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JUGO   DESIGUAL

A ideia de desigual ou de desigualdade é percebida quando existe contrariedade na natureza de duas coisas associadas em comparação; Ou seja, coisas contrárias, ou opostas apresentam-se segundo naturezas diferentes, ou desiguais.

Perceber a desigualdade em 2 naturezas opostas é possível sem grande esforço pois na prática da experiência, são desproporcionais de parte a parte. Portanto, sejam coisas, valores ou pessoas, se demonstram estrutura, direcção ou propósito não concordante nós as entendemos como desiguais.

O termo "Jugo desigual" serve para identificar tentativas inúteis de juntar coisas que estão naturalmente separadas por não servirem o propósito da união, que é na verdade a completude, na função prática de completar, ou servir a mesma função ou propósito; Ter o mesmo alinhamento; estar em sintonia concordante; 

O Jugo na verdade é uma peça feita de madeira que é utilizada para unir dois bois, para que andem no mesmo compasso enquanto puxam um arado ou uma carroça. 

No sentido figurado, jugo significa: Alinhamento; submissão, obediência, autoridade, domínio, sujeição.

 

-O que é então o "Jugo desigual" segundo a Bíblia? 

Habitualmente o termo "Jugo desigual", é usado para descrever relacionamentos entre um "Crente" e um "descrente" (um salvo e um ímpio) de forma a salientar as discrepâncias entre ambos, no sentido de evidenciar, que essas pessoas em questão muito provavelmente não são "certas" ou "ideais" uma para a outra, pelas evidências nos comportamentos e prioridades pessoais, mas muito principalmente nos valores que movem ambos, sendo que um tem valores Cristãos de alguém que nasceu de novo, e outro de valores sustentados na impiedade e na rebeldia contra Deus (condição natural de todo o Homem não regenerado); Isto é a noção mais comum, contudo o jugo desigual é muito mais que apenas isto;  

 

O JUGO DESIGUAL É FRUTO DE UM CORAÇÃO DIVIDIDO

O jugo desigual é a forma como um Crente liga directamente com as suas relações e relacionamentos, ou seja como lida com tudo com que se relaciona, sejam circunstâncias, pessoas, projectos, compromissos, Alianças, Parcerias, expectativas, sonhos, mas muito principalmente com os Valores (Bíblicos) que tem, e que defende. Esta questão dos Valores, para um Cristão, deve reflectir a óbvia regeneração e renovação da mente e do coração, para a sintonia com a vontade e os planos de Deus, reflectindo a "Mente de Cristo" (1 Coríntios 2:16).

E vos renoveis no espírito da vossa mente;
E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.

Efésios 4:23,24

Ora a sintonia com a vontade de Deus não pode de forma nenhuma estar na mesma sintonia com o amor ao mundo;

Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.
Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.
E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.

1 João 2:15-17

Se temos a mente de Cristo, porque decidimos voluntariamente contrair afectos emocionais e dividir a vida e o nosso tempo com pessoas que O desprezam e odeiam? Porque amamos ambientes que Ele desaprova? Porque nos envolvemos em compromissos que O desonram? Ou amamos sonhos que nos afastam Dele?

Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?
Amós 3:3

-Porque razão alguém que nasceu de novo, procuraria encontrar coisas em comum para constituir intimidade com alguém que só nasceu uma vez? Intimidade com a impiedade é algo que reflecte a mente de Cristo?

A Bíblia ensina-nos a "não comunicar com as obras infrutuosas das trevas" (Efésios 5:11), e não a criar relacionamentos com elas; Da mesma forma que nos ensina a "condená-las", não a justificá-las.

Pessoas crentes e salvas tendem a fazer o oposto do que instrui a Palavra de Deus porquê? Por causa do amor ao mundo e da divisão emocional à qual estão presas, não exercendo todos os dias a mortificação da carne e a auto-negação.

Leia-se:

Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria;
Colossenses 3:5

em grego:

[3,5] NEKRÔSATE, OUN TA MELÊ UMÔN, TA EPI TÊS GÊS: PORNEIAN, AKATHARSIAN, PATHOS, EPITHYMIAN KAKÊN, KAI TÊN PLEONEXIAN, ÊTIS ESTIN EIDÔLOLATREIA;

A "Afeição desordenada" (PATHOS) e a "vil concupiscência" (EPITHYMIAN KAKÊN) são o grande problema dos crentes "emocionais" e não "espirituais".

O termo grego "Pathos" (πάθος) fala de emoção, mas da emoção que sobrevém sobre alguém como uma aflição, daí o termo "desordenada" na tradução; uma emoção que pode ser boa ou má na consciência de quem a experimenta, mas que no uso do Novo testamento refere-se a uma emoção conduzida por um coração enganoso e perverso exactamente como descreve Jeremias (Jeremias 17:9). O termo também deu origem à palavra "caminho" como uma opção emocional de seguir-se uma determinada direcção. Em inglês a palavra "caminho" é "Path" de "Pathos" e designa o caminho individual (e emocional) que cada pessoa escolhe para si.

Os caminhos dos homens, leva-os a contrair "afeições desordenadas" pois nós naturalmente queremos caminhos de satisfação, onde as nossas vontades são concretizadas e não a vontade de Deus.

-Que diz a Bíblia sobre estes caminhos emocionais do homem segundo o termo "Pathos"?

Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.
Provérbios 14:12

​O termo "Vil concupiscência" segue-se porque está no mesmo registo de "Pathos"; Em grego "Epithymía" (ἐπιθυμία) fala de desejos ilícitos para fazer o que é contrário ou proibido; fala de um desejo que se aloja em nós para nos persuadir a seguir determinado caminho que não convém; uma vontade contagiante que nos consome; Veja como ambos os termos descrevem perfeitamente aquela vontade rebelde e desenfreada do coração humano que todos nós já experimentamos.

Note-se que o versículo antes de referir qualquer dessas coisas que não convém, logo começa a indicar que as devemos "mortificar" (NEKRÔSATE); O termo fala de "Matar" (Nekróō) em nós essas coisas, e refere ainda que todas elas são "Idolatria". O termo "matar" aqui aponta para: entregar à morte; chacinar; desprover de toda a sua vitalidade e força; extinguir o seu poder;

-É assim que nós fazemos com o "Jugo desigual" quando ele se apresenta nas nossas vidas para nos dividir? 

No âmbito da saúde da Igreja, O Apóstolo Paulo refere aos Coríntios a necessidade de não nos prendermos a um jugo desigual com aqueles que não partilham do nosso amor, sujeição e dependência de Deus. Para isto ainda nos revela que embora alguns até pareçam que são dos nossos, suas obras comprovam que não o são, o que deve determinar naturalmente um afastamento consciente:

Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem;
Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo.
Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.
Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro?
Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai pois dentre vós a esse iníquo.

1 Coríntios 5:9-13

Paulo aqui fala de 2 tipos de "associação"; uma é com os ímpios professos que se apresentam como tal, de postura firmemente oposta ao do crente, descritos como "os devassos deste mundo", e com os que "Dizendo-se irmãos" se comportam como os do mundo. Ou seja, nem com os que professam resistência e oposição a Deus honesta (embora seja difícil toda e qualquer a associação, dado que vivemos no mesmo mundo que eles) as principalmente àqueles que fingem através da aparência, uma suposta sintonia com a nossa fé, mas que são iguais aos primeiros em essência. Os segundos são ainda mais graves, pois sua aparência dúbia torna mais difícil a separação.

O termo "os que se prostituem" descreve pessoas que fingindo ter um relacionamento com Deus, têm adulterado com o mundo através de relações idólatras. A ideia do "relacionamento com Deus" ser associado à fidelidade entre um casal remete para os conceitos de Cristo como O Noivo, e a Igreja, sua Noiva (Apocalipse 19:7) (Apocalipse 21:2) (João 3:29) (Efésios 5:23-25); Desta forma a prostituição, é um caso de "adultério" espiritual, em que pessoas professam ter um relacionamento de fidelidade com Cristo e de igual forma, querem os amores do mundo em regime de prostituição.

Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?

Tiago 4:4,5

O Jugo desigual portanto aponta para o relacionamento impróprio em que um filho de Deus se deixa relacionar intimamente a um nível emocional com o mundo; Sendo que o mundo aqui representa inúmeros estímulos que procedem do que se torna um objecto idólatra, em que não existe cumplicidade espiritual além da realidade terrena perecível. Tudo aquilo que nós fazemos no mundo, em que depositamos nossas emoções, tempo e prioridades que não está na mesma sintonia com as coisas eternas, e nos impede de as perseguir pela "divisão emocional", torna-se um ídolo, e um relacionamento adúltero em espírito.

Diz Paulo na segunda carta aos Coríntios:

Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?
E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?
E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei;
E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.

2 Coríntios 6:14-18

O problema dos coríntios era que seus afectos para com os irmãos e para com Deus estavam a ser comprometidos por causa de afectos mundanos mal direcionados; Diz Paulo uns versículos antes:

Não estais estreitados em nós; mas estais estreitados nos vossos próprios afectos.
2 Coríntios 6:12

Um cristão que se define por prioridades onde o mundo tem a primazia à Igreja e aos irmãos em Cristo, e onde a carne tem prioridade ao espírito, não está "estreitado" no caminho (Pathos) certo!

Quando falamos obviamente de coisas que nos definem, e que definem a nossa conduta Cristã, temos que entender a contrariedade que existe entre elas e o mundo; por isso mesmo o Senhor Jesus afirmou que "nós não somos do mundo, como Ele do mundo não é" (João 17:16).

Não é por as pessoas terem "gostos", "preferências" ou "opiniões" diferentes, que nos devemos imediatamente afastar, ou agir com intransigência; Sabemos que o mundo sempre terá visões diametralmente opostas a nós crentes.

Deturpar o sentido do distanciamento bíblico, numa espécie de elitismo espiritual é um absurdo. Nós não somos deste mundo, mas vivemos temporariamente rodeados de pessoas contrárias à novidade de vida que agora recebemos. Como tal, é necessário haver da nossa parte noção daquilo que Deus pede de nós em termos de conduta, testemunho e propósito. Por esta mesma razão somos exortados a "se possível" ter paz com todos os homens" (Romanos 12:18), cumprindo com a responsabilidade de sermos pacificadores e de sermos "sal e luz" no mundo (Mateus 5:13-16). Fomos feitos para brilhar e dar sabor ao mundo, e não para nos imiscuirmos com ele ao ponto de a nossa luz se tornar ténue e o nosso sabor insípido. Há uma diferença entre a realidade de vivermos no mundo para abençoar os que estão no mundo, e nos misturarmos com ele ao ponto de nós mesmos perdermos a bênção.
 

Nós devemos nos aproximar dos ímpios por iniciativa para: praticar a caridade e o socorro; para dar poderosos testemunhos da Graça de Deus nas nossas vidas; para evangelizar e consciencializar do pecado; para condenar as obras infrutuosas das trevas; para dirigirmos os perdidos à Luz de Jesus; para demonstrarmos uma fidelidade contagiante a Deus que inspire os ímpios a buscá-Lo; mas não podemos fazer parte do mundo com intimidade e proximidade de coração buscando relacionamentos que nos impeçam de viver em coerência.

 

Ninguém pode se misturar intimamente com o mundo, para de seguida anunciar que é necessário a separação do mundo! Que cabimento tem alguém consciencializar alguém do perigo "do barco do outro prestes a afundar", saltando para dentro do barco com ele, se dá para anunciar a mesma mensagem permanecendo no barco que não mete água, ancorado no "Porto seguro"? 

Não será o objectivo fazer os outros saírem do "barco" cujo destino é o naufrágio, apelando ao bom senso, mostrando-lhes a condição e estado da "falsa segurança" em que se encontram, do lado de fora onde há segurança longe do perigo? 

"Coisas em comum" com os ímpios sempre haverá pelo lado carnal que nos une, mundanamente falando; somos todos pecadores com paixões superficiais, contudo, se queremos andar em novidade de vida, existem princípios base que nos regem que são opostos aos das pessoas não convertidas, e inevitavelmente isso vai criar divisão e conflito.

Temos pela carne muitas coisas em comum com os ímpios, mas nós "não vivemos mais segundo a carne, mas segundo o Espírito":

De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne.
Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.
Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus.

Romanos 8:12-14

Infelizmente o crente dos dias actuais pouco ou nada se distingue dos não convertidos o que aponta para "conversões secularizadas" e muito mundanismo instalado no seio cristão. 

Embora o mundo até afirme que "Os opostos atraem-se", nós que somos cidadãos de um novo mundo, sabemos que não há nem pode haver de Verdade comunhão entre a Luz e as Trevas; 

O Cristão deveria ter um discernimento maior, relativamente à realidade da Eternidade, meditando nas inúmeras diferenças que existem entre a Igreja e o mundo, impedindo a atracção natural aos opostos que o mundo aplaude.

Convém sempre lembrar que o Jugo desigual entre um crente convertido e o mundo sempre estará associado a conflito e divisão:

  • -Ou levará o crente à apostasia pela contínua exposição a tentações e estímulos de mornidão e apatia espiritual pelas quais ele se sentirá eternamente dividido entre agradar a Deus e a si mesmo;

  • -Ou levará o crente a submeter-se a um contínuo conflito com aqueles do mundo a quem se associa em intimidade desnecessária;

Sabendo que os ímpios enquanto não se convertem, estão ainda sob os grilhões do pecado, sem O Espírito, "vivendo segundo as concupiscências da carne" (Gálatas 5:16) é contraditório do ponto de vista da integridade espiritual uma empatia pela comunhão directa e contínua com eles; 

-Os ímpios têm prazer na sua companhia e você na deles? 

Jesus falou que o crente convertido "seria odiado de todos neste mundo" (Mateus 10:22) (Mateus 24:9), como Ele também foi odiado; Ora se nós não somos "odiados" pelo mundo, a evidência é que nós estamos muito longe de sermos parecidos com Jesus, pois é a semelhança com Ele que nos torna odiáveis. Se o mundo nos odeia porque primeiro O odiaram a Ele, isso indica que é a presença Dele em nós que nos torna alvos fáceis do ódio dos ímpios. 

Portanto:

-O mundo quando olha para você, vê Jesus e ainda assim o ama? 

-Você ama de volta um mundo onde O Jesus que você ama não tem lugar?

Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.
Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.

João 15:18-20

Jesus refere que à semelhança Dele, nós enfrentaremos somente 2 tipos de pessoas no mundo:

  • -uns serão perseguidores por estarem em inimizade contra a Sua Palavra;

  • -Outros passarão a perseguidos, sendo odiados por causa da Sua Palavra;

 

-Qual Deles é você?
 

Muitos crentes actuais pretendem ser uma versão Híbrida entre estes 2 opostos, mantendo-se neutros a todo o custo entre uma realidade e outra. Nós temos no exemplo de Paulo, que ele era perseguidor da Igreja (1 Timóteo 1:13) (Filipenses 3:6) e assim que se converteu ao Senhor Jesus, passou imediatamente a ser perseguido (2 Coríntios 4:8,9) (Colossenses 1:24).

-Isto aconteceu com você?

-Você enquadra-se na Descrição de Pedro aos Crentes dispersos quando ele diz:

Para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus.
Porque é bastante que no tempo passado da vida fizéssemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias;
E acham estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução, blasfemando de vós.

1 Pedro 4:2-4

-Ou você continua a fazer a vontade dos que andam no mundo, de tal forma que eles não achem nada de "estranho" com você?

É preciso ter bem presente que fugir de um "Jugo desigual" não significa fugir das pessoas; Simplesmente que devemos lidar com as almas perdidas deste mundo com afecto e simpatia, cordialidade e disponibilidade para testemunho de fé sempre com o devido distanciamento para nos protegermos das tentações a que eles nos podem submeter, sendo eles mesmos, ainda, escravos do Diabo; Contudo, quando o nosso contacto com o mundo revelar contrariedade ou oposição no que diz respeito às Verdades das Doutrinas Bíblicas pelas quais nós Cristãos nos movemos, então não é apenas uma questão de "divergência de prioridades", de "diversidade na sensibilidade", ou de "liberdade na diferença" mas uma questão de "inimizade e guerra espiritual" pedindo de nós um posicionamento distinto.

Como é de lembrar não é contra a carne e o sangue que lutamos (as pessoas em questão) (Efésios 6:12) mas contra O Diabo e seus exércitos das trevas, que agem através dessas pessoas. Devemos portanto amar as almas perdidas; interceder por elas; testemunhar para elas; consciencializá-las do seu estado espiritual; repreender e condenar suas obras feitas por influência do Diabo; sempre mantendo a "guarda" espiritual pela qual pretendemos preservar a nossa santificação que é a razão porque estamos neste mundo. 

Toda e qualquer tentativa de se imiscuir com a impiedade com o intuito de "convertê-la" em Santidade é inútil, pois a intimidade carece da permissão pessoal recíproca, o que permite ao mal entrada directa nas nossas vidas, pela "porta" que nós próprios abrimos em ignorância.

O Espírito de Deus tem "ciúmes" porque razão? Porque o relacionamento que O Espírito tem connosco é prejudicado nessa "divisão" em que nós movidos pelas melhores atenções acabamos servindo mais o mundo do que a Deus.

JUGO DESIGUAL É INUTILIDADE

Se tomarmos o exemplo prático do Jugo; 2 bois presos ao jugo virados para direcções opostas ou indevidamente alinhados, não produzirá bons resultados pois um forçará o outro constantemente a um caminho diferente, e ou um é carregado contra a direcção oposta que pretende ir, ou ambos exercerão a mesma força, não indo a lado nenhum.

Quando os bois estão em jugo desigual, eles não podem executar a tarefa que está diante deles. Em vez de trabalhar juntos, trabalham um contra o outro. Desta forma não há produtividade, porquanto não cumprem o propósito para o qual foram destinados, tornando-se juntos potencialmente imprestáveis. Ou seja, é um jugo que não serve para nada, a não ser para a frustração.

Quem não partilha da mesma Fé, não pode de maneira alguma estar em sintonia com quem já foi regenerado. A falta de sintonia gera falta de harmonia, e sem ela, há choque, discussão, impasse, e infelizmente no que diz respeito a concessões e cedência, é sempre o Cristão que fazendo-se munir da sua "longanimidade" acaba por ceder em defesa da paz e harmonia corrompendo o seu relacionamento com Deus, que, (não se engane) - é sempre afectado.

A seguinte passagem explica bem esta grande diferença no modo de encarar a vida.

E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente.
Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração;
Os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza.
Mas vós não aprendestes assim a Cristo,
Se é que O tendes ouvido, e Nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus;

Efésios 4:17-21

Sempre que você (cristão) estiver prestes a pecar perseguindo um "Jugo desigual" através da sua vontade pessoal confundida com a vontade de Deus, lembre-se primeiramente que você foi comprado por Deus através do sangue derramado de Jesus (1 Coríntios 6:20) sendo assim Sua propriedade. É portanto a vontade Dele e não a sua que deve ser honrada e claramente que a vontade Dele não são "Jugos" pelos quais nós nos tornamos pesados e divididos espiritualmente.

Jesus disse: "o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mateus 11:30) atestando que Ele deve ser Aquele a quem devemos estar "presos" se quisermos ir a algum lado nesta vida. Esta mensagem é bem diferente da afirmação que Jesus fez dos fariseus e do "seu jugo" (Mateus 23:4).

"Jugo" (ZYGOS) fala de uma barra de balanço (como a barra de uma balança) usada para "unir" 2 lados e encontrar o peso de tudo quanto for posto à prova. Fala ainda de junção de 2 corpos juntos para trabalhar a mesma obra, e está portanto directamente ligado também à escravidão com que animais e até pessoas eram ligados um ao outro. Neste sentido figurativo, Jugo e fardo estão associados pois o "jugo" unia para o carregar conjunto de um "fardo".

Antigamente corria o hábito de se prender um "Boi" mais jovem e dinâmico, a um "Boi" mais experiente, pois havia um balanço entre os 2 de forma a obter de um a força e a resistência, e do outro a técnica e a direcção. Jesus na sua analogia quando refere Seu "Jugo" e Seu "Fardo", Ele está literalmente a dizer a cada um de nós que mesmo que sejamos fracos, impotentes, inúteis, e que não possamos trazer nada para esta "União com Ele", ainda assim, Ele trará sozinho a força, resistência e direcção, tornando-nos habilitados ao serviço, no que diz respeito ao carregar "os fardos da vida". 

O Termo "Fardo" (Phortion) de onde vem o termo "porção" trata literalmente da carga individual que cada escravo tinha de carregar. Jesus carregou na cruz os fardos de todos nós, para que tivéssemos uma vida plena de "facilidade" em lidar com os peso da vida.

Diz a Palavra:

A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele.
Lamentações 3:24

O JUGO DESIGUAL E O SERVIÇO A 2 SENHORES

 

(Mateus 6:24) e (Lucas 16:13), referem ambos esta Divisão no espírito de inutilidade, que é um comportamento de contrariedade e indecisão, pedindo uma decisão pessoal de posicionamento efectivo.

"Servir a 2 Senhores" é a condição de muitos que se assumem Cristãos; Com os lábios professam amor a Deus, e com os comportamentos, denunciam amor ao Mundo. Exactamente o que Deus disse a Isaías a respeito do povo Judeu: "Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído;" (Isaías 29:13)

Jesus diz o mesmo aos fariseus citando Isaías (Mateus 15:8) de forma a salientar que a boca deve estar em sintonia com o coração, da mesma forma que as obras estão de acordo com o compromisso de prioridade.

Se alguém tem um compromisso de fidelidade com O Senhor, é Ele que detém a relevância prioritária na altura de tomar decisões e fazer escolhas. Quem ama ao Senhor não tem um coração dividido!

A ordem perfeita de prioridades, é para "buscar primeiro o reino de Deus e a Sua Justiça" (Mateus 6:33) SEMPRE! Esta ordem fiel nas prioridades, não pode surgir antes da negação, pois é a negação de si mesmo que leva consequentemente a uma capacidade de obedecer a esta ordenança. Se alguém está dividido, é somente porque não se está a "negar a si mesmo" como devia.

Note-se que a "auto-negação" é um dos 3 requisitos imprescindíveis da conversão, conforme Jesus indica:

E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
Lucas 9:23

"Negar-se", "carregar a cruz" e "seguir" tem uma ordem específica a cumprir, estando o acto de renúncia no primeiro passo.

Se você tem dificuldade em negar-se a si mesmo, você tem a certeza que já "segue a Jesus"?

Buscar primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça, não é uma sugestão do Senhor Jesus, que fica ao nosso critério dar prioridade ou não como se isso não afectasse em nada o nosso relacionamento com Ele.

Jesus deixa claro que não dá para servir 2 Senhores simultaneamente, portanto é uma escolha que muda completamente a realidade do posicionamento. Deus e o mundo são 2 senhores que representam 2 posições opostas.

Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
Mateus 6:24

A Passagem usa várias vezes algumas orientações no tempo "imperativo" para passar a ideia de "ordens" no caminho da obediência e sujeição. "Não ajunteis na Terra; mas Ajuntai no céu"; "Não andeis cuidadosos; mas olhai para as as aves"; "Não andeis pois inquietos; mas buscai primeiro";

Não "isto", Mas "aquilo" é a indicação de uma postura errada, contrapondo com a conduta correcta. Literalmente Jesus nos está a dizer: "Não o mundo, mas Eu" tenho toda a prioridade aos olhos de quem me ama"; Jesus apontou 2 extremos opostos: "amar um" e "desprezar outro"; Contudo você pensa que pode amar ambos, e desprezar nenhum.

Sendo "Mamom" um símbolo para "mundo" representado também na figura do "dinheiro e riquezas", é evidente que Jesus queria dizer que "O teu senhor" é aquele a quem teu tempo está destinado.

As distrações do mundo que a Bíblia aponta e descreve (2 Timóteo 2:4) (1 Coríntios 7:32) podem estar impedindo a sua vida espiritual de verdadeiramente se alinhar com as prioridades de Deus.

Em Mateus 6 o termo "Cuidadosos quanto à vossa vida" (Mateus 6:25) fala de preocupados ou ansiosos, mas o termo original vai ainda mais longe e aponta para "distraídos ou Divididos" (Merimnate);

Sempre que é referido uma ocupação extrema com "cuidados da vida", "Muitos serviços", "Muitas coisas", é associado um tom de ansiedade, preocupação ou inquietação. O termo aparece como "MERIMNATE" (Mateus 6:25); "MERIMNÊSÊTE" (Mateus 6:31); "MERIMNAI" (Marcos 4:19); "MERIMNAIS" (Lucas 21:34); "MERIMNAS" (Lucas 10:40,41) e sempre expressa demasiada atenção a coisas superficiais, ou algo que compete com a atenção dada àquilo que convém.

A raíz MERIZO destas palavras significa literalmente "DIVIDIDO"; num impasse entre 2 direcções opostas;

Uma forma evidente de nos apercebermos da nossa lealdade e fidelidade, é a maneira hipócrita com que pronunciamos devoção incondicional a Deus, e ao mesmo tempo, seguimos a prioridade dos desejos e distrações do mundo. São até várias as vezes que seguimos o nosso coração, dizendo para nós mesmos que essa pode bem ser a "vontade de Deus", ainda que saibamos conscientemente, que na verdade essa é uma vontade somente nossa.

Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz;
Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!

Mateus 6:21-23

 

Os olhos representam a atenção que nós depositamos em determinadas coisas. Ninguém pode cobiçar aquilo que nunca viu. Se muitos crentes cobiçam o mundo constantemente, em vez de cobiçarem as coisas celestiais que dizem respeito à eternidade nos céus, é porque nunca viram a Deus.

-Como é que algo que sirva para nos dividir e desviar das nossas prioridades para com Deus seja possivelmente a vontade de Deus? Acaso Deus agrada-se quando a nossa vontade e conveniência joga a Sua vontade e relevância em segundo plano?

Curioso é perceber como para quem persegue voluntariamente jugos desiguais, "o suposto plano de Deus" daquele que está em rebeldia, vai sempre ao encontro da satisfação das suas vontades pessoais que em nada parecem glorificar a Deus, mas tão somente proporcionar satisfação de desejos.

Estes jugos desiguais sempre acabam por criar divisão entre o crente e O Pastor ou a Igreja, o crente e a família, o crente e o discernimento, o crente e a Verdade Bíblica.

E ao perseguir o jugo desigual, lentamente começa o crente a adoptar hábitos mundanos, a ter menos tempo para o seu relacionamento com Deus, a fazer silêncio face ao pecado, sempre com o desejo principal de não desagradar ou criar atrito entre ele e aquele do mundo a quem se uniu; Desta forma todo o seu pensar e agir não se baseia somente segundo a Palavra, mas segundo "excertos convenientes" das escrituras aliadas ao sentimento que ele desenvolve para com aquele amor idólatra.

O apóstolo Paulo na passagem de 2 Coríntios 6 pretende desencorajar todos aqueles que pretendem estar em alguma espécie de parceria desigual com os infiéis porque os crentes e descrentes são incontornavelmente opostos, assim como a luz e as trevas também o são. Eles simplesmente não têm nada em comum, assim como Cristo não tem nada em comum com "Belial" (V. 15)

O termo belial (בְלִיַּעַל bĕli-yaal) é um adjetivo hebraico que significa "sem valor" (Inútil), ou "Rebelde" (em oposição). Belial é também um personagem da mitologia cananita que entendia-se ser o adversário do povo "escolhido", que também deu origem à expressão "Filhos de Belial", em oposição aos "Filhos de Deus". (Deuteronômio 13:13)

A ideia principal é que o mundo pagão (sem a autoridade de Deus), rebelde e descrente é regido pelos princípios de Satanás, e que os cristãos devem separar-se desse mundo perverso, assim como Cristo era separado de todos os caminhos, desejos e vontades mundanas. Ele não teve nenhuma participação neles e nem formou nenhuma união com eles. A tentativa de viver uma vida cristã com um não-cristão como um amigo e aliado próximo só nos fará andar em círculos. Pode um amigo e um inimigo partilhar confidências? Poderão eles comer da mesma mesa; dormir na mesma cama?

Torna a vir ao pensamento: "Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" (Amós 3:3

 

O JUGO DESIGUAL A DEVOÇÃO E O CULTO À CARNE

O grande perigo do Jugo desigual é a divisão. Divisão entre 2 objectos de afecto, sendo que um deles tem origem na carnalidade, que é a ponte directa à natureza do velho Homem. 

A expressão Devoção usada comummente sem reverência e zelo é um termo de imensa responsabilidade, pois o termo representa um "culto privado (pessoal ou comunitário)", centrado no acto de entrega ou consagração de si próprio ou da comunidade" ao Amor de Deus. Se alguém entrar num amor idólatra que parte da carne e da emoção, para com alguém que também vive segundo a carne, a "Devoção" entre ambos será entregue um ao outro, e o "Culto a Deus" será substituído pelo "culto da carne". 

A Devoção é expressa através de dois passos inseparáveis: A Sujeição (entrega absoluta), e a Adoração (veneração absoluta).

Neste sentido, qualquer relacionamento, ou acto de partilha íntima de amizade, afecto, amor, lealdade, empatia e compromisso com alguém igualmente Crente regenerado, não interfere com a devoção, pois ambos estão unidos no mesmo propósito e "culto racional" (Romanos 12:1). Individualmente estão comprometidos primeiro com a devoção a Deus, portanto o compromisso que contraem entre si está em sintonia com o propósito de Deus para nós, que é a União completa (fazer parte do corpo de Cristo). 

Para um cristão entrar em parceria/compromisso (de que espécie for) com um incrédulo/descrente é cortejar o desastre. Pois estes têm cosmovisões e valores morais opostos, e as decisões diárias, o uso do tempo, os projectos a longo prazo, e as questões que solidificam o compromisso serão inevitavelmente contrárias a dada altura. Para esse relacionamento funcionar, um ou outro tem de abandonar o seu centro moral e avançar em direção ao do outro. Mais frequentemente do que não, é o crente que se vê pressionado a deixar ou comprometer os seus princípios cristãos de forma a "Promover a Paz".

Convém aqui lembrar as famosas palavras de Spurgeon: "A paz se possível, mas a Verdade a qualquer preço".

É claro que a aliança/compromisso mais próximo que uma pessoa pode ter com outra é encontrada no casamento (Uma das 3 instituições Sagradas que a Bíblia refere - A igreja, A Família e o Casamento), e é assim que a passagem de (2 Coríntios 6) é geralmente interpretada. O plano de Deus é para que um homem e uma mulher se tornem "uma só carne" (Gênesis 2:24) - uma relação tão íntima que um, literal e figurativamente, se torna parte do outro, razão pela qual a Igreja é a "Noiva, e Cristo O "Noivo", como figuras de estilo que representam essa tal União perfeita.

Unir um crente com um incrédulo é então na sua essência, unir opostos, o que adivinha um provável turbilhão de problemas. Poderia um crente que se torna voluntariamente uma só carne com um ímpio, em consciência depois querer se inserir no corpo de Cristo como "um só corpo"?

 

Curioso perceber que as 3 instituições Sagradas da Bíblia - A Igreja, A Família e o Casamento - Têm tudo em comum e são 3, como o Deus que as institucionalizou - O Deus Triúno que é 3x Deus, 3X Santo (Efésios 4:6) (Isaías 6:3). 

Se nós estamos realmente movidos com o Único propósito de agradar, honrar, e glorificar a Deus, devemos ser pacientes, esperando que Deus manifeste primeiro a Sua vontade, nos conduza diligentemente pelas incertezas, operando sempre em nós primeiramente o desejo de cumprir a Lei de Deus, honrar a Sua Santidade, defender a castidade, a seriedade, o bom senso e a prudência. Apressar situações, investir demasiado em afinidades, empatias e afectos com pessoas que não professam a mesma devoção, não partilham das mesmas prioridades, e sobretudo não usam o seu tempo contemplando a importância da adoração a Deus acima de tudo o resto, é um desastre vergonhoso para um crente, que leva somente ao esfriamento Espiritual ou à hipocrisia religiosa dos 2 pesos e 2 medidas que a Bíblia é clara em chamar de "abominação" (Provérbios 20:10).

O tema do jugo desigual é uma das mais evidentes demonstrações da separação que Deus exige dos Seus filhos. Aliás o termo "Santo" (Sancto em Latim) quer dizer precisamente "Separado" do mundo.

Deus quer-nos separados do mundo, separados dos que amam o mundo, e separados dos que estão condenados com o Mundo.

Esta separação é uma separação primeiramente Espiritual, que pode em algumas circunstâncias também ser física, quando se provar a afronta e rebeldia aos princípios cristãos pelos quais vivemos.

Afastar significa primeiro, ter distanciamento, ou seja, não investir na proximidade, porque por ela surge a intimidade e com ela a vulnerabilidade.

Deus quer prevenir que nos coloquemos em lugares de perigo onde as seduções do Diabo e as tentações da carne podem corromper a nossa regeneração e Santificação, e por isso mesmo Ele nos ensina que é importante a separação. Não é a Separação Elitista, como se fôssemos melhores do que os outros, mas a separação Espiritual, que visa a purificação interior.

Por isso a passagem de Corintíos termina fervorosamente indicando a necessidade da separação. (V. 17)

A SEPARAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE (Evidências Bíblicas) 

Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei;
E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.

2 Coríntios 6:17,18

O conceito de separação do impuro é fundamental para o relacionamento entre DEUS e o seu povo. 

Segundo a Bíblia, a separação abrange duas dimensões:

  • A separação moral e espiritual do pecado e de tudo quanto é contrário aos ensinamentos e vida do Senhor JESUS CRISTO, expressamente descritos na Palavra de DEUS;

  • Acercar-se de DEUS em estreita e íntima comunhão, mediante a dedicação, a adoração e o serviço a Ele em Santidade e Reverência. 

 

-(1) No Antigo Testamento, a separação era uma exigência contínua de DEUS para o seu povo.

-(A) O povo de DEUS deve ser santo, diferente e separado de todos os outros povos, a fim de pertencer exclusivamente a DEUS. A principal razão porque DEUS castigou o seu povo com o desterro na Assíria e Babilónia foi o seu obstinado apego à idolatria e ao modo pecaminoso dos povos vizinhos com quem se relacionavam em desobediência.

E o Senhor teu Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás; não farás com elas aliança, nem terás piedade delas;
Nem te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos;
Pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do Senhor se acenderia contra vós, e depressa vos consumiria.
Porém assim lhes fareis: Derrubareis os seus altares, quebrareis as suas estátuas; e cortareis os seus bosques, e queimareis a fogo as suas imagens de escultura.
Porque povo santo és ao Senhor teu Deus; o Senhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra.

Deuteronômio 7:2-6

Porque tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a linhagem santa com os povos dessas terras; e até os príncipes e magistrados foram os primeiros nesta transgressão.
Esdras 9:2

-(2) No Novo Testamento, DEUS ordenou a separação entre o crente e: 

-A) O sistema mundial corrupto e a transigência ímpia.

Filho meu, não te ponhas a caminho com eles; desvia o teu pé das suas veredas;
Provérbios 1:15

Não entres pela vereda dos ímpios, nem andes no caminho dos maus.
Evita-o; não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo.

Provérbios 4:14,15

Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
Não são do mundo, como eu do mundo não sou.

João 17:15,16

Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca.
Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno.

1 João 5:18,19

Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
Tiago 4:4

-(B) Aqueles que na igreja pecam e não se arrependem de seus pecados, vivendo professamente na rebeldia.

Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão;
Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada.
E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.
Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.

Mateus 18:15-18

Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem;
Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo.
Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.
Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro?
Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai pois dentre vós a esse iníquo.

1 Coríntios 5:9-13

Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu.
2 Tessalonicenses 3:6

Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.
Gálatas 1:9

(C) e dos mestres, Igrejas ou ditos crentes que aceitam erros teológicos, negam verdades bíblicas e convivem com a impiedade.

Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores.
Mateus 7:15

E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.
Romanos 16:17

Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis.
Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras.

2 João 1:10,11

Fica bem claro que a separação, através da cautela e prudência, serve o propósito da santificação e da permanência na pureza. 

Os Livros de 2 Pedro e Judas bem nos ensinam a perceber que nada temos em comum com os perdidos deste mundo, nem daqueles que dizendo-se crentes agem como eles. A nossa postura deve ser de: aborrecer ao mal e apegarmo-nos ao bem (Romanos 12:9); ser inteligente para se apartar do mal (Jó 28:28); apartar do mal, fazendo o bem (Salmos 37:27); não amar o mundo nem o que nele há (1 João 2:15); não comunicar com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condená-las (Efésios 5:11); Abstermo-nos de toda a aparência do mal (1 Tessalonicenses 5:22); amar a justiça e odiar a iniquidade (Hebreus 1:9); odiar a impiedade dos ímpios e ter por inimigos espirituais todos os que odeiam e se levantam contra o nosso Deus (Salmos 139:21,22); 

Como é óbvio, devemos odiar o mal e separarmo-nos espiritualmente dos ímpios, sempre revestidos de compaixão pelas almas perdidas. Tanto as cartas de Judas como 2 Pedro embora nos ensinem a ver os opostos nos perdidos deste mundo, igualmente nos estimulam a viver segundo estes atributos do Espírito que são a piedade, o amor, a fé, a paciência, a temperança, a caridade, e por aí fora; São inúmeras as passagens que nos demonstram que a separação do mundo parte de um motivo nobre de santificação e pureza diante de Deus, e não de elitismo religioso ou separatismo segregário: (2 Pedro 1:5-7) (Judas 1:23) (Colossenses 3:14) (1 Pedro 4:8

Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação.
Portanto, quem despreza isto não despreza ao homem, mas sim a Deus, que nos deu também o seu Espírito Santo.

1 Tessalonicenses 4:7,8

Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.
2 Coríntios 7:1

O objectivo de Deus para nós é sermos aperfeiçoados na Fé em santidade, desta forma, negando a carne, resistindo aos estímulos e seduções do mundo, e separando-nos do pecado e da impiedade.

Diz Paulo que nós devemos "operar a nossa salvação com temor e tremor" (Filipenses 2:12), com o propósito de "sermos irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceremos como astros no mundo;" (Filipenses 2:15)


O crente que deixa de separar-se da prática do mal, do erro e da impureza, para conviver e relativizar a impiedade, será disciplinado por Deus a seu tempo.

Esta separação que o Crente deve ter com tudo o que é impuro não significa que devamos nos isolar nas florestas, e fugirmos de todos aqueles que não são crentes, criando uma espécie de aversão ou arrogância perante aqueles que não foram ainda regenerados. Aliás o amor pelo próximo deve impelir cada Cristão a estar disponível e receptivo a buscar aproximação estratégica para haver oportunidade de anunciar o Evangelho e dar o testemunho. Contudo isto não quer dizer que devamos envolver a nossa intimidade ou contrair laços de afinidade emocional que excedam os limites do bom senso e da prudência Cristã.

Desta forma, aqueles que de facto nutrirem desejo de entrar nas nossas vidas, devam fazê-lo exclusivamente pela admiração da nossa conduta Cristã, respeito pela nossa Fé, fascínio pela nossa integridade Espiritual e desejo de Santificação. O problema é que muitos crentes permitem que ímpios entrem nas suas vidas pela sedução carnal, interesses sociais, afinidades em variadíssimas coisas mundanas em comum, e nenhuma afinidade Espiritual. Este comportamento gera mais influência ímpia na vida do Cristão, do que influência de Cristo na vida dos ímpios.

Como seria possível alguém que voluntariamente se prender a um jugo desigual com ímpios, poder depois dizer: "Eu e a minha casa serviremos ao Senhor" ? (Josué 24:15)

Sempre que você sentir o apelo a ceder a um jugo desigual, lembre-se: O desejo de felicidade é natural; O desejo de Santidade porém, é sobrenatural!

Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.
Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma;
Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem.
1 Pedro 2:9-12

Jesus Cristo é o único Salvador. Ora vem Senhor Jesus. Maranatha.

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