTHRÔPOS ALL EPI PANTI RÊMATI EKPOREUOMENÔ DIA STOMATOS THEOU
[4,5] TOTE PARALAMBANEI AUTON O DIABOLOS EIS TÊN AGIAN POLIN KAI ESTÊSEN AUTON EPI TO PTERUGION TOU IEROU
[4,6] KAI LEGEI AUTÔ EI UIOS EI TOU THEOU BALE SEAUTON KATÔ GEGRAPTAI GAR OTI TOIS AGGELOIS AUTOU ENTELEITAI PERI SOU KAI EPI KHEIRÔN AROUSIN SE MÊPOTE PROSKOPSÊS PROS LITHON TON PODA SOU
[4,7] EPHÊ AUTÔ O IÊSOUS PALIN GEGRAPTAI OUK EKPEIRASEIS KURION TON THEON SOU
[4,8] PALIN PARALAMBANEI AUTON O DIABOLOS EIS OROS UPSÊLON LIAN KAI DEIKNUSIN AUTÔ PASAS TAS BASILEIAS TOU KOSMOU KAI TÊN DOXAN AUTÔN
[4,9] KAI EIPEN AUTÔ TAUTA SOI PANTA DÔSÔ EAN PESÔN PROSKUNÊSÊS MOI
[4,10] TOTE LEGEI AUTÔ O IÊSOUS UPAGE SATANA GEGRAPTAI GAR KURION TON THEON SOU PROSKUNÊSEIS KAI AUTÔ MONÔ LATREUSEIS
[4,11] TOTE APHIÊSIN AUTON O DIABOLOS KAI IDOU AGGELOI PROSÊLTHON KAI DIÊKONOUN AUTÔ
Jesus jejua 40 dias e 40 noites e teve fome antes que o diabo chegasse com a tentação de forma a evidenciar que Jesus se submeteu a Si mesmo a um lugar de extrema fraqueza como preparação para aquela provação.
O termo “Teve fome” (EPEINASEN) de (Peinao) refere-se a: sentir as contrações da fome; trata de um estado de dor e desconforto; estar em carência e desespero sentindo desejo ardente de alimentar-se;
Este era de facto um estado propenso à tentação, e é nesse exacto momento somente, e não antes, que chega o Diabo para o tentar.
Normalmente nós queremos estar no nosso melhor para as lutas que vamos enfrentar mas Jesus estava no “Seu pior”. Fome de 40 dias de Jejum é o estado máximo que o ser humano consegue estar sem comer antes de desfalecer completamente. Este limite de fraqueza da carne é chegado, para enaltecer o poder sobrenatural da acção Do Espírito em Jesus. A forma de evidenciar o poder de Deus deve sempre ser contrastado por opostos de forma a que a Sua Glória seja vista em toda a Sua grandeza. Se Jesus estivesse saciado e cheio de forças, a tentação do diabo não seria tão eficaz, pois até nós pecadores conseguimos resistir no auge das nossas forças espirituais, mas nos momentos de fraqueza todos caímos. Mas não Jesus, que é perfeito, Santo e capaz de no pior das circunstâncias, ainda assim agir com todo o poder e autoridade em total sujeição a Deus. Jesus estava esvaziado fisicamente (com fome) mas totalmente preenchido (Pelo Espírito). É nesse contraste de absoluta privação que o poder de Deus é revelado inabalável.
40 dias e 40 noites São referidos como tempo determinado para dar lugar à tentação do Diabo. Existe um simbolismo propositado no valor 40.
Nas Sagradas Escrituras, há uma frequente relação entre o número 40 e períodos de preparação, expectativa e mudança:
-
Deus fez chover 40 dias e 40 noites nos tempos de Noé (Gênesis 7,4);
-
Moisés passou 40 dias de jejum no Monte Sinai, a sós com Deus (Êxodo 24,18);
-
O povo de Israel passou 40 anos em êxodo pelo deserto rumo à Terra Prometida (Números 14,33);
-
Elias passou 40 dias e 40 noites caminhando até o Monte Horeb (1 Reis 19,8);
-
Israel viveu 40 anos de paz sob os juízes (Juízes 3,11);
-
Duraram 40 anos os reinados de Saul (Atos 13,21), Davi (II Samuel 5,4-5) e Salomão (I Reis 11,42), os três primeiros reis de Israel;
-
Jonas profetizou 40 dias de julgamento para que Nínive se arrependesse (Jonas 3,4);
-
Jesus foi levado por Maria e José ao templo 40 dias após Seu nascimento (Lucas 2,22);
-
Jesus jejuou durante 40 dias no deserto, onde foi tentado pelo demónio (Mateus 4,1–2; Marcos 1,12–13; Lucas 4,1–2);
-
Durante 40 dias, Jesus ressuscitado instruiu os discípulos antes de subir ao Céu e enviar o Espírito Santo (Atos 1,1-3).
Jesus foi em tudo provado e tentado para nos mostrar a verdadeira fidelidade e sujeição ao Pai. A carta aos Hebreus diz: "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno." (Hebreus 4:15,16)
A respeito das nossas provações pessoais, é em Cristo que nós estamos firmes, pois em nós mesmos não há firmeza para resistir às tentações do Diabo. Tendo Cristo como sumo-sacerdote e exemplo, podemos crer com confiança, que No Espírito existe o escape para todas as tentações da carne. Paulo diz: "Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia. Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar." (1 Coríntios 10:12,13)
“o tentador” (O PEIRAZÔN) e “o Diabo” (O DIABOLOS) descrevem Satanás como “o acusador”, ou: o maldizente; aquele que profere mentira e palavras de engano. Este termo é o mesmo associado a Judas quando este passa a fazer o trabalho do Diabo (João 6:70); Assim como Judas pretendia enganar Jesus fazendo-se de seu amigo, o Diabo pretende enganar todo o mundo (Apocalipse 12:9,10) (2 Tessalonicenses 2:9,10) mas a Jesus não pode enganar.
As 3 descrições da tentação do Diabo descritas por Mateus, Marcos e Lucas são estrategicamente referidas após o evento do Baptismo, e antes do início do Seu Ministério de 3 anos levando-O à Cruz.
Lucas ainda refere a genealogia de Jesus por Maria (Lucas 3:23-38) porque é referida numa contagem para trás referindo Adão que é o paralelo contrastante da figura de Jesus, falhando quando tentado pela serpente. (1 Coríntios 15:45-50)
Mas Jesus o Nosso Sumo-sacerdote, em nada falhou! Nesta passagem vemos claramente 3 momentos serem destacados:
- A PREPARAÇÃO (A separação para o deserto e o Jejum)
- A TENTAÇÃO (os enganos do Diabo)
- O TRIUNFO (A firme fidelidade de Jesus a Deus Pai na dependência total Do Espírito)
3 foram também as tentativas arrogantes da parte do Diabo em tentar Jesus em tom desafiante, dando-lhe “ordens” usando a Palavra da Verdade em tom enganoso como fez no éden com Eva (Gênesis 3:4,5) às quais Jesus não obedece ripostando 3 vezes usando a Palavra:
- A FOME – o Diabo desafia Jesus a transformar pedras em pães buscando assim a satisfação da sua própria necessidade descuidando a providência Do Pai; (Jesus contudo, aponta para o sustento da Palavra como suficiente (Deuteronômio 8:3)
- A VAIDADE – o Diabo desafia Jesus a provar quem Ele é citando (Salmos 91:11,12) de forma a testar o cuidado Do Pai; (Jesus novamente demonstra pelas escrituras que não é movido pelo ego mas Pelo Espírito citando (Deuteronômio 6:16)
- A AUTO-GLÓRIA – o Diabo tenta novamente Jesus agora como último recurso a cobiçar poder, relevância e glória em troca de serviço e adoração, substituindo a relevância e autoridade Do Pai para as dar ao Diabo como fizeram Adão e Eva; (Jesus por outro lado demonstra que a sua vontade é somente servir e Adorar a Deus Pai citando (Deuteronômio 6:13)

Satanás sempre usa as nossas fraquezas e vontades pessoais de forma a estimular em nós o desejo de “felicidade” e “Glória” através da perseguição das vontades pessoais em detrimento da vontade de Deus de forma a “ganharmos o mundo”. Jesus deixou bem claro que ganhar o mundo em rebelião contra Deus não é ganho mas perda (Mateus 16:26)
Satanás sempre usa as nossas fraquezas e vontades pessoais de forma a estimular em nós o desejo de “felicidade” que é a Glória pessoal pela qual cobiçamos “um lugar de destaque no mundo”.
Para isto se necessário, ele até manipula a palavra de Deus de acordo com a conveniência dando-lhe um sentido que sirva a ocasião.
Jesus porém fez exactamente o que Paulo descreve aos Coríntios em sua própria defesa: “Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.” (2 Coríntios 13:8)
Há paralelos dramáticos entre o relato das tentações de Jesus e a experiência dos judeus na peregrinação durante o Êxodo. Depois de passar pelas águas do Baptismo, Jesus foi para o deserto, onde não comeu nada e foi provado durante 40 dias. Da mesma forma, os judeus passaram pelas águas (do mar Vermelho), entraram no deserto onde não tinham pão e permaneceram ali durante 40 anos.
Satanás sempre se colocará do “lado direito” de cada um de nós como um lugar de honra dado a um amigo, fingindo vir ao nosso encontro nos momentos difíceis como fez com Jesus de forma a beneficiar-nos mas seu propósito é subjugar-nos a ele opondo-se ao nosso desejo de servir a Deus (Zacarias 3:1); Esse lugar pertence a “Jesus”, assim como Ele ocupa o lugar direito (a destra) ao lado de Deus Pai (Atos 5:31) (1 Pedro 3:22) (Hebreus 10:12) (Colossenses 3:1)
No Versículo 4 Jesus contrapõe a primeira tentação de Satanás dizendo: “Está escrito” cujo termo (GEGRAPTAI) (Γέγραπται) de (grapho) de onde vamos buscar a palavra “grafia” que trata como: escrever; gravar, depictar; inscrever; representar por símbolos comunicáveis; Aqui o termo grego refere-se a estar escrito e assim permanecer; O tempo do presente perfeito atesta que o que está escrito não se refere somente ao tempo em que foi escrito, mas foi escrito para permanecer firme em todas as eras. Diz também Jesus: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.” (Mateus 24:35). Esta expressão aparece 76x em toda a Bíblia, 4 vezes neste evento da tentação do diabo, usada 3x por Jesus, 1x pelo tentador, e 24x espalhada pelos 4 evangelhos.
As 4x referidas nesta passagem surgem na seguinte ordem:
-
-O Diabo tenta Jesus a 1º vez (Vs.3)
-
-Jesus remete para a Escritura dizendo “Está escrito” (Vs.4)
-
-O Diabo tenta Jesus a 2º vez também remetendo para a Escritura dizendo “Porque está escrito” (Vs.6)
-
-Jesus logo o confronta na Escritura dizendo “Também está escrito” (Vs.7)
-
-O Diabo abandona a escritura, e tenta Jesus pela 3º vez agora usando o mundo como recurso (Vs. 8/9)
-
-Jesus expulsa Satanás recorrendo à Escritura uma última vez dizendo: “Porque está escrito” (Vs. 10)
Aqui é notório que existe uma diferença entre “usar a verdade” e “ser usado pela verdade”; O Diabo assim como muitos ditos crentes fazem-se munir das escrituras citando passagens e versículos somente para obedecer aos seus próprios desejos e vontades aos quais pretendem perseguir a todo o custo. Jesus ao contrário deixa-se ser usado pela verdade para somente expressar a obediência à vontade de Deus. Muitos crentes quando percebem que o seu mau uso das escrituras se prova infrutífero para defender suas falsas "boas intenções" e doutrina, rapidamente a abandonam para segundo lugar, e recorrem ao mundo para se fazerem valer.
Quando somos crianças sempre que questionamos “porquê” à vontade de nossos pais, a resposta comum sempre é automaticamente: “Porque eu o disse”!
-Porque Jesus obedeceu ao Pai e desobedeceu ao Diabo? Porque razão devemos ser Santos e resistir às tentações?
-Porque Deus assim o diz na Sua Palavra!
"Porquanto está escrito: Sede santos, porque Eu Sou Santo." (1 Pedro 1:16)
No versículo 6 o Diabo usa a escritura citando o salmo 91 para tentar Jesus, mas foca somente no versículo 12 do salmo, acerca da interveniência dos anjos: “Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.” (Salmos 91:12) mas cuidadosamente omite o versículo anterior que diz: “Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.” (Salmos 91:11); O Diabo não pretende frisar a protecção de Deus “em todos os Seus caminhos” pois esta afirmação incluía também o “caminho das tentações”, assim sendo, foca somente na consequência directa do desafio que lança a Jesus.
Este registo leva-nos a meditar sobre como o Diabo tenta suavizar a nossa mente para desobedecer e tentar a Deus ainda assim crendo que Deus nos irá proteger e abençoar na rebeldia. Como ele usa versículos fora do contexto para servir um pretexto. Jesus deixa claro que a protecção e o serviço dos anjos está em sintonia com a sujeição e a obediência. Quando cremos que a protecção de Deus está realmente sobre nós em todos os nossos caminhos, também podemos descansar confiando no momento das tentações, de que Deus nos livrará delas como diz Paulo: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.” (1 Coríntios 10:13)
No versículo 7 lemos que: “Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.” (Mateus 4:7); O termo “Tentar” (EKPEIRASEIS) também significa: testar; Duvidar até ser provado; por à prova o carácter de Deus; Jesus alude à passagem do povo Judeu no Êxodo duvidando da providência de Deus não confiando nas promessas registadas por Deus a Moisés: “Então contendeu o povo com Moisés, e disse: Dá-nos água para beber. E Moisés lhes disse: Por que contendeis comigo? Por que tentais ao Senhor?” (Êxodo 17:2)
Porque o povo foi rebelde, duvidando da providência de Deus (Números 20:1-13) foram punidos severamente. O primeiro Adão deixou bem claro que duvidar e ouvir a voz de terceiros para desprezar a vontade de Deus gera consequências terríveis; A palavra de Deus viva tem registado todas as promessas da fidelidade de Deus na Sua Aliança para connosco, e elas não podem voltar atrás. Jesus é o símbolo perfeito da total confiança depositada nessas promessas. Jesus assim o confirma dizendo com convicção: “Está escrito”!
Nos versículos 8 e 9 o Diabo usa a “glória do mundo” como tentação, uma vez depositada a dúvida na providência de Deus; o termo “Glória” (DOXAN) é usado aqui para fazer as possessões do mundo competirem com o esplendor de Deus; O termo trata propriamente de: Riqueza e brilho; Luz reluzente; eminência e altivez; grandeza sobejante; deslumbre e maravilha; A verdade é que o mundo tem muita beleza atractiva para seduzir uma mente pequena, mas a mente de Jesus estava centrada na Glória Do Pai. Não só Jesus é O Herdeiro de todos os reinos do mundo que serão um dia postos a Seus pés (Daniel 7:27) como Ele é O Senhor da Glória (1 Coríntios 2:8).
No versículo 9 o Diabo fala como se o mundo fosse “dele”, mas isto é uma meia verdade como tudo o que sai da sua boca. A Bíblia ensina que Deus fez o homem e deu a ele o direito de “dominar” sobre a terra e “sujeitar” a ele toda a criação (Gênesis 1:28); Quando o homem peca, transfere esse poder para o Diabo sujeitando-se a ele tornando-se escravo do pecado, e amaldiçoando a terra (Gênesis 3:17) (Romanos 8:20); desta forma o poder de “governar” o mundo debaixo do pecado foi dado a satanás (Lucas 4:6) como forma de punição à rebeldia, contudo Deus ainda assim Domina (Salmos 96:10) (Daniel 4:17) sobre o “governo temporário” do Diabo sobre os homens (2 Coríntios 4:4).
A beleza, riqueza e glória passageira do mundo em maldição é ténue e esbatida diante da Glória Eterna de Deus e que valor tem ela na eternidade? Leia-se: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mateus 16:26)
-Deus assim o diz na Sua Palavra!
A Bíblia ensina: “E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” (1 João 2:17); e ainda: “Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande?” (Lamentações 3:37); Ou seja a vontade de Deus é soberana, e ela prevalecerá sempre independentemente da nossa desobediência e rebeldia. A soberania de Deus é descrita na Bíblia como um domínio absoluto: “O Senhor tem estabelecido o Seu trono nos céus, e o Seu reino domina sobre tudo.” (Salmos 103:19)
Uma das lições mais valiosas que os nossos Pais nos passam quando crianças, é que haverá sempre uma vontade maior que a nossa que vai ser exercida “ou a bem ou a mal”. Quando Jesus diz: “está escrito” Ele aponta para o plano soberano de Deus espelhado nas profecias registadas; Fala de uma vontade maior que se irá cumprir e à qual devemos obedecer. Satanás quando tenta usar o mesmo argumento de Jesus usando as escrituras, é imediatamente encurralado, pois Jesus logo lhe lembra que a escritura citada não pode se contradizer. Se o Diabo usa a escritura para tentar Jesus, mas ignora que a escritura nos impele a não tentar a Deus, mas a viver em sujeição a Ele, está a entrar num beco sem saída. Percebendo que seu uso indevido da escritura não lhe confere autoridade para convencer Jesus, logo ele recorre ao mundo para atingir o seu objectivo. Isto é exactamente o que fazem também os ditos crentes que usam as Escrituras indevidamente sem a autoridade Do Espírito de Verdade (1 João 4:6)
Há um princípio importante a reter na expressão “está escrito”, e é o princípio que Jesus quer deixar bem claro.
“Está escrito” devia meter um “stop” em todas as opiniões, queixas ou desculpas e deixar sempre que seja a Palavra de Deus a determinar o curso das nossas decisões, e não as tentações do Diabo. “Está escrito” devia iniciar e terminar todas as controvérsias, dúvidas, contradições, opiniões e debates numa conversa que se pretende bíblica.
No versículo 11 vemos que Jesus resistiu a todas as investidas do Diabo, citando somente as escrituras mostrando-nos que a nossa melhor arma é a Espada do Espírito que é a Palavra de Deus (Efésios 6:17); No fim da tentação Jesus repele Satanás que acaba por desistir (Tiago 4:7).
Jesus é então servido pelos anjos; A ideia de Satanás querendo ser adorado em contraste com os anjos descendo para adorar e servir a Jesus demonstra o carácter de oposição de Lúcifer enquanto anjo caído; O único propósito dos anjos é adorar e servir ao Deus vivo, e servir também a Igreja dos Santos; (Salmos 91:11,12); (Mateus 26:53) (Hebreus 1:6) (Apocalipse 7:11) (Salmos 34:7) (2 Reis 6:16,17); Satanás quer ser adorado porque cobiça a Glória de Deus (Isaías 14:14); Jesus é o oposto de Lúcifer pois faz tudo faz para a Glória Do Pai (João 7:18) (João 8:49,50) (João 14:13) enquanto o Diabo faz tudo contra Deus e os Seus Santos (1 Tessalonicenses 2:18) (1 Pedro 5:8) (Efésios 6:11) visando sua própria Glória (Ezequiel 28:17) (Isaías 14:13,14)
Se queremos ser vencedores como Jesus no meio da tentação temos de seguir o exemplo de total obediência, dependência e sujeição a Deus andando em Espírito: “Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências.” (Romanos 13:14); “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.” (Gálatas 5:16)
-Versículo 12-
[4,12] AKOUSAS DE IÊSOUS OTI IÔANNÊS PAREDOTHÊ ANEKHÔRÊSEN EIS TÊN GALILAIAN
A PRISÃO DE JOÃO BAPTISTA E O MINISTÉRIO DE JESUS
Jesus recebe notícia que João Baptista fora preso (Mateus 14:3) por Herodes Antipas (um dos 3 Filhos do falecido Rei Herodes) e volta temporariamente à Galiléia indo para a Nazaré.
João tinha como precursor de Jesus a missão de anunciar o reino e a Sua chegada, mas assim que Jesus começa Seu Ministério, era necessário que João cuja obra estava cumprida saísse de cena. Porque a vida de João estava destinada ao papel de precursor de Jesus, era necessário também que o fim do seu ministério espelhasse os eventos futuros da vida de Jesus. Ser perseguido, injustiçado, condenado e martirizado eram aspectos importantes para o cumprimento final da obra. Por isso João disse: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua.” (João 3:30) Ao ouvir dos eventos sobre a vida de João, Jesus muda de direcção pois Ele sabe quais os passos a dar a seguir; tanto João como Jesus cumpriam ao detalhe um roteiro pré-determinado pelo Espírito Santo. Note-se a afirmação de João sobre o “crescer de Jesus” com a sua diminuição, e a mudança de direcção de Jesus após ouvir do relato da prisão de João: “Então, pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galiléia, e a sua fama correu por todas as terras em derredor” (Lucas 4:14).
Em Marcos na passagem paralela Jesus diz: “O tempo está cumprido” (Marcos 1:15) de forma a indicar que a prisão e morte de Jesus iriam impulsionar a obra de Jesus num registo mais público e ousado. É como se Jesus começasse a um certo ritmo esperando João cumprir o seu papel na totalidade, para depois substituir o Seu precursor na obra Do Espírito.
No versículo 12 “Voltou” (ANEKHÔRÊSEN) de (Anachoreo) (Ana “voltar atrás” + Choreo “partir”) literalmente trata de: ausentar-se de algum lugar evitando-o; dar espaço distanciando-se; retroceder de onde está, rumo a outra direcção; Este termo é usado várias vezes por Mateus para descrever uma partida estratégica face ao perigo (Mateus 2:12-14) (Mateus 2:22) (Mateus 12:15) ou como resposta a um chamado de responsabilidade e vocação (Mateus 4:22) (Mateus 14:13) (Mateus 15:21,22).
Jesus porém indo para a Galiléia não era porque Ele tinha medo de Herodes, mas porque os eventos do perigo de Herodes para a vida de João, eram o timing certo para Ele obedecer ao Seu chamado e avançar com o Seu Ministério de uma forma mais intensa e ousada.
As razões para a prisão de João e seu martírio são encontrados aqui: (Mateus 14:1-10) (Lucas 3:19,20).
-Versículo 13 a 17-
[4,13] KAI KATALIPÔN TÊN NAZARETH ELTHÔN KATÔKÊSEN EIS KAPERNAOUM TÊN PARATHALASSIAN EN ORIOIS ZABOULÔN KAI NEPHTHALIM
[4,14] INA PLÊRÔTHÊ TO RÊTHEN DIA ÊSAIOU TOU PROPHÊTOU LEGONTOS
[4,15] GÊ ZABOULÔN KAI GÊ NEPHTHALIM ODON THALASSÊS PERAN TOU IORDANOU GALILAIA TÔN ETHNÔN
[4,16] O LAOS O KATHÊMENOS EN SKOTEI EIDEN EIDE PHÔS EIDEN MEGA KAI TOIS KATHÊMENOIS EN KHÔRA KAI SKIA THANATOU PHÔS ANETEILEN AUTOIS
[4,17] APO TOTE ÊRXATO O IÊSOUS KÊRUSSEIN KAI LEGEIN METANOEITE ÊGGIKEN GAR Ê BASILEIA TÔN OURANÔN
Passagens paralelas em (Marcos 1:14,15) (Lucas 4:14,15)
Jesus vai para Cafarnaum como vimos “Pela virtude do Espírito” (Conduzido por Ele) cumprindo a profecia de (Isaías 9:1,2) pregando o arrependimento e a chegada do reino dos céus.
Desta forma entendemos “o quando”, “o como”, “o porquê” e “o para quê” como resultado de eventos dirigidos directamente por Deus; O “Timing” de todas estas coisas não são circunstâncias aleatórias, mas eventos predestinados por Deus, aos quais Jesus estava já preparado para seguir metodicamente.
Cafarnaum foi o primeiro destino que Jesus escolheu para começar activamente o Seu Ministério. Após a prisão de João, Jesus pega na “tocha” levando a mesma mensagem de arrependimento e a chegada do reino dos céus.
Esta cidade era uma cidade relativamente grande e bem situada por causa da rota mercantil entre Damasco e o Egipto que passava ali pela costa do mediterrâneo. Durante o primeiro século esta cidade era dividida pela metade por gentios, o que prova intencionalmente o propósito de Jesus começar a anunciar a Graça ali como uma obra não exclusiva a Judeus, embora tivesse começado primeiro por eles. O privilégio daquela cidade de ser a primeira a receber as palavras do Evangelho por Jesus era uma bênção desprezada; razão que levou Jesus a proferir palavras duras contra aquela cidade mais tarde (Lucas 10:15).
O cumprimento da profecia de Isaías apontava para a autoridade das Palavras de Jesus no mesmo registo. O cumprimento de profecias sempre atesta para os decretos eternos de Deus e Seu domínio sobrenatural sobre os eventos humanos. Sua concretização precisa atesta para o reconhecimento de Verdades inegáveis e de autoridade profética (Josué 23:14) Tudo apontava para Jesus como O Profeta de Deus e para as Suas palavras como a Verdade de Deus passada aos homens.
Tanto a profecia de (Isaías 9:1,2) como as referências feitas no versículo 16 apontam para Jesus como “A Luz do mundo”, termo que mais tarde Ele usaria como uma das 7 analogias que faria sobre Si mesmo (João 8:12); Esta expressão fala de “iluminação”, ou a “abertura dos olhos” para reconhecerem o pecado instalado nos seus corações perversos e ver o reino dos céus em Jesus. A profecia falava de Jesus chegando para trazer luz a todos os que estavam em trevas e assim foi (Lucas 2:32) (João 1:9); Infelizmente sabemos que Jesus falou contra Cafarnaum precisamente porque eles não O ouviram nem reconheceram por quem Ele é (João 1:5)
Os termos “Terra de Zebulom” e “Terra de Naftali” refere-se às regiões divididas das tribos de Israel; A região que seria mais tarde chamada de Galiléia, foi ali formada após a primeira derrota nacional em 722 B.C pelos Assírios, e esta é a primeira região que Deus ironicamente escolhe para anunciar o arrependimento pela Graça, como se dissesse ao povo Judeu, da vossa tragédia e fracasso, eu vos darei a Vitória através do Meu Filho.
No tempo do Rei Salomão a região da Galiléia era maior e contemplava até a região de “Asher” (1 Reis 9:11);
O termo “além do Jordão, Galiléia das Nações” refere-se portanto a um lugar como porta para o mundo. Por ali passarem muitos estrangeiros por causa da rota mercantil, e por haver uma grande mistura entre Judeus e Gentios aquele era o lugar ideal para Jesus assumir a continuação da obra do Seu precursor que Lhe preparou o caminho. Os primeiros a cair nas mãos dos invasores Assírios foram também os primeiros a ouvir as “Boas novas” do Evangelho.
Em Hebraico “Galil ha goyim” como aparece em grego (GALILAIA TÔN ETHNÔN) fala de um circuito de várias culturas ali imiscuídas. “Galil” assim como “Gilgul” no hebraico significa círculo ou roda (um anel) e passa a ideia de uma contínua rotação de pessoas que por ali passavam diariamente; "Ethnon" que deu origem ao termo "étnico" fala de mistura de culturas, ou seja: "Um distrito de gentios"; Esta é a origem do termo "Galiléia". A mistura do povo Judeu com as Nações gentias e o abandono dos preceitos de Deus para abraçar as influências culturais fez de Cafarnaum uma cidade morta espiritualmente. Daí os termos no versículo 16: “O povo, assentado em trevas” e “região e sombra da morte”; Razão porque esta região era também desprezada pelos Judeus da Judéia.
Mas esta região não estava mais nas trevas do que a Judéia; Todo o povo estava perto da Luz, pois conheciam ao Deus dos Seus antepassados, mas Seu coração estava cheio de tradição e religiosidade, preferindo estar ao lado da Luz mas permanecendo na sombra, e não totalmente debaixo da Luz (Sujeição). A sombra simboliza: "Meio em Luz, meio em Trevas" como símbolo de mornidão espiritual.
O termo “Sombra da morte” (SKIA THANATOU) fala disto mesmo; Enquanto “Skotia” é: trevas de escuridão; “Skia” é: obscurecido numa região onde a luz é parcialmente bloqueada; Os Judeus estavam perto da Luz, mas estavam obscurecidos por terem bloqueado a Luz de Deus através de costumes e tradições religiosas. Isto foi o que Jesus condenou nos fariseus (Mateus 22:29) (Mateus 15:9); Mas agora Jesus estava ali para trazer a Luz através do Evangelho para brilhar em todos os cantos daquela região onde havia sombra de morte (Ignorância de Deus).
Por isso Paulo disse mais tarde contando do seu encontro com O Senhor Jesus e a missão que Ele lhe havia dado: “Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em mim.” (Atos 26:18); Ainda hoje muitos Judeus e homens espalhados pelo mundo todo, estão em sombra de morte achando que conhecem a Deus, mas precisam da Luz de Jesus e do Verdadeiro Evangelho para se converterem.
Foi inclusive daquela região da Galiléia que O Senhor Jesus enviou os Seus discípulos na grande comissão de pregar, fazer outros discípulos, baptizá-los em nome Do Pai, Do Filho e Do Espírito Santo (Mateus 28:16-19). Hoje muitos homens ainda obedecem a esta grande comissão de Jesus e espalhados pelo mundo anunciam as obras "Daquele que os chamou das trevas para a Sua maravilhosa Luz!" (1 Pedro 2:9)
no Versículo 17 o termo “Desde então” (APO TOTE) indica um novo momento de partida, como uma nova etapa; "Desde" fala do momento em que Jesus sabe da prisão de João e parte, chegando aquela região. Percebendo este tom de mudança de direcção de Jesus, logo somos remetidos para a mensagem que “desde então” se torna o foco prioritário de Jesus.
“Arrependam-se” (METANOEITE) é a mensagem, no seguimento da voz de João O Baptista clamando no Deserto; Agora é Jesus (Aquele que é maior que João) apelando à consciência de cada homem para uma verdadeira conversão de pensamento e coração. Assim como aconteceu com João, os termos “Arrependam-se” (Metanoeite) e “pregar” (Kerusso) são os mesmos; “Kerux” refere-se a alguém que fala com autoridade em nome de alguém, ou segundo uma mensagem delegada; Se João falava apontando para Jesus, agora é Jesus que fala apontando para O Pai. (João 12:49)
E Jesus afirma a razão porque o “Arrependimento” deve acontecer, dizendo: “porque é chegado o reino dos céus.”
Como aparece no Capítulo 3, o termo "Reino dos céus" (BASILEIA TÔN OURANÔN), fala de Jesus, como a possibilidade dada aos homens de fazer parte do Reino; Jesus é a porta para o céu (João 10:9); e Ele é O Rei desse Reino que não é deste mundo, anunciado na Terra (João 8:23) (João 18:37) (1 Timóteo 6:15)
"Arrependei-vos" (No presente do imperativo) é portanto uma ordem de responsabilidade dada pelo Rei desse Reino anunciado.
O uso da palavra "Reino" (BASILEIA) de "Basileus" fala de: Rei, Soberano, Monarca; Regente; Aponta para poder real, selo ou cunho de realeza, Liderança, governo ou governança soberana, domínio real.
Envolvido neste termo está a ideia da autoridade de um governante na actividade de dominar, e de um reino que se apresenta com regras, ordem e hierarquia. Logo “Arrependei-vos” sugere um tom de “Juízo iminente”; um aviso prévio como consequência da rebeldia e incredulidade.
O Reino "chegado" (ÊGGIKEN) de "Eggizo" fala de: Algo ou alguém que se antecipa para trazer algo que está prestes a chegar, ou que se aproxima; iminência de chegada; Jesus é o espelho do Reino que em breve virá. Nele está o Reino, e é por Ele que temos entrada na Glória dos céus. Faz mais sentido assim perceber porque Jesus se descreve como "A Porta" para o Reino (João 10:9) (Mateus 7:13).
-Versículo 18 a 22-
O RECRUTAMENTO DE SIMÃO PEDRO, ANDRÉ, TIAGO E JOÃO
Passagens paralelas: (Marcos 1:16-20) (Lucas 5:1-11)
[4,18] PERIPATÔN DE PARA TÊN THALASSAN TÊS GALILAIAS EIDEN DUO ADELPHOUS SIMÔNA TON LEGOMENON PETRON KAI ANDREAN TON ADELPHON AUTOU BALLONTAS AMPHIBLÊSTRON EIS TÊN THALASSAN ÊSAN GAR ALIEIS
[4,19] KAI LEGEI AUTOIS DEUTE OPISÔ MOU KAI POIÊSÔ UMAS ALIEIS ANTHRÔPÔN
[4,20] OI DE EUTHEÔS APHENTES TA DIKTUA ÊKOLOUTHÊSAN AUTÔ
[4,21] KAI PROBAS EKEITHEN EIDEN ALLOUS DUO ADELPHOUS IAKÔBON TON TOU ZEBEDAIOU KAI IÔANNÊN TON ADELPHON AUTOU EN TÔ PLOIÔ META ZEBEDAIOU TOU PATROS AUTÔN KATARTIZONTAS TA DIKTUA AUTÔN KAI EKALESEN AUTOUS
[4,22] OI DE EUTHEÔS APHENTES TO PLOION KAI TON PATERA AUTÔN ÊKOLOUTHÊSAN AUTÔ
Nestes versículos Jesus parte para "andar junto ao mar da Galiléia" e aí recruta em 2 momentos distintos, 2 grupos de irmãos pescadores; Primeiro - Simão Pedro e André, e de seguida - Tiago e João, e em ambos os casos lemos que eles "O seguem imediatamente".
O termo "Imediatamente" (EUTHEÔS) aparece de igual uso (Vs. 20 e 22) para descrever a prontidão instantânea com que os 4 Homens desprenderam-se das suas responsabilidades mundanas, de forma a colocar Jesus como prioridade. O termo refere-se mais a uma "predisposição interior" que mudou drasticamente na presença de Jesus, do que do imediatismo do momento, pois pelas descrições das passagens paralelas e também em (João 1:35-42), percebe-se que antes disso, houve uma interacção específica, primeiro de reconhecimento de quem era Jesus pelo testemunho de João Baptista, depois pela manifestação do poder e autoridade de Jesus. Ou seja o "imediatismo" associado à mudança de prioridades daqueles homens, vem no contexto do "testemunho evangelístico" de João e do "reconhecimento do poder e autoridade de Jesus" (Isto representa a conversão).
Quando refere que estes homens "O Seguiram" (ÊKOLOUTHÊSAN) de (Akoloutheo) "A"+"Keleuthos" expressa: uma união de caminhos, ou de um alinhamento de 2 caminhos distintos num só semelhante; Andar no mesmo caminho, seguindo a mesma direcção;
Literalmente fala de "seguir a Jesus" no caminho real, assim como as multidões que O Seguiam ao longo do Mar da Galiléia, mas de igualmente "Seguir a Jesus" espiritualmente como discípulos. Muitos ditos crentes hoje, apenas "seguem" Jesus como as multidões, achando que são seus "seguidores" como eram estes 4 pescadores, contudo no sentido espiritual, andam em direcções opostas. (Filipenses 3:19) (Mateus 15:8) (Lucas 6:46)
"Lançar as redes ao mar" e "consertar as redes" são 2 tarefas apontadas que dizem respeito às actividades daqueles homens a quem Jesus chama; Estas duas tarefas são referidas no contexto para serem associadas à descrição do chamado que Jesus tem para eles, dizendo no versículo 19: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens." (Mateus 4:19) "Lançar as redes" trata do anunciar o Evangelho, e o alcance da obra que lhes era proposta; "Consertar as redes" diz respeito a como o Evangelho iria servir para consertar as obras mortas da religião, substituindo uma cultura de tradições, regras, e costumes de homens, pelo reino dos céus chegado; Como eles iriam passar a "consertar" (KATARTIZO) (restaurar) pessoas quebradas pelo pecado.
Há ainda uma clara evidência nestas acções que era demonstrar que eles estavam ocupados com um ofício de responsabilidade e sobrevivência; Jesus não chamou pessoas inúteis que não tinha nada para fazer da sua vida; Aqui percebe-se que "Seguir a Jesus" requer nos momentos que Ele nos chama particularmente, um abandono dos afazeres do mundo, para a nossa responsabilidade para com esse serviço real para o qual fomos chamados.
Seria de esperar que Jesus para esta grande obra quisesse logo recrutar pessoas influentes, qualificadas, formadas na arte da oratória, intelectuais, pensadores, mas ao contrário do que seria talvez o pensamento comum dos Homens, Jesus vai buscar "pescadores" cuja profissão era desprezada. O facto de Jesus escolher pessoas aparentemente simplórias aponta não para o poder daqueles que são chamados, mas para o poder Daquele que chama. Isto expressa bem todo o chamado de Deus para a salvação, e para o serviço ao reino dos céus. Deus vai eleger e buscar os piores dos piores, porque é neles que Seu poder e Graça vão trazer transformações mais inspiradoras e impactantes. O maior desafio para o reconhecimento das capacidades de um grande Mestre não é treinar discípulos já habilitados e capazes, pois aí não há glória nenhuma a buscar; Contudo, tomar pessoas completamente despreparadas e torná-las instrumentos poderosos e capazes revela a verdadeira Glória que existe no chamado de Jesus. Desta forma não só traz humildade a todos quantos são chamados por Ele, mas a esperança de que o pior dos currículos não impede nenhum homem de ser habilitado por Jesus para um serviço real. (Efésios 3:20) (Romanos 8:30,31)
A profissão de pescadores ainda aponta para um serviço prático, de trabalho árduo; um serviço em que nós temos de ir até aos pecadores (os peixes) para "fisgá-los"; O mar na Bíblia sempre aponta para as multidões das Nações dispersas pelo mundo; "O mau cheiro" do peixe, aponta para o pecado que os torna imundos, o que atesta que a obra de "pescadores de homens" é uma obra difícil que requer mangas arregaçadas e pé na água para produzir frutos. Pastores de gabinete, que só vivem atrás de écrans de computador e púlpitos, rodeados de ar condicionado e conforto; crentes que são ratazanas de biblioteca preocupados com "o saber" mas negligentes "no agir", assíduos nos cultos, mas que nunca saem do seu conforto para ir e evangelizar e acompanhar os que precisam de direção, não entenderam o que Jesus quis ensinar aqui ao recrutar estes homens particularmente.
Estes não eram pescadores de "cana", sentados na cadeira na praia à espera que apareça um peixe para morder, mas eram pescadores de alto mar que pescavam de rede. Se você acha que "evangelizar" ocasionalmente alguém, apenas quando a oportunidade surge é suficiente, e não tem o desejo de buscar as pessoas intencionalmente de modo a evangelizá-las, você está em falta para com aquilo que lhe é pedido. (Mateus 28:19) (Atos 1:8) (Isaías 6:8) (Mateus 9:37,38)
-Versículo 23 a 25-
[4,23] KAI PERIÊGEN EN OLÊ TÊ GALILAIA DIDASKÔN EN TAIS SUNAGÔGAIS AUTÔN KAI KÊRUSSÔN TO EUAGGELION TÊS BASILEIAS KAI THERAPEUÔN PASAN NOSON KAI PASAN MALAKIAN EN TÔ LAÔ
[4,24] KAI APÊLTHEN Ê AKOÊ AUTOU EIS OLÊN TÊN SURIAN KAI PROSÊNEGKAN AUTÔ PANTAS TOUS KAKÔS EKHONTAS POIKILAIS NOSOIS KAI BASANOIS SUNEKHOMENOUS [KAI] DAIMONIZOMENOUS KAI SELÊNIAZOMENOUS KAI PARALUTIKOUS KAI ETHERAPEUSEN AUTOUS
[4,25] KAI ÊKOLOUTHÊSAN AUTÔ OKHLOI POLLOI APO TÊS GALILAIAS KAI DEKAPOLEÔS KAI IEROSOLUMÔN KAI IOUDAIAS KAI PERAN TOU IORDANOU
Jesus anuncia por toda a Galiléia o Evangelho do Reino, ensinando (DIDASKÔN), pregando (KÊRUSSÔN), e curando (THERAPEUÔN ) o povo, fazendo seguidores entre uma grande multidão que O seguia.
No seguimento do texto fica claro que muitas pessoas seguiram Jesus por todos aqueles lugares, mas será que realmente todos "O seguiam" reconhecendo Nele O Messias Salvador?
As localizações referidas (Galiléia, Síria, Decápolis, Jerusalém, Judéia, Além Jordão) servem para representar a extensão geográfica do trajecto de Jesus que tendo em conta os tempos e os meios de transporte, era bastante extenso.
Muitos ali apenas seguiam Jesus curiosos pela manifestação de poder sobrenatural, sendo pessoas supersticiosas e místicas, mas sem fé.
Sempre se vê Jesus seguido por Multidões durante o Seu Ministério (João 6:2) (Mateus 20:29) (Lucas 9:11) mas todos sabemos que na altura da incriminação de Jesus, uma mesma multidão seguia Jesus pedindo a Sua morte, dizendo "Matai-O" (Atos 21:36) (Lucas 23:23); enquanto uma outra multidão chorava e lamentava-se por Ele (Lucas 23:27). Quanto mais perto da cruz Jesus chegou, menor era a multidão que o seguia.
Na verdade estes versículos apontam sobretudo para a "fama de Jesus" (Versículo 24) e Seu Ministério alcançando toda aquela região; Foi esta fama de Jesus que O levou à Cruz convém lembrar, pois Sua notoriedade veio demonstrar a miséria do poder religioso secular. Foi esta mesma fama e notoriedade de Jesus que depois ajudou os Apóstolos a propagarem através do Espírito Santo o Evangelho de uma forma contagiante.
O trabalho dos Apóstolos era bem sucedido, porque a Obra de Jesus completa foi consumada (João 19:30) em testemunho de poder e Glória Divinas.
O Evangelho só tem poder para transformar e converter pessoas, porque ele aponta para a credibilidade e a Glória de Jesus e da Sua vida e obra perfeitas. É em Jesus somente que reside o poder do Evangelho!
Jesus foi, é, e sempre será a personalidade mais notável, admirável e famosa da história, e isto porque Ele não era somente um homem, mas O Deus vivo, encarnado, espelhando a Glória do Pai. Por isso o papel Do Espírito Santo é apontar directamente para Jesus o tempo todo (João 5:32).
Jesus é O Rei dos Reis e Senhor dos Senhores; Rei de todas as épocas; Rei de Todas as Nações da Terra; O Rei dos céus e do Universo; O Rei da Glória; O Deus imortal e Invisível, que se fez filho do homem, para que nós fossemos feitos filhos de Deus; Jesus é o maior fenómeno que alguma vez cruzou os horizontes deste mundo; O Salvador e Redentor dos Homens; A peça central da Civilização humana; Jesus é o Xeque-Mate de Deus contra o império das Trevas; Ele é O conceito mais nobre da Literatura; O exemplo mais desejável da cultura; A personalidade mais elevada da Filosofia; Ele é a doutrina fundamental da verdadeira Teologia; A mais pura e desejável expressão da Espiritualidade; Jesus é a chave de todo o conhecimento e o Tesouro escondido da sabedoria; O céu chegado à terra; A plenitude da Divindade; Ele é O caminho, A verdade e A vida! (João 14:6) (Colossenses 2:9) (1 Timóteo 6:14-16) (Hebreus 1:3) (Colossenses 2:2,3).
Jesus é a única celebridade deste mundo à face da qual, todos os homens são feitos miseráveis em comparação.
Muitos dos homens que seguiram Jesus pelas ruas, nunca viram O Jesus da Glória, ainda que tivessem testemunhado do Seu poder e autoridade sobrenatural, através de milagres e muitas maravilhas.
"Reconhecer" Jesus pela fama que Ele tem (saber minimamente quem Ele é) não é a mesma coisa, que "Conhecer" Jesus e "ser Dele conhecido". (Mateus 7:22,23)
Sempre haverá esta multidão curiosa que reconhece Jesus pela fama que Ele tem, mas que nada conhece sobre Ele, da mesma forma que sempre haverá outra grande multidão de pessoas que vão saber que Ele é O Salvador, O Messias ungido de Deus (Mateus 21:9-11).
Seguir Jesus em vida depreende 3 passos distintos que O Próprio Senhor Jesus determinou em determinada ordem: “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me;” (Mateus 16:24); Também presente nas passagens paralelas de (Lucas 9:23) (Marcos 8:34) o termo usado é “negue-se” tendo o mesmo sentido prático que está associado a submissão total.
“Seguir a Jesus” é o a acção prática que procede de uma transformação interior pela qual a predisposição de seguir surge. “Negar a si mesmo” é reconhecer que sua vontade não pode mais competir e prevalecer diante da Vontade de Jesus; É a renúncia sincera dos desejos carnais mundanos que competem com a ordem de prioridades que Seguir a Jesus pede de cada um.
“Tomar a cruz”, logo de seguida fala de saber viver bem com as consequências dessa negação, que vão ser de sacrifícios e de uma luta constante contra o mundo e suas tentações. Só haverá o sentimento de carregar uma cruz, a quem primeiro negou-se a si mesmo. O carregar da Cruz em simbolismo comparativo à vida de Jesus é receber a afronta do mundo, e a oposição à verdade vivida e professa como semelhantemente aconteceu com Ele.
Se alguém não sente que sua conversão trouxe esta cruz espelhada no ódio do mundo por si (João 17:14) (João 15:19) e por sua própria inconformidade com o mundo (Romanos 12:2), então muito provavelmente, o passo de “negar-se a si mesmo” foi totalmente ignorado.
Muitos porém dizem seguir a Jesus mas não fizeram nem uma coisa nem outra; São tanto do mundo, como aqueles que professamente desprezam ao Jesus que eles dizem seguir.
A questão aqui que cada um pode fazer para si mesmo é perguntar-se a qual multidão pertence.
CAPÍTULO 5 –(48 versículos)
-
O SERMÃO DO MONTE - AS BEM-AVENTURANÇAS
-
O SAL E A LUZ DO MUNDO É A IGREJA DOS SANTOS
-
JESUS VEIO CUMPRIR A LEI E HONRAR OS PROFETAS
-
A JUSTIÇA DOS FILHOS DE DEUS É MAIOR QUE A RELIGIÃO
-
OS COSTUMES E TRADIÇÕES DOS ANTIGOS E OS PADRÕES DE DEUS
-
DEVEMOS ALMEJAR A PERFEIÇÃO DE DEUS
O SERMÃO NO MONTE E AS BEM-AVENTURANÇAS
-Versículo 1 a 12-
(no grego original)
[5,1] IDÔN DE TOUS OKHLOUS ANEBÊ EIS TO OROS KAI KATHISANTOS AUTOU PROSÊLTHAN AUTÔ OI MATHÊTAI AUTOU
[5,2] KAI ANOIXAS TO STOMA AUTOU EDIDASKEN AUTOUS LEGÔN
[5,3] MAKARIOI OI PTÔKHOI TÔ PNEUMATI OTI AUTÔN ESTIN Ê BASILEIA TÔN OURANÔN
[5,4] MAKARIOI OI PENTHOUNTES OTI AUTOI PARAKLÊTHÊSONTAI
[5,5] MAKARIOI OI PRAEIS OTI AUTOI KLÊRONOMÊSOUSIN TÊN GÊN
[5,6] MAKARIOI OI PEINÔNTES KAI DIPSÔNTES TÊN DIKAIOSUNÊN OTI AUTOI KHORTASTHÊSONTAI
[5,7] MAKARIOI OI ELEÊMONES OTI AUTOI ELEÊTHÊSONTAI
[5,8] MAKARIOI OI KATHAROI TÊ KARDIA OTI AUTOI TON THEON OPSONTAI
[5,9] MAKARIOI OI EIRÊNOPOIOI OTI AUTOI UIOI THEOU KLÊTHÊSONTAI
[5,10] MAKARIOI OI DEDIÔGMENOI ENEKEN DIKAIOSUNÊS OTI AUTÔN ESTIN Ê BASILEIA TÔN OURANÔN
[5,11] MAKARIOI ESTE OTAN ONEIDISÔSIN UMAS KAI DIÔXÔSIN KAI EIPÔSIN PAN PONÊRON KATH UMÔN PSEUDOMENOI HENEKEN EMOU
[5,12] KHAIRETE KAI AGALLIASTHE OTI O MISTHOS UMÔN POLUS EN TOIS OURANOIS OUTÔS GAR EDIÔXAN TOUS PROPHÊTAS TOUS PRO UMÔN
Jesus sobe ao monte e dá testemunho à multidão (OKHLOUS) que O segue, ensinando os discípulos; o Seu primeiro grande sermão registado fala sobre as Bem-aventuranças, e as consequências eternas que elas conquistam. Escolhendo o monte como um lugar elevado, Jesus tem o céu nas suas costas, a vista da cidade abaixo e a multidão diante de Si, aos Seus pés; A Sua autoridade do céu estava ali claramente evidenciada.
Jesus coloca-se de frente para a multidão a Seus pés, para que seja notório que atrás de Si, está simultaneamente o céu aberto, e o precipício.
Só quem reconhece Jesus como “a porta para o céu” (João 10:9) pode evitar a queda ao abismo.
Muitas pessoas perdem o sentido essencial do sermão do monte, não entendendo a quem o discurso é dirigido primeiramente. Diz a passagem: “aproximaram-se dele os seus discípulos; E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:” (Mateus 5:1,2), indicando que Jesus falava directamente para os Seus discípulos, ensinando-os publicamente em frente à multidão que os observava.
Quando lemos que Jesus “Vendo a multidão” subiu ao monte, entendemos que Jesus pretendia ensinar aos discípulos coisas valiosas que a multidão podia ouvir indirectamente e receber em espírito. Jesus obviamente pretendia ensinar também a multidão mas as Palavras de Jesus são claramente dirigidas a alguém que já O Segue espiritualmente, e não propriamente para aqueles que meramente O seguiam pelas ruas.
Jesus falava directamente aos discípulos e indirectamente àqueles que entre a multidão Ele sabia fazerem parte dos eleitos que O Pai Lhe havia dado.
Diz Jesus que, “Bem aventurados” (MAKARIOI) são: Os pobres de espírito (Isaías 66:2) (1 Pedro 5:5,6); Estes são aqueles que se revestem de Humildade em temor e tremor diante do Deus Santo e reconhecem as suas misérias e pobreza espiritual. Aqueles que participam alegremente das aflições de Cristo e Seu vitupério (1 Pedro 4:13,14) Aquele que é sempre humilde aos seus próprios olhos. Mesmo que ele possa ser considerado insignificante por outros, ele vê tudo como a vontade de Deus e se alegra em compartilhar os sofrimentos de Cristo. Torna-se natural para ele seguir o caminho do Cordeiro; a humilhação da carne torna-se seu alimento, exaltando sua recompensa no Espírito. Os que choram (João 16:20); os mansos (Salmos 37:11) (Isaías 53:7) (Filipenses 2:3-8) os que têm fome e sede de justiça (Salmos 35:27,28) os misericordiosos (Tiago 2:13) os limpos de coração (Salmos 73:1) (Hebreus 10:22) os pacificadores (Tiago 3:17,18) (Provérbios 16:7) os que sofrem perseguição (Lucas 21:12) (2 Coríntios 4:8,9) (Salmos 119:157);
Os que fazem todas estas coisas entrarão no reino dos céus (Lucas 13:29); serão consolados por Deus (2 Coríntios 1:4); herdarão a Terra (Salmos 37:29); serão saciados de justiça (Salmos 103:6); alcançarão misericórdia (Êxodo 20:6); Verão a Deus (Salmos 40:3) (Apocalipse 22:4); serão chamados filhos de Deus (Salmos 82:6); receberão grande galardão no reino dos céus (Hebreus 10:35);
O SAL E A LUZ DO MUNDO
-Versículo 13 a 16-
(No grego original)
[5,13] HYMEIS ESTE TO HALAS TÊS GÊS EAN DE TO HALAS MÔRANTHÊ EN TINI ALISTHÊSETAI EIS OUDEN ISKHYEI ETI EI MÊ BLÊTHEN EXÔ KAI KATAPATEISTHAI HYPO TÔN ANTHRÔPÔN
[5,14] HYMEIS ESTE TO PHÔS TOU KOSMOU OU DYNATAI POLIS KRYBÊNAI EPANÔ OROUS KEIMENÊ
[5,15] OUDE KAIOUSIN LYKHNON KAI TITHEASIN AUTON HYPO TON MODION ALL EPI TÊN LYKHNIAN KAI LAMPEI PASIN TOIS EN TÊ OIKIA
[5,16] HOUTÔS LAMPSATÔ TO PHÔS HYMÔN EMPROSTHEN TÔN ANTHRÔPÔN HOPÔS IDÔSIN HYMÔN TA KALA ERGA KAI DOXASÔSIN TON PATERA HYMÔN TON EN TOIS OURANOIS
Jesus chama aos seus discípulos de Sal (HALAS) e Luz (PHÔS) por uso de metáforas ensinando o valor do testemunho público para a riqueza do mundo. “Vós sois” (HYMEIS ESTE) refere-se aos filhos de Deus individualmente, e colectivamente, ou seja refere-se singularmente a cada um de nós salvos em Cristo Jesus como o Seu corpo habitando na Terra, enquanto Ele está junto do Pai. Não se refere a instituições terrenas de cariz humanitário ou político; a corpos governamentais ou organizações de qualquer espécie, senão à Igreja dos salvos como o corpo Místico de Cristo. Por isso Jesus primeiro fala de Si mesmo como a Luz do mundo (João 8:12) (João 9:5) (João 12:46) para depois deixar este estatuto a todos os Seus seguidores.
O uso do presente do indicativo no tempo do verbo ser (Sois) aponta para uma continuidade permanente neste estatuto. Jesus não diz “Sereis” nem apresenta nenhuma condição temporal de “até quando”.
Os conceitos de sabor e iluminação apontam para as experiências sensoriais da vida que são pobres e temporárias sem Cristo mas que Nele são poderosas para nos ensinar o valor real daquilo que é eterno.
Por isso lemos no Antigo testamento: “E todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal.” (Levítico 2:13)
O Sal é símbolo emblemático da Aliança de Deus para com o Seu povo e isso é evidente nas Escrituras; Lemos também:
“Todas as ofertas alçadas das coisas santas, que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor, tenho dado a ti, e a teus filhos e a tuas filhas contigo, por estatuto perpétuo; aliança perpétua de sal perante o Senhor é, para ti e para a tua descendência contigo.” (Números 18:19)
E ainda:
“Porventura não vos convém saber que o Senhor Deus de Israel deu para sempre a Davi a soberania sobre Israel, a ele e a seus filhos, por uma aliança de sal?” (2 Crônicas 13:5)
O SAL NA TERRA
A palavra “salário” vem do costume antigo de pagar as prestações de serviços com sal, como forma de remuneração. O Sal era valorizado pelo seu uso prático e utilidade, tornando-se um bem essencial, ao ponto de até ser usado como moeda. A transação feita entra 2 pessoas usando o sal como pagamento era símbolo da aliança entre 2 lados: 1 que serve e outro que é servido; A aliança entre Deus e o Seu povo é idêntica, e o pagamento ao nosso serviço a Ele é a bênção Divina valorizando-nos espiritualmente. Não só o sal era usado para dar sabor aos alimentos mas para a conservação, purificação e preservação; era usado na culinária para temperar e para conservar a carne e o peixe; para produzir carne curada; mas também na medicina, para impedir a putrefação das feridas, na água para a regeneração e purificação de doenças de pele, em técnicas de cosmética saúde e bem-estar, sendo usado até nos processos delicados de mumificação pelos egípcios. Jesus usando o símbolo do sal para atribuir aos Seus seguidores não era à toa. Ele queria dizer que os filhos de Deus são essenciais, de imenso valor num mundo podre e decadente e suas propriedades servem para purificar e regenerar o mundo através do Espírito Santo habitando no Templo interior. (1 Coríntios 3:16) (1 Coríntios 6:19) Esta é a Aliança que Ele fez connosco; Nós somos valorizados em Cristo, para demonstrar ao mundo o verdadeiro valor da vida.
Propriedades do sal com simbolismo espiritual:
Sal serve para temperar: - O tempero é uma das características espirituais mais importantes de um cristão, na medida em que nele é possível saborear ou sentir o gosto daquilo que é eterno. Uma vida regenerada é como um prato bem condimentado ao lado de um prato sem qualquer condimento. Um é agradável e desejável e o outro difícil de digerir. O tempero do cristão é a variedade de frutos do espírito que o mundo não tem; Bondade, justiça, verdade, amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, fé, mansidão, temperança, (Efésios 5:9) (Gálatas 5:22) são tudo características que procedem da Santidade de Deus e só podem ser verdadeiramente genuínas e perfeitas na utilidade prática quando elas são usadas pela graça de Deus para a Glória de Deus. O Mundo em impiedade pode simular estas caraterísticas através da graça comum que Deus derrama sobre todo o mundo, mas só os verdadeiros filhos de Deus podem demonstrar e viver estas qualidades com integridade e permanência.
O Sal preserva: - O mundo como civilização humana vivendo em sociedade tem sido preservado debaixo da ira de Deus sobre o pecado graças aos filhos de Deus que nele habitam. É O Espírito Santo de Deus habitando nos Santos que refreia, restringe, e contém o império das Trevas e a malignidade de aumentar e consumir todas as coisas. É O Espírito habitando no corpo de Cristo (A igreja) que detém O Anticristo e Satanás de lançarem a terra num lugar de trevas e destruição (2 Tessalonicenses 2:6,7). O sal previne a decomposição e restringe a corrupção da carne preservando a vida e estendendo a sua validade. Por isso Jesus fez questão de deixar Sua igreja na terra (João 17:15-23), de modo a prolongar a era da Graça, refrear o crescimento do mal, ao mesmo tempo retardando a ira de Deus de ser derramada sobre os que estão contra Ele. Por isso O Espírito de Deus aponta para Jesus e a Igreja testifica e reflecte a Jesus como Aquele que preserva a vida do homem, e estende a sua validade à eternidade. (Provérbios 2:8) (Salmos 37:28)
O Sal purifica e Limpa: - As propriedades anti-sépticas do sal são reconhecidas por todos nós. No mundo também são reconhecidos os frutos que a Igreja de Cristo tem produzido em comunidades entregues ao crime, pobreza e decadência. Muitas vidas têm sido limpas e purificadas pela acção do Espírito Santo de Deus convencendo os homens do seu pecado, através da Igreja na Terra. (Salmos 51:2-7)
O Sal cria sede: - A Igreja como o sal da Terra deve criar sede de Cristo em todos os que entram em contacto com ela; Cada crente, salvo em Cristo Jesus deve ter ele mesmo essa sede pela Palavra de Deus, sede de justiça, de Verdade e Santidade no deserto que é este mundo de sequidão (Isaías 58:11). Nós devemos criar a sede de Jesus nos homens perdidos para que eles descubram Nele A fonte da vida, O manancial das águas vivas. (João 4:14) (Apocalipse 21:6) (Jeremias 17:13)
Muitas pessoas sedentas de espiritualidade, preferem beber as águas pobres e podres da religião secular, da filosofia humanista e das crendices místicas, mas só Jesus tem a fonte de água pura e inesgotável. A igreja como sal na terra pode ir até à fonte de águas podres onde muitos se saciam e purificá-las com a Palavra da Verdade, de modo a gerar vida onde só existe morte (2 Reis 2:21)
O Sal cura: - O poder terapêutico do Sal é um símbolo o poder da Palavra de Deus curando os males do espírito do homem preso aos pecados da carne. Vidas são transformadas, almas são salvas, casas são resgatadas da miséria, famílias da desgraça, frustrações são dissipadas, culpa é apagada, fardos são levantados, doenças são vencidas, mentes são resgatadas, tudo pelo poder terapêutico de cura tanto para as enfermidades do corpo como da alma e espírito. Um dos dons do Espírito concedido aos filhos de Deus como sal na terra é precisamente o dom de curar toda a espécie de enfermidades segundo a vontade de Deus (1 Coríntios 12:9) (Lucas 9:6) (Lucas 4:18,19)
Outra propriedade ainda que convém referir é que o Sal irrita antes de curar; Assim que o sal dos crentes for esfregado nas feridas do mundo, nas carnes putrefactas dos homens corruptos espiritualmente, o ardor provocará sensação de irritação, e antes que a cura opera, eles se afastarão cuidando que o nosso gesto era para seu desconforto e não seu benefício. Lembremo-nos então que não fomos chamados para ser o açúcar deste mundo, sendo impossível agradar a todos aqueles que dentro de uma geração corrompida e perversa, não podem ver o bem que nós fazemos por eles esfregando o nosso sal nas suas feridas.
O termo “insípido ou sem sabor” (MÔRANTHÊ) expressa o sentido real de comida sem tempero que não sabe a nada quando provada; mas também fala de agir sem consistência, ou agir de forma tola sem sentido ou coerência. O sal refere-se a uma identidade, carácter ou carisma espiritual e sobrenatural que tem um sabor especial que a vida sem Cristo simplesmente não tem, nem pode ter.
A ideia passada é que o mundo vive à toa, sem verdadeiramente provar o sabor da vida, sem ver o propósito real da experiência temporária no contexto da eternidade. O Cristão portanto é aquele que pode demonstrar esta experiência completa no seu modo de viver para testemunho no mundo. O sal é símbolo de um carácter de preservação e conservação de tudo o que é bom, e de purificação e cura de tudo que não é.
Portanto se alguém se diz cristão e o seu “Sal” não tem sabor (Uma vida vivida à toa como as vidas perdidas) então de nada serve, senão para deitar fora; de pouco proveito ou utilidade. O termo (ISKHYEI) “de nada presta” fala de: perder o seu vigor ou a sua força e potência no sentido de utilidade e préstimo; o termo em si refere-se a: robustez e saúde; a capacidade de demonstrar poder, e feitos excepcionais práticos; de ser óptimo ou estar sempre pronto para qualquer serviço. Curioso que o termo “ser pisado pelos homens” (KATAPATEISTHAI), quanto ao sal deitado fora, refere-se particularmente tanto a ser pisado literalmente, quanto a ser objecto de desprezo, gozo e insulto.
Leia-se:
“Porque cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com sal. Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o temperareis? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros.” (Marcos 9:49,50)
“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” (Colossenses 4:6)
Se o Filho de Deus não fosse “Sal” na terra, de onde iriam buscar os ímpios “o sabor” daquilo que é verdadeiramente eterno?
Embora a qualidade de “dar sabor” seja importante na referência ao sal, a qualidade principal evidenciada no simbolismo de Jesus é a de preservação da carne face à corrupção ou decomposição. Espiritualmente falando, o “Sal” previne a corrupção do pecado de se instalar em livre curso, numa sociedade de corrupção moral e decadência. A igreja de Cristo permanece no mundo para reprimir o mal e preservar a Santidade na Terra.
A ideia de sal que não presta ser “deitado fora” passa a ideia de sal deitado por terra produzir esterilidade. Ou Seja o uso indevido do sal que não para aquilo que se pretende, pode servir efeitos contrários, que em vez de produzir boas obras, impede o solo de produzir o que quer que seja. A bíblia também refere o sal como instrumento de esterilização do solo (que se pretende fértil) (Mateus 13:18-23);
Note-se: (Deuteronômio 29:23) (Juízes 9:45) (Jeremias 17:6) (Sofonias 2:9);
A LUZ DO MUNDO
Na Bíblia lemos: “E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas.” (1 João 1:5) O simbolismo da Luz associado aos filhos de Deus, revela que a essência de um cristão é a de Santidade e de não comunhão com as trevas. Nós estamos na terra para combater as trevas e dissipá-las, e não para a comunhão com elas; Por isso também lemos: “que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?” (2 Coríntios 6:14-16)
Quando à comparação do cristão à “Iluminação do mundo”, tanto o termo “Luz”, (PHÔS) como “Lâmpada” (LYKHNON) referem-se à capacidade de brilhar na escuridão; fala de uma luz como a luz dos anjos quando se apresentam na Terra aos homens; como a Luz de uma estrela; fala de sermos uma luz que serve para ser devidamente posicionada de modo a extinguir as trevas e revelar todas as coisas que estão obscurecidas por elas. A posição da lâmpada está associada à sua utilidade prática; se o propósito é iluminar, deve colocar-se de modo a extinguir as trevas, e não a ser ocultada por elas; Por isso não colocamos lâmpadas debaixo das mesas, mas em cima das mesas ou em lugares altos e estratégicos para que a luz alcance todo o espaço destinado a ser iluminado.
Quando referindo-se à Luz em nós é-nos dito que “resplandeça” (LAMPSATÔ) de forma a que as nossas “boas obras” sejam visíveis por todos, e o propósito é a Glória de Deus! O Apóstolo Paulo fala deste “resplandecer” como uma postura santa de testemunho ao mundo, e neste sentido ele diz: “Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo;” (Filipenses 2:15) Ainda lemos também dizer aos Coríntios: "Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo." (2 Coríntios 4:6)
Jesus é a Luz que deve brilhar em nós no mundo!
João diz: "E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam." (João 1:5); Isaías diz: "Levanta-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR vai nascendo sobre ti;" (Isaías 60:1);
O Velho testamento atesta várias vezes para Deus resplandecendo "O Seu rosto" para a Salvação dos Homens (Números 6:25) (Salmos 50:2) (Salmos 80:7) (Salmos 67:1) (Salmos 80:3) (Salmos 31:16); De quem é este rosto, senão o de Cristo?
A Luz em nós deve resplandecer, no sentido que nós devemos demonstrar ou dar testemunho permanente da transformação que foi operada em nós. Como Diz: “Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz”. (Efésios 5:8) A Luz na Bíblia é O Próprio Deus manifesto em Jesus, e esse deve ser o nosso testemunho.
Todo o crente é um com Deus em Jesus (João 17:21-23) por isso devemos ser diferentes do mundo e semelhantes a Jesus em tudo. Leia-se as seguintes palavras de Paulo: “Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios; Porque os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam, embebedam-se de noite. Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação; Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo,” (1 Tessalonicenses 5:5-9)
O Brilhar como resplandecer serve o propósito também de evidenciar as boas obras; Paulo falou sobre estas obras dizendo na sua carta aos Efésios: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2:10) E o propósito das boas obras serve o propósito final da Glória de Deus que é a razão porque vivemos em primeiro lugar (Salmos 57:5) (Romanos 16:27) (Apocalipse 5:13)
JESUS CUMPRE TODA A LEI
(Mateus 5 - Versículo 17 a 18)
Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir.
Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido.
(No grego original)
[5,17] MÊ NOMISÊTE HOTI ÊLTHON KATALYSAI TON NOMON Ê TOUS PROPHÊTAS OUK ÊLTHON KATALYSAI ALLA PLÊRÔSAI
[5,18] AMÊN GAR LEGÔ HYMIN HEÔS AN PARELTHÊ HO OURANOS KAI Ê GÊ IÔTA EN Ê MIA KERAIA OU MÊ PARELTHÊ APO TOU NOMOU HEÔS AN PANTA GENÊTAI
(17 a 18) -Jesus veio para cumprir as profecias e a Lei; Os termos “destruir” e “abrogar” são a mesma palavra em grego (KATALYSAI) que significa: dissolver; desunir o que havia sido juntado; Destruir ou demolir um edifício; abolir; lançar por terra; render algo vão ou inútil; subverter ou anular.
Quando o apóstolo Paulo fala de nós (os salvos em Cristo Jesus) como “edifício” (Efésios 2:21) (1 Coríntios 3:9) ele está a referir-se à obra erguida que Jesus veio fazer cumprir. Os termos “consumado” (João 19:30) e “cumprido” (Apocalipse 21:6) atestam a respeito disto mesmo. Jesus é o cumprimento da vontade de Deus perfeita. Só Jesus podia de facto cumprir toda a lei e com Seu sacrifício verdadeiramente agradar a Deus. (Hebreus 10:6-14)