Investir tempo no Tempo, parece uma redundância que não faz muito sentido, pois a forma generalizada como o Homem foi aprendendo a ver, viver e usar o tempo tem partido da percepção inconsciente de que na verdade o Tempo é para ser "passado" e não gerido.
E isto também porque o homem pensa que o tempo lhe pertence, de modo a que desperdiçado ou não, ainda assim é para ser usado como se bem entende.
Na verdade a percepção da possessão, do acto de possuir alguma coisa, está directamente ligada à necessidade intrínseca de domínio, controlo e poder no Homem. Acreditamos possuir alguma coisa pela constante e contínua percepção do poder e a autoridade que julgamos exercer sobre ela.
Exemplos:
"Eu educo o meu filho como eu quiser"; "Na minha casa, minhas regras"; No meu corpo mando eu"; "faço com o meu tempo o que eu quiser"; "A vida é minha";
Quando partimos do pressuposto que a vida é nossa por possessão, ou a saúde, ou a consciência, ou o tempo, ou qualquer outra coisa que a existência nos conceda para gerir, então como lidamos quando estas simplesmente respondem de forma contraditória às nossas expectativas? Podemos nós verdadeiramente controlar a saúde? Pode o Homem garantir o percurso da sua vida após planeá-la com todo o esforço da sua inteligência? Podemos nós presumir controlar e dominar o Tempo que se reflecte nas 24 horas de um dia, na multiplicidade dos seus minutos e na imparável e decrescente contagem dos seus segundos?
Visto que os seus dias estão determinados, contigo está o número dos seus meses; e tu lhe puseste limites, e não passará além deles.
Jó 14:5
Cada ser humano, encontra no Tempo a derradeira exposição da sua vulnerabilidade, mediocridade, e insuficiência. Nada podemos para contornar o tempo, evitar os seus imprevistos, e reverter as suas imposições.
Faz-me conhecer, Senhor, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta quanto sou frágil.
Eis que fizeste os meus dias como a palmos; o tempo da minha vida é como nada diante de ti; na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade. (Selá.)
Na verdade, todo homem anda numa vã aparência; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas, e não sabem quem as levará.
Agora, pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em ti.
Salmos 39:4-7
A maioria pensa que está no controle das suas vidas, porque o tempo está embalando circunstâncias de benefício a seu favor, e mesmo que usado indevidamente, para muitos, ele é a riqueza que se esconde por trás de todos os "luxos" que a vida promete. Afinal só para quem a dada altura sente que lhe é roubado o tempo, é que se apercebe de facto da sua pobreza. Mais o que "o tempo ser dinheiro", o "tempo é vida".
Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;
Apocalipse 3:17
Para os Jovens o tempo é desvalorizado, mas para os de avançada idade um bem inestimável; Para os Livres o tempo é circunstancial, mas para os reclusos, é oportunidade.
O tempo é o relógio da vida, e como seria de esperar, não pára, nem espera por ninguém, e o curso dos seus ponteiros rapidamente transforma bebés em avós, amigos em estranhos, e momentos em memórias. O Tempo se não for entendido como o privilégio que Deus concede aos Homens para o arrependimento, ela não trará mudança nenhuma para a condição pela qual nascemos; a de sofrer pelo pecado, e por ele herdar somente a morte e a perdição eterna.
Por isso erramos continuadamente no percurso de uma vida; por isso conhecemos frustração, amargura, decepção, cansaço, impaciência, envelhecimento e por fim a morte; Por ele entendemos o valor das experiências, o propósito das provações e o sentido para a vida. O tempo mostra-nos que viver não é somente ganhar e gastar dinheiro pois muitos fazem disso prazer, para no fim morrerem pobres e desolados; O tempo também nos ensina que a vida não é conhecer pessoas e depois perdê-las, pois isso tiraria todo o valor que nós reconhecemos no privilégio de nos relacionarmos e nos amarmos uns aos outros; O tempo revela no fim que a vida não é crescer em saúde e conquistar o mundo, mas definhar depois até ser totalmente esquecido pelo mundo.
Se há algo que o tempo está preparado para demonstrar a todos quantos olharem para ele de frente é que ele se está a dissipar entre os nossos dedos como areia. Quem nunca ouviu a expressão: "o tempo urge"?
"Quem ri por último, ri melhor", é algo que o próprio Tempo poderia ter dito, se tivesse palavras para dizê-lo.
Mas então de onde procede o Tempo? Quem o criou? quem o domina? Só alguém ausente do Tempo, pode verdadeiramente "Ter" tempo. O termo "Aeternu/m" em Latim, significa além do tempo, inalterável, intemporal, sem princípio nem fim, infindável, infinito, Eterno.
A concepção temporal e comum da Eternidade, é algo que nós só podemos atribuir à Divinidade. E é precisamente pela perspectiva de um Deus eterno, que podemos entender melhor o favor do Tempo.
"Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso."
Apocalipse 1:8
Pela natureza absoluta de Deus que é o Criador de todas as coisas, só podemos entender que todas as coisas têm o propósito para as quais Ele as determinou. Se Ele também criou o Tempo, então não se move por este e como tal não depende dele. Um Deus que não precisa de tempo, que não é afectado pelo Tempo, que tem absoluto domínio sobre todas as coisas, incluindo a acção do Tempo na Sua Criação, é um Deus poderosíssimo, com uma perspectiva bem mais imediata de todas as coisas, e com um óbvio propósito para todas elas.
"Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite."
Salmos 90:4
"Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos,e mil anos como um dia."
2 Pedro 3:8
Nós que somos mortais, movidos por desejos superficiais, compreendemos o Tempo de uma forma bastante medíocre, afinal somos vítimas da acção directa que este exerce sobre nós, pelas escolhas que fazemos em consciência.
"Decida bem o que vai fazer hoje, pois estará a trocar um dia da sua vida por isso". (Arthur Shopenhauer)
Até o Homem que rejeita a Deus, concebe a importância do tempo, quanto mais um filho de Deus, que entenda a Sua natureza soberana.
O Tempo é o favor de Deus ao Homem, concedido para concretização da Sua vontade que é incontornável. Nós recebemos o Tempo com o único propósito de cumprir o propósito de Deus para nós.
Meditar neste pensamento é fundamental para ganhar a perspectiva verdadeira do Tempo, perspectiva essa que pode fazer toda a diferença na maneira de alguém ganhar consciência da importância que cada dia tem para cada ser humano, movendo a Humanidade como corpo colectivo a um propósito que em nada tem a haver com o acaso.
"Nós recebemos o Tempo com o único propósito de cumprir o propósito de Deus para nós".
- O que quer realmente dizer isto?
Ao começar um novo dia, projectamos a dispensação do tempo que cremos ter para dispor. Planeamos as tarefas diárias, repetidas pelo tempo, criando hábitos, rotinas, obrigações, deveres, hobbies, para preencher o nosso tempo da forma que acreditamos nos ser mais conveniente. Afinal a vida é nada mais que a contínua e repetitiva disposição de tempo, se a virmos de um ponto de vista básico e linear. Nós usamos o tempo na maioria para passar por ele. A maioria passa mais tempo do que o usa. Isto acontece porque o Homem vê o tempo como uma fonte ilimitada de oportunidades para a obtenção de prazeres e satisfações, e para cumprimento das suas vontades individuais. Mas o tempo não nos é concedido para o usarmos para cumprimento da nossa vontade, mas para cumprimento da Sua vontade (Vontade de Deus, que o dá).
A pergunta pertinente agora é - Mas qual é então a vontade de Deus para mim?
O favor do tempo ao Homem, é uma dádiva preciosa que recorrentemente esquecemos pela percepção de que este é um valor adquirido, que o tempo é nosso por direito, para usar da forma que entendemos. Mas se nós não entendermos primeiro o verdadeiro valor do tempo, como presumir que sabemos aplicá-lo da forma correcta?
A sociedade Humanista até na sua mediocridade superficial reconhece o valor do Tempo, contudo não o aplica da forma correcta, pela rebeldia que o impede de reconhecer simultaneamente que o Tempo não é verdadeiramente seu.
"Tempo é dinheiro"; é uma das grandes verdades do mundo materialista e a forma mais básica de reconhecer o valor do tempo. Mas o tempo na verdade não tem preço, pois o seu valor é inestimável; a comparação dele ao dinheiro só serve pra identificar a pobreza da condição humana face às verdadeiras preciosidades contidas no favor da vida. O mundo reconhece mais depressa o preço das coisas em detrimento do seu valor, e é por esta razão que está repleto de pessoas tão pobres, que a única coisa que têm é dinheiro.
-Então qual é realmente o propósito da vida, prolongada diariamente pelo favor do Tempo?
O precioso Livro de Eclesiastes, é por excelência a grande mina onde se podem peneirar inúmeras subtilezas sobre a qualidade e valor do Tempo. Uma riqueza inestimável, assinatura do Deus vivo, que por intermédio do Seu Espírito Santo nos concedeu por inspiração as seguintes palavras.
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha?
Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar.
Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim.
Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida;
E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus.
Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dele.
O que é, já foi; e o que há de ser, também já foi; e Deus pede conta do que passou.
Vi mais debaixo do sol que no lugar do juízo havia impiedade, e no lugar da justiça havia iniquidade.
Eu disse no meu coração: Deus julgará o justo e o ímpio; porque há um tempo para todo o propósito e para toda a obra.
Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como os animais.
Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade.
Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó.
Eclesiastes 3:1-20
Se alguém tem dúvidas sobre o propósito da sua vida; do que Deus predestinou para o Tempo que nos concede; ou como lidar apenas com a forma inesperada como a vida apresenta as suas variadas circunstâncias para nos testar, encontrará nesta passagem a resposta que procura.
De uma forma expositiva, é bom meditar sobre cada versículo, cada palavra, cada expressão, pois bem sabemos que as Escrituras estão completíssimas, não deixando margem para que nada seja dito de forma insuficiente, ou que se estenda além do que seja necessário; A bíblia é um Livro incisivo, extraordinário e profundo.
Príncipios a contemplar:
1 -A Eternidade de Deus, pela grandeza da Sua presciência (capacidade de prever, conhecer e antever todas as coisas antes que elas originem) determinou um propósito segundo o conselho da Sua vontade, para o fenómeno da Criação, despoletando a vida como a conhecemos, orquestrando um mecanismo autosuficiente, justo, perfeito, que simultaneamente Lhe confere toda a autoridade, soberania e domínio, e nos concede a nós Suas criaturas, responsabilidade pela nossa "Liberdade" conquistada pelo privilégio da consciência.
(Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dele. O que é, já foi; e o que há de ser, também já foi; e Deus pede conta do que passou. (Eclesiastes 3:14-15))
2 -O propósito da vida, tem sempre dois planos de visão, ou perspectivas a contemplar. A forma como nós enquanto seres limitados vemos a vontade de Deus, e a forma como um Deus de poder ilimitado planeia a Sua vontade. Ao observar o mundo somos diariamente confrontados com realidades que chocam entre si; realidades estas que denunciam na Criação dois destinos nitidamente opostos, contrários em natureza, destinados a oporem-se para nossa frustrante indignação. Pela ignorância de quem Deus é, e de qual é a Sua vontade, não podemos entender um mundo assim. No Universo, vemos tanta ordem, tanto engenho, tanta sintonia; e em contraste tanto caos, desordem e desiquilibrio. Vemos Beleza, vemos horrores, vemos amor e vemos violência; Somos elevados pela arte, e pela genialidade, e quebrantados pela maldade e pela mediocridade; Num mundo onde abundam as vozes professas da cultura, da arte, da ciência e da razão, abunda também a injustiça, a pobreza, a miséria e as atrocidades variadas que fazem o Homem questionar a vontade de Deus. A verdade em si é que notoriamente Deus permite estes contrastes tão chocantes entre o espanto e o horror, a sublimação e a destruição, para que nós enquanto seres conscientes possamos entender o porquê; possamos ser confrontados com as verdadeiras questões em relação à nossa própria natureza. Nunca é a natureza de Deus em questão nas evidências de um mundo dúbio. As duas vertentes então servem para que vejamos o Mundo que Deus fez; E o mundo que nós criamos. A beleza que Ele nos Deu, e os horrores que nós proporcionamos por ela; A genialidade que Ele nos proporcionou, e as abominações que nós fizemos com ela.
Deus não me prova para me conhecer, prova-me para que eu me conheça. E o Tempo é o favor que Ele estende para que cada um seja incriminado na sua própria consciência e rebeldia.
(Vi mais debaixo do sol que no lugar do juízo havia impiedade, e no lugar da justiça havia iniquidade. Eu disse no meu coração: Deus julgará o justo e o ímpio; porque há um tempo para todo o propósito e para toda a obra. Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como os animais. (Eclesiastes 3:17-18))
3 -A compaixão de Deus pela Humanidade é visivelmente percebida pelo favor do Tempo. O tempo que se estende por anos, cada dia renovado, é a extensão visível das múltiplas oportunidades que Deus nos tem proporcionado para cumprimento da Sua vontade. Esta vontade é facilmente percebida pela propagação do Evangelho de Cristo e a divulgação de um Reino dos Céus, onde haverá outra Justiça, outra beleza, onde o Tempo já não será necessário.
A vontade de Deus é simplesmente a Salvação do Homem, o seu resgate para a eternidade, proporcionada pelo sacrificio que Ele mesmo operou vindo até nós para nos dar a chave do Seu reino; e o Tempo é apenas a multiplicação da Sua misericórdia, a renovação contínua da Sua Graça, e a propagação paciente do Seu amor por nós. Este é o Tempo que Ele predestinou para cada um, para que trabalhemos na nossa vida Espiritual, para que sejamos confrontados com a nossa natureza, para que sejamos abalados na nossa própria consciência, e então descobramos toda a Glória que Deus reservou em Cristo, o Centro da Criação, e a expressão da Vida Eterna.
Não vivemos para descobrir a felicidade, nem tampouco para a realização pessoal; Não existimos para descobrir o nosso propósito na Criação, ou muito menos para passarmos cá um bom tempo.
Vivemos para descobrir a Cristo, a Única expressão da felicidade; Vivemos para nos realizarmos na obra que Cristo fez na Cruz por todos nós, rendendo-lhe a adoração que Lhe é devida. Existimos exclusivamente para descobrir o propósito de Cristo na Criação, e a Sua centralidade no Universo; vivemos para descobrir que Cristo é a porta para que possamos entrar no Seu Reino e passar a Eternidade com Ele.
Porque temos nós na realidade trabalhado? Com que propósito acordamos todos os dias, e nos deitamos a cada noite? Deus alegra-se em nos dar alegrias, tem prazer no nosso prazer, e por ser um Deus pessoal, um Deus presente, Ele se alegra em proporcionar a cada um de nós as oportunidades que Ele sabe que cada um precisa, independentemente de serem vistas por nós como agradáveis ou inconvenientes; afinal que sabemos nós do futuro, e do resultado final de cada desafio que a vida nos apresenta? O desejo que move as provações que Deus opera em nós é primeiramente a consciencialização necessária da vida mundana em contraste com a vida eterna. Cada um de nós recebe pela realidade pessoal em que se encontra, as ferramentas necessárias que aprouve a Deus determinar nesse sentido; a felicidade mundana é apenas um extra que vem e vai para aprendermos a valorizar o Tempo.
(Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha? Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar. Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim. Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida; E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus. (Eclesiastes 3:9-13))
4 -A importância da gestão do Tempo é se calhar a mensagem mais evidente em eclesiastes, mas também a mais relativizada nos dias de hoje. Até para muitos Cristãos actualmente, existe uma dificuldade enorme em entender que o Tempo não nos pertence, assim como o privilégio da vida também não. Se o Tempo não nos pertence, então todo o tempo usado indevidamente é uma irresponsabilidade; todo o tempo gasto apenas para "passar o tempo" é uma afronta, e todo o Tempo perdido em coisas que não convém, uma manifestação de inegável ingratidão. Sabemos que o Tempo pertence a Deus, que o dá não indiscriminadamente, mas suficiente para que cada um de nós segundo a realidade em que nos encontramos tenhamos as oportunidades necessárias para conhecê-Lo, reconhecê-Lo, e por conseguinte, servi-Lo, e ultimamente Adorá-Lo. A Graça de Deus é tanta que Ele ainda nos dá tempo extra para usar de forma saudável para aproveitar as maravilhas que o mundo proporciona. Mas o que Deus espera, e exige daqueles a quem Ele concede o favor do Tempo, é que o Tempo seja primeiramente usado para a Sua glória, no serviço da Sua obra, pois é o primeiro passo para descobrirmos o que irá ser, a rotina da Eternidade.
Aliás o Tempo cá, na perspectiva terrena só serve para nos demonstrar a riqueza que será viver fora do Tempo, além do Tempo, num novo formato de consciência e lucidez intemporal, expressa pela própria presença do Deus infinito que habitará connosco.
O tempo diário deve ser então visto como fundamental, cada hora, minuto e segundo devem ser percebidos interiormente por actos de extrema generosidade que Deus nos concede; cada dia deve ser motivo para acção de graças; cada oportunidade que o Tempo nos concede, razão para praticar a responsabilidade, o respeito e a reverência que Deus merece, rendendo-lhe em consciência toda a Glória que Lhe é devida.
Quando temos na verdade a verdadeira consciência do favor do Tempo, somos mais sóbrios, mais responsáveis, mais humildes, pois sabemos que nada merecemos além do Tempo, e que só a consciência do seu valor é recompensa mais do que suficiente. Desta forma fica mais fácil sonhar, projectar, investir tempo, trabalhar e viver. Se um sonho foi frustrado, a benção em si foi o privilégio de poder ter tido um sonho; Se um projecto correu mal, que benção é poder ter tempo para colocar projectos em prática; Se o investimento do tempo, traz problemas, que benção é ter tempo para lidar com eles; Se o trabalho é cansativo e desgastante, que maravilha é poder ter tempo para arranjar tempo para descansar.
A falta de tempo é a morte, pois ela cancela tudo, menos a Verdade. Essa é eterna, e o tempo não tem poder sobre ela. E a Verdade de Deus para nós vem a tempo, para que em Tempo possamos ainda alcançar o Seu favor. As desculpas de falta de tempo, é no fundo a falta de consciência de quem na verdade o Tempo pertence. Se queremos usar o tempo para todas as tarefas, todas as responsabilidades mundanas, para todos os sonhos, projectos e investimentos pessoais, e jamais encontramos tempo para aplicar nas coisas que não são deste mundo, então na verdade não somos cidadãos desse novo mundo, pois a nossa prioridade está colocada neste.
Consideraramos o Tempo para a familia, para os amigos, para o patrão, para os prazeres, e para todas as outras actividades que nos consomem o tempo, porque consideramos estas coisas importantes, necessárias, irremediavelmente parte da nossa responsabilidade enquanto pessoas. Isto acontece porque existe em nós a sensação de dever e de obrigação para com as coisas do Mundo, mas muito pouca gratidão e sentido de responsabilidade ou obrigação para com as coisas Divinas.
(Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. (Eclesiastes 3:1-8))
Aqueles que não conhecem a Deus, não conhecem na verdade a acção do Tempo, nem reconhecem o seu favor. São pessoas que vivem a ilusão de que o tempo de viver é para se passar um bom tempo; ou seja passar pelo Tempo, sempre com a ideia que ainda vão a tempo: "Ainda vou a tempo de mudar"; "ainda tenho tempo para pensar nisso"; "Com o tempo, eu logo faço"; "Tenho todo o tempo do mundo".
Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; passamos os nossos anos como um conto que se conta.
Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando.
Quem conhece o poder da tua ira? Segundo és tremendo, assim é o teu furor.
Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.
Salmos 90:9-12
Cada ano que passa, as pessoas professam palavras de mudança, palavras de esperança também, sempre usando o Tempo como uma garantia que lhes dá legitimidade para viverem as suas vidas conforme lhes apraz, esperando sempre de forma positiva que tudo irá correr bem, segundo o seu conceito superficial sobre o propósito da vida. Quando confrontados com o que fazem com o "seu tempo", ostentam confiança, e exibem algum conforto que encontram apenas na sua expectactiva sobre o que o Tempo lhes reserva; muitos crêem até que desde que passem "um bom tempo", foi um tempo bem usado.
Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.
Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo.
Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória tal como esta é maligna.
Tiago 4:14-16
Qualquer tempo usado de forma tão arrogante e displiciente, é desperdiçado e perdido para sempre. Quantas pessoas levantam copos para celebrar dia 31 de Dezembro, anos desperdiçados, que resultam com o passar do tempo em vidas desperdiçadas, sem um único momento de lucidez em relação à importância do Tempo.
A expressão "O tempo urge", é um dizer popular, que a maioria nem entende, e por isso desviam os olhos do ponteiro que gira sobre a Terra, e da ampulheta que escorrega as areias do tempo que Deus determinou para a volta de Cristo, que virá para celebrar o fim do Tempo, e o ínicio da Eternidade.
O fim dos tempos como expressão apocalíptica é nada mais do que o propósito do Tempo sendo cumprido, Tempo esse que só um Deus eterno poderia conceber, e esperar, para firmar o Seu amor, a Sua paciência, e a Sua tolerância para com a rebeldia do Homem, trazendo a Sua justiça e o Seu Juízo no Tempo que Ele assim determinou.
Colocar a nossa fé no sacrifício expiatório de Cristo no Calvário para a salvação, é uma questão para o presente, e não para depois. É agora que ainda se está a Tempo; Agora enquanto há tempo.
E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão
(Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação).
2 Coríntios 6:1,2
Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz
(Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade);
Aprovando o que é agradável ao Senhor.
E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as.
Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe.
Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta.
Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.
Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,
Remindo o tempo; porquanto os dias são maus.
Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.
Efésios 5:8-17
Quem sabe você ainda vai a tempo de ter Tempo.