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APOCALIPSE 2 -5 a 7

- APOCALIPSE 2:5


Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras;” (Apocalipse 2:5) O apelo à lembrança (Mnēmoneúō) do lugar de aprovação onde um dia se esteve, serve para criar contraste com o lugar de desaprovação que aquela Igreja agora estava diante do Senhor.


O termo “caíste” usa o verbo (píptō) que refere-se a: cair de um lugar estável, seguro, aprovado, para um lugar instável, fora do lugar onde devia estar; cair para fora do lugar ideal; cair de cima para baixo; cair em ruína referindo-se a edifícios.


Tendo em conta que nós somos edifícios de Deus erguidos em Jesus Cristo a Pedra principal de esquina (Efésios 2:20-22) (1 Coríntios 3:9-11), logo entendemos o que O Senhor Jesus pretende dizer à Igreja de Éfeso; Que a queda do primeiro Amor é não fazer Dele a Pedra Angular que sustentava todas as suas obras (a base da construção do seu edifício espiritual).


A própria parábola da "casa na areia" e "casa na rocha" de (Mateus 7:24-27) nos leva a considerar que tipo de espiritualidade nós realmente vivemos, se algo fundamentado e firmado na Verdade que é Jesus e Sua Palavra (A Rocha) ou se algo superficial, sem fundamento alimentado somente de opiniões e sensações emocionais que giram à volta de Jesus e daquilo que nos agrada da Sua palavra (A Areia).


O estado de não condenação é em Jesus, segundo o andar em Espírito (Romanos 8:1) (Gálatas 5:25), para que aqueles que dizem andar em Jesus, andando ainda na carne, possam ser identificados na sua contradição (Romanos 8:5-9).


Muitos crentes na sua caminhada cristã, cedo esquecem de onde Deus os tirou, e por isso há um apelo a retornar a ver Deus onde nos temos esquecido que Ele está.

O túmulo está vazio, a cruz está vazia, mas o Trono está ocupado. O Senhor reina, e nós somos os seus súbditos (Salmos 97:1-12).


O Senhor Jesus nos mostra bem isto, quando coloca aos nossos olhos a postura distinta de Maria em contraste com a de Marta (Lucas 10:38-42).


Quando Jesus entra na sua casa em visita, Vemos Maria “Assentada aos pés de Jesus, ouvindo a Sua Palavra” (Lucas 10:39) (um coração sujeito com a prioridade certa); Marta porém lemos que “andava distraída em muitos serviços” (Lucas 10:40) (um coração dividido).

Marta estava tão distraída com as coisas mundanas irrelevantes, que por conta delas, despreza ao Senhor Jesus sem se dar conta; Ainda cheia de auto-justiça despreza a postura de sua irmã, invertendo a ordem perfeita na prioridade de ambas.


Jesus aprova a postura de Maria, porém a de Marta é reprovada pelo Senhor que diz: “Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; (Lucas 10:41)

O capítulo fecha com uma admoestação associada a uma recompensa dizendo: “Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada” (Lucas 10:42).


Se associarmos as palavras do Senhor Jesus aqui, às referidas na parábola dos talentos (Mateus 25:29), entendemos bem o que Ele quis dizer com “a boa parte que não lhe será tirada” no contexto da utilidade e inutilidade.


As obras de Marta não eram muito diferentes das dos Efésios, na medida em que a boa intenção, com um coração desviado do fervor pelo Senhor é reprovável em ambos.

Marta queria ter a casa impecável para receber O Senhor, mas às custas de Ele e a Sua palavra serem desprezadas no processo.


Note-se que até boas obras feitas com o coração errado carecem de arrependimento descrito no termo (metanoéō) que trata de uma transformação no pensamento; O mesmo termo é aquele usado por Paulo aos Romanos traduzido como: “sede transformados pela renovação do vosso entendimento” (Romanos 12:2).


O Senhor coloca diante da Igreja de Éfeso o termo de responsabilidade de por meio da sua consciência livre, sair ou permanecer no lugar onde se encontram.


Não vemos nas palavras do Senhor nenhuma referência à Sua Soberania no que diz respeito ao resultado final ou à conclusão que os Efésios tirarão destas palavras de exortação (Isto para que a responsabilidade individual e colectiva daquela igreja permaneça o foco da mensagem).


Tão somente O Senhor deixa diante de cada um dos Efésios, como diante de cada crente em cada uma das igrejas que recebe cartas, a ideia de que há bênção e restauração na obediência, e há castigo e punição na desobediência.


Nos dias actuais por falta de entendimento correcto de certas doutrinas básicas da fé como a Doutrina da Eleição e da soberania de Deus, muitos crentes vivem em desobediência, colocando em Deus e não neles mesmos a responsabilidade de os levar à concretização das obras.


Convém sempre atentar para a realidade de que o Mérito das Obras é todo do Senhor, mas a responsabilidade é toda nossa!

-A pergunta agora é quais obras são as obras cujo mérito é do Senhor? -As BOAS OBRAS obviamente, pois as MÁS OBRAS por contraste representam o mérito humano.


Muitos dizem para desculpar a rebelião professa e o conforto na inutilidade, que tudo é “no tempo que Deus quer” como se a Bíblia não deixasse bem claro que esse é “o tempo que se chama Hoje(Hebreus 3:13); anunciando “eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação”. (2 Coríntios 6:2).


Claro que sabemos que Deus opera soberanamente num determinado período do tempo a Sua obra, mas essa verdade nunca deve ser um escape à responsabilidade individual como pretendem fazer quando o afirmam.


Dizem ainda que se alguém permanece no pecado (e muitas vezes até referindo-se a crentes salvos) é porque Deus não quer ou não quis ainda que eles saíssem sem entenderem que há uma razão aparente para isso e é a rebelião professa em soberba contra Deus!

Como se Deus preferisse que os Homens permanecessem no pecado que Ele odeia, e a bíblia não dissesse que “Deus quer que todos os Homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade(1 Timóteo 2:4).


O Homem estar preso ao pecado, diz a Bíblia, que é a vontade do Diabo (2 Timóteo 2:26); Estando então o Homem nessa condição, Deus pode ou não manifestar a vontade de retirá-lo do pecado dando-lhe o arrependimento completo para a salvação (2 Timóteo 2:25) sendo do Homem a responsabilidade total de se submeter a Deus (Isaías 55:7) quando ouve a pregação da Verdade dirigida à sua consciência em rebelião.


O ENDURECIMENTO


Quando a Bíblia ensina a verdade de Deus cegar os olhos e tapar os ouvidos, ou endurecer o coração dos homens para não ouvirem o Evangelho e se converterem e se salvarem (Mateus 13:13-15) (Isaías 6:9-10) (Isaías 5:1-7) a condição apresentada nas escrituras tem como foco a soberba e a rebelião (Ezequiel 24:3) (Ezequiel 24:13:14) (Salmos 81:11-12) às quais Deus resiste (Tiago 4:6);


O Faraó do Egipto é um belo exemplo revelando o endurecimento de Deus (Êxodo 4:21) (Êxodo 10:27) causado pela obstinação e soberba de Faraó oprimindo o Seu povo em aflição (Êxodo 4:31) (Êxodo 5:2) (Êxodo 5:9), impedindo assim a Aliança de Deus com Abraão de se cumprir conforme Ele havia determinado (Êxodo 3:7-8) (Êxodo 6:1-8).


Quando a Soberania de Deus é apontada para revelar Deus virando costas aos Homens, endurecendo-os ou condenando-os, a razão é sempre colocada na acção da desobediência e rebelião em más obras de impiedade (Mateus 23:37) (Isaías 65:9-12) (Jeremias 6:1-8) (Ezequiel 18:23:32) (Salmos 81:11-12) (Hebreus 3:7:19) (Romanos 1:28);


Não vemos NUNCA em lado algum na Bíblia, homens apelidados de “justos e bons”, praticando “boas obras” e sendo ainda assim condenados por Deus.

Vemos sim por todo o lado, Homens “Maus e injustos”, que quando praticam “obras de justiça” (possível pela graça de Deus concedida) levam Deus a retribuir com bênção, misericórdia e até com Salvação.


Por isso quando a Eleição dos Santos é referida nas escrituras no que diz respeito à Salvação dos Homens, a causa é segundo a Vontade de Deus em misericórdia somente;

Quanto aos que ficam de fora da Eleição, o que é referido como a causa do seu estado perdido é somente sua rebelião e desobediência (Hebreus 3:17-19).


Isto porque quem cega verdadeiramente os homens para não verem a luz do Evangelho de Cristo, é o “deus deste século” (2 Coríntios 4:4), razão pela qual a nossa responsabilidade é nos recomendarmos à consciência de todo o Homem dando testemunho vivo da verdade (2 Coríntios 4:2).


Se Deus “resiste aos soberbos, mas dá graça aos Humildes” (1 Pedro 5:5), então cabe-nos apelar aos Homens que “se humilhem debaixo da potente mão de Deus” (1 Pedro 5:6) em arrependimento.


Quando O Próprio Senhor Jesus fala sobre este endurecimento e suas parábolas, citando Isaías, Ele diz: “neles se cumpre a profecia de Isaías(Mateus 13:14), trazendo à memória a razão porque desde os tempos antigos Deus tem este espírito de resistência ao povo rebelde (Oséias 9:15-17).


O termo “se cumpre” (Anaplēróō) literalmente fala de “Encher um copo até transbordar” no sentido de abastecer até ao limite desejável.

Isto fala de Deus suportar o endurecimento do coração dos Homens, até ao ponto de Ele mesmo endurecer para que não possam mais sair desse estado (Mateus 13:15).


Então o que está a ser referenciado aqui é a “medida da ira“ enchendo a taça, até vir essa consequência de Deus decidir activamente impedir a salvação a alguém, como nos últimos dias será a “operação do erro” (2 Tessalonicenses 2:11-12).


Por isso a ira de Deus no Livro de Apocalipse aparece associada directamente a 7 taças (Apocalipse 15:7) como a última gota na paciência de Deus no fim dos dias.


Então o que entendemos perfeitamente é que a verdade da doutrina da soberania de Deus e Seu plano eterno não invalida a doutrina da inescusabilidade Humana, nem desconsidera tampouco a doutrina da responsabilidade individual dos Homens diante de Deus.


Desta forma todo o mau uso de qualquer doutrina para desculpar a falta de obras dos homens, como se a causa dessa falta fosse determinada por Deus, é uma grande heresia.


A Soberania de Deus impede os Homens de se salvarem por meio das obras, para que a salvação seja SOMENTE pela GRAÇA concedida por Deus; Para que nossos olhos contemplem a Graça, como favor imerecido, e não a obra como forma de mérito.


Contudo, a soberania de Deus não impede os Homens de fazerem boas obras nem fora da salvação (Génesis 4:7) (Isaías 55:6-7); E muito menos impede crentes de as fazer, no que diz respeito à santificação (Hebreus 12:14) dentro da salvação.

O que Deus impede é que a boa obra “salve alguém”, para que a Graça por meio da fé seja a condição estabelecida.


Há muita gente equivocada na ideia de “descansar” na soberania de Deus para o resultado final no fim do percurso de modo que o seu “descanso” se tornou negligência e conforto no pecado.


Nós descansamos sim em Deus para o resultado final da vitória já conquistada, e na certeza da Eleição de Deus permanecer firme de acordo com as obras de cada um (Hebreus 4:1-3), contudo, não devemos descansar na nossa luta por apelar às consciências em pecado (Nos outros e em nós mesmos), para o arrependimento no “dia que se chama hoje(Hebreus 3:13) persuadindo-os à fé (2 Coríntios 5:11) lembrando sempre que “vencerão os que estão com Ele, chamados, eleitos e FIÉIS” (Apocalipse 17:14).


Chamados” (klētós) representa uma acção que marca um específico momento no tempo; “Eleitos” (eklektós) apresenta uma acção tomada ainda antes que o tempo existisse; Por fim o termo “Fiéis” (pistós) marca uma acção contínua durante um determinado período de tempo que acontece depois que a Eleição e o chamado tomam lugar na vida do crente, representando o tempo de Deus e o tempo dos Homens interligando a soberania de Deus e a responsabilidade humana em liberdade de consciência.


Chamados” (klētós)- alguém que recebe um convite directo a se juntar a um grupo selecto.

Eleitos” (eklektós)- escolhidos a dedo; distinguidos de entre muitos;

Fiéis” (pistós)- Quem apresenta zelo em confiabilidade e convicção no seu carácter;


Os "FIÉIS" são então aqueles que praticam a fidelidade. Os "INFIÉIS" são os que praticam a infidelidade. Você e eu somos ou um ou outro!

Nem todos ouvirão "servo bom e fiel" (Mateus 25:21), como sendo aprovados no uso dos talentos que Ele colocou ao nosso dispor. Quando aqueles que se dizem crentes se recusam a obedecer e a serem fiéis, na verdade eles estão a negar ao próprio Senhor que os resgatou (2 Timóteo 2:12-13) (Mateus 10:33).


Um dos Homens da parábola dos talentos provou não ser de confiança (Mateus 25:24-26)

Nem todos a quem O Senhor atenta do céu serão aprovados por Ele e a distinção entre ambos é clara quando foca a responsabilidade da conduta pessoal (Malaquias 3:14:18).


Se a Bíblia aniquilasse completamente a responsabilidade Humana na liberdade de consciência dos Homens, porque razão haveria um tribunal de juízo de contas, e um tribunal de galardão instituídos por Deus para premiar os homens segundo as suas obras (Apocalipse 20:13) (Apocalipse 22:11-12) (Romanos 2:6-10) (Mateus 16:27)?


Claro que o Homem sem Deus (o Homem natural) não tem a tal “lei perfeita da liberdade” descrita por (Tiago 1:25) por causa da escravidão ao pecado.

Quando a bíblia refere a morte espiritual do Homem para evidenciar que mortos não podem tomar decisões para se salvarem (Efésios 2:1), é no sentido de evidenciar que a salvação não é pelas obras, e que nenhum homem pode decidir “salvar-se” ou verdadeiramente “aceitar Jesus”, sem que primeiro Jesus o aceite.


O Homem não pode salvar-se, mas o Homem pode praticar boas obras pelas quais Deus se pode compadecer ou não para salvar.


Por isso lemos Paulo dizer a Timóteo: “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; Que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam se apoderar da vida eterna.” (1 Timóteo 6:17-18)


-Então alguém pode fazer obras para se apoderar da vida eterna? Será que temos de voltar atrás no tempo e ensinar a Paulo boa doutrina dizendo-lhe que isso é impossível se Deus não o quiser?


Quando referimos a responsabilidade e as obras dos Homens ímpios, fica óbvio que suas obras não podem salvá-los (porque obras não salvam ninguém) (Efésios 2:9), mas segundo a bíblia podem levar Deus a compadecer-se deles (Isaías 55:7) se Ele assim quiser (Romanos 9:16).


Por isso e como não sabemos de quem Deus se irá compadecer, depois de pregarmos devidamente o Evangelho, nós apelamos a todas as consciências para a postura correcta diante de Deus, na prática da conduta, e não segundo a eleição (Salmos 103:13-18) (Eclesiastes 12:13-14).


HÁ 2 TIPOS DE GRAÇA A DISTINGUIR


-A Graça comum (que não distingue crente de ímpio); Esta graça é dada a todos para permitir boas obras, como vemos no mundo muitos homens ímpios produzi-las a favor de outros ímpios ou até a favor dos eleitos.

Claro que tratamos sempre de obras que não podem salvar, mas que por sua vez podem levar Deus a compadecer-se para que Ele salve segundo o conselho da Sua vontade e grande misericórdia.

A graça comum trata da benignidade e misericórdia de Deus para com toda a raça humana sem excepção, e embora saibamos que esta graça não irá conduzir todos os Homens à salvação, ela recai sobre todos os Homens (Mateus 5:45); Então esta graça, ainda assim tem a característica de ser um “favor imerecido” tanto para os que são eleitos para a salvação como para com os demais que não são.


-A Graça salvífica (dada aos que Deus distingue e separa); Esta graça é dada aos que Deus se compadece, é a salvação de Deus pela obra de Cristo caindo sobre a obra humana que não podia salvar aperfeiçoando-a em justiça.

Só a Obra de Cristo pode distinguir e aperfeiçoar as obras dos que são salvos por Deus, das obras de todos os outros que não se podem salvar a si mesmos.

Aqui é onde se distinguem os Homens, e onde a Eleição entra segundo a presciência de Deus (1 Pedro 1:2) ainda antes que o mundo existisse (Efésios 1:4).


Ainda que a graça comum faça cair sobre todos os Homens inúmeras bênçãos terrenas, elas são limitadas à misericórdia por meio da paciência de Deus sobre a impiedade.

A graça da salvação porém, quando cai sobre os eleitos, enche-os não só de bênçãos terrenas, mas muito principalmente com toda a espécie de bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Efésios 1:3).


Lembrando que a presciência (Prognosis) descrita em (1 Pedro 1:2) traduz-se exactamente como uma ”previsão do que há de suceder”, entendemos que há uma correlação que transcende o tempo contabilizando a existência de cada Homem, sua vida, sua reacção à Graça comum concedida, suas obras, e a acção da vontade soberana de Deus, Seu conselho Divino, Sua compaixão, Amor e Misericórdia agindo e reagindo sobre a realidade do Homem ainda antes que ela existisse.


Isto é a tal “ciência maravilhosíssima” que David descreve em espanto (Salmos 139:4-6), e da qual todos devíamos igualmente nos maravilhar.


A “presciência” de acordo com o que a graça comum agindo na consciência humana iria produzir é o que determina a Eleição ainda antes que o Homem existisse para fazer a obra (Romanos 9:11).

Nunca pode ser por causa de qualquer obra na medida em que qualquer boa obra, tem origem sempre na graça dada por Deus (Seja ela a graça comum dada a todos, ou a graça salvífica dada somente aos que Deus elege).

Isto é o que a bíblia quer ensinar, porque de outra maneira, não faria sentido nenhum Deus pedir obras aos Homens, e castigá-los quando eles não as fazem.


Nenhum homem pode fazer qualquer boa obra sem a graça de Deus, porém todos os Homens podem fazer boas obras, dado que a graça comum dada por Deus recai sobre todos.

Assim sendo, quando a obra é feita no tempo, ela está perfeitamente de acordo com a Eleição de Deus que veio primeiro para determinar ou não a Salvação.

A razão porque ainda assim, Deus reconhece o préstimo humano, para conceder recompensa na execução da obra, é para mostrar ao Homem a importância da obra (ainda que ela não possa salvar, ela é desejada por Deus) (Eclesiastes 9:10) (Génesis 4:7).


A pregação do arrependimento e da culpa na conduta individual, responsabiliza a consciência, para colocar o Homem no lugar da sujeição e do temor para a obediência na concretização das obras;


A pregação da eleição feita de forma indevida, coloca o Homem num lugar propício a desconsiderar a sua postura, colocando na eleição de Deus a responsabilidade final sobre a sua conduta.


Tiago refere-se na sua mensagem ao crente em Cristo (Tiago 1:25) cuja consciência tem a lei perfeita da Liberdade, pois a Bíblia nos ensina que: “Onde está O Espírito, aí há liberdade” (2 Coríntios 3:17), e ainda que: “Se O Filho nos libertar, seremos verdadeiramente livres” (João 8:36).


Livres da escravidão da carne que nos forçava a obedecer aos desejos mais malignos do nosso coração (servindo-nos a nós mesmos), para escolher servir a Deus em seu lugar.


Um crente que conheceu a Verdade e foi por ela “Liberto” (João 8:32), nunca pode recorrer à Soberania de Deus como um “escape” ao ouvir palavras de exortação à consciência como se fosse impossível para o crente sair do erro, sem que Deus “o decrete”.

Isto é pegar numa doutrina Bíblica, e dar-lhe uma conotação anti-bíblica.


Compenetre-se disto; Deus não decretou a sua desobediência! Decretou sim sobre ela, a consequência que quis!


Por isso nunca na Bíblia em lugar nenhum, se ouve a mensagem do Evangelho do arrependimento sendo pregado, colocando em Deus e não nos Homens a responsabilidade do chegar ou não ao arrependimento (Apocalipse 2:21); Antes vemos o Homem sendo livremente e individualmente responsabilizado para que se arrependa.

 

Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;

Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.

Actos 17:30-31


Imagine-se a Bíblia pregar o Evangelho desta forma: “Arrependei-vos e crede se Deus vos elegeu e vos der a capacidade de se arrependerem”.

Precisamos ter muito cuidado como entendemos e aplicamos quaisquer doutrinas bíblicas no nosso discurso.


Sendo assim, e referindo-nos aos crentes vivendo em desobediência e rebelião, nós podemos e devemos responsabilizá-los por sua falta de obras de sujeição em nossa mensagem de exortação ao arrependimento da consciência livre, sem que isso contrarie de modo algum a soberania de Deus.


O escritor de Hebreus faz isto perfeitamente:

Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus;

A voz do qual moveu então a terra, mas agora anunciou, dizendo: Ainda uma vez comoverei, não só a terra, senão também o céu.

E esta palavra: Ainda uma vez, mostra a mudança das coisas móveis, como coisas feitas, para que as imóveis permaneçam.

Por isso, tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e piedade;

Porque o nosso Deus é um fogo consumidor.

Hebreus 12:25-29


A ordem à consciência dizendo "Se nos desviarmos" revela a responsabilidade que os Homens devem constantemente atentar (Hebreus 3:12) (2 Timóteo 2:12) (Hebreus 6:11) (Hebreus 12:15) (Hebreus 10:38) (Mateus 24:13) (1 Coríntios 10:12) (2 Pedro 2:20).


É isto então que vemos no apelo à “Lembrança” dos Efésios. A lembrança contrasta com o evidente esquecimento do que são na realidade as “primeiras obras”.


As “primeiras obras” apontam para um tempo diferente onde o que é evidente da parte do Senhor, é que a “qualidade” é melhor do que a “quantidade”.


O que nós devemos esquecer são os apelos e as seduções de um mundo em pecado (Filipenses 3:13), lembrando todos os dias da obra que Deus fez em nós por meio de Jesus (Salmos 77:11) (Efésios 2:2-5).


Muitos crentes também deviam de vez em quando “esquecer” por momentos a Eleição, a Soberania e as obras decretadas por Deus, para suas consciências receberem somente o peso da sua responsabilidade diante de Deus em fazer as obras que lhes cabem.

Se o seu conceito de soberania é usado para desculpar a sua responsabilidade ou de alguém próximo a si na falta de obras, saiba que você não entendeu devidamente nem a doutrina da soberania Divina, nem a doutrina da responsabilidade humana pois uma não anula a outra.


Estas palavras do Senhor dirigidas aos Efésios revelam um Deus exigente que responsabiliza o Homem por aquilo que faz e o que não faz;

Um Deus que reprovou Nadabe e Abiú pela adoração estranha (Levítico 10:1-2); Fulminou Uzá por boas intenções sem obediência (1 Crónicas 13:9-10); destronou Saúl por obedecer parcialmente introduzindo a sua própria vontade à vontade do Senhor (1 Samuel 15:22-23) e rejeitou os Homens de (Mateus 7:22-23) que fizeram maravilhas em Seu nome, mas sem um relacionamento verdadeiro com Ele.


O que todos estes exemplos têm em comum é que foram reprovados caindo na ira de Deus, não por causa de nenhuma eleição ou soberania apontada, mas por conta da sua conduta, falta de temor verdadeiro e coração desobediente.


Um único exemplo nos pode mostrar como a eleição de Deus pode estar presente num discurso sem ilibar o homem da sua responsabilidade, revelando que a sua conduta é a causa principal da rejeição de Deus:


Vemos a eleição e a Soberania de Deus no discurso de Samuel a Saúl dizendo: “Então Samuel lhe disse: O Senhor tem rasgado de ti hoje o reino de Israel, e o tem dado ao teu próximo, melhor do que tu.” (1 Samuel 15:28).


Deus tinha já escolhido David como o Seu eleito para rei de Israel, e que da sua linhagem viria Jesus. Isto é o plano soberano de Deus em evidência.

Note-se contudo, que a passagem, não confunde as coisas, e coloca tanto a doutrina da soberania de Deus, como a doutrina da responsabilidade Humana cada uma no seu devido lugar.

Leia-se 2 versículos atrás: “Porém Samuel disse a Saul: Não voltarei contigo; porquanto rejeitaste a palavra do Senhor, já te rejeitou O Senhor, para que não sejas rei sobre Israel.” (1 Samuel 15:26).


A causa da rejeição do Senhor a Saúl, embora tivesse a soberania do plano de Deus por trás, fica evidente que ela não determinou a desobediência de Saúl, ao contrário, ela estava preparada para entrar em acção no momento da sua desobediência.

Assim vemos Saúl ser totalmente responsabilizado, e sua rejeição da Palavra de Deus ser evidenciada por sua vez, como a causa principal da rejeição de Deus.


Se a própria Bíblia faz questão de colocar em evidência a responsabilidade humana, porque há cristãos, que não conseguem ouvir nenhum apelo à consciência sendo pregado, sem imediatamente remeter seu “descanso” na soberania de Deus, como se consciencializar as pessoas fosse um exercício inútil?


Muitas pessoas nos dias actuais, estão pobres em obras de obediência e sujeição precisamente por mau entendimento destas doutrinas, “descansando” na ideia de tudo acontece “quando Deus quer”, para justificar o porquê de ainda não terem eles mesmos querido abandonar seu próprio pecado.


Os Efésios são responsabilizados e convidados a praticar novamente as primeiras obras, (As que Deus verdadeiramente se agradava) assim como todos nós, filhos de Deus para andar nas tais obras que Deus já preparou para que andássemos nelas (Efésios 2:10).


Lembrando novamente que as obras não podem salvar, frisamos que não podemos colocar as obras como outro fundamento além do que já está posto que é somente a graça por meio do sacrifício do Senhor Jesus na Cruz (1 Coríntios 3:11);

Porém nós sabemos que as obras são a construção do edifício espiritual para todos os que já estão em Cristo (1 Coríntios 3:12-15) através das quais iremos responder diante do Senhor em responsabilidade (Romanos 2:6-10).


A Doutrina das obras humanas se separa em obras fora da salvação e obras dentro da salvação; Umas por meio da graça comum dada a todos os Homens, das quais Deus pode ou não se compadecer para salvar, e as que são por meio da graça salvífica dada somente aos que Deus se compadeceu e salvou de acordo com Sua Eleição.

O mau entendimento desta distinção, é recorrentemente a origem de muita má doutrina e mau entendimento em relação a outras doutrinas como a doutrina da justificação pela Fé, da Eleição e da soberania de Deus.


-”Quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.(Apocalipse 2:5) – Depois da exortação, está a ameaça para entendermos, que as advertências não são desprovidas de consequências severas.

Os Pais terrenos muitas vezes ameaçam e depois não cumprem com as ameaças por isso os filhos crescem rebeldes e desobedientes; O Pai do céu sempre que ameaça, cumpre, a não ser que haja um retorno imediato à obediência e sujeição em arrependimento (Hebreus 12:5-11).


Se Deus fizesse questão de associar as obras dos Homens à Sua soberania somente, porque razão Ele coloca as obras dos Homens em evidência, e promete castigá-los caso elas não estiverem de acordo com a Sua vontade?


-Imagine-se um Pai castigar um filho por lhe pedir para fazer uma tarefa que ele próprio sabe de antemão que o filho é incapaz de a fazer? E sabendo à partida que ele não pode executar a obra que ele lhe pede, o ameaça de punição severa; isto é correcto?


O Nosso Deus é um Deus benigno e por isso só exige de nós, aquilo que Ele mesmo nos capacita!


A ameaça de “tirar do lugar o castiçal” é séria quando nos lembramos que o simbolismo do castiçal é a própria Igreja como congregação naquele lugar (Apocalipse 1:20).

O termo “tirar” (kinéō) de onde surge o termo “Kinético”, em português, refere-se a: colocar em movimento; mover de um lado para o outro; abalar ou forçar ao movimento; com uma metáfora, pode ser interpretado como causar distúrbio e comoção;


Em filosofia a Kinética é uma corrente filosófica dedicada a compreender a natureza do movimento e sua relação com a realidade na medida em que ela ajuda a entender a dinâmica da vida.


Este termo é importante entender na prática para uma melhor interpretação do que de nós é pedido.

A igreja do Senhor deve ser fervorosa ao contrário de apática; dinâmica ao invés de desanimada; Vigorosa, como oposto a moribunda.

O que O Senhor Jesus está a dizer na Sua ameaça, é que Ele mesmo vem sacudir a Sua igreja, para bem ou para mal, mediante a consciência do erro e o arrependimento sincero para a mudança, ou não.


É curioso que este seja exactamente o mesmo termo grego usado por Paulo para descrever aos atenienses o que é ser “movido” por Deus ao dizer: “Porque Nele vivemos, nos movemos e existimos(Actos 17:28), mas se não nos movemos a bem, Ele move-nos à força, como o mesmo termo aplicado em (Apocalipse 6:14) sugere.


O que entendemos é que O Senhor pode ao “remover o castiçal” Ele pode estar literalmente a “mover uma Igreja” no sentido de dispersá-la e reuni-la de novo ao redistribuir os crentes que a compõe noutro lado conforme Lhe aprouver (Mateus 10:23) (Actos 8:4).


O Senhor bem nos ensina que quando não produzimos os frutos necessários da aprovação, Ele mesmo pode levantar outros no nosso lugar como fez com Saúl em (1 Samuel 15:28) e muitos outros ao longo da história (Mateus 25:28-29) (Mateus 21:43) (Marcos 12:9)

Muitas vezes a causa da nossa própria desgraça, carência, necessidade, abalos físicos e emocionais é fruto de uma privação causada por Deus para punir a nossa desobediência e ingratidão na forma de viver, e igualmente na forma de servir.

Convém lembrar que Deus não só pune a falta de serviço, como pune o mau serviço.


Nós servimos a Deus através da Igreja na Terra; A obra cristã e o Ministério são o currículo da Igreja e do crente que a compõe.

Quando O Senhor ameaça “retirar o castiçal”, Ele está a revelar que a Igreja em termos de obra e Ministério não está aprovada como devia.


Há diversas formas de uma Igreja debaixo da supervisão do Senhor ser reprovada.

A Igreja pode sofrer dano por introdução de má doutrina e heresias (Apocalipse 2:14); mau e pobre ensino (Apocalipse 2:15); escândalos entre os crentes (Romanos 16:17); inimizades, invejas, contendas internas (1 Coríntios 3:3); superficialidade religiosa (Tiago 1:22-25); Louvor mundano (Amós 5:23); falta de espírito de participação dos crentes na obra, seja por ofertas, atendimento aos cultos, falta de disciplina (Ageu 1:5-9), e por aí fora.


Porém, a reprovação de Deus não vem somente pelo facto de haver problemas nas igrejas, pois quanto mais bíblica for uma igreja, mais provações ela passará;


O problema vem da negligência em lidar com os problemas, por conta de corações frios sem amor fervoroso a Deus, desinteresse, e falta de dedicação à obra. Pior ainda, por se viver desta forma sem consciência do erro, e/ou sem arrependimento!

Esta é a grande razão porque Deus pede o “arrependimento” e pode estar a reprovar uma Igreja ao ponto de lhe querer tirar o “castiçal”.


Lembremos: “Aquele pois, que sabe fazer o bem e não o faz comete pecado (Tiago 4:17)


Por isso também lemos que Abraão foi justificado pelas obras (Tiago 2:21) (Romanos 4:2) de modo a que a responsabilidade humana em fazer a obra não seja removida pela pregação da soberania de Deus.


Embora saibamos bem que a salvação não vem de justificação por obras (Romanos 3:28) (Gálatas 2:16), entendemos porém, que as obras demonstram a justiça de Deus em nós. Tiago ainda é mais específico dizendo que “a fé é aperfeiçoada pelas obras” (Tiago 2:22).


As igrejas do Senhor devem lidar com suas responsabilidades sendo “fervorosos no espírito”, e não “vagarosos no cuidado” (Romanos 12:11), porque no fim de toda a negligência, falta de zelo, de sujeição e desobediência, conforme vemos aqui nas palavras do SENHOR aos Efésios, há punição (Apocalipse 3:19) (Lucas 12:47-48).


Na obra literária do Historiador Edward Gibbon que tem por nome “A História do declínio e queda do Império Romano” ele escreve como se acreditasse que as ameaças do Senhor às Igrejas daquelas localidades da província romana se tivessem cumprido, e diz:


Na perda de Éfeso os Cristãos lamentaram a queda do “primeiro anjo”, a extinção do primeiro castiçal da Revelação de Apocalipse; A desolação está completa; O Templo de Diana ou a Igreja de Maria igualmente eludem a procura e atenção do viajante curioso; O circo e os 3 grandes Teatros de Laodicéia estão agora povoados por chacais e raposas; Sardes está reduzida a uma vila miserável; O “deus de Maomé” sem um rival ou um filho, é invocado nas mesquitas de Tiatira e de Pérgamo e a população lotada de Esmirna é agora explorada pelo comércio estrangeiro dos francos e arménios. Filadélfia sozinha foi preservada pela profecia ou a coragem; No meio daquelas colónias gregas e Igrejas da Ásia, Filadélfia está se mantém levantada; Uma coluna erigida num cenário de ruínas”.


Particularmente da Igreja de Éfeso diz ainda: “O castiçal de Éfeso, foi de facto removido. Tenho diante de mim uma fotografia de Éfeso dos dias actuais; Uma estrutura de arcos em ruína, uma enchente de muçulmanos e um castelo abandonado, no meio de montes desolados”. Nenhum castiçal permanece onde outrora Paulo trabalhou arduamente em lágrimas durante 3 anos, noite e dia”.


- APOCALIPSE 2:6


-”Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio” (Apocalipse 2:6) – A Igreja de Éfeso tinha perdido o primeiro amor, mas ainda mantinham o ódio pelo pecado; Nós devemos odiar o pecado (Provérbios 8:13) (Salmos 26:5) por causa do amor a Deus em Temor, senão o nosso ódio pelo pecado não é puro no coração.


Ainda assim, O Senhor louvou isto dos Efésios, indicando que odiar as más obras é uma qualidade que pode fazer Deus desviar os olhos temporariamente dos nossos defeitos.


Uma verdade sobre um coração sincero diante de Deus está nas palavras de Paulo aos Romanos: “O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. (Romanos 12:9).


Se Deus “odeia a todos os que praticam a maldade” (Salmos 5:5), é normal que Ele louve, aqueles que à Sua semelhança também odeiam o mal.

O ódio dos Efésios era o oposto da tolerância dos crentes da Igreja de Pérgamo em relação às obras e doutrina dos nicolaítas (Apocalipse 2:15).


As “obras dos Nicolaítas” não são bem claras nas escrituras, deixando 2 possíveis hipóteses em consideração mediante uma análise da escritura com os relatos históricos da época;


A primeira hipótese é que os Nicolaítas eram seguidores de Nicolau prosélito de Antioquia (Actos 6:5) um dos 7 Homens eleitos pelos discípulos do Senhor para o Ministério, que eventualmente acabaria se desviando segundo uma perversão da doutrina verdadeira que havia recebido.

A segunda hipótese, é que os que seguiram Nicolau, perverteram eles mesmos a doutrina boa que dele receberam, por mau entendimento, criando uma espécie de culto, que à semelhança da comparação feita com a doutrina de Balaão (Apocalipse 2:14) desviava os Homens do caminho certo.


Se a obra dos Nicolaítas era de alguma forma parecida com a de Balaão, ela incidiria em comer comidas sacrificas aos ídolos (em sangue), e em imoralidade sexual (fornicação) (Apocalipse 2:14) (Números 25:1-2).


Alguns estudiosos até afirmam que o significado subentendido dos nomes na sua língua original (Bal+´am = Devorador de pessoas) (Nike+Laos = o que preside vitorioso sobre as pessoas) apontam para o carácter convincente que ambos tinham em persuadir os homens a pecar no desvio da verdade.


Não é de estranhar então que na altura da Igreja primitiva, houvesse da parte dos discípulos um cuidado particular em alertar contra estas práticas (Actos 15:20).


As obras reprováveis dos Nicolaítas assim como de Balaão são obras segundo a carne (2 Pedro 2 :10) (2 Pedro 2:15) por isso comparáveis pelo Senhor em reprovação.


Seja qualquer que for a interpretação do que querem realmente dizer as “obras dos nicolaítas”, o que é certo é que elas são reprovadas, e vemos que a base da reprovação tem como início, um “desvio da verdade”, ou da parte de quem ensina, ou da parte de quem aprende, mas perverte aquilo que lhe foi ensinado.


- APOCALIPSE 2:7


-”Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas:” (Apocalipse 2:7) A repetição deste apelo, de novo nos remete para a importância do que é dito antes e depois, e e uma reafirmação da Verdade comunicada em tom de responsabilidade e zelo incutidos.


Por isso as 7 igrejas recebem 7x o apelo: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça o que O Espírito diz às igrejas” (2:7) (2:11) (2:17) (2:29) (3:6) (3:13) (3:22); Assim como vemos O Senhor Jesus dizer 8x nos Evangelhos durante o Seu Ministério na Terra (Mateus 11:15) (Mateus 13:9) (Mateus 13:43) (Marcos 4:9) (Marcos 4:23) (Marcos 7:16) (Lucas 8:8) (Lucas 14:35) Devemos ouvir com o intuito de obedecer.


-”Ao que vencer” (Apocalipse 2:7) – O verbo “vencer” (nikáō) como alguém que alcançou a vitória, nos remete para a segurança que há em Jesus, Aquele que venceu a morte, para nos fazer com Ele vitoriosos.


O acto de “Vencer” está intimamente associado a 2 realidades práticas na vida do “daquele que vence”.

A primeira associação é de facto referente ao Sangue de Jesus derramado na Cruz para a vitória sobre o pecado e a morte, obra da qual, Deus pode ser agora tanto justo como justificador, daqueles que são salvos (Romanos 3:24-26).

A segunda associação está na qualidade do vencedor receber em si mesmo o poder da obra redentora, por meio da confissão pela boca (o testemunho da fé) e de um coração voluntário para crer e sujeitar-se a Deus (a prática da fé) de onde resulta a salvação na vida do que é agora tanto crente, como vencedor (Romanos 10:9-10) (1 João 5:4-5).


O termo “vencer” (nikáō) aponta para o acto de “conquistar algo, ou de ultrapassar um desafio e sair vencedor; está inerente a ideia de levar a cabo alguma coisa até ao fim”; A ideia de vitória aqui, está intimamente associada à derrota dos inimigos, o que nos remete para a vitória de Jesus sobre o Diabo e os seus anjos caídos, sobre as nações do mundo contra Ele, mas igualmente e referindo-se a nós particularmente, da derrota do pecado, e de todos os nossos inimigos que do mundo estavam contra nós querendo desviar-nos da verdade (1 João 4:4).


Esta é a mesma raíz que dá origem ao nome “Nicolaíta” como alguém que “se deixa vencer”.


Lembrando então a influência negativa das doutrinas dos Nicolaítas e de Balaão sobre os Efésios, e da vitória e derrota como 2 lados distintos da nossa batalha espiritual, lembremos as palavras de Pedro que diz:


Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo.

Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro.

Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado;

Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vómito, e a porca lavada ao espojadouro de lama.

2 Pedro 19-22


É distinta a posição que as palavras do Senhor Jesus nos persuade a desejar; a vitoria da Fé, no caminho firme e estreito da Verdade (Mateus 7:13-15).


Por isso lemos acerca desta vitória conquistada em Jesus:


Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por Aquele que nos amou.

Romanos 8:37


Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.

Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade.

E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória.

Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?

Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.

Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.

1 Coríntios 15:52-58


Não é à toa, que na mensagem das cartas individuais dirigidas a cada uma das 7 igrejas, haja uma referência particular “ao que vencer” como o destinatário final a quem a promessa de glória está intimamente ligada.

  1. Éfeso (Apocalipse 2:7)

  2. Esmirna (Apocalipse 2:11)

  3. Pérgamo (Apocalipse 2:17)

  4. Tiatira (Apocalipse 2:26)

  5. Sardes (Apocalipse 3:5)

  6. Filadélfia (Apocalipse 3:12)

  7. Laodicéia (Apocalipse 3:21)


Isto nos evoca à lembrança de que “vencerão os que estão com Ele, chamados, e eleitos, e fiéis”. (Apocalipse 17:14).


-”dar-lhe-ei a comer da árvore da vida que está no meio do Paraíso de Deus” (Apocalipse 2:7) – O acto de “comer da árvore da vida” como recompensa, é a primeira de muitas confirmações de esperança dadas aos crentes em Cristo em relação à eternidade em Glória.


As promessas de recompensa a cada uma das 7 igrejas são as seguintes:

Éfeso: -”Comer da árvore da vida(Apocalipse 2:7)

Esmirna: -”Não receber o dano da segunda morte” (Apocalipse 2:11)

Pérgamo: -”Comer do Maná escondido e receber uma pedra branca com novo nome” (Apocalipse 2:17)

Tiatira: -”Poder sobre as Nações, e a estrela da Manhã” (Apocalipse 2:26-28)

Sardes: -”Ser vestido de vestes brancas, seu nome garantido no livro da vida e confessado diante do Pai e dos Anjos” (Apocalipse 3:5)

Filadélfia: -”Ser guardado da hora da tentação” (Apocalipse 3:10) “ser coluna no Templo de Deus, ter em si inscrito o nome de Deus, o nome da cidade santa, e o novo nome de Cristo” (Apocalipse 3:12)

Laodicéia: -”Assentar-se com Jesus no Trono” (Apocalipse 3:21)


Ainda que estas promessas estejam cada uma associada a uma Igreja distinta, elas todas, são dirigidas na totalidade a cada crente fiel.

Cada um de nós, receberá cada uma das bênçãos descritas quando entrarmos na eternidade em corpos glorificados.


A descrição particular de cada uma destas bênçãos, será analisada em detalhe no acompanhamento da narrativa de cada Igreja descrita.


O “comer da árvore da vida” é portanto a promessa dada aos crentes da Igreja de Éfeso, e refere-se particularmente à “Vida eterna”.


A primeira referência bíblica à “árvore da vida” está em Génesis no Jardim onde Adão e Eva viviam sem pecado:


E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

(Génesis 2:9).


A “árvore da vida” aparece ao lado da árvore do conhecimento do bem e do mal” distintas de todas as outras árvores que compunham o jardim.

A razão porque elas existiam no Jardim desde o princípio, é porque eles têm propósitos específicos e símbolos que nos esclarecem em relação ao plano de Deus soberano, de acordo com a realidade onde o Homem é trazido à existência.


A Árvore da Vida é símbolo de Bênção de Deus para o Homem; a Árvore do conhecimento do bem e do mal, é símbolo de maldição; Uma simboliza a liberdade dependente debaixo da autoridade de Deus e a outra Juízo debaixo da independência; Uma simboliza concessão, a outra restrição; Uma eternidade, a outra mortalidade; Uma Sujeição, a outra rebelião; Uma favor, a outra abandono; Uma ascensão, a outra queda;


Estas árvores representam a autoridade e o poder de Deus; Seu carácter e liberdade; Sua essência e Seus limites passados ao Homem; A árvore da vida, simboliza o favor de Deus debaixo da obediência; a árvore do conhecimento do bem e do mal, simboliza o perigo de alguém querer estar debaixo desse favor em desobediência;

Ambas as árvores são símbolos de autoridade e regra no Jardim, como símbolos comunicados ao homem de Bênção e maldição;


Resumindo, a “árvore da vida” representa O Senhor Jesus, e a vida eterna, apresentados ao Homem como a Bênção debaixo da sujeição e da obediência à ordem estabelecida por Deus (Génesis 2:16-17). Desde o Início e ao longo da história que a figura do Senhor Jesus como fonte de vida nos é apresentada nas escrituras.

Outros bons exemplos são o maná que caía do céu como alimento (Êxodo 16:4) e a água que brotou da rocha para o povo beber no deserto (Números 20:8); Símbolos que O Próprio Senhor associou a Si mesmo para nos revelar que Ele é O pão do céu e a água da vida (João 6:26-35) (João 4:10-14) (João 7:37-38).

Da mesma forma que ninguém pode permanecer em vida sem comer e beber, ninguém pode Viver vida verdadeira, que perdure e se estenda à eternidade, sem Jesus.

Sem Ele, todos os Homens estão na sequidão do deserto à beira da morte eterna.


Quando Lemos Pedro falar sobre a obra de Jesus na Cruz dizendo: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.(1 Pedro 2:24), nós podemos entender e associar melhor Jesus à árvore da Vida no Jardim no éden.

Note-se que o termo “árvore da vida” em grego é (xylou tēs zōēs); Pedro usa exactamente as mesmas palavras gregas quando se refere ao “madeiro” (xýlon) e a “viver” para a justiça (Zao), como que fazendo-nos olhar para as semelhanças que Jesus pendurado no madeiro, tem com a "árvore da vida” que desde cedo vemos estar no Centro do Jardim (Génesis 2:9) como estará também no centro da Praça na cidade Santa para todo o sempre (Apocalipse 22:2).


A “árvore do conhecimento do bem e do mal” por outro lado representa a Liberdade do Homem e a rebelião de Satanás apresentados ao Homem como o Perigo da independência em afastamento de Deus que a consciência livre corre, quando nos permitimos ouvir outra voz que não a voz da autoridade Divina sobre nós.

Esta árvore representa a saída do favor de Deus na dependência a Ele, para uma vida de independência onde o Homem decide por si mesmo o que é melhor para si.

Uma árvore, representa a vida garantida, segundo os desígnios de Deus, a outra porém, a morte garantida segundo os desígnios do Homem.

Por isso lemos a advertência de que: “Há um caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte.(Provérbios 16:25)


Não é à toa portanto também que leiamos que “o fruto do justo é árvore de vida” (Provérbios 11:30) e que a sabedoria “É árvore de vida para os que dela tomam, e são bem-aventurados todos os que a retêm” (Provérbios 3:18).

Esta justiça e sabedoria que o Homem pode obter, está exclusivamente em Cristo para a Glória de Deus Pai, e não no Homem para a glória de si mesmo.


Adão e Eva, tinham a bem-aventurança de reter a sabedoria de Deus, sem precisarem de comer da “árvore do conhecimento do bem e do mal”; Bastava confiar em Deus, e sujeitarem-se à ordem recebida de não comer dela.

Aliás a primeira forma de sabedoria na Bíblia é o Temor a Deus, pois ele é o princípio da sabedoria (Provérbios 9:10)


A ideia da independência na mente de Eva de tomar uma decisão contrária à ordem imposta, muito nos revela sobre sobre a razão principal da sua desobediência e rebelião.

Quando lemos que Eva viu que esta era uma “árvore desejável para dar entendimento” (Génesis 3:6), nós compreendemos que o “entendimento” que ela buscava, era a capacidade de ser ela mesma a determinar aquilo que é bom ou mau, ou seja, de competir com a autoridade de Deus em todas as duas decisões.

Para reforçar esta clareza de ideia, lemos nas palavras da própria serpente logo no versículo anterior, que ao comer, Evaseria igual a Deus conhecendo o bem e o mal (Génesis 3:5).

Satanás tentou Eva com o desejo de querer ser igual a Deus, pois esse também foi o seu pecado, e a razão da Sua queda (Isaías 14:12-14).


Esta é a origem de todo o pecado, rebelião, ateísmo, anarquia, e ideia de independência de Deus, que sempre reinou na história da civilização humana (Salmos 2:1-3), desde que Adão e Eva foram lançados fora do Jardim (Génesis 3:24).


Tendo o Homem comido da “árvore do conhecimento do bem e do mal” e pervertido a sua natureza perfeita, entrou no Jardim o pecado e com ele a morte (Romanos 5:12).


A “árvore da vida” representando O Senhor Jesus e a vida eterna, nos revela a razão principal porque Adão e Eva não podiam permanecer no Jardim.

A causa principal da sua expulsão, nem foi em si a desobediência, mas o resultado dela, criando uma incompatibilidade entre o pecado e a Santidade e eternidade de Deus que aquele Jardim representava.

Por isso lemos: “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente(Génesis 3:22).


Deus pode conhecer o bem e o mal, e ainda assim permanecer Santo, sem ser tentado.

Esta era a lição que Deus logo ali no Jardim quis passar ao Homem, fortalecendo a ideia de que devemos confiar somente em Deus e entregar a Ele todas as nossas decisões em obediência e sujeição para que vivamos permanentemente em Bênção.


Quando os Efésios recebem esta promessa de esperança de voltar a “comer da árvore da vida” (Apocalipse 2:7), Deus lhes garante a restituição ao formato original do Jardim, onde o pecado agora não poderá mais entrar, nem o Homem poderá jamais ser tentado.

Por isso é feita a referência ao “Paraíso de Deus”, como os “Novos céus e Nova Terra” que nos estão prometidos na Glória da vida eterna (Apocalipse 21:1-4).


A “Mente de Cristo” (1 Coríntios 2:16) que todo o crente que vence o Mundo recebe pela Fé em Jesus (1 João 5:4) é o aperfeiçoamento espiritual do Homem que era somente “perfeito em natureza” culminando no aperfeiçoamento final do corpo e mente glorificados (1 Coríntios 15:53) para alcançarmos a plenitude de Deus (Efésios 1:23) (Efésios 3:19).


Aí sim, seremos como Deus em santidade e perfeição, porque seremos um com Deus (João 17:21-22).


Todas as religiões seculares pagãs de algum modo apropriaram-se da imagem e do conceito da “árvore da vida” para celebrarem a ideia de um “paraíso” mas removeram a sua verdadeira identidade e símbolo que é representar a vida que há em Jesus.


Os nórdicos têm Yggdrasil; Os persas Gaokerena; Na Ásia os Budistas têm Bodhi; Os Hindus têm Asvattha; Os Maias Wacah chan; Os Assírios a Asherah; e por aí fora, mas todas estas representam a ideia de transcendência e união ao Universo ou ao infinito de uma forma onde a Identidade de Deus em Jesus é substituída pelo “eu superior” numa realidade onde a energia e o cosmos se tornam a Divindade dentro de cada um.

Nada podia ser mais diabólico e mortal de um ponto de vista espiritual.


Isto é o problema da espiritualidade sem Verdade que o mundo em trevas promove através da ignorância; Uma celebração equivocada da “vida” que lhes trará para sempre morte eterna.


E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho.

Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.

1 João 5:12


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