Política (do Grego: πολιτικός / politikos - A palavra tem origem na cultura grega quando estes (os gregos), fruto dos seus sistemas de pensamento e ordenação se organizaram em cidades-estado chamadas de "pólis", nome do qual se derivaram palavras como "politiké" (política em geral) e "politikós" (dos cidadãos, pertencente aos cidadãos).
Esta, é a ciência da governança, ou a arte de negociação para compatibilizar interesses de um grande grupo ou colectividade de pessoas; daí também que a a expressão Grega parta de "Poli" = Número indefinido, elevado; Vários, bastantes, aqui relativo a massas populacionais. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público, respectivo a todos que fazem parte do dito "sistema" em questão.
Com base nesta ampla definição, O Cristão pode agora contemplar Política e Espiritualidade discernindo sobre as áreas de actuação de ambas, e seu antagonismo.
O Cristão é cidadão dos Céus, e não como muitos afirmam pelos seus desejos de andarem de mãos dadas com o mundo, que existe uma espécie de "dupla cidadania". Isto não é Bíblico, porque até as Escrituras se referem a nós como "peregrinos e forasteiros", (1 Pedro 2:11),(Salmos 119:19) que no fundo quer expressar que estamos de "passagem", pois não somos de cá.
O Próprio Senhor Jesus disse que Ele mesmo não era do Mundo, e que os Seus seguidores também não são do mundo. Estas afirmações ousadas fazem parte de uma Doutrina Bíblica bastante odiada pelos "Cristãos ecuménicos mundanos" que é a DOUTRINA DA SEPARAÇÃO DO MUNDO.
Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
João 17:14
Não são do mundo, como eu do mundo não sou.
João 17:16
Também podemos ver que Ele mesmo dirigindo-se aos Judeus Fariseus diz o seguinte, agora criando separação entre Ele e o mundo, e aqueles que são do mundo:
E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo.
João 8:23
Vai mais longe ao afirmar que existe e existirá sempre uma natural inimizade entre o Cristão e o mundo;
Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
João 15:19
Existem contudo por aí muitos "Líderes Cristãos" que são amados pelo mundo, tanto pelos Cristãos mundanos, como pelos ímpios e curioso que eles só afirmem sofrerem a perseguição Bíblica reservada aos Santos, quando são denunciados e confrontados na sua conduta pelos Verdadeiros Cristãos e pela Palavra de Deus usada como Espada de dois gumes; porque perseguição do "Mundo", eles nunca sentem pela óbvia cumplicidade que têm com ele.
A Bíblia também ensina claramente que:
Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno.
1 João 5:19
Se todo o Mundo está no maligno, sabemos que os sistemas do mundo como a Política, são sistemas malignos.
O nosso desejo de interagir em cumplicidade com estes sistemas, integrando os seus corpos administrativos, e pensando poder contribuir ou mudar a sua natureza de dentro pra fora é totalmente errada e contraditória.
Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
Tiago 4:4
Nós sabemos como Cristãos firmados na Verdade, que Deus anunciou nas profecias que nos foram dirigidas, o desfecho do mundo, e o retorno Glorioso do nosso Senhor e Rei, Jesus Cristo. Portanto sabemos que os sistemas do mundo, serão cada mais, progressivamente, recorrentemente malignos. Será intensificado todo o teor satânico, idólatra, blasfemo, decadente para culminar na entrega do Governo Mundial nas mãos do Anti-Cristo. Nós não precisamos de conspirações e contra-informação das "Teorias da conspiração" para sabermos o que se irá passar e a iminência desses tempos, pois é visível nas notícias, nas redes sociais, nos murais de informação por todo o lado, mas para nós principalmente, porque a Bíblia assim nos informa.
Quando a Bíblia afirma que "O mundo jaz no maligno", ela afirma-o com TODA a autoridade, pois O plano de Deus é este, que o mundo siga este curso, e por isso Jesus ainda não veio para nossa Redenção. Não se trata de Jesus estar atrasado, ou Jesus precisar que nós mudemos o que quer que seja nos sistemas do mundo, para que Ele venha. Ele virá, quando Aquilo que tiver de acontecer, tomar lugar.
Sabemos então pela Bíblia certos detalhes, que confirmam que o mundo jaz no maligno, e que esse estado corrupto do mundo, será intensificado para a revelação do fim; Vejamos:
E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
Mateus 24:12
Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão.
Mateus 24:10
Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.
Mateus 24:9
Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
2 Timóteo 3:1
Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados.
2 Timóteo 3:13
Não é preciso debruçar sobre muitos mais versículos, para se perceber a tendência crescente do maligno no sistema do mundo. A iniquidade crescerá, não diminuirá; o escândalo e as coisas escandalosas serão normalizadas, serão aceites, serão protegidas pela cultura e seus sistemas políticos e ideológicos; os tempos serão mais trabalhosos/difíceis; a impiedade irá de mal para pior;
Agora a pergunta é: - Estarão muitos Cristãos a pensar que eles podem fazer mais que Cristo para mudar o mundo?
O síndroma da Relevância, e o Síndroma do Impacto social têm embrutecido muitos Líderes Cristãos, e muitos filhos de Deus, porque a dada altura eles esquecem de que a Obra é do Senhor, e querem eles activamente e meramente apoiados nos seus esforços emocionais/intelectuais, mudar e impactar o mundo, contribuir pessoalmente com os seus planos e méritos pessoais para fins inspiracionais que segundo eles, "podem levar muitos a Cristo e à conversão".
Isto tá errado porquê?
Porque primeiro:
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A Obra da Redenção não é nossa, é de Cristo.
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O impacto para constranger e quebrantar o Homem não é nosso, é do Espírito Santo.
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O Plano para o curso do mundo, não vai sendo traçado por nós, e nossas expectactivas ou contribuições, mas foi traçado pelo Pai, por Sua vontade, na Eternidade.
Por isso Paulo disse as seguintes palavras:
E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria.
Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.
E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.
E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder;
Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.
Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam;
1 Coríntios 2:1-6
Paulo Sabia perfeitamente vários princípios Bíblicos sobre a Verdade de Deus para o mundo. Estes são:
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ir ter com alguém, seja onde for, deve ser com o propósito de dar testemunho de Deus, não com palavras humanas de sabedoria mundana como a - diplomacia; oratória; sagacidade; marketing; técnicas discursivas; savoir-faire; colocação de voz; evasão persuasiva; clichets; métodos politicamente-correctos; neutralidade; afinidade cultural; etc. O testemunho deve ser Fiel, segundo os princípios Bíblicos da ousadia e do Amor, sempre firmados na Verdade, sem rodeios, sem subterfúfios, nem esquemas.
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Todo o plano de produzir obras no mundo, deve, vir de Cristo, deve espelhar Cristo, e deve conduzir a Cristo, e Este crucificado, pois é na Cruz que Cristo deve ser primeiramente conhecido do Homem, Pois é de lá que vem a nossa Redenção.
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Se o objectivo de alguém ir a qualquer lado for Anunciar Cristo, deve fazê-lo em sujeição, não para com o mundo, mas para com Deus, e por isso o Temor e o Tremor descrito no vs.3, havendo uma noção de grande responsabilidade, zelo e compromisso.
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Quando Paulo refere "a minha palavra" e a "minha pregação", refere-se às prestações pessoais de cada um naquilo que cada um tende a crer ser a "sua contribuição para a obra de Deus". Nesse sentido cada contribuição pessoal deve partir não de si mesmo (Palavras de sabedoria humana), mas na demonstração de Espírito e Poder, que é no fundo na sustentação do Espírito, ou seja; - inspirado pelo Espírito, instruído pelo Espírito e conduzido pelo Espírito.
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Paulo Sabia também que a Fé que deve brotar no coração do Homem, não deve vir pelo seu próprio mérito, pois se assim for não terá efeito algum, mas a Fé salvífica, é sustentada exclusivamente no Poder de Deus, que Ele concede ou não.
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Por fim ele remata, que esta sabedoria não é para todos, pois não pode ser compreendida por todos; mas a sabedoria que ele fala, é para os Eleitos de Deus, os perfeitos que ao ouvir a Palavra da Verdade, reconhecem a Verdade, pois a Verdade é dirigida a eles e a eles somente. Por isso não vale a pena adoçicar a Verdade, ou aligeirar a Verdade, ou ainda manipular a Verdade, com o fim de "ganhar almas" como muitos o fazem para encher congregações de joio.
Isto leva-nos a descansar na consciência de que embora não saibamos quem são os Eleitos de Deus, basta anunciar fielmente o Verdadeiro Evangelho, sustentado no poder de Deus e na sustentação do Espírito, que a Obra será feita como deve ser feita, pois nós só somos anunciantes e nada mais.
Muitas pessoas rejeitam o papel de mero anunciante, pois não há mérito nenhum nisso, e eles querem sentir-se relevantes, poderosos, influentes, transformadores no meio daqueles com que se fazem rodear. As pessoas querem ter parte na Glória, porque no fundo é o desejo de Glória que as move e isso é notório na forma como normalmente estas pessoas descrevem o "seu ministério". Há um grande descentralizar do propósito do "ide e anunciai", para um suposto e deturpado "ide e impactai".
Agora a pergunta a fazer é:
- O Cristão deve se envolver em Política?
(Convém salientar a diferença entre "deve" ou "pode")
Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demónios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demónios.
Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demónios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demónios.
Ou irritaremos o Senhor? Somos nós mais fortes do que ele?
Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.
1 Coríntios 10:20-23
Esta Passagem de Coríntios só vem reforçar a nossa convicção de que tem de existir separação das coisas do mundo que exercem em nós divisão a nível Espiritual. A doutrina da Separação trata disto mesmo, não trata de "separatismo" num sentido elitista ou segregário, mas numa óbvia distinção a nível de prioridade e sujeição, no que diz respeito a coisas que nos possam dividir, ou exercer em nós 2 pesos e 2 medidas.
"Somos nós mais fortes do que Ele"? -Esta expressão tem vários significados que podiamos escrutinizar assim:
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É a nossa visão do mundo melhor do que a Dele?
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Podemos nós fazer mais pelo mundo do que Ele?
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É a nossa vontade para o mundo, superior à Dele?
Podemos fazer muitas coisas no que diz respeito à nossa "estadia" temporária no mundo, mas serão todas lícitas, no sentido em que devemos fazê-las? Não exercerão a dada altura sobre nós essa "divisão" de que sabemos ser inevitável entre as coisas do Reino dos Céus e as coisas do mundo?
Esta pergunta então parece ter uma resposta evidente, mas a forma como nós chegamos à resposta tem de ser também bem entendida para que ela mesma também não promova divisão e contenda entre os filhos de Deus.
O maior problema em relação a certas perguntas é a falta de um contexto adequado para se entender a resposta. Geralmente quando fazemos perguntas objectivas queremos uma resposta também objectiva e que de preferência seja abrangente, definitiva e sem ambiguidades.
Certas perguntas podem até ser perigosas porque o objectivo que elas acarretam pode até nem ser o conteúdo da resposta em si, mas a forma como a resposta pode definir a pessoa que a deu. Muitos de nós estamos desejosos de julgar os outros baseados nas suas convicções e posicionamento, esperando encurralá-los com perguntas de difícil esclarecimento.
Um bom exemplo é dado numa conversa entre os Judeus fariseus e Jesus.
Os fariseus fizeram este tipo de pergunta, com este tipo de motivação. Por exemplo: “É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?” (Mateus 19:3). A resposta foi tão complexa que os próprios discípulos ficaram confusos, e Jesus rematou:
Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido.
Mateus 19:11
Jesus foi além do entendimento distorcido que os fariseus tinham a respeito do povo de Deus e da natureza de Deus, para responder às suas perguntas. Foi até mesmo além dos limites insuficientes da lei de Moisés, e falou sobre a intenção de Deus “no princípio”. "mas ao princípio não foi assim" (Mateus 19:8)
Por isto muitas pessoas vão buscar referências de como a Bíblia tem testemunhos de homens de Deus envolvidos na política, até mesmo em países ímpios como o Egito (José) e a Babilônia (Daniel, Neemias).
Mas antes que você apele para passagens do Antigo Testamento para justificar certos impulsos emocionais que você tem, sobre como fazer "A obra do Senhor/ou avançar o Reino dos céus" convém lembrar de que todos eles pertenciam a uma dispensação (modo de Deus tratar com o mundo) muito diferente. O povo de Deus, Israel, efectivamente tinham recebido um lugar neste mundo e deviam lutar por ele, fazer valer seus direitos, e por isso Deus até vinha ao seu auxílio e manifestava-se sobrenaturalmente naquela altura para demonstrar para testemunho perpétuo, de que o povo de Deus tem direito sobre a Terra, dado soberanamente por Aquele que a Criou. Personagens Bíblicas conduzidas por Deus em tempos trabalhosos, muitos destes até vindo da imposição da Escravatura, chegaram à Política por intermédio de Deus numa dispensação particular. Não foram testemunhos de filhos de Deus, deliberadamente colocando-se na política por desejo de influência e relevância. Não existem testemunhos ou referências algumas do Próprio Cristo ou dos apóstolos se intrometerem nos sistemas políticos da altura. Encontra-se alguma passagem evidente em que O Senhor Jesus tentou derrubar ou contribuir para o governo invasor dos romanos? Não. Encontramos os discípulos e apóstolos fomentando manifestações ou rebeliões contra Roma ou indo fazer passeatas nas ruas de Jerusalém para tornar o cristianismo uma religião oficial? Não. Existe alguma espécie de referência de Cristãos activistas a fazerem petições e a intrometerem-se no sistema político de então? Não! Haviam Cristãos a querer a criação de um partido político Evangélico entre o senado Romano? Não.
Todas as tentativas de misturar interesses religiosos com os sistemas políticos da altura, viram-se primeiro pelos próprios testemunhos dos fariseus (pessoas mundanas meramente religiosas) que queriam benefícios do império Romano e mais tarde com a fusão da Igreja Estado, no sincretismo entre o paganismo e a fé Cristã, que resultou no desvirtuar generalizado do Cristianismo naquilo que se entendem ser as "Igrejas Evangélicas actuais", mais mundanas que outra coisa e sua mãe, a Igreja católica Apostólica Romana.
-“O cristão pode ou deve participar da política?” é uma pergunta mais ou menos deste tipo. Primeiro, porque gostaríamos de uma resposta taxativa: sim ou não. Assim dá para classificar todo o mundo em dois lados, os que concordam e os que não concordam, e por conseguinte catalogar uns como certos e outros como errados.
Há outra pergunta muito mais importante a fazer que pode trazer luz sobre a natureza divisória da outra pergunta.
-Que pensa um Cristão fazer para a Glória de Deus mais e melhor envolvendo-se directamente na Política?
Esta pergunta leva à mente inúmeras considerações pertinentes. Por exemplo:
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Este Cristão tem noção prática e real de como verdadeiramente funciona o actual sistema político do mundo?
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Este Cristão está preparado para em todas as suas opiniões e posicionamento, revestir-se de cunho Bíblico e Escriturístico, sendo que a Bíblia é a sua verdadeira Constituição?
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Este Cristão, porá de lado a diplomacia todas as vezes que a "maioria" terá visões, e planeamento político que vá directamente contra a natureza Santa de Deus e Suas leis?
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Este Cristão conscientemente acredita que Caminhos que não vêm de Deus podem levar a Ele e por isso às vezes os fins justificam os meios?
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Este Cristão tem firme convicção de que ele irá de alguma maneira mudar o curso do mundo, e as opiniões de pessoas mundanas, inserindo-se nas suas esferas de influência, e permanecer sempre firme e fiel a Deus e não ser de forma alguma influenciado, coagido ou seduzido a dada altura a abrir mão do seu "Cristianismo" em prol de "um bem maior"?
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Este Cristão está ciente da tremenda pressão que é, sabendo que a Bíblia diz que seremos publicamente perseguidos por amor a Deus, mesmo assim integrar um sistema de visibilidade pública, onde o politicamente correto é mais relevante do que o Espiritualmente correcto?
O grande problema desta questão é que muitas pessoas não conseguem projectar o seu entendimento lá no ínicio, onde tudo começou. Antes de existir sequer política, ou sistemas mundanos, já existia uma Guerra Espiritual que quer queiramos ou não, projectou 2 lados para o Homem se posicionar.
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Os que estão com Deus
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Os que estão contra Deus
Quando a Bíblia nos faz referência à porta estreita e à porta larga, entendem-se bem estes 2 caminhos, e as direcções opostas que residem no fim do percurso. Um leva à Salvação Eterna, e o outro à Condenação Eterna; um é o da Maioria, e o outro da Minoria. A Bíblia nunca refere um caminho neutro ou alternativo.
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.
Mateus 7:13,14
A bíblia também nos faz referência ao Homem e ao coração do Homem, no sentido em que sabemos que neles não dá para confiar.
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?
Não confieis em príncipes, nem em filho de homem, em quem não há salvação.
Salmos 146:3
Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!
Jeremias 17:5
Chamar Maldito a um Homem que confia noutro Homem, é um termo agressivo e drástico, mas nem por isso menos verdadeiro. O sistema da política é todo baseado numa trama de influência e interesses que em nada visa o sonho utópico da igualdade, ou da Justiça social ou do Progresso. O político candidato vende-se como defensor de valores, de princípios, de medidas que ele não tem poder algum para garantir pois por detrás da sua campanha existem toda uma infinidade de interesses, públicos e particulares que assim o garantem. Desta forma não se pode nunca confiar num político, pois ele é nada mais do que um rosto de marketing, para uma utopia que é vendida ao povo, mas que não se reflecte numa prática coesa e convincente e isso é evidente no percurso público de qualquer político da actualidade. Quem ainda acredita nestes slogans, é um ignorante no que diz respeito à realidade. A nossa opinião do mundo é meramente um reflexo de quanto nós conhecemos dele; e a opinião de muita gente com base neste princípio denuncia uma grande pobreza de discernimento.
No mundo não há Salvação, e a Política é o sistema de "excelência" por sinal, da ordem do mundo. É a política que constrói a ordem do mundo no mundo, e é a Cultura que proporciona a desordem; contudo sabemos que a Cultura está de mãos dadas com a Política, e vice-versa, e é visível na decadência e no proliferar da Corrupção desmedida e descarada que se tem testemunhado em praticamente todas as Nações do mundo, independentemente da sua Nacionalidade, Língua ou Cultura. A corrupção procede da natureza Humana, não da natureza cultural.
São várias as razões porque "podemos" mas não "devemos" andar de mãos dadas com estes sistemas, integrando-os espontaneamente por nossa livre vontade.
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A capacidade do homem é limitada, e a natureza do Homem está corrompida. A Bíblia denuncia que o Homem não tem o direito ou a capacidade de se governar a si mesmo. Jesus é o único Rei (o único com Legitimidade e capacidade de Governar e liderar) A filosofia da política Mundana é tudo menos a Teocracia que a Bíblia defende (Deus reinando soberano sobre o Mundo), e por isso a nossa contribuição política para o mundo será sempre perseguida, e resistida (Se for bíblica claro). Daí a inerente inutilidade da nossa tentativa de integrar estes sistemas para mudá-los. O profeta Jeremias escreveu:
Quem não te temeria a ti, ó Rei das nações? Pois isto só a ti pertence; porquanto entre todos os sábios das nações, e em todo o seu reino, ninguém há semelhante a ti.Mas eles todos se embruteceram e tornaram-se loucos; ensino de vaidade é o madeiro.
Trazem prata batida de Társis e ouro de Ufaz, trabalho do artífice, e das mãos do fundidor; fazem suas roupas de azul e púrpura; obra de peritos são todos eles.
Mas o Senhor Deus é a verdade; ele mesmo é o Deus vivo e o Rei eterno; ao seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação. (Jeremias 10:7-10)
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Forças espirituais perversas exercem influência directa sobre o mundo e sobre os sistemas do mundo e nós vivemos conscientes desta guerra pois temos o discernimento para ver onde, quando e como, o Diabo opera. Quando Satanás ofereceu a Jesus todos os governos do mundo, (Lucas 4:5) Jesus não negou que Satanás tivesse autoridade para isso. Na verdade, Jesus mais tarde o chamou de “o príncipe deste mundo” (João 12:31),(João 16:11). Alguns anos depois, o apóstolo Paulo se referiu ao Diabo da mesma maneira (João 14:30), usando também a referência - "o deus deste século" (2 Coríntios 4:4) Paulo escreveu aos seus companheiros cristãos advertindo-os de que a guerra que eles combatiam nem era directamente com os Homens mas com as forças demoníacas que movem os sistemas ímpios do mundo, pelos quais andam a maioria dos Homens: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.
Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais". (Efésios 6:11,12).
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O lugar onde metemos os olhos acaba com o tempo por nos definir, no sentido em que se o nosso determinado foco for durante muito tempo alguma coisa, essa coisa exercerá em nós a seu tempo poder de influência, e conduzirá o nosso entendimento, as nossas expectactivas e a nossa consciência. E se nós usarmos a nossa luz, a nossa Espiritualidade de forma errada, sincronizada com sistemas mundanos, pretendendo daí retirar coisas boas deliberadamente, essa luz será entenebrecida, e dará pior testemunho. Isto para que ninguém se iluda com as "boas intenções" justificando a sua rebeldia e desobediência. Não é à toa o ditado popular que diz que "de boas intenções, está o inferno cheio". Portanto obedecer desobedecendo não é o caminho para a Luz, assim como servir a Deus, servindo deliberadamente sistemas corruptos não são o caminho para o Filho de Deus andar. Basta Ouvir novamente as Palavras de Jesus: "A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz;
Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom." (Mateus 6:22-24)
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"Dar a César aquilo que é de César", é provavelmente um dos versículos mais atropelados pela ignorância das pessoas que gostam de adaptar a Bíblia às suas libertinagens pessoais. Esta passagem mais uma vez visa uma pergunta traiçoeira da parte dos fariseus para encurralar Jesus a fim de condená-lo e encontrar Nele alguma falha. Quando Jesus diz: em (Lucas 20:24,25) "Mostrai-me uma moeda. De quem tem a imagem e a inscrição? E, respondendo eles, disseram: De César. Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus." Ele quis sobretudo falar novamente sobre a Doutrina da Separação, em que nós temos noção de que vivendo no mundo, teremos de estar sujeitos a coisas que o mundo nos impõe, mas nem por isso devemos nos misturar com elas. Jesus Veio ao Mundo e sujeitou-se, razão pela qual foi crufificado, mas Ele não andou de mãos dadas com o mundo, e por isso as pessoas o quiseram crucificar. "Dar a César o que é de César", quer dizer estrictamente que naquilo que houver responsabilidade e obrigação por causa da sujeição, nós temos de nos submeter, como por exemplo, não concordar com certas Leis que foram feitas injustas para punir o fraco e priveligiar o forte, mas estando debaixo da Lei por vivermos presos a um sistema do mundo, temos de obedecer à Lei, mesmo não concordando com ela; contudo no acto de criar determinada lei, promovê-la, defendê-la e exercê-la nós podemos não ter qualquer responsabilidade e por isso não sermos cúmplices dela. Simplesmente a cumprimos pela sujeição a que estamos entregues e continuaremos a cumpri-la conquanto ela não nos impeça de obedecer e servir a Deus como Ele nos ordenou, pois se a Lei dos Homens nos fizer deliberadamente abrir mão da nossa obediência a Deus, então existe legitimidade para a rejeitarmos. Sujeição a Deus primeiro, antes de sujeição aos sistemas, deve ser o nosso compromisso e foi esse o exemplo que Levou Cristo à Cruz, e que tem levado a Igreja de Cristo a ser perseguida; isto é o que quer dizer "e a Deus o que é de Deus". Quando jesus pergunta "De quem tem a imagem e a inscrição?" - Ele subtilmente está a dizer que o rosto das coisas mundanas é muito fácil de distinguir; as coisas do mundo são evidentes e as coisas de Deus são distintas, portanto não é uma linha ténue a dividir as duas, pois elas reconhecem-se naturalmente. Se tem o rosto de César, por certo pertence a césar. o Acto então de entregar a cada um o que lhe é devido, é o discernimento de não misturar as duas realidades, tornando-as ténues, que é o que o Relativismo como movimento ideológico tanto promove.
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Todos nós conhecemos aqueles ditados populares do "quem cala, consente"; ou "diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és"; no sentido em que é do senso comum que certos comportamentos, ou certas cedências que fazemos definem as nossas prioridades, e por conseguinte com a extensão de tempo, até o nosso carácter. Nós somos exortados na Bíblia a sermos em tudo exigentes e selectos sempre visando a Santidade e a pureza, defendendo a Justiça de Deus e Sua Verdade. -Referência a (Efésios 5:9-11) "(Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade); Aprovando o que é agradável ao Senhor. E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as."; e a (1 Tessalonicenses 5:21,22) "Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal.";
Se devemos então condenar as obras infrutuosas das Trevas, aprovar o que agrada e o que não agrada ao Senhor e abstermo-nos de toda a aparência do mal, como nos é ainda possível ingressar numa esfera tão corrupta e decadente e cheia de lobbies como a Política, sem criar atrito, conflito e ferir susceptibilidades, ainda honrando a Deus? Se alguém que se afirma Cristão tem tido sucesso dentro da área política, há que por em causa a sua credibilidade como Ministro de Cristo, pois o mundo não aplaude naturalmente o Evangelho, nem recebe com Glória a todos os que levam a mensagem da Cruz. Basta olharmos para os séculos de História da Igreja e vermos o percurso de Cristo. Há pessoas contudo que parecem querer ter sucesso onde Cristo não teve. Cristo não foi bem visto pela maioria, nem aceite pelos Governos, nem coroado pelas Nações, e isto porquê? Porque em momento algum Ele pretendeu alguma destas coisas. Um Cristão Bíblico que não silencia o seu testemunho e ao contrário anuncia fervorosamente as suas convições Espirituais, tem os dias contados em qualquer sistema de poder e ordem humanas, pois "o deus deste século" é o mesmo deus que se levantará em breve pelo poder político, bélico, económico e militar do mundo a perseguir tudo que tenha o nome de Deus. (2 Tessalonicenses 2:4)
Como é que toda esta informação afecta então o nosso conceito sobre política?
Tendo noção de que a Política é nada mais que uma área de poder de influência e controle da ordem dos sistemas do mundo, sabemos notoriamente que é a área onde a mão de Satanás está mais firme. Nenhum homem por suas intenções pessoais pode mudar a influência dessas poderosas forças espirituais. Elas estão determinadas a corromper totalmente a raça humana e os governos da Terra. Assim, só uma pessoa mais poderosa que Satanás e seus demónios poderá trazer uma mudança real. Essa Pessoa é o próprio Jesus Cristo, o Deus vivo. Ninguém mais poderá mudar o mundo, senão Ele mesmo, e por isso é que antes de o plano de Deus para o mundo se concretizar totalmente, Cristo reinará por 1000 anos na Terra; para demonstrar a real diferença entre a decadência dos governos Humanos, e a eficácia do Governo de Cristo — (Salmos 83:18); (Jeremias 10:7).
O Verdadeiro Cristão sabe, assim como Jesus e seus discípulos sabiam que, num tempo predefinido, o próprio Deus estabeleceria no céu um governo sobre a Terra inteira. A Bíblia chama esse governo de Reino de Deus e revela que seu Rei é Jesus Cristo.
E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre.
Apocalipse 11:15
Visto que esse governo afetará toda a Humanidade, Jesus fez das “boas novas do reino de Deus” um dos temas principais de seus ensinos.
Ele, porém, lhes disse: Também é necessário que eu anuncie a outras cidades o evangelho do reino de Deus; porque para isso fui enviado.
Lucas 4:43
Ele também ensinou os seus seguidores a orar: “Venha o teu reino.” E associou a vinda do Reino à vontade de Deus para a Terra e para o Céu. Isto porque o Senhor do Céu é o mesmo Senhor da Terra, e Deus não tem no propósito da Eternidade nenhuma divisão. A divisão que existe entre o bem e o mal é uma divisão temporária, que terminará na Volta de Jesus e na tomada de posse de tudo o que é Seu. Nessa altura O reino dos céus, será a única fonte de autoridade sobre a Terra, a Palavra de Deus a única constituição, e Cristo o Rei absoluto sobre tudo e todos.
Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
Mateus 6:10
Então, o que acontecerá com os governos humanos? A Bíblia diz que os governos do mundo estarão sobre o domínio da "Trindade Satânica" - Dragão=Diabo; Besta=Anti-Cristo; e o Falso Profeta=Líder religioso carismático e proeminente - estas forças demoníacas congregarão os seus "Líderes políticos" (Reis) para fazerem batalha contra o Cordeiro de Deus, e serão portanto destruídos.
E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs.
Porque são espíritos de demónios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis da terra e de todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-Poderoso.
Apocalipse 16:13,14
E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo, e ao seu exército.
Apocalipse 19:19
Se uma pessoa realmente acredita que o Reino de Deus está prestes a acabar com todos os sistemas políticos do mundo, pois eles são sustentados no poder de demónios, ela não irá apoiar desenfreadamente, contribuir ou ter relações de integração com estes sistemas deliberadamente, desejando como prioridade estas áreas, especialmente se a pessoa em questão tem cargos de direcção ligadas ao Ministério de Cristo. Afinal, dar apoio a estes governos destinados ao fracasso, e que são na sua origem rebeldes contra a autoridade de Deus é de alguma forma por si só também uma afronta a Deus.
Então existe aqui um evidente conflito entre 2 Reinos, e um conflito entre duas formas distintas de encarar ambos os Reinos.
Uma das grandes diferenças entre o cristão e o não cristão é a visão que cada um tem do Homem e do seu percurso na história do mundo.
-O Homem natural vê toda a civilização e o desenvolvimento humano como fruto do seu próprio esforço e mérito, e encara o futuro, certo que a Humanidade pode fazer mais e melhor, e conquistar, vencer, e aprimorar o que precisa ser desafiado e superado. Existe sempre uma ideia positiva de progresso e evolução centrado no Homem e nas suas capacidades, mesmo que a realidade do presente pinte um cenário totalmente oposto. O Homem natural crê recorrentemente que o seu sucesso depende sempre somente dele, e talvez numa pequena percentagem de um factor indeterminado, como o conceito mundano de “sorte” ou “destino” ou em alguns casos até, do "cosmos" ou uma "figura divina que pode ou não ser chamada de deus". Por isto a opinião que ele tem do mundo, do percurso do mundo e do futuro do mundo são completamente auto-induzidos, centrados na ideia de que maus momentos são apenas fases, corrupção é algo inevitável mas não determinante, e que o mal existe mas não é predominante, mesmo com todas as evidências factuais que compromovem o contrário.
-O Cristão, que se baseia na revelação do plano de Deus na Bíblia, entende que toda a história deste mundo é na verdade o desdobramento do conflito entre duas grandes forças antagónicas, entre dois reinos; entre dois sistemas de poder, e por isso também entre 2 conceitos de política (ordem e desordem).
Com a rebelião de Lúcifer e os seus seguidores contra Deus, e pela desobediência de Adão e Eva de escolherem o conhecimento do bem e do mal, atentando para a ideia de se tornarem “iguais a Deus”, com todas as implicações de auto-exaltação, autogratificação, e auto-realização, não só entrou o pecado na própria natureza do homem, mas o sistema deste mundo e seus reinos foi entregue ao adversário de Deus; (Lucas 4:6) daí a afirmação de que “o mundo inteiro jaz no Maligno” (1 João 5:19), (João 14:30). O Cristão então está perfeitamente ciente desta disputa pelo poder, em que Lúcifer e seus demónios usando o Homem como afronta a Deus, manipula o curso do mundo, detendo nele grande poder de influência para moldar ideologicamente, culturalmente, economicamente, e politicamente a sociedade que Apocalipse descreve, e o cenário inevitável do fim.
Por isto, o Cristão sabe que a obra de Jesus na cruz não foi apenas para arrancar o homem deste sistema maligno, e transportá-lo para um reino perfeito, muito distante daqui – ou seja, apenas uma redenção pessoal e individual– mas também para derrotar este sistema rebelde e maligno comandado por Satanás aqui na terra.
Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.
E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.
Colossenses 2:14,15
Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.
1 João 3:8
Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.
E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.
Ora, se o Cristão tem o Espírito Santo, tem os Olhos nas Escrituras e em Cristo que é para onde as Escrituras e o Espírito sempre apontam, fica mais fácil não ser embrutecido por um desejo pessoal de "relevância" e "alcance" desmedidos, que o Próprio Cristo não demonstrou. Nós sabemos que devem existir limites para a boa vontade no que diz respeito às obras para "avanço do Reino" e eles são definidos pelo senso-comum, que no caso do Cristão é elevado a discernimento. Este "upgrade" no senso-comum que nós recebemos na conversão diz-nos quando estamos a sair fora dos parâmetros da obediência, zelo e fidelidade por causa do emocionalismo do mérito e propósito a que muitos se entregam desmedidamente. É tudo uma questão de saber o que é lícito ou não e o que convém ou não, e para isso temos o Espírito de Deus, que nos ensina todas as coisas. O "Avanço do Reino", ou até mesmo o conceito pessoal que alguns Cristãos têm do "Reino" em si, é totalmente errado e por isso leva a comportamentos duvidosos e a um certo descontrole exercido em desobediência, mas disfarçado de zelo e fervor Espirituais, que muitos gentilmente apelidam de - Boas intenções.
É aqui mesmo, na Concepção do que é o "Reino de Deus", que entra uma porção de opiniões contrárias e conflituosas no meio da "cristandade". Quando se fala no “Reino de Deus”, alguns acham que isto se refere ao reino distante, onde Deus está agora, e onde nós só estaremos depois da morte ou depois da volta de Cristo. Outros acham que é o mesmo que “igreja”, portanto presente agora, mas também não acreditam em alguma implantação prática deste reino como sistema diferente antes da Segunda Vinda. E ainda outros crêem que podemos experimentar o reino, como governo de Deus, e como sistema de vida, aqui e agora, e que devemos lutar para implantá-lo por todos os meios possíveis: através da cultura, da política, da educação e de uma agressiva integração nas esferas de poder e influência (e muitos chamam a isto Ministério do avanço do Reino).
Considere-se então as seguintes visões em análise:
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O Reino como realidade futura somente
Está muito claro nas palavras de Jesus que Ele considerava o reino como realidade presente. Inicialmente era por causa da Sua própria pessoa e da Sua missão e propósito cá e por isso a Sua chegada está intimamente reflectida na afirmação de que é chegado o "Reino dos Céus".
Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
Nele tivemos o primeiro cumprimento do Reino de Deus. Esta realidade estava relacionada com a autoridade de Deus exercida sobre as forças malignas;
Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus.
Mateus 12:28
Também pela cura e libertação de pessoas escravizadas por estas forças e pelas injustiças do mundo;
O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração,
A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor.
Lucas 4:18,19
E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal.
Mateus 10:1
E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus.
Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
Mateus 10:7,8
Mas principalmente com a encarnação da Palavra e realização da vontade de Deus;
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Mateus 7:21
Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, Mas corpo me preparaste;
Holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram.
Então disse: Eis aqui venho(No princípio do livro está escrito de mim),Para fazer, ó Deus, a tua vontade.
Como acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei).
Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo.
Hebreus 10:5-9
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
João 1:14
O próprio Jesus nos ensinou a orar: “Venha o teu reino" não no sentido de "Venha no futuro", mas venha continuadamente no presente, ou continue a vir, na abundância da Fé, da Esperança e da Justiça que havia chegado com Ele (Mateus 6:10). Tanto Jesus como os apóstolos falavam do reino como uma realidade a ser contemplada também ou já no presente;
E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada.
Marcos 12:34
Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.
Atos 14:22
Porém, com isto não estavam se referindo a um sistema de governo ou a um Estado independente. Jesus ainda não seria o Rei que os judeus esperavam que viesse sentar-se no trono de Davi. Por isso fugiu quando tentaram coroá-lo; O Reino dos Céus havia chegado, mas havia chegado interiormente apenas, na conversão que Ele havia de operar pelo Seu sacrifício na Cruz; Ele mesmo era a Porta para o Reino (Mateus 7:13).
Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo.
Sabendo, pois, Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, ele só, para o monte.
João 6:14,15
Embora o Reino tivesse chegado, e sendo presente na figura Dele mesmo, o Reino não era algo implementado cá através de um sistema político de governo. Era um Reino Espiritual interior; Por isso Ele mesmo não permitiu que seus servos forçassem coisa alguma, afirmando que o Seu reino não era deste mundo;
Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.
João 18:36
Disse também aos discípulos que só o Pai tinha conhecimento do tempo em que o reino como manifestação exterior seria restaurado, E que até então, o papel dos Seus discípulos seria o de testemunhas por todo o mundo (mero papel de testemunhas, não de activistas convém salientar).
Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?
E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.
Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.
Atos 1:6-8
A realidade presente do reino era algo que começava no interior;
E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior.
Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.
Lucas 17:20,21
O Reino seria então caracterizado por atitudes, por mudança de vida, de pensamento, de coração, descritas por exemplo nas bem-aventuranças;
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.
Mateus 5:3-12
Estas são algumas das qualidades e princípios que espelham um reino totalmente diferente dos reinos deste mundo e seus cidadãos. Também nos é ensinado que não precisamos esperar o cumprimento vindouro e visível do reino para entrar presentemente nesta realidade;
Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino.
Lucas 12:31,32
A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele.
Lucas 16:16
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A Igreja e o Reino actualmente são a mesma coisa
Esta talvez seja a visão mais predominante entre os cristãos hoje. A confusão entre reino e igreja traz muitos problemas no nosso entendimento do plano de Deus, e consequentemente como nos devemos comportar em prática.
Na verdade, os dois são intimamente interligados, porém não são a mesma coisa. O Reino de Deus é o alvo, o propósito de Deus para o homem, é o sistema perfeito de vida, perfeição, amor e comunhão que já existem onde Ele está. É eterno e inabalável conforme descrito em Hebreus;
Por isso, tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e piedade;
Hebreus 12:28
Então se o propósito de Deus para a Igreja é o Reino dos Céus perfeito e inabalável, a igreja e o Reino não podem ser a mesma coisa. Por isso a Igreja de Deus é ensinada a distinguir a diferença entre o valor dos reinos do mundo em comparação ao Reino de Deus, e por conseguinte a saber que este reino (O dos céus) é o que se deve buscar em primeiro lugar. O Reino dos Céus está neste versículo intimamente ligado a uma Justiça que lhe é própria, porquê? Porque claramente a Justiça dos reinos do mundo, fruto dos seus sistemas políticos, é uma justiça que nunca será aprovada por Deus, aliás sempre foi reprovada.
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Mateus 6:33
A igreja não é então a mesma coisa que o Reino de Deus, mas é o instrumento para o qual este reino foi projectado. Assim como Israel no Velho Testamento não era um fim em si mesmo, mas um sacerdócio real, um instrumento para levar o conhecimento e a vida de Deus a todas as famílias da terra (Gênesis 12:1-3), (Êxodo 19:5,6), (Isaías 62:2) a igreja tem agora este mesmo propósito (1 Pedro 2:9); (Efésios 3:8-11)
Tanto Israel como a igreja são vistos como eternos no sentido de constituírem a noiva de Jesus, ou seja, a coletividade ou corpo das pessoas redimidas de todas as épocas, que é o sentido da igreja universal. Este tema de uma companheira eterna para o Filho de Deus aparece na Bíblia inteira, desde a figura de Eva no jardim do Éden, passando pela nação de Israel, e agora com a igreja.
O Problema de confundir a Igreja com o Reino de Deus, e do descentralizar do papel que nos foi dado como testemunhas e anunciantes, para Líderes activistas religiosos é que podemos rapidamente nos tornar numa instituição Híbrida e irreverente (como aconteceu durante toda a história do Velho Testamento com Israel, e na história secular da igreja) centrada em sistemas humanos, coligados ou filiados ao sistema maligno deste mundo, e isto acontece quando a "Igreja" segundo muitos se torna o fim em si mesma, buscando a sua própria identidade, poder, avanço e realização, com Cristo usado meramente como estandarte, mas que na realidade está colocado em segundo lugar, pois a obra para estes não é mais de Cristo, mas deles mesmos, por intermédio das estratégias de Alcance, Impacto, e Relevância sociais.
Jesus praticamente não se debruçou sobre a "igreja" objectivamente (apenas duas vezes em Mateus 16:18 e 18:17). Isto foi propositado porque a visão do reino precisava vir antes da prática da igreja; do contrário, inevitavelmente, acabaria resultando na formação de uma instituição de carácter humano, coisa que na Verdade não é.
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Nunca se fala, nem pelo exemplo dos apóstolos, nem por exortação ou ensino, em pregar ou anunciar "a igreja", e sim, o reino. João Batista e Jesus abriram a Nova Aliança desta forma, e os apóstolos os seguiram. Anunciar a igreja seria cair na armadilha de promover uma instituição Humana, fazendo da "Igreja" o fim em si mesma, por isso Jesus disse o seguinte: "Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Há outro que testifica de mim, e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro." (João 5:31,32) Mas quando se anuncia o reino, há arrependimento, e a igreja é edificada dessa forma (Actos 8:12).
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Devemos buscar o reino, não a igreja em primeiro lugar (Mateus 6:33)
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É o reino que é entregue ao Pai no fim, não a igreja (1 Coríntios 15:28)
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Após a ressurreição, Jesus falou do reino aos seus discípulos, como suas instruções finais (Actos 1:3)
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É o reino que consiste, não de palavras, mas de poder (1 Coríntios 4:20)
Quais são então as consequências de não se entender esta diferença entre reino e igreja, ou de separá-las em conceito, mas misturá-los na prática de forma confusa? Mesmo quando se começa com uma visão verdadeira das características do Reino de Deus em contraste aos sistemas deste mundo, como nos tempos apostólicos, a partir do momento em que se busca o enaltecimento humano, ou o crescimento a todo o custo, e satisfação da igreja em si pelos ministérios da Relevância, ou a divulgação desmedida dos seus líderes elevando-os ao patamar de Homens célebres, imperceptivelmente esta (A Igreja/A Obra) se transforma num sistema humano/Mundano. E o sistema precisa de atenção e dedicação para se manter. Desvia-se, assim, o foco do reino para a igreja – que virou sistema político de ordem meramente humana, sustentada no poder dos Homens e não no poder de Deus.
Jesus não começou a Sua Obra a organizar ou sistematizar coisa alguma. Ele trouxe “graça e verdade”; A sua vida radicalmente diferente, alcançou inúmeras pessoas dentro do sistema judaico, mas Ele não era comprometido nem com o sistema religioso de então, nem com o sistema político. Esta é a posição de quem realmente pertence a outro reino.
Se Jesus teve esta postura, e se nós sabemos que devemos ser em tudo conformados à Sua imagem, sendo Seus imitadores, porque é que tantos "Cristãos" se sentem tão impelidos a inserirem-se na sociedade de forma activista?
Existe um conceito profundamente errado sobre a ordenança que nos foi dada para sermos "Sal e Luz" no mundo, e é precisamente por aqui que se podem entender tantos caminhos escusos por onde andam muitos filhos de Deus repletos de ímpeto, de boa vontade e boas intenções.
Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
Mateus 5:13-16
- O Sal - é um potente elemento de conservação; uma das grandes características dele é preservar impedindo a deterioração. De maneira similar, o Evangelho tem o mesmo efeito em nós. Os que recebem a Graça regeneradora e põem em prática os ensinos de Jesus estão preservados e protegidos da decadência moral e da impiedade do mundo.
Outra característica típica do sal é o "tempero"; A temperança, termo que procede do Latim “Temperantia” significa sobretudo “guardar o equilíbrio”. Uma característica importantíssima do Cristão regenerado é a moderação, traço que não é comum ao Homem natural escravo dos excessos pelas tentações da carne.
Este Tempero é aquilo que falta no comportamento e na conduta do mundo, pois o mundo apela aos excessos, permitidos por um conceito de liberdade adulterado, que se mistura na anarquia e no permissivismo.
Como Cristãos, o povo de Deus deve espelhar e contagiar o mundo com o sabor agradável da vida Eterna, através de simplicidade, humildade, equilíbrio, harmonia, paciência, longanimidade, que são tudo características que se fortalecem na Temperança, e que reflectem a Santidade de Deus. (2 Pedro 1:6), (Gálatas 5:22). Isto é mais facilmente alcançado numa conduta e postura naturais, do que através do activismo religioso, de obras forçadas feitas por regra e sistema.
- A Luz - Assim como a Lua reflete a luz do Sol mas não tem luz própria, os Cristãos refletem a “luz” de Cristo por meio das obras do carácter, e da mensagem iluminadora que pregam. (1 Pedro 2:12). A Luz que há neles não é deles propriamente, mas Daquele que é a fonte da Luz. (João 8:12) (João 3:19)
Jesus ao afirmar que não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte, Ele está a dar o exemplo de que o propósito de uma cidade é ser reconhecida de noite pela forma como reflecte no céu a sua luz. Antigamente a grandes distâncias os viajantes seguiam a luz das cidades para buscar segurança e repouso. Uma espécie de farol na escuridão para guiar os "perdidos". O nosso Papel é da mesma forma iluminar, e levar luz aos que estão em Trevas, e por isso logo de seguida fala sobre a candeia (Espécie de lamparina) que deve ser colocada de forma a abranger todos os que precisam de luz, pois não faz sentido nenhum que a única fonte de luz esteja colocada num sítio obscurecido e inútil. Também a Luz é mais precisa onde há escuridão, pois é lá que ela pode servir melhor o seu propósito; Acender uma vela numa sala bem iluminada, é um exercício inútil, pois a luz da vela em questão não acrescentará nada de relevante. Por isso nós não podemos afirmar que somos luz, e reclamar quando Deus nos coloca num lugar escuro.
Convém lembrar as maravilhosas palavras do profeta Isaías:
Levanta-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR vai nascendo sobre ti;
Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti.
E os gentios caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu.
Isaías 60:1-3
Nunca mais te servirá o sol para luz do dia nem com o seu resplendor a lua te iluminará; mas o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu Deus a tua glória.
Isaías 60:19
Nós temos que ser Sal e Luz agora, hoje, amanhã e sempre, a partir do momento em que somos convertidos, e vivemos o processo de regeneração e Santificação contínuos. Contudo, por causa desta afirmação, muitas pessoas apanham a maré da "boa vontade" e mergulham de cabeça numa espécie de processo de Evangelização pitoresco, que nada tem a haver com a "Grande comissão" que Jesus deu aos Discípulos. Este "Evangelho- pegue essa onda", que o mundo promove e divulga é uma aberração, e não leva ninguém a Cristo.
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O reino exterior agora implantado.
O outro problema que surge com esta perspectiva é a tendência de transportar para a era actual aspectos da implantação do Reino de Deus que só virão depois da vinda do nosso Rei e Senhor Jesus Cristo. Por exemplo, alguns pensam que os cristãos podem e devem se tornar cada vez mais fortes e influentes ao ponto de mudarem as leis, de ocuparem posições de destaque, e de pouco a pouco transformarem a cultura, a educação e os costumes do país em que vivem e possivelmente até do mundo.
Somos sal e luz, e devemos contribuir naturalmente com as nossas vidas nas esferas em que vivemos, e proclamar as verdades e os valores do reino dos céus de todas as maneiras que nos são possíveis sempre visando a Glória do nosso Deus; Devemos defender sempre a justiça e a igualdade e a equidade espelhando uma conduta irrepreensível que manifeste em nós a natureza Santa e perfeita de Deus. Mesmo estando conscientes da corrupção progressiva deste mundo (Mateus 24:10-21; 1 Timóteo 4.1; 2 Timóteo 3:1-5, etc.) e do iminente juízo de Deus, o nosso papel é sempre proclamar com palavras e acções dignas a vontade e a natureza do nosso Deus. Contudo, este testemunho deve ser feito de fora do sistema quanto possível, no sentido em que deve haver separação entre nós e o mundo, para que o Mundo, quando olhar para nós, veja o Reino dos céus, e não o mundo em nós.
Ninguém está num barco cheio de buracos em alto mar, a gritar para os que estão nos seus barcos também cheios de buracos para que saltem para o seu antes de se afundarem, pois a primeira justificação porque ninguém ouvirá este apelo, é que o barco da pessoa em questão está nas mesmas condições, e como tal, sofrerá o mesmo destino. O barco do cristão não pode "ter buracos"; pode e deve estar no mar, onde não há risco de naufrágio. Os barcos podem navegar junto aos rochedos, mas é viável que o façam? Não! Assim que a água entra dentro do barco, é inevitável que este vá ao fundo; da mesma forma quando muitos cristãos começam a meter água, o fim que lhes é reservado é o mesmo dos ímpios.
Enquanto nos for possível preservar a sociedade possibilitando a expansão do evangelho e da Palavra de Deus, devemos fazê-lo. Neste sentido, quando Deus permite que um representante do reino esteja dentro de algum nível de governo, ainda que seja uma missão difícil que requeira coragem e ousadia, é esta a sua função: posicionar-se ao lado da verdade e da justiça de maneira ainda mais pública que o restante da igreja.
Porém, o Reino de Deus não virá através de mais cristãos em posição de governo, ou de leis mais “evangélicas”, ou de livros didácticos com uma visão cristã nas escolas, por mais importante que qualquer um desses factores seja. O Nosso papel é contribuir nestas áreas enquanto nos for possível, e fazê-lo sem nos comprometermos a nós e a nossa fé, mas entender que jamais resgataremos o “sistema” antes da volta de Jesus; isto é necessário para não nos iludirmos em demandas utópicas e que contrariem as Escrituras. O nosso papel não é transformar o mundo, mas servir de exemplo para o mundo; É mais fácil nós sermos engolidos pelo sistema se não entendermos o perigo nesta área e nosso verdadeiro objetivo de estar ali, e por isso muitos têm tornado o seu ministério pouco credível, dando um mau exemplo de idoneidade.
Jesus disse em (João 14:30) que o "príncipe deste mundo" se aproximava, mas que "não tinha nada nele". Não havia nada em Jesus que desse a Satanás um direito, uma base, ou uma aliança para reivindicar cumplicidade. Quando nos comprometemos com sistemas que funcionam com os princípios de Satanás (autopromoção, busca de vantagens próprias, orgulho, exaltação, corrupção, interesses pessoais, exercício de controle e opressão, etc.), mesmo que sejam sistemas “religiosos” ou causas “cristãs” que tenhamos em mente, não podemos dizer que o príncipe deste mundo “nada tem em nós”.
Basta ler o seguinte versículo para se entender bem isto:
Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.
E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.
Tu pois, sofre as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo.
Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.
E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente.
2 Timóteo 2:1-5
Mas e o cristão então, estrangeiro e peregrino neste mundo, que direitos tem ele aqui? Tantos quantos o incrédulo tem no céu, ou seja, nenhum. Quando se intromete em política ou nos negócios deste mundo fazendo parte deles, mas falando como se fizesse parte de "outro mundo", a razão e a "lógica" deste mundo estarão sempre com os incrédulos, que podem dizer a ele o que os homens de Sodoma disseram a Ló:
“...Como estrangeiro este indivíduo veio aqui habitar, e quereria ser juiz em tudo?... (Gênesis 19:9)
Fica claro o nosso papel no mundo, e é óbvio que embora cá estejamos, estamos cá temporariamente, cumprindo o propósito de sermos um exemplo de diferença no mundo; esta é a razão porque Deus nos mantém cá e permite que vivamos no meio dos ímpios; uma espécie de testemunho Público e também a forma de pela Igreja Cristo ser continuadamente conhecido e anunciado ao Mundo. São as nossas cruzes, e não as nossas coroas, que o mundo precisa primeiro de ver; Da mesma forma que é a nossa Salvação, e não os nossos méritos que o mundo deve seguidamente conhecer.
Por isso as Palavras sábias do Apóstolo Paulo sobre a vida presa ainda à carne e o desejo de alcançar o corpo glorificado, trocando a morada da terra pela do céu:
Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.
E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu;
2 Coríntios 5:1,2
E da mesma forma encontramos outras afirmações semelhantes, com as quais podemos entender a forma dos seguidores de Cristo, encararem a vida e a passagem temporária por cá:
Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
Filipenses 3:20
Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.
Então é no Reino de Deus que o Cristão individual e a Igreja como corpo colectivo têm de projectar o seu propósito. Nele, encontramos as directrizes de como amar o mundo devidamente, servir o próximo dignamente, e honrar a Deus fielmente.
A igreja não é chamada para ser eficiente e empreendedora, grande e rica, contagiante e inspiradora; activista e social; poderosa e relevante. Ela é chamada para ser fiel e zelosa; Se nisto ela for bem sucedida, em tudo o resto será também.
O Cristão só deve ter em mente a política do Reino de Deus, e só nela é que deve mergulhar de cabeça, pois nela não há frustração, engano ou corrupção.
O Reino de Deus é um governo estabelecido por Deus, tendo como Rei o Seu filho - Jesus Cristo. Como Rei, ele é maior do que qualquer governante humano e é chamado de "...único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores;" (1 Timóteo 6:15).
Ele é o único Líder cujas promessas serão cumpridas, cujo carácter não pode ser posto em causa, cuja palavra não volta atrás, cuja conduta é irrepreensível, cuja política é sábia e justa. Em nenhum outro podemos depositar a nossa confiança.
E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor.
E deleitar-se-á no temor do Senhor; e não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos.
Mas julgará com justiça aos pobres, e repreenderá com eqüidade aos mansos da terra; e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará ao ímpio,
E a justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade o cinto dos seus rins.
E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os guiará.
A vaca e a ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão juntos, e o leão comerá palha como o boi.
E brincará a criança de peito sobre a toca da áspide, e a desmamada colocará a sua mão na cova do basilisco.
Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar.
Isaías 11:2-9
As palavras de Isaías demonstram que Jesus governará a Terra como Rei justo e compassivo, e só então veremos justiça e igualdade e paz. Outra verdade a respeito do Reino de Deus é que Jesus não governará sozinho, e nós como Sacerdotes do Deus vivo, teremos cada um segundo o seu galardão ocupações no Reino dos Céus, e entre nós, muitos reinarão também com Cristo, exercendo cargos de liderança (2 Timóteo 2:12)
É preciso entender que nada desta vida pode sequer assemelhar-se á Glória que nos é prometida, e como tal temos de ser prudentes para não comprometermos o nosso galardão, por desejos mundanos de vanglória e projecção pessoal. Devemos viver no mundo prudentes mas esperançosos, mansos mas ousados, disponíveis mas reservados, amorosos mas distintos, fervorosos mas moderados, porque ser Cristão de verdade é ter uma responsabilidade Pública constante, ininterrupta e permanente para com o Reino dos Céus e para com Deus e que não pode nem deve ser comprometida por ingenuidade, falta de discernimento ou impulsividade.
Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas.
Mateus 10:16
Se nós realmente fazemos parte do Reino, devemos estar devidamente informados de como nos comportar publicamente, como agir, como falar, como pensar até; ser Cristão não é uma brincadeira, uma modinha, ou um aditivo à nossa individualidade. Muitos Cristãos não se envolvem directamente na política do mundo no sentido prático, mas debruçam-se em discussões públicas constantes sobre estes temas ao ponto até de darem péssimos testemunhos com "opiniões" e posicionamentos bastante duvidosos criando conflitos em conversas desnecessárias que em nada edificam. É bom lembrar que há regras na conduta Cristã para prevenir estes episódios lastimáveis.
Quando você diz que faz parte "do Reino", você deve lembrar que:
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um reino tem política (Estrutura, propósito e visão)
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um reino tem súbdito, (servidão e sujeição)
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um reino tem guarda (ordem e zelo)
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um reino tem castas (Função e hierarquia)
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um reino tem Rei (Autoridade, soberania e domínio)
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um reino tem lei (Regra, rigor, cumprimento e obediência)
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um reino tem Justiça (Juízo, Julgamento e punição).
Agora responda para si mesmo a que Reino você pertence: Ao Reino dos Céus? ou ao reino da Disney?
Lembremo-nos sempre das promessas que nos foram feitas quando partirmos por este mundo vivendo um Cristianismo Bíblico, para honra e Glória Eterna do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que é o único Rei e Líder a quem seguimos e confiamos verdadeiramente.
Os justos herdarão a terra e habitarão nela para sempre.
Salmos 37:29
Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus.
Apocalipse 22:20