
Provavelmente o tema mais controverso, complexo e confuso da Bíblia, e muito provavelmente também a maior fonte de heresias, blasfémias e erros doutrinários.
A Eleição predestinada de Deus aos Santos escolhidos diz respeito a todo o crente verdadeiramente convertido ao Senhor Jesus. A todo aquele que do Espírito Santo foi convencido do "Pecado" da "Justiça" e do Juízo" (João 16:8) para ser segundo a Presciência de Deus Pai, Eleito para a obediência a aspersão do sangue de Jesus Cristo (que simboliza, pelos quais, Jesus derramou o Seu sangue)
Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
1 Pedro 1:2,3
Então a Eleição de Deus (e não a nossa decisão) é que nos gerou de novo para uma viva esperança; este novo "gerar" refere-se ao "nascer de novo" que O Senhor Jesus diz ser necessário para alguém poder ver o reino de Deus (João 3:3)
O COMBATE À ELEIÇÃO E A DEFESA DA VERDADE
A Palavra de Deus nos dá condições para não só confortar os aflitos, mas também afligir os confortáveis. Tanto uma função como outra devem ser os objectivos constantes dos crentes na defesa e propagação da Verdade.
Paulo diz aos Gálatas: "Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?" (Gálatas 4:16) porque sempre existirão Homens, que tendo pouco conhecimento, na sua arrogância resistem aos que os querem ensinar, e ainda os tomam por inimigos. À semelhança de Paulo, também dizemos com ousadia que: "nada podemos contra a verdade, senão pela verdade." (2 Coríntios 13:8). O escritor Mark Twain disse: "é mais fácil enganar as pessoas do que convencê-las de que elas foram enganadas"
O Diabo teve um trabalho fácil ao enganar muitos homens fazendo-os crer que a Eleição é uma obra injusta de Deus, e hoje tentar demover as pessoas do erro é um trabalho bem mais difícil, mas para Deus não há impossíveis.
Muitos crentes rejeitam a Eleição de Deus porque a sua própria ideia da Eleição está pervertida na base do seu pensamento. Nós também rejeitamos a eleição pervertida, mesmo que ela tenha princípios bíblicos, se estiver contaminada com o pensamento humanista, essa eleição não é Bíblica.
O nosso espírito neste combate é o mesmo de Paulo: "Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos; Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus." (2 Coríntios 4:1-4)
Não é que o diabo somente fale o que é falso; ele também esconde o que é verdadeiro para que a luz completa do Evangelho de Deus esteja ofuscada e a Verdade pouco clara ou evidente. Um sábio provérbio diz: "Tem o certo, tem o errado, e depois tem tudo o resto"; Aqui "tudo o resto" significa todas as artimanhas de fazer o certo errado, e do errado certo. Esta é a batalha constante entre a Verdade e o engano, mas leia-se o que diz a Bíblia acerca disto: "Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!" (Isaías 5:20)
A DIVISÃO DOS CRENTES EM RELAÇÃO À ELEIÇÃO
Os filhos de Deus não podem estar divididos no que diz respeito a Doutrinas Bíblicas inegáveis, mas devem estar unidos na Verdade (1 Coríntios 1:10), havendo sabedoria entre os perfeitos (1 Coríntios 2:6).
Os fariseus lutando contra as Verdades proclamadas por Jesus, combatiam a Verdade com engano dizendo que Jesus expulsava os demónios por Belzebu (o príncipe dos demónios) e Jesus lhes diz: "Todo o reino, dividido contra si mesmo, será assolado; e a casa, dividida contra si mesma, cairá. E, se também Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino?" (Lucas 11:17,18) Nós devemos nos separar de crentes que se conduzem a si mesmos e aos outros no engano, para não cairmos com eles, quando sua casa se desmoronar sobre eles; "Deixai-os; são cegos condutores de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova." (Mateus 15:14) (isto claro, depois de fazermos o possível para os tirar do erro e vermos que eles amam mais as trevas do que a luz)
Por isso todos os que combatem a verdade das Escrituras, combatem contra O Próprio Senhor Jesus, à semelhança destes fariseus. Não é à toa que logo a seguir Jesus diga a esses fariseus lutando contra Ele: "Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha." (Lucas 11:23)
Em Actos há uma passagem que fala das obras dos homens (Teudas e Judas galileu) e das obras de Deus, para que saibamos distinguir uma da outra; Aquilo que é de Deus permanece, e aquilo que é do homem, logo se dissipa;
Então diz Pedro: "E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus." (Atos 5:38,39)
Assim sendo, deixemos que seja Deus a provar a obra de cada um; Longe de nós combater contra Deus, combatendo contra a Verdade.
Como diz Isaías sobre as obras dos homens: "Eis que sois menos do que nada e a vossa obra é menos do que nada" (Isaías 41:24).
Por isso o crente pensa como Paulo, tirando de si mesmo qualquer o poder para pensar segundo suas próprias capacidades: "E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus" (2 Coríntios 3:4,5)
É segundo a mente de Cristo (1 Coríntios 2:16) e não a nossa que devemos pensar e discernir a Palavra de Deus.
Se Cristo bem disse: "Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma" (João 5:30), porque razão há homens que dizem, que são eles que têm de fazer em si, escolhas e decisões, como se existisse neles mesmos algum poder para tal?
RECONHECER O DEUS VERDADEIRO, O CRISTO VERDADEIRO, E O EVANGELHO VERDADEIRO
É o próprio Deus quem estabelece a diferença entre os eleitos e os não eleitos, porque está escrito acerca dos que Lhe pertencem: "E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna." (1 João 5:20)
Uma forma simples de entender a diferença entre a Eleição bíblica e a eleição secular é que a Bíblica coloca todo o mérito e glória somente em Deus e na Sua soberania; a secular porém, é humanista, e atribui ao homem o poder da decisão em si mesmo, para completar a obra de Jesus na Cruz.
A Eleição Bíblica ainda foca no propósito da Eleição dentro do plano de Deus como "O Louvor da Glória de Deus em Cristo", e na eleição humanista, o centro desse plano é "a salvação dos Homens", e não a Glória de Deus.
Por isto mesmo existe tanto incómodo em receber A Eleição como uma doutrina que não é nada acerca dos que são salvos, mas tudo acerca Daquele que salva. A Eleição assim como tudo o resto na Bíblia é acerca de Cristo.
Não é acerca de quem é eleito, mas de quem Elege; ou de quem é chamado, mas de quem Chama; de quem é convertido, mas de quem Converte; de quem é trazido para a Glória, mas de QUEM É A GLÓRIA!
Isto é o que diz Paulo acerca do Senhor Jesus: "Ele é a cabeça do corpo, da igreja; é O princípio e O primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência." (Colossenses 1:18)
Rejeitar qualquer doutrina bíblica é rejeitar a mente do Próprio Deus, pois as doutrinas fazem parte do carácter santo de Deus e dos Seus atributos Divinos comunicáveis. A narrativa da história Bíblica revela a existência de Deus e a manifestação do Seu poder, mas é na Doutrina presente na narrativa que nós realmente conhecemos quem Deus é, e não somente o que Ele faz ou pode fazer. A doutrina ensina-nos a entender porque razão Deus faz o que faz. Desta forma, não ter doutrina é ter conhecimento de Deus superficial, sem verdadeira intimidade.
Para muitos "crer" (ou seja acreditar) em Deus é suficiente para se agradar a Deus. Ter boa visão não basta para se ver as coisas, para isso é necessária a luz; Ora para se agradar a Deus não é preciso somente acreditar Nele; Para isso nós precisamos de Jesus!
Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demónios o crêem, e estremecem.
Tiago 2:19
Crer portanto que Existe um Deus, não é a mesma coisa que Crer no Deus que existe. Se alguém diz: "Eu não posso crer num Deus que quer salvar uns e não salva outros", então de facto você não crê no Deus verdadeiro da Bíblia, mas num deus que você mesmo inventou a partir da Bíblia.
Jesus também salva todo o tipo de pessoas, mas não é todo o tipo de Jesus que salva! Portanto há pessoas cujo Jesus que elas defendem e promovem, não é também o Jesus bíblico. Ter o mesmo nome não significa ser a mesma pessoa.
É a doutrina que faz alguém que crê, crer no Deus verdadeiro! De outra forma, "Crer" superficialmente não produz nenhuma obra que Lhe agrade! Se nós tivermos doutrina temos a verdade, e só quem tem toda a Verdade tem Deus!
Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho.
2 João 1:9
(Leia-se o que está uns versículos atrás: "Muito me alegro por achar que alguns de teus filhos andam na verdade, assim como temos recebido o mandamento do Pai." (2 João 1:4)
Ninguém que anda voluntariamente a combater a doutrina da Eleição Bíblica tem em si mesmo a Verdade.
A Doutrina é a substância e a consistência da Palavra, sendo que a narrativa são os condimentos e os temperos, e a doutrina é o alimento que produz força espiritual. Ninguém vence a morte comendo tempero, certo?
Por vezes a má doutrina, ou o erro instalado não vêm propriamente do amor ao erro mas do engano e mau ensino na ignorância das Escrituras. Nem todo aquele que tem má doutrina é automaticamente um estranho a Deus, ou um professo herege, contudo, se é confrontado com a Verdade nas escrituras, e ainda assim resiste então deve ser repreendido e afastado se necessário, até que se arrependa e abandone o erro.
Leia-se em relação ao "espírito do Anticristo", que é o espírito de combate à verdade, ou seja o espírito do engano e da mentira: "Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam connosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. E vós tendes a unção do Santo, e sabeis todas as coisas. Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade." (1 João 2:18-21)
O HOMEM NATURAL E O HOMEM ESPIRITUAL
Nós sabemos que segundo a Bíblia, o "Homem natural" não pode compreender as coisas espirituais, que é o conhecimento de Deus, verdadeiro e completo. O homem natural é o homem que vive naturalmente em pecado, sendo estranho a Deus (1 Coríntios 2:12-16); O "Homem Espiritual" por outro lado é aquele que "conhece aquilo que lhe é dado gratuitamente por Deus". (1 Coríntios 2:12); A diferença entre um e outro está no "Espírito" ou do mundo, ou de Deus: "Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus." (1 Coríntios 2:12)
Nesta mesma passagem diz uns versículos atrás: "Falamos sabedoria entre os perfeitos" (1 Coríntios 2:6,7) sendo que os perfeitos são os Homens espirituais que discernem bem todas as coisas. Para os outros, tudo o que os perfeitos discernem bem, lhes parece loucura. Quando a passagem diz : "ele de ninguém é discernido", o "ninguém" se refere a todos os homens naturais não aperfeiçoados na sabedoria de Deus.
Portanto os perfeitos são aqueles que têm sintonia em Verdade, e os que combatem contra a Verdade, não são os perfeitos. Leia-se: "Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro." (1 João 4:6); e ainda: "Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão O Pai em espírito e em verdade; porque O Pai procura a tais que assim O adorem. Deus é Espírito, e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade." (João 4:23,24)
A ELEIÇÃO PREDESTINADA DE DEUS É CALVINISMO?
Muitos Cristãos equivocados por falta de conhecimento, associam automaticamente a Eleição directamente ao Calvinismo como movimento Humano e por isso logo a rejeitam, mas a doutrina da predestinação e eleição não nasceram na teologia de João Calvino, mas na inspiração do Espírito Santo dada aos Apóstolos e aos profetas muitos séculos antes.
Negar a Eleição é negar as Escrituras; Comprometer a Verdade da Eleição, é comprometer toda a Bíblia e meter em causa a inerrância, credibilidade e suficiência da Palavra de DEUS.
Só a Bíblia tem a palavra final sobre o que é Doutrina, portanto quando falamos de Eleição ou qualquer outra verdade bíblica, não é Calvino ou Lutero, ou Agostinho, ou outro qualquer que detêm autoridade para determinar verdades, mas o que A Palavra da Verdade registou.
Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus;
1 Tessalonicenses 1:4
Então sabendo que a nossa Eleição é de Deus e não de Calvino fica mais fácil saber que ela "é nossa", porque vem de Deus que a deu! Nossa porque nos foi dada, não nossa porque nós nos fazemos eleitos por meio de escolhas. A Eleição é DELE e Ele a dá a quem quer.
Muitas doutrinas da Bíblia acerca do carácter de Deus, são necessárias referir para se entender a Eleição como base da Graça. Não entender a Eleição devidamente, é não entender de facto o que é a Graça de Deus pela qual somos salvos. A base para nós contemplarmos quem Deus é na Verdade, é nós sabermos quem nós somos diante DELE. Toda a Bíblia é acerca disto, como se Deus ao longo de toda a narrativa nos dissesse: "Saibam bem quem vocês são, antes de quererem saber quem EU SOU!"
QUEM É O HOMEM DIANTE DE DEUS?
No currículo do homem diante de Deus podia constar: Pecador, depravado, ingrato, injusto, desobediente, Rebelde, Inimigo! Basta lembrar novamente da afirmação de Deus registada em Isaías: "Eis que sois menos do que nada e a vossa obra é menos do que nada" (Isaías 41:24)
Todo o capítulo de Isaías 41, é sobre Deus mostrando a Sua Glória, e a Obra que Ele tem preparada para com os Seus Eleitos, diante de uma humanidade caída, miserável que nada pode fazer, e nada sabe. Assim que Deus coloca o homem no seu devido lugar, Ele mesmo Se Exalta, apregoando a Sua Obra com Supremacia (Isaías 41:4) (Isaías 41:20) abatendo os méritos humanos à insignificância (Isaías 41:26).
Por contraste o capítulo seguinte (Isaías 42:1) logo começa a exaltar O Senhor Jesus por vir, numa profecia que se refere a Ele como "O ELEITO DE DEUS" (BECHIRAH) (Lê-se BÉRRRIRÁ): Uma escolha; "Eleito" como "Escolhido" para ser posto em evidência a Glória de DEUS nele. Nós igualmente fomos escolhidos de Deus em Jesus, para revelarmos ao mundo a Glória do Deus eterno no Filho.
Então assim que o Homem em si mesmo é reduzido a nada, Jesus é exaltado (não por Ele mesmo), Pelo Pai.
A base para entendermos a Eleição então, é reconhecer que a natureza do homem em pecado não é boa; Se o Homem em si mesmo não é bom, então suas escolhas também não o são.
Um certo Príncipe pergunta ao Senhor Jesus: "Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?" E responde Jesus: "Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus." (Lucas 18:18,19)
Note-se: "Por que me chamas bom?" diz Jesus; A razão era importante, por isso Jesus faz esta inusitada pergunta.
Jesus queria aqui dizer, que se aquele homem chamava Jesus de bom, porque reconhecia que ele era Deus, então era legítimo o elogio, mas se aquele homem acreditava que Jesus era somente um homem, então "bom" não era o adjectivo correcto, porque nenhum homem é bom. Só Jesus podia realmente receber o título de "Bom", pois ELE É DEUS! Esta é a interpretação correcta do versículo, e a base para prosseguirmos ao bom entendimento da Eleição.
A DEPRAVAÇÃO DE ADÃO E EVA E A ESCOLHA LIVRE
Portanto, negar a Eleição de Deus é dar ao Diabo razão.
Deus diz: - "Não depende de quem quer" (Romanos 9:16)
o Diabo Diz: - "A decisão é tua" (Gênesis 3:1-5)
A ideia de colocar no Homem a decisão em si mesmo capaz de "boas escolhas", começou com a serpente logo no éden, e foi assim que a ideia de "decisão pessoal" se tornou a origem da queda do Homem. Adão e Eva assim, o provam, tomando "a sua decisão" em si mesmos, e aqui estamos todos nós, mortos espiritualmente em pecados e delitos, a pagar por essa "escolha" livre.
-É esta liberdade que os homens continuam a reivindicar como Adão e Eva?
O Diabo introduziu na mente humana (desde o éden) a ideia do Homem ter poder em si mesmo para escolher; A introdução da "escolha pessoal" no pensamento humano após a queda é o que a serpente continua a sussurrar aos ouvidos dos homens incautos como Adão. Se por Adão o pecado passou a todos os Homens e com o pecado a morte espiritual; Como é que alguém morto em pecados e em delitos pode tomar decisões de qualquer natureza, quanto mais um morto decidir viver? (a não ser que as pessoas não acreditem na Bíblia e não creiam estarem mortas espiritualmente diante de Deus antes que a Salvação os resgate)
Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.
Romanos 5:12
Só havia Uma Lei no Éden, e só ouve uma tentação, e a escolha livre foi imediatamente para a rebelião e o pecado. Como podem os homens actualmente achar que têm alguma capacidade para escolher bem, em vantagem a Adão e Eva? Infelizmente há crentes nos dias de hoje, tão cheios de confiança em si mesmos, que acreditam que podem acertar, onde Adão e Eva falharam.
Se eles que tinham o verdadeiro Livre-arbítrio, não conseguiram resistir à tentação da serpente, que se dirá de homens nos dias de hoje, já escravizados ao pecado?
Sempre que o homem estiver inclinado para pensar sobre o poder da sua própria liberdade para fazer escolhas em si mesmo, deve lembrar-se primeiro, que Adão "o homem livre" é a razão porque o pecado existe.
Adão pensou exactamente como o homem espiritualmente morto pensa ainda hoje. Que ele pode decidir alguma coisa em si mesmo e vir daí coisa boa!
A única decisão por meio do "Livre-arbítrio" que nós devíamos ter em mente é esta decisão de Adão e Eva, de criarem através de uma "escolha" livre, uma realidade de escravidão da qual nós agora PRECISAMOS SER SALVOS.
A liberdade de escolha segundo a vontade do homem, leva à escravidão (Romanos 8:13) e a renúncia da liberdade em si mesmo, para fazer a vontade de Deus, leva à liberdade. (Mateus 16:24)
Então a decisão humana que é capaz de colocar alguém na Salvação é a decisão que vem da força de Deus capacitando o Homem a fazer a escolha certa.
Se há uma lição que a queda produziu, juntamente com a resposta para a pergunta, de porquê que Deus permitiu que adão e Eva pecassem, é que, todas as decisões têm de ser feitas em Deus para serem válidas diante Dele.
O Homem foi feito para a dependência de Deus, e não para a independência.
A Ideia de Livre-arbítrio fora da Salvação é uma grande afronta ao domínio soberano de Deus, e é alimentada pela mente do próprio Diabo na figura da serpente.
Nós não somos mais como Adão e Eva verdadeiramente Livres, pois vivemos agora num mundo onde Jaz o Maligno (1 João 5:19) e onde a Maldição de Deus caiu sobre a criação (Gênesis 3:17); Adão e Eva eram Livres de pecado, e ainda assim voluntariamente pecaram por uma só escolha. Nós agora escravizados ao pecado, não podemos não pecar.
Qualquer Cristão sabe que basta centrar-se em si mesmo (e descentrar-se de Cristo) que logo peca; do mesmo modo, qualquer que está em pecado, e se centra em Cristo, logo se santifica.
A experiência cristã comprova que ainda depois da conversão, o homem basta distrair-se do seu foco em Deus, que cai inevitavelmente no pecado; Se é muitas vezes difícil ganhar uma batalha da carne contra o espírito já na salvação, então é impossível ganhar qualquer uma antes dela.
O Homem pré-conversão está derrotado pela carne, e vencido do pecado. Diz pedro: "Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo." (2 Pedro 2:19); Nós somos vencidos do Espírito para servirmos a Deus (Gálatas 5:16)
Mas o verdadeiro crente, embora possa ainda perder batalhas, ele já venceu em Cristo, e essa é a fonte da sua força contra o pecado pela Fé: "Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé." (1 João 5:4) Então o crente não tem mais fé nele mesmo e nas suas forças, mas em Cristo, que é a única vitória. Esta fé está em nós, mas não vem de nós; A fé vem de Deus e atravessa-nos para difundir a confiança em Deus que ela nos concede. Nós somos o Holofote, e a Fé é a electricidade que entra em nós para que possamos dar luz ao mundo.
Nós vencemos o mundo pela Eleição de Deus que nos dá a vitória por meio da Fé; Ser santo e irrepreensível diante de Deus é o resultado da Eleição em Jesus e não a consequência de qualquer decisão.
A decisão do Homem vai ao encontro da Eleição, e não a Eleição que vai ao encontro da decisão humana. (se partirmos da decisão livre de Adão e Eva, vemos que no homem as decisões levam somente ao pecado)
"Como também nos elegeu Nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante Dele em amor;" (Efésios 1:4)
Quando entramos na Salvação, é que passamos a andar nas boas obras as quais Deus preparou para que andássemos nelas (Efésios 2:10); antes da salvação as nossas obras são como "trapos de imundícia" (Isaías 64:6) e nós eramos por natureza filhos da Ira (Efésios 2:3) sem Cristo, separados da família de Deus, estranhos à aliança da salvação para a vida eterna, sem esperança e sem Deus no mundo (Efésios 2:12)
-Então quando alguém está sem esperança e Deus no mundo, como passa a estar com Deus?
-Com uma decisão sua, ou quando O Espírito de Deus o busca dentro de uma Eleição em vigor desde antes da Fundação do mundo?
Logo no início falamos que a Eleição diz respeito a todos que do Espírito de Deus são convencidos do pecado, da Justiça e do Juízo (João 16:8).
-Ora alguém que se arrepende do seu pecado, é porque teve consciência do pecado, certo? -Quem dá a consciência que leva ao arrependimento?
Em Isaías 41, Deus abate os Homens no geral, mas revela a vitória da Sua Eleição em Jacó (Isaías 41:8-14); Em Isaías 42, Ele Exalta O Senhor Jesus (Isaías 42:1-4); e depois em Isaías 43, vemos Deus a explicar que esta Eleição particular que Ele faz a favor dos Homens (que é centrada na Eleição em Jesus) é para uma Salvação que visa expressar a SUA GLÓRIA! "A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para a minha glória: Eu os formei, e também Eu os fiz. Trazei o povo cego, que tem olhos; e os surdos, que têm ouvidos." (Isaías 43:7,8);
E qual é a mensagem que Deus quer deixar clara a todos? "Eu, Eu Sou O Senhor, e fora de mim não há Salvador. Eu anunciei, e Eu salvei, e Eu o fiz ouvir, e deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz O Senhor; Eu Sou Deus. Ainda antes que houvesse dia, Eu Sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo Eu, quem o impedirá?" (Isaías 43:11-13)
Deus continua a mostrar que não é a fidelidade dos Homens a razão da Sua fidelidade demonstrando a depravação e miséria das escolhas humanas (Isaías 43:22-24) Por isso logo diz: "Eu, Eu mesmo, Sou o que apago as tuas transgressões por amor de Mim, e dos teus pecados não Me lembro." (Isaías 43:25)
Deus diz no capítulo anterior: "Surdos, ouvi, e vós, cegos, olhai, para que possais ver." (Isaías 42:18) e ainda: "Tu vês muitas coisas, mas não as guardas; ainda que tenhas os ouvidos abertos, nada ouves." (Isaías 42:20)
Por isso é que no capítulo 43, está revelado que é por Amor de Si mesmo, que Deus nos dá a salvação, centrado no capítulo 42 em Jesus O Eleito em que se agrada a Sua alma.
Quando lemos em Efésios que pela graça, Deus nos fez "agradáveis a Si no Amado" (Efésios 1:6), quer dizer que antes da Graça, nós éramos desagradáveis em nós mesmos.
Nós éramos, desde que nascemos até à nossa conversão "Inimigos de Deus" (Romanos 5:10); "Estranhos e inimigos" (Colossenses 1:21); Até a nossa postura em relação ao mundo, era "inimizade contra Deus" (Tiago 4:4); éramos por natureza "filhos da ira" (Efésios 2:3); estávamos "longe de Deus", "separados" e em "inimizade" (Efésios 2:13-15); entenebrecidos no entendimento, na vaidade da mente e entregues à dissolução (Efésios 4:17-19); Como é que alguém então, lendo a Palavra de Deus, acha que antes da Graça, ele tinha em si a capacidade de agradar a Deus fazendo a escolha certa em si mesmo?
A própria palavra "Dissolução" no grego original (ASÉLGEIA) quer dizer: "Sensualidade" no sentido de extrema luxúria; excesso; desejo desenfreado; escandaloso; Ordinário; sem-vergonha; insolente; Alguém consegue imaginar alguém assim descrito, entenebrecido em vaidade, olhando para si mesmo desenfreadamente, a ter capacidade de olhar para Cristo em si mesmo e fazer uma escolha de se negar, sem que Deus se interponha para lhe dar essa capacidade?
O homem sem Cristo é inimigo de Deus, subjugado ao Diabo, e escravo do pecado. O Diabo quando meteu o grilhão e a bola de ferro atada aos pés de todos os homens, deu imensos quilómetros de corrente para criar a ilusão de liberdade. O Diabo estende a corrente, e ele mesmo diz ao homem, corre que tu és livre, para dar uma gargalhada assim que o homem vira as costas; O Diabo dá corda, para o homem se esticar, pois quanto maior for a ilusão de liberdade e independência, maior será a prática do pecado.
O homem tem distância para percorrer o mundo inteiro, pois a sua corrente assim o permite, mas só até ao momento que o Diabo puxar por ela. No puxão (na violência do pecado) todo o homem logo descobre que afinal, não é livre.
A DOUTRINA DA DEPRAVAÇÃO TOTAL
Aos que Deus por Amor de Si mesmo decidiu Eleger, a esses Ele protege e derrama o Seu favor e bênção; Aos outros porém a Sua ira e furor estão sobre toda a rebelião, desobediência e natural incredulidade (Jeremias 30:23,24). Ninguém busca a Deus, de tal forma que para Deus Se apiedar de alguns, ELE mesmo tem de ter essa iniciativa para os fazer aproximar, e levar a cabo o resgate: "e o farei aproximar, e ele se chegará a mim; pois, quem de si mesmo se empenharia para chegar-se a Mim? diz O Senhor." (Jeremias 30:21)
Muitos crêem que são eles que dão o primeiro passo sozinhos em si mesmos em direcção a Deus para buscá-lo, e é esse passo que faz O Espírito depois resolver convencê-lo do seu pecado; mas a realidade bíblica diz que nenhum homem em si mesmo busca a Deus por iniciativa: "Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só." (Romanos 3:10-12) (Salmos 53:1-3) (Salmos 14:1-3)
3X na Bíblia refere isto, para que fique claro que esta verdade está sendo proclamada pelo Deus santo, como uma verdade inegável.
A decisão "livre" do homem está debaixo dos refreios da Vontade de Deus Soberana e isto é a realidade bíblica verdadeira (Jeremias 10:23) (Provérbios 20:24) (Provérbios 16:9)
(Todos estão condenados (espiritualmente mortos) pois quando Deus disse "Certamente morrerás" (Gênesis 2:17) ELE não mentiu; a nossa herança em Adão é essa morte espiritual (Romanos 5:12)
Todas as Verdades Bíblicas que dizem respeito à salvação devem ser contempladas a partir da realidade da doutrina da depravação total, que coloca o homem num total estado de inutilidade diante de Deus.
-"porque sem mim nada podeis fazer" (João 15:5)
-"Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível" (Mateus 19:26)
-"isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece." (Romanos 9:16)
Muitos diriam, mas na Bíblia diz que Noé era justo (Gênesis 6:9), e Jó também (Jó 1:1)
Não há um justo nem um sequer? Mas afinal há ou não há homens justos?
-Receber Jesus é para quem quer ou para quem pode?! Quem O recebe é Justo, e quem não o recebe é injusto?
-Noé e Jó eram homens justos em si mesmos, ou porque a Eleição de Deus estava sobre eles desde a fundação do mundo??
Se sabemos que ninguém voluntariamente em si mesmo busca a Deus, então também os que Recebem Jesus não são os que querem ou os que O buscam. Leia-se o que a Bíblia diz de forma clara e evidente: "Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus." (João 1:12,13)
A DEPRAVAÇÃO E AS ESCOLHAS DEPRAVADAS
A razão porque a bíblia tem muitas passagens a colocar nos homens a liberdade de escolha apelando à consciência voluntária é para evidenciar a natural tendência para a prática do pecado.
Na Bíblia a escolha sendo posta nas mãos dos Homens sempre revela 2 realidades práticas:
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-A realidade da depravação do homem em si mesmo escolhendo o mal; (Jeremias 8:5,6)
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-A realidade da Obra de Deus agindo no carácter do Homem fazendo-o escolher o bem; (2 Crônicas 15:2-4)
Porque a mente humana tem dificuldade em entender e conceber a extensão até onde vai a sua liberdade e entra a predestinação soberana de Deus, é que o apelo à consciência voluntária é necessário.
A Liberdade de consciência do homem decidindo sobre si mesmo, sempre está associada com a prática inevitável do pecado na Bíblia; (Mateus 23:37) (Jeremias 7:23-28) (Josué 24:15) (Deuteronômio 11:26-28) (Salmos 81:11,12) (Isaías 65:11,12) (Ageu 1:5-9); Nestas passagens e noutras semelhantes sempre vemos Deus demonstrar O Seu desejo de ver se as pessoas tomam em si mesmas as boas decisões, mas nos contextos sempre vemos o cenário da rebeldia, idolatria, rebelião e afronta dos homens, diante dessa boa vontade de Deus em dar-lhes essa oportunidade para se provarem. Mas qual é o propósito aqui, a não ser revelar que os Homens em si mesmos nada podem fazer, pois eles amam o pecado, e desprezam naturalmente a Deus?
O Livre-arbítrio no Espírito de Deus está sempre associado ao Sal e a Luz em testemunho do poder activo de Deus para com aqueles a quem chama e sustenta na Fé; (2 Coríntios 3:17,18) (Tiago 2:12-14) (2 Coríntios 6:2-4) (Gálatas 5:1) (Romanos 6:22) (1 Coríntios 7:22) (Gálatas 5:13) (Salmos 119:45,46);
Depois de alguém ser salvo, gradualmente à medida que adquire o conhecimento da obra gloriosa da salvação, vai diminuindo na consciência a confiança em si mesmo, e a maior dependência de Deus. Assim sendo, a ideia também da sua própria liberdade em regime de independência vai se desfazendo, enquanto que a convicção da soberania de Deus toma conta da sua mente e coração para a total sujeição.
NÃO VEM DE NÓS - A NEGAÇÃO DO EU
Nós só podemos fazer "O bem" (ter boas escolhas) na Sujeição a Deus; Onde há verdadeira sujeição, não há o sentido de "eu" que leva alguém à ideia equivocada, que nas boas escolhas, o "eu" é que manda.
Pensemos como Paulo: "e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2:20) Se não vivo mais eu, então também não sou mais eu que faço boas escolhas, mas Deus em mim!!
"E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica." (2 Coríntios 3:4-6)
Estar dentro da Salvação crendo que foi alguma boa decisão ou obra humana que nos colocou na Graça, é não ter entendido nada sobre a Graça, o que levou Paulo a dizer: "Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído." (Gálatas 5:4)
Quando as pessoas acham que elas foram justificadas pela sua boa decisão de "escolher a Cristo" nelas mesmas, elas na verdade nunca se negaram a si mesmas (Mateus 16:24,25). Esta negação começa por negar até o mérito da sua própria escolha voluntária no início da Fé para a colocar totalmente em Deus.
Paulo expressa bem isto: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a Si mesmo por mim. Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde." (Gálatas 2:20,21)
Quando lemos que "não há ninguém que faça o bem", o que está a ser dito é que debaixo da Lei "fazer o bem" (todas as boas obras ou decisões) antes da Salvação, (para a glória do homem que as faz, e não para a Glória do Pai em Cristo) não têm para Deus valor algum.
Por isso lemos em efésios dizer: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; (TÊ GAR CHARITI ESTE SESÔSMENOI DIA PISTEÔS KAI) e isto não vem de vós, é dom de Deus. (TOUTO OUK EX HYMÔN THEOU TO DÔRON) Não vem das obras, para que ninguém se glorie;" (Efésios 2:8,9) Por isso logo a seguir fala que as obras boas são aquelas que "Deus preparou para que andássemos nelas" (Efésios 2:10); Isto são as obras que já procedem de uma eleição predestinada (-Deus as preparou-)
Aqui fica bem claro que a decisão humana não tem qualquer mérito para a entrada na Graça; quando refere o termo "isto" (HOÚTOS) como pronome demonstrativo, serve para demonstrar que o que é dito logo antes: "Ser salvo pela graça por meio da Fé" É DOM DE DEUS! Até a Fé como meio para entrada na Graça vem de Deus e não do Homem em si mesmo.
O termo "não vem de vós" (OUK EX HYMÔN) é extremamente importante ser visto no grego original; a palavra "EX" quer dizer literalmente: pôr de dentro para fora; tirar de um lado e meter no outro; termos como: exteriorizar, extrair, expulsar, excomungar, expelir, têm o mesmo significado.
Então a Fé que é posta para fora na decisão humana para exteriorizar o arrependimento e o reconhecimento da obra de Jesus, confessando com a boca uma mudança de pensamento (Romanos 10:9) não vem realmente do homem mas de Deus. Vem de fora do Homem (da Eleição de DEUS predestinada) em primeiro lugar. "Não vem de vós" quer dizer, não vem propriamente de vós, ainda que pareça que vem de dentro para fora. Quando confessamos com a boca, é Deus que coloca nos lábios essas palavras.
Nada disto é obra humana. Por isso também lemos que é Jesus "o Autor e consumador da Fé" (Hebreus 12:2);
"Autor" (ARCHÊGÓS) Aquele que dá, tendo Ele a iniciativa como pioneiro; parte Dele;
"Consumador" (TELEIÔTÉS) Aquele que aperfeiçoa; o que tem o modelo perfeito de alguma coisa e pelo qual pode aperfeiçoar ou conduzir os outros à perfeição;
Então a pergunta a fazer é: -Você é o autor e aperfeiçoador da sua fé? ou Jesus é?
A doutrina da depravação total coloca então o Homem num estado de morte espiritual, insuficiência e inutilidade para que suas obras não contem com nenhum valor ou mérito diante de Deus. Só as obras em Cristo têm valor, por causa do valor da obra de Cristo. A fé de um cristão tem poder, porque ela é a própria fé de Cristo sendo despertada pelo Espírito naqueles que estão destinados a crer.
Por isso Paulo apresenta no primeiro capítulo de Efésios a obra de Deus da Eleição e da predestinação totalmente centrada em Cristo e em nada pondo a decisão humana em relevância. As palavras finais do capítulo provam que tudo que diz respeito à salvação está totalmente consumado em Cristo: "A plenitude daquele que cumpre tudo em todos." (Efésios 1:23) E por isso é que neste texto encontramos também 3x referência feita à "vontade soberana de Deus" associada à Eleição pela qual fomos escolhidos, predestinados e chamados à Graça (Efésios 1:5) (Efésios 1:9) (Efésios 1:11) e também ainda 3x referindo que tudo isto é para "O louvor da Sua glória" (Efésios 1:6) (Efésios 1:12) (Efésios 1:14)
Tudo Por ELE, e para ELE! "Porque Dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém." (Romanos 11:36)
Por isso havendo descrito estas coisas, Paulo prossegue logo no início do Cap.2 falando de como o Homem morto espiritualmente, pode obter vida (Efésios 2:1) e ser vivificado pela Graça (Efésios 2:5)
O Evangelho da vida eterna em Jesus, portanto é a única arma que se dispara num morto para lhe dar vida. Sem o Evangelho como o poder dinâmico de Deus (DYNAMIS), o morto continuará morto, sem poder decidir o que quer que seja, quanto mais decidir viver.
UM MORTO PODE DECIDIR VIVER? O QUE É A VIVIFICAÇÃO?
Assim sendo os méritos são estes: "o salário do pecado é a morte" (este é o mérito do homem); "O dom gratuito de Deus é a vida eterna" (este é o mérito de Deus). O fim do versículo diz que é: "Por Jesus Cristo nosso Senhor" (Romanos 6:23) e não: "Pela decisão dos homens que escolhem".
Os homens não escolhem nem a morte nem a vida; A morte já está destinada a eles pela maldição do pecado; Se nem a morte nem a vida depende deles, então a Graça como dom gratuito também não depende. A condição de homens mortos, fá-los escolher de acordo com a sua condição (homens mortos fazem escolhas mortas)
Se alguém também não se compenetrar de verdade do seu estado de morte eterna antes de receber o "dom gratuito" nunca poderá avaliar e valorizar de verdade o que é que Jesus realmente fez na Cruz.
Foi necessário morrer fisicamente (e não simbolicamente) para que saibamos que a nossa morte eterna não é somente um "símbolo" filosófico, mas uma realidade tanto física, como espiritual.
Por isso João acerca do acto de crer em Jesus diz que: "Quem não crê já está condenado" (João 3:18); A naturalidade de não crer é prova dessa condenação natural na qual estamos. O Acto de crer para não ser condenado vem assim sendo, da Vivificação. Se pessoas dizem que a Lei não pode justificar, mas colocam a sua decisão e a sua fé em si mesmos, elas estão em contracenso, porque a Lei visava precisamente mostrar que os Homens não fazem naturalmente boas escolhas. A Lei é uma declaração de débito, e a Graça uma declaração de crédito.
Desta forma a Lei aponta para o homem centrado em si mesmo, e a Fé aponta para o homem centrado em Deus. Se alguma decisão humana debaixo da Lei pudesse ser justa ao ponto de colocar o homem na salvação, então ela podia também justificar o Homem, e não o pode! "se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei." (Gálatas 3:21) Por isso disse Jesus: "O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita" (João 6:63)
Se alguém quer entender bem o mérito da vivificação de Deus, que faz um morto sem nenhuma aptidão, estar apto a fazer escolhas, basta ler em Ezequiel a passagem do "vale dos ossos secos":
Veio sobre mim a mão do SENHOR, e Ele me fez sair no Espírito do SENHOR, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos.
E me fez passar em volta deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale, e eis que estavam sequíssimos.
E me disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse: Senhor DEUS, tu o sabes.
Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e diz-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor.
Assim diz o Senhor DEUS a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis.
E porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que Eu sou o Senhor.
Ezequiel 37:1-6
- VIVIFICAÇÃO - "OSSOS SECOS" (A Morte Espiritual)
Os "ossos secos", como figura de desvitalização (representando a morte espiritual), é o simbolismo perfeito para se entender o processo da "Vivificação" de que Paulo refere quando diz: "E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados" (Efésios 2:1); e ainda: "Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)" (Efésios 2:5)
A visão do vale de ossos secos mostra que não há nenhuma situação que Deus não pode transformar. Nem mesmo a morte é mais poderosa que Deus! O vale de ossos secos é uma mensagem de esperança, uma "Boa notícia" atestando para a eficácia da Cruz e o poder de Deus, como faz o Evangelho.
Nesta visão, Deus levou o profeta Ezequiel para um vale cheio de ossos humanos. Os ossos eram "muito numerosos" (simbolizando uma vastidão imensa de pessoas) e estavam "Sequíssimos" (Ou seja, a sua condição era evidentemente prolongada). Deus perguntou a Ezequiel se os ossos poderiam voltar a ter vida mas Ezequiel não sabia a resposta, por isso diz: "Tu o sabes" (Ezequiel 37:3); Se ele achasse que mortos podiam decidir viver, sua resposta seria: "Se os ossos tomarem uma decisão"! (Mas Ezequiel deixou totalmente em Deus essa possibilidade) Só Deus tem o poder de espiritualmente trazer para a vida pessoas mortas e condenadas.
O nosso Deus é O Deus da salvação; e a DEUS, O Senhor, pertencem os livramentos da morte.
Salmos 68:20
A obra da Salvação é Trinitária: Elegidos Pelo Pai, Redimidos Pelo Filho e Selados Pelo Espírito! A escolha humana tem zero mérito nesta obra.
Jesus é Aquele que vivifica, através do Poder do Espírito Santo segundo a Eleição do Pai:
Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também O Filho vivifica aqueles que quer.
João 5:21
É fácil perceber a vivificação dos ossos como a obra de Deus resgatando "cadáveres" perdidos; numa primeira instância os corpos sendo restruturados, é uma analogia ao efeito que a pregação da Palavra faz, produzindo regeneração onde havia podridão, mas só quando O Espírito é soprado, é que o morto realmente vive.
-Nesta visão simbólica, onde está a referência à escolha dos cadáveres?
Ezequiel é outra figura que aponta para Jesus - O Evangelista, Pregador, anunciando a Vida Eterna, a multidões de pessoas mortas, secas, condenadas. Se Ezequiel profetiza vida aos moribundos, Jesus também.
"Os ossos secos" simbolizavam Israel e a Aliança de Deus em fazer para Si mesmo um povo Santo e especial; Mas também representam para nós hoje as Nações do mundo e a humanidade morta;
"O Vale" (como símbolo de depressão geográfica simboliza a "queda"); o símbolo da "Vale" aqui descrito, faz-nos pensar sobre "o vale da sombra da morte" (Salmos 23:4); que é o estado do mundo morto espiritualmente, por onde os Filhos de Deus vivificados agora andam, esperando a redenção.
QUEM ESCOLHEU PRIMEIRO? O HOMEM A DEUS, OU DEUS AO HOMEM?
A doutrina da iniciativa de Deus prova juntamente com a doutrina da Depravação total que a entrada na Graça para a salvação é uma obra começada e acabada em Cristo segundo a vontade do Pai.
Até O Senhor Jesus reconheceu que nenhuma vontade Dele era feita em Si mesmo, mas através do Pai: "Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma" (João 5:30)
-Porque razão então os que O seguem, dizem que podem fazer alguma coisa em si mesmos?
A salvação de Deus consiste numa obra gloriosa para uma herança eterna, preparada desde a fundação do mundo (Mateus 25:34) para aqueles que Deus separou do mundo.
Nós somos separados do mundo , não por uma escolha feita particularmente por nós, mas feita pelo Próprio Senhor a nosso favor:
Não me escolhestes vós a mim, mas Eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai Ele vo-lo conceda.
Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros.
Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.
Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
João 15:16-19
Até o nosso amor a Deus vem primeiro do Amor de Deus direcionado a nós: "Nós O amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro." (1 João 4:19)
A primeira grande verdade em relação à Salvação então, é que não vem de os homens escolherem a Deus para serem salvos, mas de Deus escolher homens para salvar; ELE NOS ESCOLHEU!
Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.
Romanos 9:16
ELEITOS COMO ESCOLHIDOS
A Salvação NÃO DEPENDE então da escolha humana (de querer ou correr atrás dela por meio de decisões ou escolhas) mas da compaixão de Deus de eleger pessoas particulares, escolhendo-os de uma humanidade caída e morta, ainda antes mesmo de sequer haver uma humanidade para escolher. O Evangelho que nós pregamos portanto não é para o forte que pode muito, ou para o fraco, que pode pouco; Mas para o morto que não pode nada.
O morto não pode fazer nada, incluindo fazer escolhas.
A bíblia revela os eleitos como escolhidos de Deus que são separados para as boas escolhas e boas obras, e não que foram separados por causa delas; Alguns exemplos bastam para que se torne evidente:
Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.
Romanos 8:33
Não falo de todos vós; Eu bem sei os que tenho escolhido;
João 13:18
Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?
Tiago 2:5
Se somos ricos na Fé herdando o Reino prometido, é por causa dessa escolha de Deus, e também da promessa DELE em aliança para connosco.
Porque razão concebemos a realidade de um Deus Todo-Poderoso, uma Majestade que reina com um domínio sempiterno em poder e Glória sem precisar do homem para nada, e depois olhamos para a obra da Cruz, e achamos que ela precisaria de uma decisão humana para ser completada?
Afinal a obra foi ou não "consumada por Jesus"? (João 19:30)
Nunca poderíamos falar biblicamente e em coerência da Soberania de Deus como um poder Dominante, sendo que a salvação estaria sempre pendente segundo uma decisão humana.
A SOBERANIA DE DEUS E O DOMÍNIO SEMPITERNO
A soberania de Deus está em controlo sobre o descontrolo do Homem, porque é necessário que a liberdade da escolha dos homens em si mesmos, se prove a origem de tudo aquilo que é maligno. Afinal longe da Luz só existe trevas, pois a Luz dissipa a escuridão: Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus. (João 3:20,21)
Diz sabiamente o Senhor Jesus: "Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz." (João 11:9,10) Sem a Luz que é Jesus todos os homens tropeçam! (João 8:12) (João 9:5) (João 12:46)
Note-se a profecia de Isaías acerca de Jesus como a Luz que tira as pessoas da sombra da morte: "O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz." (Isaías 9:2)
A Salvação é obra dessa soberania de Deus posta em acção por Jesus: "Do Senhor vem a salvação." (Jonas 2:9); "A salvação vem do Senhor" (Salmos 3:8); (por isso o próprio nome do Senhor Jesus quer dizer Salvação -YËSHUÅ-)
Soberania quer dizer: Autoridade; domínio; Poderio; Senhorio; Hegemonia; Superioridade; Supremacia; Primazia; Predominância; Preeminência; Preponderância; Prevalência; Tudo isto quer dizer que Deus está primeiro em tudo!
Quando alguém entende o verdadeiro significado de Soberania, ele deixa automaticamente de acreditar que a decisão humana pode ser exaltada na relevância de quem a faz, e não na relevância de quem soberanamente a impulsiona.
-A Graça para a salvação vem soberanamente antes da escolha humana aos Eleitos ou vem indiscriminadamente a todos os que em si mesmos fazem uma escolha?
Isto é o que as pessoas que negam a eleição têm de responder. Porque se a escolha vem antes da Graça, então é o homem morto que decide ter vida e o mérito está na escolha; se vem depois da Graça, então a escolha ainda que aparentemente livre e voluntária é resultado da soberania de Deus.
Se olharmos para a "escolha humana" como uma obra (porque o é), note-se o que diz Paulo a respeito disto:
Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.
Romanos 11:6
O problema com estas doutrinas sempre parece partir da ideia de as pessoas não aceitarem que Deus tenha poder para se interpor sobre as suas próprias vontades que eles chamam de "Liberdade".
A nossa liberdade é condicional, e está condicionada à vontade de Deus, independentemente de as pessoas não gostarem disso.
A Bíblia apresenta vários exemplos da liberdade humana segundo vontades rebeldes, e a vontade de Deus agindo em contraste. Muitas vezes parece que a vontade do homem tem poder para contrariar ou mudar a vontade de Deus, mas os contextos sempre apontam para a relação directa de como Deus exerce a Sua vontade, até na vontade dos homens que é contrária. Deus faz isto sem interferir com a consciência humana de tal forma que o homem se sinta sempre livre, e por isso inteiramente responsável por suas próprias decisões em livre-consciência.
Por exemplo na Palavra diz que Deus não se pode arrepender nem a sua vontade ser contrariada ou combatida (Números 23:19); (1 Samuel 15:29); (Ezequiel 24:14); (Isaías 43:13); (Jó 23:13), mas é igualmente evidente em inúmeras passagens bíblicas que as pessoas foram contra a vontade de Deus pecando e em algumas situações até diz que Deus se arrependeu; Vejamos o homem contra a vontade de Deus: Faraó não deixando sair o povo do Egipto (Êxodo 7:13,14); E Saúl poupando o Rei dos amalequitas, ovelhas e vacas (1 Samuel 15:19) são bons exemplos;
Vemos ainda em alguns momentos até, que a vontade de Deus mudou por causa da intervenção humana; Note-se: Jonas e os Ninivitas (Jonas 3:4-10); e com Ezequias que estava para morrer e viveu (2 Reis 20:1) (2 Reis 20:5,6);
Um bom exemplo ainda é quando Deus se vira contra o povo no êxodo dizendo a Moisés: "deixa-me, para que o meu furor se acenda contra ele, e o consuma"; e Moisés intercede fazendo Deus mudar a Sua decisão ali: "Então o Senhor arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo." (Êxodo 32:9-14)
(Mas a verdade é que todo o povo acabaria mais tarde sendo ainda assim consumido no deserto) (Números 32:13)
Se repararmos até na história de Faraó, Deus estava por trás da dureza dele em libertar o povo (Êxodo 7:3); Deus também estava agindo na vida de Saúl, pois já o tinha rejeitado (1 Samuel 15:26) para posteriormente colocar David no lugar de Rei conforme está logo no capítulo seguinte (1 Samuel 16:1) Deus sempre está no controle, mesmo quando os homens se descontrolam.
A razão porque Deus fez e faz isto ainda hoje, é para permitir na consciência humana a noção da Liberdade concedida (até ao ponto onde a vontade de Deus soberana assim o determina) e demonstrar certos aspectos do Seu carácter Santo ligados ao comportamento humano.
Por isso a Mesma Bíblia que anuncia a Eleição e a Predestinação de Deus, é a mesma que não anula a responsabilidade do comportamento humano debaixo de uma livre consciência.
A soberania de Deus até é soberana sobre a Sua soberania de tal forma, que se decidir soberanamente que o Homem peque, não quer dizer que ELE decrete ou deseje o pecado, mas que o pecado voluntário do homem fará parte do Seu plano, para que a Sua vontade maior reine absoluta. O Homem pecará livremente, e Deus usará esse pecado para ainda assim fazer cumprir perfeitamente a Sua vontade.
Deus "não pode ser tentado e a ninguém tenta" (Tiago 1:13) mas Ele pode endurecer (retirar a Graça) do coração de alguém, de modo a que este siga o seu coração livremente até à má obra que está debaixo da predestinação de Deus. Até no acto de endurecer ou de se compadecer, a autoridade de Deus é que determina o fim de cada um de nós. Se o fim de todos nós fosse o inferno, Deus ainda era bom, portanto se Ele predestina muitos à vida eterna, é porque Ele não é só bom, mas Grandioso em benignidade (Isaías 12:5).
Judas estava predestinado a trair O Senhor Jesus (João 17:12) e não poderia ser de outra forma. Mas a traição de Judas foi voluntária debaixo da cobiça ao dinheiro, pecado ao qual estava subjugado pelo Diabo. Deus usou a natureza de Judas contra ele mesmo, dando-lhe o papel de tesoureiro. (João 12:6)
Por isso lemos: "Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas." (Isaías 45:7)
"Deus é Luz e Nele não há trevas nenhumas" (1 João 1:5) portanto a "criação do mal" aqui refere-se ao "mal" que nós recebemos como castigo de Deus em adversidade e sofrimento, e não a "malignidade"; Jó falou deste mal, reconhecendo que até ele procede de Deus com fins necessários às nossas vidas (Jó 2:10).
Porque haveria Deus ter impedido o pecado, se foi por ele que JESUS como Redentor foi exaltado até aos céus, tornando-se a expressão viva do Amor Divino comunicado aos Homens? Do maior acto de maldade alguma vez cometido debaixo do céu (a crucificação de Jesus) Deus nos trouxe a gloriosa redenção, e o perdão dos pecados!
A ideia de "criar o mal" fala de criar circunstâncias em que quando até o mal que os homens cometem é cometido, Deus ainda assim tem a Sua vontade se cumprindo para um bem maior.
Diz em Isaías: "Eu Sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a Mim. que digo: O Meu conselho será firme, e farei toda a Minha vontade." (Isaías 46:9,10)
Deus não muda (Malaquias 3:6) (Salmos 102:27) (Tiago 1:17) mas Seus decretos podem determinar realidades que mudem mediante certas circunstâncias. Ou seja Deus pode por meio de um decreto imutável, preparar mudança na forma de Ele lidar com o homem, e de ser a intervenção humana a razão para isso.
O homem portanto pode chegar à salvação através de uma "decisão pessoal" para que fique marcada a responsabilidade da escolha em livre-consciência, mas não é a "escolha" em si, a causa da sua entrada na salvação, mas um decreto de Deus segundo a Eleição, para que a entrada seja através dessa "escolha".
Assim sendo a escolha do Homem está preparada pela Eleição para ser feita em Livre-consciência, mas operada pelo Espírito naquele que a toma.
Portanto Deus em natureza sempre é O mesmo Deus perfeito e Soberano; Debaixo do Seu domínio, estão Decretos que podem ser identificados como:
-Decretos imutáveis para a imutabilidade: - que determinam realidades que nunca podem mudar;
-Decretos imutáveis para a mutabilidade: - que foram preparados para mudar mediante algumas condições que
Deus determinou;
Se os decretos que podem mudar vieram de Decretos imutáveis, isto quer dizer que a vontade de Deus que certas coisas mudem, sempre foi de facto a sua vontade, ainda que Ele determinasse a origem da mudança associada a uma decisão humana voluntária. (Isto foi o que aconteceu no Éden com Adão e Eva)
-Mas porque razão Deus decreta que certas coisas possam mudar por meio da intervenção humana?
A resposta seria, porque Deus quer manter a noção de Liberdade na consciência humana, de forma a que o homem sempre se sinta responsável por seus pecados e misérias, e que quando reconhecer o bem, a justiça, a honra e a glória, possa entender que não vêm realmente dele mas de Deus.
A Bíblia regista Que Deus não Muda pois Ele é perfeito. Não há em Deus a possibilidade de Ele ser mais ou menos perfeito ou do que já é. Por isso quando diz que Deus não se pode arrepender, e depois regista Deus dizendo que se "arrependeu", não é um lapso de escrita, má tradução ou contradição, mas uma declaração acerca do carácter misericordioso de Deus que se pode compadecer se assim o desejar. Este "arrependimento" de Deus, não é ELE reconhecendo que errou, ou que foi "impulsivo", mas uma forma de passar a nós criaturas emocionais, um sentimento de misericórdia demonstrada no carácter de Deus.
O facto de Deus permitir que a intervenção humana possa parecer persuadi-Lo a mudar Sua atitude para com o Homem serve para valorizar a predisposição voluntária do Homem na prática do bem, ainda que seja ELE que está por trás dela.
Imagine-se um Pai ajudar o filho num projecto artístico da escola, e depois que vê o filho gabar-se do trabalho feito, ainda o louva, mesmo sabendo que quem está por trás dessa obra é ele mesmo. Não é porque o filho passou o martelo, o pincel, foi buscar a régua, e segurou no material que tem o mérito do trabalho, mas ainda assim um Pai amoroso quer louvar o filho nessa prestabilidade empreendida.
A Verdade é que a atitude de Deus perdoar e não consumir o povo no deserto naquele momento específico (Êxodo 32:9-14) não veio do poder da intercessão de Moisés que influenciou Deus a mudar, mas do carácter de Deus que já havia decidido perdoar por meio da intercessão de Moisés, ainda assim demonstrando primeiro a ira sobre a desobediência.
O que Deus quer ensinar a cada um de nós é que embora Ele se possa compadecer dos homens, ELE ainda assim continua a ser um Deus Santo que quer punir o pecado; Portanto mesmo que Deus possa desviar os Seus olhos do pecado dos homens para perdoar, ainda assim fique claro que:
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O pecado da rebelião merece punição e castigo;
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A misericórdia de Deus pode se sobrepor ao Juízo somente se for essa a Sua vontade, não obstante a intervenção dos homens parecendo ser a causa.
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Que a intercessão e o clamor do justo são agradáveis a Deus e não propriamente que eles têm o poder de chamar Deus à razão em algum momento; O Homem não tem juízos mais justos, nem mais misericórdia que Deus.
Quando Paulo diz: "O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos." (Romanos 11:7) O que Paulo está realmente a fazer, é trazer à Lembrança a história do povo Judeu de comprovando em si mesmos e nas suas decisões, o amor ao pecado, à idolatria e à rebelião, que é a grande razão natural porque Deus tem todo o direito de não se compadecer.
Portanto eu os entreguei aos desejos dos seus corações, e andaram nos seus próprios conselhos.
Salmos 81:12
Por isso se Ele porventura se compadecer de muitos de entre todos os homens condenados, Ele só está a revelar bom carácter da Sua parte.
Deus não elege pessoas para condenar, porque elas já estão condenadas em si mesmas; O que Deus faz é "Eleger" "Muitos" de todas as pessoas condenadas para salvá-las.
Se Homens Judeus foram salvos, é porque Deus se compadeceu deles, e não por suas boas decisões.
O Velho testamento é onde residem a maior quantidade de versículos sobre Deus metendo a "escolha" nas mãos dos Homens, e igualmente é onde estão a maior quantidade de exemplos de ingratidão, resistência, dureza e incredulidade. Os grandes exemplos em contraste de homens "escolhendo bem", vem de Homens que Deus chamou e levantou como símbolo de "Eleição".
A própria natureza de Israel ser uma "Nação Eleita" demonstra esse aspecto de Predestinação particular da parte de Deus. Que diremos então da injustiça de Deus escolher Israel e não qualquer outra nação? Alguém alguma vez tomou indignação e sentido de injustiça porque Deus escolheu a Israel para ser Sua Nação Santa, e Jerusalém, Sua cidade eterna? (Êxodo 6:7) (Levítico 20:26) (Levítico 26:12) (Ezequiel 36:28) (Jeremias 30:22)
A ELEIÇÃO DA NAÇÃO DE ISRAEL
Porque povo santo és ao Senhor teu Deus; o Senhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o Seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra.
O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos;
Mas, porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito.
Saberás, pois, que o Senhor teu Deus, Ele é Deus, O Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que O amam e guardam os Seus mandamentos.
Deuteronômio 7:6-9
A escolha de Israel aparece associada ao facto de "Deus os amar particularmente", e de um "Juramento" feito aos antepassados (Abraão e Jacó) (Neemias 9:7) (Isaías 41:8); Está registado que não é por nenhuma característica que fizesse o povo melhor que qualquer outro, muito pelo contrário.
Então porque Deus amou Israel com juramentos de fidelidade a eles, e não amou por exemplo a Arábia Saudita e ao seu povo da mesma maneira? É Deus injusto? Teria Ele obrigação de dedicar a mesma atenção a todos os outros povos e Nações, só porque o fez com Israel?
Daqui procede a Eleição particular dos homens, que muitos tendem a ver como injustiça da parte de Deus; Paulo diz aos Romanos: "Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia." (Romanos 9:13-15) e ainda: "Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer. Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade?" (Romanos 9:18,19)
Se ninguém pode resistir à Sua vontade, quando Deus determina salvar ou endurecer alguém, como Paulo quer deixar aqui bem claro, porque razão existem crentes nos dias de Hoje que afirmam que quem não se salva, são os que resistem à salvação que Deus estendeu os braços para dar?
A Ideia de Deus ser injusto se Ele não quiser compadecer-se de todos, é uma grande heresia, porque coloca o homem no estado de merecer a salvação.
-Se o Homem não a merece, então porque Deus seria injusto em não a conceder?
Se alguém tem a Verdade da Eleição como injustiça, lembre-se das Palavras de Paulo: "Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas" (Romanos 9:20) e o que ele diz no início da sua carta: "Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça." (Romanos 1:18)
A Eleição de Israel é acerca de Jesus! Deus escolheu o povo Judeu, depois escolheu a terra prometida que lhes ia dar, e por fim escolhe Jerusalém como a cidade eterna! Nada foi deixado ao acaso! A razão de Deus ter escolhido a Igreja e cada um de seus membros, é a mesma; Deus escolheu a igreja por causa de Jesus! (Efésios 1:4) (Efésios 5:32)
A ESCOLHA HUMANA E O PECADO COMO RESULTADO
A Bíblia diz: "Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por Aquele que chama)" (Romanos 9:11); e Isto pretende deixar claro que A Salvação de Deus é concedida segundo uma Pré-eleição para cumprir um propósito de Deus, e não para satisfazer a vontade humana. E ainda vai mais longe dizendo que ELE "chama" a quem "Elege".
É a Eleição "firme" (inabalável) (ménō) que nos garante a entrada na Salvação, e não a decisão voluntária em consciência como resposta ao Evangelho pregado. (O termo grego refere-se a: permanecer, residir ou resistir a qualquer contrariedade; estar continuadamente na mesma posição; continuar; manter-se; perdurar; subsistir; persistir para sempre) O Homem não pode fazer nada contra isto, segundo o sentido original atribuído à Eleição (Nem entrar por si mesmo na eleição para a salvação, nem tampouco sair dela) Se o Espírito tem uma taxa de 100% de sucesso em convencer alguém do pecado, então como pessoas poderiam não ser convencidas do seu pecado? A realidade então é que ou o Espírito realmente não quer convencer alguém do seu pecado, ou então que o Espírito quer, mas fracassa em convencer. Alguém tem a ousadia de dizer que O Espírito de Deus fracassa em alguma coisa? Se um homem não é convencido é porque O Espírito não o quer convencer, sendo que se alguém é de facto convencido, é porque O Espírito assim o determina debaixo de uma eleição já preparada.
A decisão simplesmente vai ao encontro da Eleição, e não a eleição que vai ao encontro da decisão humana.
Se alguém vai portanto a Deus, não vai somente porque "decidiu" mas vai porque foi "chamado das trevas para a Sua maravilhosa Luz" tornando-se "Povo adquirido" (1 Pedro 2:9)
Quando a bíblia fala daqueles que: "são chamados segundo o seu propósito", fala como pessoas predestinadas que Deus tem preparado para lhes conceder a Salvação: "Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou." (Romanos 8:28-30)
"Predestinou" é o termo Grego - Proorízō - que aparece 6 vezes no novo Testamento e significa que: Deus escolheu para dar um propósito; Predeterminar ou decidir de antemão; decretar na eternidade;
Note-se a ordem de sequência em Romanos:
- Conheceu - (proginṓskō) (ter conhecimento de antemão; Ser conhecido antes de ser apresentado)
- Predestinou - (Proorízen) (designou ou predeterminou de antemão; Preparou com a intenção de dar propósito)
- Chamou - (kaléō) (Chamar alguém pelo Nome; fazer convite direcionado por nome no meio de uma multidão)
- Justificou - (dikaióō) (Tornar justo; mudar o estatuto de indigno a aceitável; determinar alguém inocente)
- Glorificou - (doxázō) (Exaltar; elevar em estatuto; adornar de esplendor; atribuir glória e excelência)
Novamente, é evidente que não existe nenhuma escolha humana posta em referência;
Aqueles que "crêem pela fé" são os que Deus predestinou para "crer" e não os que estando mortos em pecados, decidem ter fé. Leia-se o que diz no Livro de Actos, a respeito das pessoas que criam voluntariamente pela exposição da Palavra: "creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna." (Atos 13:48)
O termo grego para "ordenados" é (tetagmenoi - τεταγμένοι) da raíz "tásso" e descreve: ordenados; designados; estipulados; assinalados; decretados; "Todos quantos estavam" deixa claro que nenhum dos que não estavam designados crer, creram. Aqui é evidente que as escolhas voluntárias destes homens estavam em sintonia com a Eleição, ainda que eles mesmos não estivessem cientes disso, agindo naturalmente em liberdade de consciência.
Todo o processo da Salvação começa na eternidade e tem a assinatura da soberania de Deus a cada passo, incluindo a escolha voluntária do Homem que ele não sabe ser impulsionada por Deus.
Jesus disse acerca desta Eleição do Pai: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer;" (João 6:44) e "Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido." (João 6:65);
Logo antes O Senhor Jesus diz: "O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida. Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar." (João 6:63,64)
"Bem sabia Jesus desde o princípio" aponta para a presciência com que Deus elege e predestina tudo, incluindo a nossa liberdade de consciência voluntária.
Mais tarde Ele mesmo diz acerca destes que O Pai predestinou: "Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus." (João 17:9) Estes são então os que "O Pai trouxe", "O Pai concedeu" e "Pertencem ao Pai", e não os que "tomarem decisões" ou "Fizerem escolhas pessoais";
A Eleição é isto mesmo, que Deus tem a iniciativa de pegar em nós ainda mortos, e, eleger-nos para dar ao Filho. ELE mesmo por causa dessa Eleição assume em Si a tarefa da completa mudança de coração do homem:
E lhes darei um só coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne;
Ezequiel 11:19
A LIBERDADE DE DEUS E A LIBERDADE EM DEUS
Todo o grande ensinamento que está por trás da Eleição é que Só a essência de Deus é verdadeiramente capaz de ser simultaneamente Livre e Santa. Por isso Ele mesmo toma em si a responsabilidade de gerir os limites da nossa liberdade.
O Homem recebe a Liberdade, mas ele não sabe gerir a liberdade, nem pode, pois embora Deus tenha criado o Homem perfeito, o homem não é Deus. O episódio de Génesis do jardim do éden, demonstra claramente que a perfeição do Homem está intimamente ligada à dependência de Deus, em sujeição.
A independência é a entrada na imperfeição. Portanto a escolha independente é a raíz do pecado.
A Liberdade do homem é condicional (pois está condicionada às vontades soberanas de Deus), enquanto que a Liberdade de Deus é incondicional (não é afectada por nenhuma condição imposta).
Esta ilusão de "Liberdade" na mente humana é o castigo como consequência da rebelião (No fim dessa liberdade está sempre o pecado, a frustração, o vazio e a morte). "Há um caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte." (Provérbios 16:25)
O conceito de "Liberdade humana" está associado ao conceito de "independência de Deus" que é pura anarquia e rebelião. (Salmos 2:1-3)
SÓ DEUS é realmente Livre!
A essência da Verdadeira Liberdade de Deus pode determinar as escolhas, e as consequências que as escolhas produzem. Embora o Homem possa ser livre para fazer escolhas, ele não pode realmente a seguir determinar a consequência das escolhas que toma. O Homem pode até ser livre até certo ponto para perseguir os seus desejos, mas ele não é livre para determinar os seus desejos. (Satanás sabendo disto, introduz a tentação e daí a queda)
Só quando o Homem experimenta Unidade em Deus, é que ele é realmente Livre!
O coração do homem planeja o seu caminho, mas O Senhor lhe dirige os passos.
Provérbios 16:9
Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.
Jeremias 10:23
Os Homens por terem uma ideia equivocada de Liberdade, também têm uma ilusão emocional acerca da origem do mérito na escolha pessoal.
Jonathan Edwards disse: O único mérito que o homem tem para com a salvação, é com o pecado que a tornou necessária.
O termo “servo” (DOULOS) significa: Aquele que abdica da sua liberdade para permanecer para sempre ao serviço de seu senhor; alguém que serve como sendo propriedade de seu senhor; servo que tem a vontade de seu senhor por maior que a sua; alguém que vive para servir devoto ao ponto de negar seus próprios interesses;
Quando nós libertos das trevas por Jesus, nós nos dedicamos a Ele, usando da nossa liberdade para nos colocarmos permanentemente ao serviço eterno do nosso Senhor e Rei. A lição do pecado no éden, que Deus nos quer ensinar permitindo a queda é este sentimento de abdicarmos de qualquer liberdade para nos servirmos a nós mesmos, e nos colocarmos inteiramente e eternamente dispostos a fazer somente a Sua vontade! (Este é O Espírito que Jesus demonstrou a nós perfeitamente)
Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
João 6:38
Este amor do servo que descreve o amor de um crente ao Senhor Jesus está registado em: (Êxodo 21:2-6)
LIBERTAÇÃO DA VERDADE LEVA À LIBERDADE
Muitas pessoas crêem que porque o Evangelho é um apelo à consciência pessoal e voluntária, então o "arrependimento" é uma acção que parte somente do homem, mas isto não é a realidade bíblica completa.
Só é possível haver Salvação pelo arrependimento, porque primeiramente Alguém concedeu ao arrependimento, a possibilidade da Salvação; pois de outra forma arrependimento por si só não traria Salvação alguma.
Então o mérito está Naquele que providencia a possibilidade da Salvação pelo arrependimento.
É como uma pá dizer ao homem que a usa, que ela é que é a autora do buraco que ele abriu.
Charles Spurgeon disse o seguinte a respeito disto: "quando eu busquei a Deus e O encontrei, logo descobri que afinal era ELE que me buscava primeiro".
O mérito não está em quem se converte, mas em Quem converte, não interessa a quantidade de iniciativa humana, pois entrar no céu não provém do esforço do homem, mas de Deus que o concede: "Desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele." (Lucas 16:16)
A libertação é que leva à liberdade, e a Libertação vem da Verdade! (Se a pessoa não é liberta, ela não é livre)
A Verdade que é Deus na pessoa de Jesus é que liberta! "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (João 8:32) Ele é A Palavra da Verdade: "Segundo a Sua vontade, Ele nos gerou pela Palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das Suas criaturas." (Tiago 1:18) (Novamente segundo A SUA VONTADE e não segundo a nossa)
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E LIVRE ARBÍTRIO - O QUE É ARBITRAR?
- Liberdade de consciência - é a capacidade natural da mente humana de processar a Liberdade temporária (a liberdade condicional), que é concedida ao homem, pela queda em pecado, na condição de que agora eles têm de se provar diante de Deus; (esta prova, provará que a condição anterior era a ideal, debaixo da completa sujeição a Deus)
Depois da queda, a liberdade de consciência está intimamente ligada à culpa (que aponta para o arrependimento), e por isso existe nela a capacidade de distinguir psicologicamente o bem do mal mas não de escolher espiritualmente entre o bem e o mal.
Desta forma suas próprias escolhas podem acusá-los ou defendê-los diante da Lei de Deus, mas moralmente não podem salvá-los (Romanos 2:15); Fazer o bem enquanto se ama o mal, não é o que Deus define por "Santidade".
O Homem pode livremente mediante as circunstâncias, distinguir entre o bem e o mal, por causa dos padrões morais na mente, que foram estruturados pelo carácter de Deus comunicado em forma de regras, e mandamentos. Mas após distinguir o bem do mal, ele não tem poder em si mesmo para reconhecer o bem como a derradeira escolha, caso o mal lhe seja mais favorável.
Ele está destinado a obedecer ao seu coração enganoso e perverso (Jeremias 17:9) e por conseguinte a pecar, recebendo como salário a morte.
As decisões da carne são naturais (vêm da natureza rebelde por isso se sentem livres); Porém não são livres, ainda que o homem que as tome, pense que tem o poder de decidir sobre elas. Assim sendo, somente a carne reina sobre a "Liberdade de consciência". (Tiago 1:14,15)
Aqui nesta realidade, a apresentação de conceitos como "Bem ou mal" são conscientes, mas relativos dentro de uma moralidade adaptável e conveniente; sendo que a tendência natural é para escolher o mal visando a satisfação da vontade, servindo-se a si mesmos.
- Livre Arbítrio - É a Liberdade concedida Pelo Espírito Santo aos que são convertidos (Tiago 2:12);
Esta é a liberdade espiritual de alguém que é retirado pela graça do jugo do Diabo e da escravidão ao pecado para o serviço a Deus. (Romanos 6:10-14); Somente no Livre-arbítrio é que existe a "batalha da carne contra o Espírito"; (Gálatas 5:16-25) porque o espírito aqui já foi vivificado para lutar contra o pecado. Sem a conversão, o espírito está morto, e a carne reina vitoriosa sem oposição.
O Espírito agora vive, e a carne deve ser mortificada por isso existe uma guerra espiritual entre os dois;
Livre para arbitrar, significa que o homem espiritual tem agora capacidade de realmente escolher entre o bem e o mal em plena consciência. Um árbitro é alguém neutro, ou imparcial que pode tomar decisões não tendenciosas por isso é chamado no desporto de fora das 2 equipas que competem uma contra a outra. (uma equipa é a carne, e a outra equipa é o espírito em confronto);
Se um homem antes de ser vivificado, está espiritualmente morto, como pode ele tomar decisões neutras ou imparciais para escolher a Deus? Se reconhecemos que o homem está morto como a Bíblia afirma, então ele não pode "arbitrar" livremente!
Só um Homem que é feito Filho de Deus em Jesus, tem O Espírito habitando dentro Dele, e a mente de Cristo operando para segundo a Justiça pela Graça, rejeitar o pecado e santificar-se em Verdade.
Aqui nesta realidade, "o Bem e o mal" são conceitos em guerra aberta na mente e coração do homem convertido; não só são conceitos conscientes, mas princípios de convicção espiritual, moral e ética, sendo a natural tendência do crente, o desejo de Santidade no acto de servir a Deus.
Ora se o Homem natural (1 Coríntios 2:14) "não pode compreender as coisas do Espírito" porque está "morto no pecado" (Romanos 5:12), então ele não está neutro ou imparcial, e todas as suas decisões são tendenciosas para satisfazer as obras da carne no pecado que reina sobre o seu corpo e consciência.
Desta forma ele não pode “Arbitrar” livremente para sair do pecado para a Graça; Isso é um trabalho operado pelo Espírito de Deus; Por isso Paulo referindo-se aos Gálatas diz que: “somos filhos, não da escrava, mas da livre.” (Gálatas 4:31) evidenciando a Aliança de Deus com os Homens de eleger um povo especial, segundo a promessa anteriormente feita a Abraão.
Nenhum cristão convertido, deveria confundir livre consciência, com Livre arbítrio de forma a induzir pessoas a acreditarem que é nelas mesmas que resiste o poder de uma escolha para a salvação. Evangelizar ainda que foque no aspecto do arrependimento voluntário, deve sempre apontar para a acção do Espírito trabalhando no interior como a possível força ou capacidade para gerar o arrependimento. De outra forma, pela emoção (e não pelo Espírito) um descrente pode crer por remorso (sem verdadeiro arrependimento), tendo-se por filho de Deus (permanecendo debaixo da ira) professando Jesus (mas vivendo para si mesmo).
Só há Livre arbítrio onde está O Espírito do Senhor! E onde está O Espírito do Senhor, toda a liberdade deseja a eterna servidão.
Ora, O Senhor é O Espírito; e onde está O Espírito do Senhor, aí há liberdade.
2 Coríntios 3:17
Se, pois, O Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
João 8:36
O PAPEL DA FÉ NOS QUE SÃO LIBERTOS E LIVRES
Falar em “CRER” é inevitável não referir a “INCREDULIDADE” que é o estado oposto à Fé; Sempre haverão em qualquer circunstância, homens crentes, e homens descrentes em oposição uns aos outros. O episódio da cruz assim o demonstra. (Lucas 23:39) Os que crêem verdadeiramente convictos e perfeitamente convencidos do seu pecado e miséria, estão debaixo da Eleição de Deus confiando totalmente e em sujeição; Os descrentes estarão sempre cheios de dúvidas e incertezas, envoltos em probabilidades e questões infindáveis, pedindo provas (Mateus 27:42) (Mateus 16:4). Mas ainda que os homens se professem da razão contra a Fé, eles ainda assim têm fé neles mesmos, na sua mente, na ciência, ou em qualquer outra coisa que não propriamente em Deus. Sua incredulidade é conveniente, na medida em que na verdade não é que eles não creiam em Deus porque Paulo Bem diz aos romanos que a própria natureza revela a Deus (Romanos 1:20); Não é que eles não creiam, mas que eles não querem crer, e porque na verdade não o querem, naturalmente também não o podem. Porque o pecado faz os homens naturalmente desprezar a Deus, para buscá-Lo, Deus tem de intervir mudando essa natureza incrédula.
A Fé é a resposta de Deus à incredulidade.
Se a Fé fosse inteiramente dos homens, então sua natureza não estava perdida, e eles em si mesmos negam a credibilidade da bíblia buscando a Deus, quando ela afirma que "Ninguém busca".
Mas crer e acreditar são coisas diferentes; O Crer da Bíblia é uma versão espiritual do Acreditar emocional dos homens, como concessão por meio da ELEIÇÃO.
A fé emocional de alguns homens apelidando-se de crentes é um estado de confusão emocional, em que pessoas incrédulas "querem reconhecer Deus", porque lhes é conveniente, estando interessadas naquilo que Deus pode fazer por elas em determinado momento nas suas vidas, e não em quem Deus é durante todo o tempo da Sua vida.
Por isso é que a Fé de Deus é diferente da Fé dos Homens:
-
-A Fé da carne (emocional) crê naquilo que Deus faz como resposta àquilo que o homem produz em si mesmo (por isso a decisão humana se torna fundamental como a entrada na Salvação)
-
-A Fé de Deus (Espiritual) crê totalmente, não só no que Deus faz, fez e fará, mas em quem Deus é em contraste à natureza humana, independentemente do que o homem faz ou deixa de fazer. (Por isso a Eleição de Deus e não a escolha humana, é a chave para a entrada na salvação)
Nós quando cremos pelo Espírito da Fé (em Deus) (Gálatas 5:5) (2 Coríntios 4:13) e não pela Fé emocional (em nós mesmos), nós cremos como convém, sabendo que Deus continua sendo Justo e bom, até ao condenar homens ao inferno. Um bom versículo para vermos que a Fé também vem da Eleição é o seguinte: "Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade;" (2 Tessalonicenses 2:13) por isso também lemos logo no capítulo seguinte que: "A fé não é de todos" (2 Tessalonicenses 3:2); (porque nem todos são elegidos para a Fé da Verdade)
A Fé que salva, ou a Fé bíblica é dos "eleitos de Deus" (Tito 1:1), distinta da fé superficial (Mateus 13:4-7). Muitos não se convertem porque a Fé verdadeira que vem da ELEIÇÃO DE DEUS não está neles (Hebreus 4:2).
A Armadura de Deus faz parte de um "equipamento espiritual", providenciado por ELE para a vida em Santidade, e é um dos apetrechos que Deus dá - "O Escudo da Fé" (Efésios 6:16); O facto da Fé vir da Eleição, como um instrumento Divino de aproximação a Deus, não quer dizer que nós não a sintamos como se ela fosse nossa. Ainda que Deus a tenha predestinado aos Santos eleitos, ELE mesmo assim se agrada de vê-la despertar na acção voluntária como reconhecimento da Sua grandeza. A Fé é nossa (porque nos foi dada) e não é nossa, como se nós a tivéssemos originado em nós mesmos. É Deus que nos atrai a Si, através da Sua voz no chamado eficaz da Graça.
Imaginem-se todos os homens surdos à nascença, incapazes de ouvir a melodia irresistível da voz de Deus chamando (a surdez sendo a morte espiritual); Ainda que a melodia seja irresistível, surdos não podem ouvi-la. Deus então elege muitos homens para a regeneração dos ouvidos (A vivificação que opera a regeneração no morto espiritual). Assim que sua audição é trazida de volta ao normal (assim que o homem morto vive) é então possível ouvir a voz de Deus (receber o chamado). Assim acontece na atracção à voz de Deus quando a melodia da Graça se torna irresistível aos que a podem ouvir.
Eles vão ouvir a Voz de Deus e reconhecê-la voluntariamente, mas o mérito é de quem lhes regenerou os ouvidos (que é na verdade o símbolo do coração) e de quem também canta a Melodia (O chamado eficaz).
Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito.
As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem;
E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.
João 10:26-28
A incredulidade dos Judeus fariseus nas palavras de Jesus não era somente porque eles não decidiam crer, mas porque sua natureza em pecado os impedia; (ser Suas ovelhas era a condição necessária para poder crer, e eles não estavam incluídos nelas)
A incredulidade natural do pecado em rebelião é a razão pela qual Deus cega os olhos e fecha os ouvidos para que os homens não creiam: "E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele; Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Por isso não podiam crer, então Isaías disse outra vez: Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure." (João 12:37-40)
João cita Isaías (Isaías 6:10) onde fala da Santidade de Deus em contraste com a decadência humana; a razão porque Isaías podia estar na presença do Deus vivo foi porque Deus havia preparado um método para o purificar dos seus pecados (Isaías 6:5-7). A declaração de Isaías demonstra que nenhum Homem pode achegar-se a Deus sem que seja purificado por Ele para tal: "Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos." (Isaías 6:5)
Depois de Deus determinar o endurecimento e a desolação dos homens em condenação (Isaías 6:11,12), Ele mesmo designa uma "décima parte" (uma eleição particular de pessoas) para ficarem firmes, atribuindo à "Santa semente" (À Palavra predestinada a eles) a causa da sua firmeza. (Isaías 6:13)
Então a Fé e a firmeza da Fé são totalmente da providência de Deus para aqueles a quem Deus escolhe em parte para tal.
A DÉCIMA PARTE - A ELEIÇÃO PARTICULAR
Na Bíblia o número 10 é: o número máximo que simboliza o retorno à unidade; Também simboliza o último patamar a alcançar; a completude de uma obra; Por isso temos por costume dizer "nota 10" como aprovação, de alguém ter alcançado o proposto. Em Génesis 1, logo vemos que a expressão" DISSE DEUS" ou "DEUS DISSE" (Vayomer Elohim) aparece 10x (Nos versículos: 3-6-9-11-14-20-24-26-28-29); Os 10 mandamentos também têm o mesmo simbolismo; (Deuteronômio 10:4) os 10 sinais de Deus aos Egípcios e as 10 rebeliões do seu povo ingrato (Números 14:22); as 10 virgens no cenário do retorno à unidade em Cristo (Mateus 25:1); a cura de 10 leprosos, entre os quais só um agradeceu a Jesus (Lucas 17:12-18); os Dez servos e as 10 minas (Lucas 19:13); enfim muitos exemplos podem ser aqui dados para provar que a "décima parte" de Isaías se refere simbolicamente a um grupo máximo restrito de pessoas a quem a obra da salvação firme de Deus está dirigida.
Deus não vai salvar todos, porque ELE quer mostrar em muitos o Seu amor e compaixão (os vasos da misericórdia) e nos restantes quer demonstrar a Sua justiça e Juízo (Os vasos da Ira) (Romanos 9:22,23)
O Senhor Jesus bem demonstra que a Pregação aberta é dada aos que estão preparados para recebê-la, e aos que estão de fora, a mensagem é encriptada, para não produzir objectivamente a conversão: "Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado;" (Mateus 13:11); Em marcos diz: "E ele disse-lhes: A vós vos é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas, Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados." (Marcos 4:11,12)
A INCREDULIDADE MERECE CONDENAÇÃO
A Bíblia faz sempre o apelo à consciência para que o homem se sinta responsável por sua rebelião face à pregação da Verdade de forma a que toda a condenação e ira de Deus para a morte, esteja directamente ligada à desobediência em incredulidade.
Isto não quer dizer que o homem em si mesmo pode mudar a dureza do seu coração e ouvir a voz de Deus, mas de evidenciar que se ele não o fizer (o que é natural que não faça) ele já está a justificar a sua condenação, na liberdade de consciência que ouviu o apelo.
Os que ouvem o apelo e mudam, são os que Deus Elege para o fazerem.
Ao fazê-lo Deus está a limpar as suas mãos do destino final destes homens incrédulos e rebeldes, e colocar os que Ele elegeu debaixo da Sua graça, recebendo Glória tanto no destino de um como no do outro. Da mesma forma que ELE recebeu toda a Glória no povo que passou seguro no mar Vermelho (Êxodo 14:30,31) (Êxodo 15:1,2), e no exército egípcio de Faraó que foram condenados ali (Êxodo 14:17,18)
As pessoas não são incrédulas porque são vítimas dos decretos eternos, mas porque são naturalmente rebeldes e inimigas de Deus. Os incrédulos não são inocentes, não são bons, não são justos, não são merecedores!
Talvez a origem do problema é as pessoas não entenderem que a fidelidade de Deus não é para com os Homens propriamente (e muito menos para com todos os homens), mas para consigo mesmo, na Aliança particular que Ele por iniciativa decidiu fazer.
Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus?
De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, E venças quando fores julgado.
E, se a nossa injustiça for causa da justiça de Deus, que diremos? Porventura será Deus injusto, trazendo ira sobre nós? (Falo como homem. )
De maneira nenhuma; de outro modo, como julgará Deus o mundo?
Romanos 3:3-6
Paulo cita o Rei Davi no (Salmos 51:4) que fala da natureza humana nascida do pecado, para provar que a fidelidade de Deus não tem nada a ver com o que nós fazemos, pois todos nós somos igualmente pecadores na mesma condição. Desta forma Deus pode julgar o mundo, condenando uns e poupando outros, sendo sempre Verdadeiro e justo, e o Homem que porventura considere em alguma destas coisas Deus injusto, seja mentiroso.
"a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus." (Romanos 10:17) Esta declaração prova, que a FÉ é produzida pela Palavra de Deus naquele que a ouve, mas nós sabemos que muitas pessoas ouvem a mesma quantidade de discursos evangelísticos e umas não desenvolvem fé como as outras. -Porquê?
Quando ouvimos essa palavra de Deus pregada, o querer buscar a Deus, vem de nós mesmos, ou da acção da Palavra por meio do Espírito que convence do pecado? Leia-se o que Paulo diz sobre aquilo que queremos e fazemos na perspectiva espiritual: "Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade." (Filipenses 2:13)
É segundo a vontade de Deus e não a nossa que as decisões (o querer) e acções (o efetuar) fluem de acordo com a Palavra de Deus revelada. A nossa aquisição da Salvação foi predestinada a nós: "Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Tessalonicenses 5:9)
Sempre que o Evangelho prega o arrependimento a TODOS, vemos que somente ALGUNS crêem, e embora vejamos a responsabilidade individual e a decisão humana de crer ou não crer em todos, não vemos porém a acção interna do Espírito chamando aqueles que crêem e endurecendo os que não crêem; Isto aconteceu com a pregação de Paulo em Atenas, que produziu riso e escárnio de uns, mas conversão noutros (Atos 17:22-34) Aqui nesta passagem creram todos quantos estavam ordenados à vida eterna (Atos 13:48).
O velho testamento é a dispensação da Lei (para forçar os homens à obediência) e o novo testamento a dispensação da Graça (Para centrar toda a salvação em Jesus e Seus méritos); Esta passagem do velho para o novo e de uma "Nova Aliança" em Jesus (Hebreus 12:24) é para que fosse evidente no decurso da História que as decisões dos Homens não prestam, as suas obras são como a Bíblia descreve: “Trapos de imundícia” (Isaías 64:6) e que só a obra de Jesus nos pode aperfeiçoar para fazermos a vontade de Deus (Hebreus 13:21).
A ELEIÇÃO DE DEUS PREDESTINADA
Que diríamos então de Paulo, dos apóstolos e dos profetas quando referiram a Eleição?! Estavam todos eles equivocados?
Algumas outras referências sobre a Eleição na Bíblia podem ser encontradas aqui nestas passagens: (Romanos 11:5) (Romanos 11:28) (Colossenses 3:12) (1 Pedro 1:2) (2 Pedro 1:10) (Isaías 65:9) (Marcos 13:20) (Apocalipse 17:14)
Paulo na carta aos Efésios introduz a Eleição e a Predestinação de uma forma bem clara: "como também nos elegeu" (Efésios 1:4) traduz-se: "kathōs exelexato" – (καθὼς ἐξελέξατο) sendo que "elegeu" (Exelexato) descreve: Escolher um do meio de muitos; selecionar particularmente para ser sua propriedade; atribuir a condição peculiar de alguém distinguir-se do meio de todos os outros;
O termo carrega fortemente a ideia de Deus Pai escolhendo aqueles que Ele separa do mundo para serem seus amados, aos quais ELE mesmo transformou, de tal forma que o critério de escolha arraiga-se unicamente em Cristo e em Seus méritos e não em alguma coisa que diga respeito àqueles que são escolhidos. Eles foram escolhidos para serem transformados em "Novas Criaturas" portanto quem eles eram ou faziam anteriormente era irrelevante: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação;" (2 Coríntios 5:17,18)
Jesus faz algumas declarações que expressam esta natureza da Eleição como uma Obra que Lhe foi entregue Pelo Pai; Se notarmos também o uso do "passado" referido aos eleitos, logo vemos que aponta para algo que foi decidido por Deus, ainda antes que alguém existisse, quanto mais que pudesse tomar alguma decisão; O tempo passado aqui refere-se obviamente ao tempo "antes da fundação do mundo" (Efésios 1:4) portanto é desde esse tempo que a salvação está determinada:
Ele, porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não PLANTOU, será arrancada.
Mateus 15:13
(Plantou e não planta ou plantará)
Pai, aqueles que me DESTE quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo.
João 17:24
(Deste e não dás ou darás)
E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.
Meu Pai, que mas DEU, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.
João 10:28,29
(Deu e não dá ou dará)
Aqui Jesus fala "Dou-lhes" no presente; Jesus dá a vida (a salvação) num determinado momento no tempo, quando por meio do arrependimento pelos pecados, fruto da Graça pela Fé, um pecador se converte; Contudo, a Eleição de acordo com a predestinação de Deus já havia ocorrido no passado, quando O PAI assim o determinou. Jesus só cumpre a obra de salvar, Aqueles a quem O Pai deu ao filho e a mais ninguém.
Jesus também usa o tempo presente e o tempo passado seguidos, de forma a que percebamos que o que acontece no presente é fruto de uma decisão passada: "Todo o que o Pai me dá virá a mim" (João 6:37) e logo a seguir: "Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca" (João 6:39). A obra da Eleição é presente no acto temporal quando o homem toma a escolha voluntária, porém tem origem no passado, quando Deus predestinou a escolha que o Homem faria sem consciência que assim fosse.
Por isso também disse noutro momento: "Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse." (João 17:12) Aqui percebem-se então "todos os que não se perderam" como os "Vasos da misericórdia", e "Judas o que se perdeu", o "Vaso da ira" (Romanos 9:22-24);
Jesus cumpriu toda a Sua parte, e ainda cumpre hoje nas vidas de todos os que são alcançados pela Graça, fazendo parte desse grupo que O Pai Lhe Deu. Jesus sabia que Sua obra iria continuar perfeita até depois de Ele partir para junto do Pai, por isso quando roga por esses que são santificados por Ele, logo diz: "E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela Tua palavra hão de crer em mim;" (João 17:20).
Resumindo, É antes da fundação do mundo que Deus tomou todas as decisões concernentes à minha e à sua Salvação e à de todos os que foram salvos, estão sendo salvos, e ainda serão salvos.
A expressão “antes da fundação do mundo” aponta para a eternidade. Além disso, o próprio fundamento da Eleição, que é Cristo, é eterno. Isso significa que a eleição tem fundamento eterno e portanto, validade eterna. Aquele que nos escolheu espontânea e graciosamente não nos lançará novamente nas trevas. Aquele que começou a boa obra em nós há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus (Filipenses 1:6) (João 10:28) (2 Timóteo 1:12). Ninguém pode separar os Eleitos do Pai, desse "amor que há em Cristo Jesus" (Romanos 8:35-39) (João 10:29)
As pessoas que acreditam que o homem entra na salvação pela sua própria escolha, também têm de forçosamente acreditar que por uma decisão também podem sair dela. Assim a afirmação Bíblica de que ninguém nos pode separar do amor de DEUS seria uma afirmação falsa, pois a escolha humana poderia.
PORQUE DEUS ENTÃO SÓ SALVA UNS E NÃO TODOS?
Já vimos que "a salvação vem do Senhor!" (Salmos 3:8); Mas o Senhor não salva a todos.
-E porque não? Se salva alguns, porque não salva todos?
Porque se indignam as pessoas ao saber que Deus dá a uns a Eleição e a outros não dá? Então não é Deus soberano na distribuição dos seus favores? Não tem Ele o direito de ser assim? Existem ainda aqueles que "murmuram contra o dono da casa"? Então, as próprias palavras do Senhor são resposta suficiente "Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu" (Mateus 20:15). Paulo diz o mesmo com outras palavras: "Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?" (Romanos 9:21)
Todas as pessoas que estão separadas do amor de Deus que há em Cristo, estão por causa da sua própria rebelião e pecado que fazem separação entre elas e Deus e não porque Deus os criou e elegeu para condenar; "E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz" (João 3:19); Portanto não há homens pecadores inocentes diante de Deus.
Encontramos na Bíblia várias referências a "um Livro" que se refere a uma lista de nomes (que só Deus conhece), chamada de "O Livro da Vida" (Filipenses 4:3) (Apocalipse 20:15) (Apocalipse 21:27) (Apocalipse 13:8) (Lista de todos os Eleitos escolhidos, predestinados, chamados e Salvos). -Quando foram escritos os nomes destas pessoas no Livro da vida? "Desde a fundação do mundo" (Apocalipse 17:8) segundo uma Eleição feita "Antes da fundação do mundo" (Efésios 1:4)
Onde está a lista do "Livro da morte" que Deus preparou para os condenados? EM LADO NENHUM!
Em lado nenhum diz na Bíblia que ele criou pessoas particularmente para a perdição. A Eleição parte de pessoas já perdidas e condenáveis, e não de pessoas neutras, que Deus decide condenar è perdição.
A Bíblia então demonstra que a esses já condenados na sua natural inimizade com Deus, aos quais Deus não se compadece para eleger para a Graça, que, Ele os entregou ao pecado adoptando uma postura completamente diferente da demonstrada aos que se compadeceu. Aos que não se compadece então Deus:
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-Entregou-os aos desejos ilícitos dos seus corações (Romanos 1:24);
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-Abandonou-os às paixões infames (Romanos 1:26);
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-Entregou-os a um sentimento perverso (Romanos 1:28);
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-Deus os entregou aos desejos dos seus corações para andarem em seus próprios caminhos (Salmos 81:12)
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-Deus os prova que eles são em si mesmos como os animais (Eclesiastes 3:18)
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-Deus usa de ironia e sarcasmo para com a mediocridade dos Homens (Isaías 41:24)
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-Deus lançou entre eles espíritos perversos para os punir (Isaías 19:14)
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-Cegou-lhes os olhos e endureceu o seu coração (João 12:40);
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-Irá varrer da terra com furor e ira todos os ímpios; (Jeremias 30:23,24)
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-Tem preparado um dia para os destruir; (Isaías 13:9-11)
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-O Senhor ri-se das suas rebeldias (Salmos 37:13) (Salmos 2:4);
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-Odeia a sua alma (Salmos 11:5);
Muitos contra-argumentam a verdade de uma Eleição Bíblica usando versículos fora do contexto para tentar criar realidades bíblicas contra ela. Interpretações equivocadas que criam abismos sem fundamento entre passagens devem ser veemente desprezadas pois falham em sintonizar e emparelhar os contextos debaixo da mente de Deus.
Quando a Bíblia diz por exemplo que Deus: "Quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade." (1 Timóteo 2:4) é para revelar o coração genuinamente bom de Deus que não deseja deliberadamente o mal a ninguém, e não propriamente que Deus vai salvar todos os homens, pois se assim fosse, e sabendo que a Bíblia diz que "Deus fará toda a Sua vontade" (Isaías 46:10), porque não são então salvos todos os homens?
Sendo assim, só existem 2 soluções a esta suposta contradição: ou Deus não tem poder para salvar todos, ou então salvar todos não é a Sua vontade final.
O Senhor tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo.
Salmos 103:19
A resposta é que na verdade Deus não quer salvar todos os homens como decisão final, embora a vontade do seu coração benigno é primeiramente boa para desejar o bem.
A razão porque Deus não salva todos, não tem a ver com a "decisão" humana, mas com a "natureza" humana.
Quando a Bíblia diz que Deus "quer" que todos os homens se salvem, não temos razões para duvidar. Mas Ele introduziu a Eleição porque Ele também quer aplicar a Sua justiça e isso é igualmente uma realidade bíblica que deve ser tomada em conta; A justiça faz parte do carácter Santo de Deus; Deus tanto é compassivo para absolver, como é justo para condenar; O criminoso se for absolvido só tem é de agradecer, porém se for condenado de que tem a reclamar? Porventura a sua condenação não está de acordo com o seu registo criminal?
Sabendo que nenhum homem se salvaria se isso dependesse somente da escolha humana, Ele se interpõe para resgatar muitos de todos os que seriam condenados. Assim somente "Muitos" e não "Todos" são salvos (Hebreus 2:10-13) (Hebreus 9:28) (Romanos 5:15) (Mateus 20:28) (Mateus 26:28);
Quando os textos bíblicos afirmam que Cristo morreu pelo “mundo” ou por “todos” (João 3:16) (2 Coríntios 5:14,15) (1 Timóteo 2:4-6) (2 Pedro 3:9) (Hebreus 2:9) o que está a ser dito é que Cristo morreu por todos os homens sem distinção, ao invés de ter morrido por todos os homens sem excepção.
Porque é verdade que Deus não faz acepção de pessoas (Deuteronômio 10:17) (Atos 10:34) (Romanos 2:11);
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Por "TODOS" (trata da disponibilidade da salvação) para mostrar o carácter da justiça de Deus;
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Por "MUITOS" (trata da eficácia da salvação) para mostrar a graça, o amor e a misericórdia;
Lembremo-nos que a Salvação não é Deus premiando Heróis, mas Deus resgatando Vilões! Todos os homens que Deus salva, são Seus próprios inimigos!
Cristo morreu sim por TODOS (disponibilidade), mas só levou sobre si na cruz os pecados de MUITOS! (Particularidade)
Imagine-se o dono de um stand, colocar disponível um carro cujo preço ia além de todo o dinheiro do mundo combinado, ficando naturalmente assim longe do alcance de qualquer homem; Os Homens confiantes nas suas riquezas, arrogantes em suas capacidades, todos vão perceber que afinal nem todo o dinheiro do mundo pode adquirir este "luxo" particular. Então de seguida o dono do stand vai e dá um modelo gratuitamente a pessoas a quem ele deseja. A disponibilidade não foi o problema de ninguém, mas a possibilidade de alguém poder adquiri-lo por si mesmo. Aí entra a graça como o "dom gratuito" (Romanos 5:15,16) (Romanos 6:23).
O APELO À CONSCIÊNCIA
De Deus é a presciência; do Homem a consciência! É nela que todos podem descobrir que a aquisição da salvação não vem das suas próprias riquezas e meios; A pobreza do Homem reconhecida por ele mesmo é uma das condições que está presente em todos os eleitos; por isso Paulo diz a Timóteo: "Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; Que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam se apoderar da vida eterna." (1 Timóteo 6:17-19)
O Homem a quem a Eleição foi especialmente revelada por Deus, ainda assim não deixa de apelar à consciência dos Homens para a sua responsabilidade diante de Deus.
Por isso o Livro de Eclesiastes, depois de extensivamente expor a vaidade dos Homens e a superficialidade desta vida passageira termina com as seguintes palavras: "De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau." (Eclesiastes 12:13,14)
O Juízo de Deus então está mediante uma comparação que Deus faz entre os Homens e Jesus. Se Alguém não tem Jesus como Salvador, ele tem de se provar tão justo como Jesus, o que é impossível. Se os Homens se compararem uns com os outros, até podem descobrir coisas boas em si por contraste, mas quando comparados com a perfeição de Jesus todos os homens se provam abomináveis.
Quando os Homens se comparam entre si, eles podem se louvar, mas ao serem comparados com Jesus, eles só se podem arrepender.
Por isso Deus Pai deixou que Jesus fosse o meio pelo qual os homens fossem separados (uns para a Salvação e outros para a perdição); Em Jesus está simultaneamente a Salvação e a condenação de todos os Homens. (João 3:18)
Muitas pessoas ficam indignadas por Deus condenar e punir o pecado, porque na sua cabeça o pecado não é assim tão mau, e Deus não é assim tão Santo.
Os Judeus sempre mostraram desdém pelos caminhos do Senhor, e uma natural predisposição para a idolatria e a rebelião contra Deus. A Santidade de Deus em contraste com a miséria dos Homens percorre todas as escrituras. O Velho testamento através da Lei, punha sobre os ombros dos Homens a responsabilidade de expiarem os seus próprios pecados, e obedecerem a um tão grande número de regras e regulamentos que se tornava impossível agradar a Deus; Isto era propositado e intencional, pois a função da Lei é apontar futuramente para a Graça em Jesus. (Gálatas 3:23-26)
Claro que tinha de ficar registado que Deus deu ao povo inúmeras oportunidades em si mesmos de andarem nos Seus caminhos, e que portanto sua própria condenação, estava no facto de eles em si mesmos não o poderem fazer. A razão porque DEUS faz questão de mostrar que os homens nada podem em si mesmos, é para retirar da mente humana qualquer ideia de "escolhas pessoais" independentes de Deus (como fez adão e Eva).
A própria inabilidade dos Homens se salvarem a si mesmos, arrependendo-se e convertendo-se através da justificação da Lei, justifica a existência e a necessidade de uma Eleição. (Gálatas 3:11) (Romanos 3:20) (Atos 13:39)
Se Deus não se viesse interpor na "decisão" dos homens em livre consciência, nenhum homem se salvaria;
A ELEIÇÃO NA IDENTIDADE DO CRENTE
Toda a identidade de um crente, vem da consciência da "Eleição" como uma dádiva de Deus não merecida; Se o homem introduzir a sua própria escolha como mérito seu e não como o chamado eficaz, ele não tem noção de quem Deus realmente é, e por conseguinte, qual é o seu devido lugar diante de Deus.
Não é porque nós nos sentimos "livres" para tomar decisões, que a entrada na salvação deve ser confundida como o mérito resultante da nossa boa capacidade de "escolher";
Pergunte a algum Pastor que nega a Eleição, se foi a Sua boa escolha a razão porque ele foi salvo, para ver o ar incómodo com que ele tenta fazer pirueta à volta da resposta.
O crente sabe que a entrada na Eleição não o previne de fazer escolhas, antes pelo contrário, a Eleição o leva a fazer escolhas de acordo com ela. Desta forma antes de descobrir a sua eleição, e mesmo depois de estar ciente dela, sua postura deve ser de honrá-la, reconhecendo que é privilégio não concedido a todos. Nós sabemos que a firmeza da nossa Eleição está em Deus (Romanos 9:11) contudo, a própria Palavra nos impele a firmar a nossa vocação nessa já firme eleição: "Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." (2 Pedro 1:10,11)
Ainda que a Bíblia descreva uma Eleição que não depende de nós, ela igualmente nos apela à responsabilidade de consciência como se dependesse. Isto para que a nossa segurança da Eleição não se confunda com legitimidade para pecar debaixo dela: "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos. E qualquer que Nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro. Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade; porque o pecado é iniquidade. E bem sabeis que Ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e Nele não há pecado." (1 João 3:2-5)
A ELEIÇÃO É ALIMENTO SÓLIDO
Muitas pessoas pensam que a conversa da Eleição falada abertamente induz as pessoas a pecar, mas é precisamente por uma consciência pura da Eleição que um crente encontra motivação para não pecar.
-Se a Eleição está na decisão de Deus, e o Evangelho do arrependimento põe uma decisão diante do Homem, então ela trabalha contra o Evangelho?
Isto só acontece se não há bom senso e bom uso das escrituras naquele que evangeliza. A Eleição é a comida sólida, que faz parte da dieta de um crente "adulto" na fé; Aos "bebés" na fé, dá-se leite porque ele não está preparado para "digerir" algo mais sólido. Leia-se: "A quem, pois, se ensinaria o conhecimento? E a quem se daria a entender doutrina? Ao desmamado do leite, e ao arrancado dos seios?" (Isaías 28:9)
Infelizmente muitos filhos de Deus negligentes e ignorantes nas coisas do Espírito, nem eles podem digerir Doutrina, quanto mais passá-las aos outros. Note-se o que diz o escritor de Hebreus: "Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal." (Hebreus 5:11-14)
A Eleição é doutrina de difícil interpretação, por isso deve ser abordada com sabedoria e deve ser ensinada com prudência para não se trabalhar contra o Evangelho, e levar os "bebés na fé" a engasgarem-se em alimento para o qual não estão preparados.
Quando a Palavra de Deus fala sobre aqueles que não "entrarão no repouso do Senhor" (os que Deus não se compadece) diz: "Assim jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo." (Hebreus 4:3)
No Capítulo anterior porém diz: "E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes? E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade." (Hebreus 3:18,19)
O que aqui fica evidente é que "Desde a fundação do mundo" Deus determinou que muitos incrédulos permaneçam na sua natural incredulidade, e que muitos outros lhes seja dada a Fé para crerem.
Os papéis dos Homens serão cumpridos diante dos olhos de um Deus que reside fora do tempo, e "fechou o círculo" antes de sequer o ter "desenhado". Em actos é feita uma citação dos apóstolos do Salmo 2 e é dito em invocação a Deus: "Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer." (Atos 4:27,28)
Tudo está determinado por Deus! Ao Homem cabe cumprir o seu papel, lembrando-se em consciência da sua responsabilidade voluntária, diante do Deus que já sabe cada uma das suas escolhas no tempo.
Muitas pessoas reagem mal ao conceito da "Soberania", porque tendo em conta que Deus domina o futuro, independentemente das nossas decisões voluntárias, elas crêem que Deus é um "manipulador de cordéis nas mãos" e nós somos os seus "fantoches"; Mas a pergunta a fazer é:
-Quando alguém toma as suas decisões pessoais, ele sente que Deus o está a forçar a fazer alguma coisa? Não é a nossa preguiça, desmotivação, desinteresse, luxúria, vaidade, obsessão, teimosia, ganância, ignorância, impaciência, arrogância, ódio, inveja, cobiça que sempre está por trás de qualquer uma das nossas más decisões?
Nenhum de nós precisa fazer absolutamente nada para ir para o inferno. Nós já estamos todos a a percorrer "livremente" o caminho para lá.
O que as pessoas não sabem é que essa natural liberdade em regime de independência que elas tanto querem preservar, é a origem de todos os seus males.
Por isso usamos essa infame "Liberdade de consciência" evangelizando os homens apelando à sua responsabilidade e escolhas, sabendo que o Evangelho tem a função de salvar os eleitos, e de tornar inescusáveis todos os outros.
O EVANGELHO PREGADO À CONSCIÊNCIA
Nós temos que ser como Moisés no êxodo, preparados para interceder por todos os ímpios diante do furor de Deus, não interessa a quantidade de pecados que eles cometam; No Final será sempre a compaixão de Deus que determinará o destino de todos os Homens; Afinal se Ele não decidisse nada, era o inferno, o destino natural de todos nós.
Com tristeza vemos muitas pessoas em sua rebelião caminharem para a condenação, mas não é somente porque elas não foram eleitas ou porque Deus não se compadeceu, é também porque elas naturalmente amam mais as trevas do que a Luz.
Todo o cristão embora não saiba quem é que Deus se vai compadecer, ele deve dirigir-se a todos os homens vivendo em pecado com ousadia e intercessão, como diz o Apóstolo Paulo: "a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade, E tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos." (2 Timóteo 2:25,26)
(ananēpsōsin) "Tornar a despertar" significa: "ficar sóbrio";
(ezōgrēmenoi) "desprendendo-se" significa: "estar previamente capturado";
(diabolou pagidos) "Laços do Diabo" significa: "Apanhado em armadilha";
(ekeinou thelēma) "Em que à vontade dele" significa: "Para fazer a sua vontade";
Os Homens estão como assim descreve o versículo, sem controlo dos seus próprios sentidos, como um bêbado está quando debaixo do efeito do álcool. O Homem foi capturado no Éden quando pecou, e o domínio que Deus havia dado ao homem para reinar sobre a natureza, foi passado para Satanás. A "armadilha" preparada pela serpente, tornou o homem preso ao Diabo, para fazer a sua vontade.
A nossa surpresa e escândalo nunca pode ser por pensar em como Um Deus bom pode condenar pecadores ao inferno, mas como um Deus Santo pode absolver pecadores para lhes dar o céu!
A nossa esperança está na certeza de que Deus é um Deus que se compadece.
Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios;
Salmos 65:4
Diz a escritura:
Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?
Romanos 10:13,14
Quem vai invocar livremente nós não sabemos, mas sabemos sim, que o que invoca não o faria se ele não tivesse sido eleito.
Não é sobre as escolhas de Deus que nós meros mortais nos devemos preocupar, mas sim, com as nossas próprias escolhas feitas em consciência. Por certo nenhum homem estará diante de Deus no Juízo final dizendo: "Eu passei a minha vida a querer a tua salvação, mas tu é que não me quiseste".
A Justiça e a Graça de Deus estão sendo anunciadas em alguma Igreja Bíblica, em algum vídeo do Youtube, em alguma bíblia fechada a apanhar pó em sua casa, ou, na boca de algum Ministro de Deus perto de si; Jesus não pregou o Evangelho falando de Eleição, porque este é um tema para ser conversado em família. Ele pregou à liberdade de consciência a culpa que leva ao arrependimento. É esta a mensagem que pregamos e anunciamos à liberdade de consciência de todos os Homens sem excepção para que fiquem inescusáveis: "O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho." (Marcos 1:15)
Se você ouve e crê genuinamente em Espírito de fé em Verdade, e não na emoção dos seus "achismos", você é um dos eleitos de Deus, e ninguém pode dizer o contrário!
Quando você entra livremente em consciência pela porta que é Jesus, está escrito nas ombreiras em cima:
Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.
Isaías 55:6
Depois do outro lado da porta você descobre ao olhar para trás, estar escrito do lado de dentro:
Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.
João 6:37
TOME A SUA DECISÃO LIVREMENTE! PORQUE DEUS JÁ TOMOU A SUA!
A Deus toda a Glória, hoje, e sempre, eternamente! Amém!