
APOCALIPSE 2 -1 a 4
-Introdução e Resumo
O conteúdo do capítulo 2 está aqui focado nas Cartas de Jesus às Igrejas de Éfeso, Esmirna e Tiatira sensivelmente.
No final do primeiro capítulo (Apocalipse 1:20) é revelado o “mistério” acerca do simbolismo das 7 estrelas (7 Ministros) e dos 7 castiçais (7 igrejas), para agora serem aqui o foco da mensagem.
A razão porque a carta ao Apocalipse começa com a carta às Igrejas é de suma importância, porque nos revela a ordem do plano de Deus para os últimos dias, e a Igreja tem um papel importante para a indicação do começo da rota final de 7 anos da Terra.
O arrebatamento da Igreja (Apocalipse 4:1) é o evento que precederá o início da Tribulação (Apocalipse 5:1).
A ordem dos capítulos de Apocalipse e a própria sequência dos eventos descritos na continuidade da narrativa deixa isto evidente.
As cartas às 7 Igrejas aparecem como se fossem os 7 últimos apelos antes dos 7 últimos anos da Terra.
As 7 igrejas representam para nós também 7 tipos de crente, e simultaneamente também são símbolos de 7 períodos distintos da época da Igreja na Terra.
Ainda que primeiramente sejam realmente cartas àquelas igrejas reais e locais da Ásia menor, a seleção destas 7 igrejas distintas, visava usar da sua experiência, lutas, e carácter particular, para criar simbolismos para nós nos últimos dias.
Haviam muito mais que 7 igrejas naquela região geográfica, mas somente estas 7 foram referenciadas e dirigidas por carta, para que servissem de figuras.
-Estaria O Senhor Jesus só preocupado com estas 7 igrejas? Claramente que não.
Sua posição estratégica (todas elas criam um círculo à volta daquela região), permitiam a rápida divulgação e o testemunho às demais igrejas. Elas estavam para isso estrategicamente colocadas na rota postal daquela região o que facilitava a ideia de comunicação e difusão dos conteúdos recebidos.
O número 7 do número total de igrejas é uma referência óbvia ao simbolismo bíblico da perfeição do plano de Deus para a realidade temporária dos últimos dias.
Sendo 7 o número que representa também a ideia de totalidade ou completude, referir 7 igrejas em específico nos revela o culminar da era da Igreja, “fechando o círculo”, dando lugar a um novo momento (o fim da era da Igreja, e o retorno ao modelo pré-Igreja do antigo testamento).
Por isso ao vermos sair a Igreja da terra no arrebatamento (Apocalipse 4:2), vemos de imediato a chegada das 2 testemunhas (Apocalipse 11:3), para a substituírem na pregação do Evangelho do arrependimento.
Embora as 2 testemunhas só surjam na narrativa no capítulo 11, nós sabemos que elas morrem a meio da tribulação quando o Anticristo é possuído por satanás (Apocalipse 12:7-9) (Apocalipse 13:3) obtendo assim o poder de lhes fazer frente e os derrotar (Apocalipse 11:7); o período em que estarão na terra é de 1260 dias (Apocalipse 11:3) que é equivalente a 3.5 anos ou metade dos 7 anos da tribulação, o que nos faz entender que a sua chegada à Terra é no início da Tribulação, aquando da partida da Igreja, tomando o seu lugar na pregação do Evangelho que levará Israel à sua conversão (Romanos 11:26).
O número "sete" é aplicado explicitamente 54x em todo livro de Apocalipse, incluindo referência a: sete igrejas (Apocalipse 1:20); sete castiçais (Apocalipse 1:20); sete estrelas (Apocalipse 1:20); 7 anjos (Apocalipse 1:20); sete espíritos (Apocalipse 4:5); sete selos (Apocalipse 5:1); sete trombetas (Apocalipse 8:2); Sete trovões (Apocalipse 10:4) sete taças (Apocalipse 16:1); 7 aspectos da doxologia (Apocalipse 7:12), etc.
Se tivermos presente a ideia de que 7 visa expressar completude, entendemos que as 7 Igrejas da Ásia, descritas em Apocalipse representam também as igrejas de todas as épocas (A Igreja Universal composta por todos os crentes e todas as congregações mundiais desde aqueles dias até ao momento do arrebatamento) (Hebreus 12:23) e o plano que Deus tem para todos nós, porém sem desconsiderar que as sete igrejas descritas são as primeiras destinatárias.
Por isso os períodos finais da nossa história, estão bem simbolizadas na Igreja de Filadélfia (Apocalipse 3:7) e na igreja de Laodicéia (Apocalipse 3:14) que têm vindo progressivamente a tornar-se os 2 tipos de Igreja distintos destes dias em que vivemos.
Nós estamos literalmente na passagem da Igreja de Filadélfia (a Igreja missionária) para a Igreja de Laodicéia (a Igreja apóstata)
Os últimos séculos da Igreja, foram marcados por um avivamento e reforma de pureza lutando contra o sistema pervertido religioso para o guardar fiel da Palavra (Sola Scriptura) muito semelhante ao carácter da igreja de Filadélfia, para agora acabarmos nestes últimos dias, testemunhando a apostasia, perversão ecuménica, mundanismo secular, instalado novamente no sistema religioso (abandono e desprezo completo da Palavra) à semelhança de Laodicéia.
Para entendermos cada uma das 7 igrejas e o simbolismo para 7 eras distintas, desde a sua criação até aos dias finais, consideramos a seguinte representação e divisão aproximada das épocas da Igreja:
-Carta a Éfeso- Vs. 1 a 7 - representa a Igreja apostólica primitiva (30 – 100 d.C.);
-Carta a Esmirna- Vs. 8 a 11 - representa a Igreja perseguida a igreja dos mártires (100 – 312 d.C.)
-Carta a Pérgamo- Vs. 12 a 17 - representa a Igreja que se uniu ao estado (313 – 590 d.C.)
-Carta a Tiatira- Vs. 18 a 29 - representa a Igreja da Idade Média, corrupta e idólatra (590 – 1517 d.C.)
-Carta a Sardes- Vs. 1 a 6 - representa a Igreja da Reforma (1517- 1730 d.C.);
-Carta a Filadélfia- Vs. 7 a 13 – representa a Igreja Missionária (1730 -1900 d.C).;
-Carta a Laodicéia- Vs. 14 a 21 – representa a Igreja Apóstata (1900 d.C. até a volta de Cristo)
Em cada uma destas cartas que se seguem, podemos notar um padrão de organização do conteúdo algures estruturado de forma a que percebamos na sua mensagem, que ela ainda hoje tem os mesmos fundamentos para nós:
- Saudação e destinatário: "Ao anjo da Igreja em Éfeso…em Esmirna...em (...)" (2:1; 2:8; 2:12; 2:18; 3:1; 3:7; 3:14);
- Auto designação em Cristo: "Isto diz aquele" (2:1); "Isto diz o primeiro e o último, que foi morto e reviveu" (2:8); “Isto diz o que tem a espada aguda de 2 fios” (2:12); “Isto diz O filho de Deus” (2:18); "isto diz o que tem os 7 espíritos" (3:1); "Isto diz o que é Santo" (3:7); "Isto diz O Amém" (3:14); Note-se que existe um paralelo entre quase todos esses títulos com a descrição simbólica de autoridade e Glória de Cristo descrita no capítulo 1 = (Primeiro e último em 1:11 e 1:17; O que vive e foi morto em 1:18; espada aguda de 2 fios em 1:16; Filho de Deus em 1:6; olhos de fogo e os pés de latão reluzente em 1:14-15; os 7 espíritos em 1:4; O que é Santo em 1:14; O Amém em 1:19)
- Aprovação: A Éfeso diz: "Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência..." (2:2); A Esmirna diz: "Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico)..." (2:9); A Pérgamo diz: "Conheço as tuas obras, e onde habitas..." (2:13); A Tiatira diz: "Eu conheço as tuas obras, e o teu amor, e o teu serviço, e a tua fé..." (2:19); A Sardes diz: “tens algumas pessoas que não contaminaram as suas vestes...” (3:4); A Filadélfia diz: “Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar...” (3:8); A Laodicéia não faz nenhuma aprovação.
Condenação e desagrado: A Éfeso diz: "Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor…" (2:4); A Esmirna nenhuma condenação; A Pérgamo diz: “Algumas coisas tenho contra ti porque tens lá a doutrina de Balaão...” (2:14); A Tiatira diz: “Algumas coisas tenho contra ti que deixas Jezabel ensinar e enganar os meus servos...” (2:20); A Sardes diz: "Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto..." e ainda “Não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus...” (3:1); A Filadélfia nenhuma condenação; A Laodicéia só faz condenação: "Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente...”; “vomitar-te-ei da minha boca...”: e ainda “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu...”; (3:15-16-17)
Advertência e ameaça: A Éfeso diz: "Lembra-te, pois, de onde caíste e arrepende-te...se não brevemente a ti virei..." (2:5); A Esmirna somente advertência sem ameaça: “Sereis tentados, com uma tribulação de 10 dias, sê fiel até à morte...” (2:10); A Pérgamo diz: "Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti..." (2:16); A Tiatira diz: “se não se arrependerem das suas obras...”; “virá grande tribulação e ferirei de morte...” (2:21-23); A Sardes diz: "Sê vigilante, e confirma os restantes..."; “O que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te...”; “Virei sobre ti como um ladrão” (3:2-3); A Filadélfia só se vê advertência em tom de fortalecimento no meio de louvor dizendo: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa...” (3:11); A Laodicéia diz: “Não és frio nem quente...”; “aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, vestes brancas, e colírio para os olhos para que vejas...”; "sê pois zeloso, e arrepende-te."; (3:15-19);
Exortação: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas." (2:7) (2:11) (2:17) (2:29) (3:6) (3:13) (3:22); “O que tendes, retende-o até que eu venha” (2:25); "Eis que estou à porta, e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele e ele comigo"; (3:20) A ordem de ouvir o que o Espírito diz às Igrejas aparece 7 vezes, 1x por cada uma das 7 igrejas, de modo a que se entenda que não importa como a igreja está (aprovada ou reprovada), ainda assim O Senhor apela a todos conduzindo-os ao discernimento e à obediência constantes.
Promessa: "Ao vencedor dar-lhe-ei de comer da árvore da vida…"(2:7); "Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida." (2:10); "E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações..." (2:26); "E dar-lhe-ei a estrela da manhã." (2:28); "O que vencer será vestido de vestes brancas" (3:5); "Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação" (3:10); "Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono..."; (3:21)
-As características de cada Igreja- (sumário e análise detalhada)
Éfeso (Apocalipse 2:1-6):
-Elogiada por rejeitar o mal e o engano; e por seu bom trabalho, perseverança e paciência.
-Criticada por conta do esfriamento do seu primeiro amor.
-A recomendação é que a igreja se arrependa e volte a praticar as primeiras obras.
-A ameaça é que O Senhor venha a ela e lhe seja tirado o seu castiçal.
(Comentário) -As primeiras obras apontam para os 2 grandes mandamentos de Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo (Mateus 22:37-39); O primeiro Amor é referente ao Amor ao Senhor Jesus.
Muitos salvos dizem amar ao Senhor Jesus, mas de uma forma fria e pouco calorosa (sem fervor e sujeição).
O Amor esfriado que Jesus fala em (Mateus 24:12) causado pela multiplicação da iniquidade (Daqueles que estão longe da Verdade de Deus) é este mesmo amor, que não está centrado na Verdade em Santidade e santificação (Em Cristo).
O amor a Deus está intimamente ligado ao amor à Verdade e à santidade e santificação; desta forma o aumento do pecado esfria a mente e o coração para a verdade da Santidade de Deus, de modo a que as “verdades” pessoais reinem no seu lugar para os Homens acharem que não há mal nenhum em viver no relativismo para a satisfação da carne.
O Amor a Deus com o aumento do pecado é substituído pelo "amor da relevância social"; O amor da Justiça de Deus, é trocado por um amor permissivo que não julga.
Convém sempre lembrar que o é o amor a Deus verdadeiro que nos faz ter um compromisso zeloso pela verdade; mas é a Verdade que nos leva ao Amor.
Por isso Jesus fala de sermos “libertos ao conhecer a Verdade” e não “libertos ao conhecer o amor” (João 8:32).
É a verdade que verdadeiramente move o Cristão em primeiro lugar; não deve ser o amor nem tampouco o zelo; Isto, para que por engano, não acabemos por zelar mais pelo amor, ou amar indevidamente o zelo, mas sim em santidade de consciência, amar e zelar pela verdade.
Mas, por vezes, estamos mais inclinados para o zelo, do que para o amor, porque o amor que nos move é o amor ao zelo; outras, estamos tão cegos no emocionalismo do amor, que zelamos demais por um amor sem zelo.
O problema da Igreja de Éfeso era exactamente o mesmo que se passa actualmente em muitas igrejas; a ideia de “Ministério” como um “currículo”, onde as pessoas trabalham para elas mesmas, e não verdadeiramente para O Senhor.
Pregações sem fervor, louvor sem reverência, união sem verdade, hierarquia sem humildade, obra sem sujeição, desempenho sem disciplina, compromisso sem fidelidade, e devoção sem amor.
A igreja de Éfeso é a figura das Igrejas que começam fiéis mas por meio da iniquidade instalada tornam-se espiritualmente frias e sem fervor.
- APOCALIPSE 2:1
-”Escreve ao Anjo da Igreja de Éfeso” (Apocalipse 2:1) – A carta à Igreja de Éfeso revela-a como a primeira destinatária; Todas as cartas são dirigidas às igrejas, mas o destinatário particular é sempre o “Anjo” (ángelos) da Igreja daquela localidade, para que fique evidente, que há uma grande responsabilidade em Pastorear uma Igreja.
O Homem que exerce o cargo de Pastorado é responsável directo por cada uma das almas da sua congregação, e irá responder diante de Deus também por cada uma delas.
O “Anjo”, refere-se ao Homem que dirige aquela congregação de crentes, assumindo o papel de mensageiro da parte de Deus no que diz respeito a comunicar o Evangelho e a pregar a Palavra.
Cada um dos dirigentes de cada Igreja é chamado da mesma forma: Anjo em Éfeso (Apocalipse 2:1) Anjo em Esmirna (Apocalipse 2:8) Anjo em Pérgamo (Apocalipse 2:12) Anjo em Tiatira (Apocalipse 2:18) Anjo em Sardes (Apocalipse 3:1) Anjo em Filadélfia (Apocalipse 3:7) Anjo em Laodicéia (Apocalipse 3:14).
O “Anjo” portanto deve ser entendido aqui como o Dirigente, Ministro, Servo, Bispo, Pastor, que assume a autoridade e a responsabilidade sobre cada uma das Igrejas.
A bíblia nos ensina que é da mão do “Pastor” que O Senhor diz “Demandarei as minhas ovelhas” (Ezequiel 34:10-11), como tal, a “excelente obra” (1 Timóteo 3:1) que alguém deseja, deve ser sempre tomando em consideração, que é um cargo ao qual O Senhor atenta com especial seriedade e zelo (Hebreus 13:17) (Tiago 3:1).
Sabemos que este “Anjo” não pode ser um Anjo comum, ao serviço de nenhuma Igreja, pois Anjos (como seres celestiais) não dirigem igrejas em lado nenhum na Bíblia, sendo que apenas aos Homens é dado esse cargo.
Outra razão que nos permite associar o termo “ángelos” ao Homem é o facto de vermos esse termo sendo usado também dessa forma nas escrituras em muitas outras ocasiões referindo-se a Homens terrenos e não somente a Anjos celestiais; Um bom exemplo é usado para se referir a João O Baptista (Marcos 1:2-4), e ainda em (Lucas 7:24) traduzido como “Mensageiros” (Lucas 9:52) ou “Emissários” (Tiago 2:25).
Outra conclusão óbvia, é que, os Anjos do céu que servem a Deus não têm pecado, e como tal não precisam se arrepender, como é o tom e a ordem presente em carta aos “Anjos” das 7 igrejas apelando ao arrependimento (Apocalipse 2:5).
-”Isto diz Aquele que tem na Sua destra as sete estrelas” (Apocalipse 2:1) – A destra aqui tem o mesmo simbolismo de (Apocalipse 1:17) de provisão, distinção ou Eleição conforme outros exemplos bíblicos do mesmo uso (Génesis 48:13-14) (Salmos 73:23) (Salmos 18:35) (Isaías 41:13);
Porém aqui, a “Destra” está sobretudo associada à autoridade do Senhor Jesus sobre as 7 estrelas, que são os 7 Ministros ou Anjos em foco na mensagem (Apocalipse 1:20).
A continuação do versículo que diz: ”Que anda no meio dos castiçais de ouro” coloca Jesus no centro da vida das Igrejas representadas nos castiçais como fontes de luz naquela região geográfica; Isto está claro desde o início do Livro de Apocalipse (Apocalipse 1:13).
No final da Bíblia no último capítulo vemos O Senhor colocado no centro da praça da Cidade Santa onde está o Seu Trono e a Árvore da vida, para que terminemos a bíblia com a visão permanente do lugar onde Jesus é colocado sempre aos nossos olhos – No centro de tudo!
-O termo “ter” (Kratos) usado para descrever o reter na mão as estrelas, fala de força e poder; agarrar de mão firme. A descrição dessa força da mão do Senhor é a mesma descrita em (João 10:28).
-O termo “andar” (Peripatéō) referindo-se ao Senhor no meio dos castiçais que são as Igrejas, fala de activamente mover-se de um lado para o outro. Isto serve de aviso aos Pastores dirigentes, que O Senhor anda activamente entre as Suas Igrejas observando a Sua obra, e o desempenho dos Seus fiéis para recompensá-los de acordo.
A igreja de Éfeso recebe a ameaça de perder o seu castiçal por conta de um esfriamento que precisa arrependimento.
O Anjo desta Igreja, como Ministro deve considerar, que O Próprio Senhor, ameaça retirar-lhe a Igreja, de modo a que se entenda, que se uma “Igreja” não estiver a ser bem liderada, e andando como deve, O Senhor proactivamente se encarrega de a reconduzir.
Por isso tanto O Pastor tem autoridade para admoestar e exortar a Igreja negligente, como a Igreja tem a autoridade de confrontar e provar um Pastor negligente.
Como “Castiçais” (Igrejas) devemos assegurar-nos que realmente vivemos todos juntos para transmitir a Luz de Jesus ao mundo de Trevas que nos rodeia.
Lembrando as Palavras de Paulo, lemos: “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós”. (2 Coríntios 4:6-7)
No versículo o termo “Isto diz Aquele” (Tade Legei) deixa claro que não é João que diz nada de si mesmo, mas a mensagem vem directamente do Senhor Jesus.
Todas as cartas recebem inícios semelhantes, que apontam para a autoridade do Senhor Jesus sobre cada uma das Igrejas.
Éfeso - “Isto diz Aquele que tem na sua destra as sete estrelas” (Apocalipse 2:1)
Esmirna -”Isto diz O primeiro e O último, que foi morto e reviveu” (Apocalipse 2:8)
Pérgamo -”Isto diz Aquele que tem a espada aguda de dois fios” (Apocalipse 2:12)
Tiatira - “Isto diz O filho de Deus que tem Seus olhos como chamas de fogo, e os pés como latão reluzente” (Apocalipse 2:18)
Sardes - “Isto diz O que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas” (Apocalipse 3:1)
Filadélfia -”Isto diz O que é santo, O que é verdadeiro, O que tem a chave de Davi; O que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre ” (Apocalipse 3:7)
Laodicéia - “Isto diz O Amém, A testemunha fiel e verdadeira, O princípio da criação de Deus” (Apocalipse 3:14)
Esta expressão “Isto diz” (Tade Legei) ocorre 8x no novo testamento apenas, sendo 7x aqui em Apocalipse referindo-se à voz do Senhor Jesus (Apocalipse 2:1) (Apocalipse 2:8) (Apocalipse 2:12) (Apocalipse 2:18) (Apocalipse 3:1) (Apocalipse 3:7) (Apocalipse 3:14), e 1x no Livro de Actos referindo-se à voz do Espírito Santo (Actos 21:11).
O que é curioso é entender que esta expressão ocorre na tradução grega do velho testamento mais de 300x para se referir ao SENHOR (YHVH) em mensagens de tom profético usando o termo “Assim diz O Senhor” (Jeremias 13:1) (Zacarias 1:3).
O uso desta expressão particular então demonstra a intenção propositada de colocar a voz do Senhor Jesus com a autoridade do Pai, e do Santo Espírito (A voz completa da Trindade).
AS CARTAS
As cartas começam pela cidade de Éfeso em destaque, embora Pérgamo fosse a capital daquela província da Ásia Menor.
Éfeso não só era a cidade maior, mas a mais desenvolvida. Escritores romanos a chamavam de Lumen Asiae (A luz da Ásia) considerada o maior porto daquela região, e o caminho que levava a Roma, sendo Éfeso o ponto de embarque.
Também era por ali que as riquezas da Ásia entravam na Europa, daí que a cidade é descrita por Strabo um geógrafo da Antiguidade como o “mercado da Ásia”, que João também descreve em algum detalhe mais tarde em (Apocalipse 18:11-15), quando refere a queda da “grande Babilónia” como o sistema religioso liderado pela Igreja católica, com sede no Vaticano (Roma), do outro lado do mar mediterrâneo.
Culturalmente, Éfeso era conhecida pelos famosos jogos anuais da Ásia que eram organizados lá; Era a sede do templo de Artémis também chamada de Diana de Éfeso (uma das 7 maravilhas do mundo antigo).
Todas estas 7 localidades que recebem cartas, estavam estrategicamente colocadas como centros “postais” da região Sendo Éfeso por causa do seu porto, o lugar principal (Não é à toa então que esta seja a primeira a receber destaque).
- APOCALIPSE 2:2
-“Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência” (Apocalipse 2:2) Os olhos do Senhor, conhecem todas as coisas, e provam os Homens segundo suas obras (Salmos 33:13-15) (Provérbios 15:3) (Jó 28:24) (Jó 34:21). Os olhos do Senhor são uma figura que representa na bíblia a Omnisciência de Deus (Salmos 94:9) (Salmos 139:1-12) (Hebreus 4:13).
Por isso a bíblia também coloca diante dos olhos humanos a responsabilidade da acção prática, de concretização de obras de obediência e sujeição com o propósito de demonstrar que a vida de um salvo, está centrada não somente em palavras ditas ao vento (1 João 3:18) mas em manifestação visível de serviço e préstimo. (Tiago 1:22-25) (1 Coríntios 15:58) (Romanos 12:11) (1 Coríntios 3:6-14) (João 12:26) (Mateus 25:14-30).
O Senhor vê as obras dos Homens tanto louváveis como reprováveis e entrega nas mãos de cada um de nós a ideia de acção e reacção, de causa e efeito, de escolha e consequência (Eclesiastes 12:13-14) (Apocalipse 22:11-12).
A ideia passada aos Efésios, de Deus ver cada uma das nossas obras nos deve confortar (Hebreus 6:10-12) e simultaneamente nos fazer estremecer (Eclesiastes 8:11-13).
O Senhor Jesus deixou-nos uma mensagem importante em relação ao serviço, e a diferença de como os olhos do mundo e os olhos de Deus vêm o acto de servir.
Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles.
Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal;
E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo;
Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
No mundo, a ideia de “grandeza” vem do acto de ser servido. Os “ricos” deste mundo têm empregados, mordomos, motoristas, assistentes, etc, e os “pobres” os invejam por isso.
Mas a bíblia bem nos ensina:
Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos;
Que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis;
Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam se apoderar da vida eterna.
O Senhor Jesus inverte aos olhos dos Seus discípulos a ideia de grandeza que eles tinham do mundo (Mateus 20:20-21) dizendo: “Não será assim entre vós” (Mateus 20:26). Jesus deixou claro que Os homens são pequenos na sua grandeza; Seus títulos são nada, suas obras são imundícia, sua glória é mediocridade.
Deus sempre inverte os valores que o mundo e a carne têm, e nos mostra caminhos melhores (1 Coríntios 1:19:20) (1 Coríntios 1:25-29).
Então vemos que para Deus o acto de servir é melhor do que ser servido; Um sábio provérbio diz algo: “Quem não vive para servir, não serve para viver”;
Isto também ensina Jesus acerca da vida eterna, da entrada no céu e como ter parte com Ele no reino, ao lavar os pés dos Seus discípulos (João 13:3-9) (João 13:13-15).
O Senhor Jesus conhecia a obra dos Efésios, seu trabalho, e a paciência como postura de perseverança em lutar contra as más obras à Sua volta.
O Senhor elogia primeiramente a obra dos Efésios (érgon) demonstrando que as obras fazem parte do serviço a Deus e da conduta cristã.
O termo fala “daquilo que alguém se ocupa” evocando a ideia de “empreendimento e esforço” oposto àquilo que não dá trabalho nenhum; Algo que realmente pede “compromisso e dedicação”.
As obras sem esforço, incómodo, sacrifício, empenho, não são de todo as “Obras as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:10).
Lembrando sempre que nós não somos salvos pelas obras (Tito 3:5) (Efésios 2:8-9) mas para as obras (Efésios 2:10) (Tiago 2:20).
Todas as “obras” que O Senhor aprova, são as obras feitas Nele, ou seja que espelham as obras de Jesus e O Honram, e devem ser obras abundantes (João 15:5).
As ditas “boas pessoas” do mundo em pecado, que fazem qualquer obra “fora de Jesus” para sua própria glória, não recebem de Deus nenhum louvor. (Romanos 3:10-12) (Isaías 64:6).
O elogio do Senhor se estende ao trabalho dos Efésios (Kópos) como “a carga que dá trabalho carregar” evidenciando um trabalho de desgaste até à exaustão.
Servir ao Senhor de Verdade, dá trabalho e fadiga (2 Coríntios 11:27) num mundo que se opõe veemente à Ideia de que Deus deve ser servido.
A ideia passada é que não existe uma forma “fácil” ou “preguiçosa” de servir a Jesus, e que os Efésios sabiam disso em seu serviço.
Por isso as 7 igrejas recebem 7x o apelo: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça o que O Espírito diz às igrejas” (2:7) (2:11) (2:17) (2:29) (3:6) (3:13) (3:22); Assim como vemos O Senhor Jesus dizer 8x nos Evangelhos durante o Seu Ministério na Terra (Mateus 11:15) (Mateus 13:9) (Mateus 13:43) (Marcos 4:9) (Marcos 4:23) (Marcos 7:16) (Lucas 8:8) (Lucas 14:35) Devemos ouvir com o intuito de obedecer.
7x representa simbolicamente a perfeição do plano de Deus na realidade temporária da Terra; 8x representa O Próprio Senhor Jesus e a vida eterna.
O que isto nos quer dizer é que enquanto estamos na terra à espera de entrar na possessão da vida eterna, devemos ouvir O Senhor Jesus (Mateus 17:5) (Lucas 9:35) para construirmos Nele morada espiritual inabalável que permaneça para sempre (Lucas 6:46-49).
O crente no seu serviço que se reflecte na produção das obras (Tito 3:8) não deve ser “vagaroso no cuidado” (Romanos 12:11) mas deve atentar para a voz do Espírito conduzindo-o em toda a verdade (Hebreus 3:7) de modo a mostrar o “mesmo cuidado até ao fim” (Hebreus 3:6) (Hebreus 3:14) (Hebreus 6:11) sempre olhando para não cair (1 Coríntios 10:12).
Este “trabalho” como tribulações e aflições do crente (1 Tessalonicenses 3:3) (João 16:33) engloba em geral o suportar as afrontas, a resistência constante dos incrédulos, a oposição dos soberbos, a hipocrisia dos falsos religiosos, a intransigência dos egos em pecado, as falsas acusações dos moralistas estranhos a Deus, a inimizade do mundo e por aí fora;
Por isso somos ensinados a: “resistir firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os nossos irmãos no mundo” (1 Pedro 5:9)
Por fim, e por causa destas tribulações que nos importa passar, a caminho do reino dos céus (Actos 14:22) (Romanos 5:3) é feito um Elogio à paciência dos Efésios (hypomonḗ) como testemunho final de credibilidade na conduta do crente.
Este termo trata de “perseverança, determinação, resiliência, permanência, constância, aludindo à ideia de alguém que simplesmente não desiste na sua luta”.
Esta “paciência” dos Efésios está associada a 2 situações na prova da sua fé e são citadas como:
-”Não sofrer os maus” (Apocalipse 2:2) - Isto fala de não conformidade, com este mundo maligno (Romanos 12:2), e de combate directo ao pecado instalado (Efésios 6:12).
O crente não deve se habituar ao pecado de forma a relativizá-lo, ou dar-lhe livre curso.
O que vemos nos dias actuais são crentes e Pastores vivendo uma vida confortável no meio do pecado instalado. O pecado não combatido, rapidamente se torna o pecado relativizado, para depois se tornar o pecado defendido e por fim o pecado praticado.
Uma das boas obras louváveis pelo Senhor é o não comunicar com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condená-las (Efésios 5:11).
Condenar as más obras, é visto pelo Senhor como uma Boa obra!
Sempre que vemos o pecado a correr seu livre-curso, e não o condenamos, nós estamos a perder uma oportunidade de praticar uma boa obra aos olhos do Senhor, e se a bíblia diz que “Aquele que sabe fazer o bem e não o faz comete pecado” (Tiago 4:17), sabemos que ao não condenar o pecado que corre livremente entre nós, nós estamos literalmente a participar desse pecado.
-”Pôr à prova e achar mentirosos os que se passavam por apóstolos” (Apocalipse 2:2) - Na conduta dos Efésios vemos haver esse espírito de resistência e combate às más obras dos que estão no corpo de Cristo em falsidade (2 Coríntios 11:13-15); Isto era louvável pelo Senhor e nos fortalece a seguir o exemplo.
O facto de estes homens se passarem por apóstolos é o princípio óbvio do seu erro.
Sua identificação entre os Efésios mostrava a falsidade da sua doutrina, dado que na Bíblia o requisito para alguém se fazer munir do título de Apóstolo, era ter convivido com O Senhor Jesus, sendo uma testemunha ocular da Sua presença entre os Homens (Actos 1:21-22) e ter recebido Dele directamente esse chamado e função (1 Coríntios 9:1) (Actos 20:24).
Aqueles homens e muitos nos dias actuais que se passam por apóstolos nos dão logo à partida a prudência de esperar que deles não venha boa doutrina.
A presença e influência dos falsos religiosos era reprovável por aqueles com discernimento entre os Efésios, como deve ser ainda entre os crentes actualmente (Hebreus 5:14) face aos falsos mestres e lobos devoradores que se introduzem no seio dos cristãos enviados por satanás (Mateus 7:15) (1 João 4:1).
O acto de “pôr à prova” (peirázō) fala de um senso de responsabilidade de garantir que aqueles que pretendiam Ministrar entre os Efésios eram devidamente submetidos a uma análise em acompanhamento contínuo (Actos 17:11). O termo fala de testar, submeter a escrutínio para ver se alguém ou alguma coisa está à altura da exigência; Isto é o nosso dever como Igreja ainda nos dias actuais (Isaías 8:20).
Curioso que este seja o mesmo termo que é usado para revelar a forma como Deus também nos “põe à prova” a nós como crentes (1 Coríntios 10:13) e como também nós nos devemos examinar ou provar cada um a si mesmo (2 Coríntios 13:5).
Isto porque Jesus também foi “posto à prova” diante de todos para nos deixar o exemplo perfeito de que Ele estava à altura da obra que Lhe foi proposta, tendo-a consumado em toda a excelência (Hebreus 2:18).
A Igreja dos Efésios era diligente em avaliar aqueles que Ministravam no seu meio por meio dos frutos produzidos (Mateus 7:16). Por isso devemos sempre provar se aquilo que se pretende passar por fruto do Espírito, realmente o é (1 Timóteo 4:1) (1 João 4:1).
A realidade é que a maioria das vezes, as maiores ameaças e provações de uma Igreja, não procedem de fora, mas de dentro (Actos 20:29-30) como acontecia ali entre os Efésios (1 Timóteo 1:3-4).
A verdade é que “os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados.” (2 Timóteo 3:13)
Por isso todo o crente deve desenvolver zelo, prudência e sabedoria (Actos 17:11) (Mateus 10:16) examinando tudo e retendo o bem (1 Tessalonicenses 5:21) para que “não descaiamos da nossa firmeza e sejamos com eles arrebatados” quando O Senhor despejar sobre eles a Sua ira (2 Pedro 3:17).
Só aquele que põe à prova a sua provação será aprovado pelo Senhor!
Na 2ª carta de Pedro nos capítulos 1 e 2 lemos sobre crentes genuínos e crentes impostores e também sobre a sua conduta, doutrina e credibilidade.
Se colocarmos estes capítulos lado a lado vemos as diferenças entre o que é autêntico e o que é dissimulado.
Alguns pontos se tornam evidentes para distinguir os falsos Mestres e os falsos crentes que os seguem:
1. Têm sempre Fontes Diferentes—De onde a mensagem vem?
Pedro diz: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade” (2 Pedro 1:16). E identificando o problema, no capítulo seguinte logo indica a intenção desses homens dizendo: “farão negócio de vós, com palavras fingidas” (2 Pedro 2:3).
Um verdadeiro mestre ou verdadeiro crente tem como fonte de autoridade somente a Bíblia; O falso mestre e o falso crente contam com a sua própria criatividade e opiniões, sempre apoiados em livros e obras literárias que leram além da Bíblia, de onde retiram revelações exclusivas e adicionais; o propósito segundo eles é sempre o de trazer iluminação e transformar, reformar, avivar, ou modernizar a Igreja (2 Coríntios 11:13-14).
Suas intenções descritas como “negócio” ou “comércio” por Pedro revelam porém, que o fim é o seu próprio benefício (Romanos 16:17-18) (1 Timóteo 6:3-5)
2. Mensagem Diferente—Qual é a essência da mensagem?
Para um mestre verdadeiro, Jesus Cristo é o centro, daí sua mensagem ser sempre Cristocêntrica, virada para Glorificar O Pai, na pessoa de Jesus Cristo pela influência directa do Espírito Santo.
Isto é o que faz Pedro dizendo: “Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus, e de Jesus nosso Senhor; Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude” (2 Pedro 1:2-3).
Para um falso mestre, Jesus é o início da sua mensagem, mas o fim é o benefício do Homem, as vantagens, a prosperidade terrena ao ponto de até se colocarem a eles mesmos ou outros homens que seguem como a fonte de autoridade sobre a Palavra de Deus.
Leia-se o que Pedro diz no capítulo seguinte sobre eles: "introduzirão, encobertamente, heresias de perdição, e negarão O Senhor que os resgatou” (2 Pedro 2:1).
Para se negar O Senhor Jesus, basta negar a Sua Palavra, ou tirá-lo do centro da nossa mensagem e do propósito da nossa fé.
Se uma pessoa professa seguir a Jesus, mas não segue a Sua Palavra, ela não segue verdadeiramente a Jesus (João 14:21-26).
Note-se a palavra “encobertamente”; É raro que alguém na igreja negue abertamente a Jesus. Nós sabemos que elas negam a Jesus quando negam a Sua Palavra, Seus preceitos, estatutos e mandamentos.
O afastamento da centralidade de Cristo e da Palavra acontece sempre de forma subtil de modo a que a opinião, sensibilidade, ou ideias pessoais reinem no fim.
3. Situação Diferente—Em que situação a mensagem te deixa?
O verdadeiro Cristão que ouve um verdadeiro mestre, segundo Pedro, tem “escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo” (2 Pedro 1:4).
Perceba agora como Pedro descreve o falso Cristão ou o Falso mestre: “Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo” (2 Pedro 2:19).
O verdadeiro crente está a escapar da corrupção, separando-se do mundo, enquanto o crente impostor é dominado por ela, precisamente porque ainda está de mãos dadas com o mundo, buscando aprovação e prosperidade.
A mensagem da Cruz, e o Evangelho, pela boca de um verdadeiro crente, deixam sempre aqueles que o ouvem, primeiramente constrangidos em seus pecados, conduzidos ao arrependimento e contrição, para que depois sejam maravilhados com o poder de Deus, virando os seus olhos e os seus corações para os méritos de Cristo e a Sua vitória, rendendo-lhe toda a Glória.
Aqueles que ouvem os discursos dos falsos mestres, ficam imbuídos apenas de auto-indução, acreditando cada vez mais neles próprios, numa vitória conquistada por seu mérito, no poder da sua própria fé, para o seu próprio benefício e relevância.
4. Fim Diferente—Onde te leva a mensagem no final das contas?
Aqui encontramos o contraste mais perturbador de todos. O verdadeiro Mestre e os verdadeiros crentes que o seguem terão conforme descrito “amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 1:11).
O falso Mestre e os falsos crentes que os seguem trarão sobre si “repentina perdição” (2 Pedro 2:1). “sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita” (2 Pedro 2:3).
Do tempo dos Efésios para os dias actuais pouco mudou em relação às provações, e lutas da Igreja, sendo que hoje estas coisas estão muito mais acentuadas por conta da “multiplicação da iniquidade” (Mateus 24:12).
Aliás um dos grandes sinais dos últimos dias é a proliferação dos falsos mestres e dos falsos crentes que os seguem (Mateus 24:11) (Mateus 7:15) (1 João 2:18:21); das heresias e má doutrina (2 Pedro 3:16-18) (2 Timóteo 4:3-4); de espíritos enganadores e doutrinas de demónios (1 Timóteo 4:1).
Por isso também a Apostasia como o abandono da Verdade é o último sinal antes da chegada do Anticristo (2 Tessalonicenses 2:3).
Por isso quanto mais surgem falsos mestres e má doutrina, mais os crentes têm de zelar pela verdade para combater contra aquilo que não é verdadeiro e Bíblico (2 Coríntios 13:8) (1 João 2:21).
Lembrando sempre que nunca podemos escrever “mel” sobre o rótulo que Jesus já previamente escreveu “veneno” (Isaías 5:20).
Nas palavras de Paulo confirmamos isto, quando diz: “um pouco de fermento leveda toda a massa” (Gálatas 5:9).
- APOCALIPSE 2:3
-”E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste” (Apocalipse 2:3) A Igreja de Éfeso sofria destes problemas, assim como a nossa sofre o mesmo actualmente.
Este versículo comprova e afirma essas obras e trabalho árduo servindo ao Senhor descrito nos versículos anteriores.
O trabalho dos Efésios, na concretização da Obra era louvável da parte do Senhor, mas nós vemos que este versículo é um versículo de transição de um momento para o outro, ou seja do que estava antes e o que vem depois.
Antes deste versículo está à aprovação (versículos 1 e 2), e logo depois vem a reprovação (Versículos 4 e 5) criando uma ideia de impasse.
O versículo 3 aqui começa na continuação da aprovação do versículo 2, mas logo entra em reprovação no versículo 4.
Isto leva-nos a meditar sobre a rapidez com que alguém aprovado é reprovado; Muitas vezes uma só má obra de desobediência pode ser a queda de qualquer um de nós como Saúl bem nos mostra em (1 Samuel 15:28).
Paulo fala desta queda repentina aos Gálatas, dizendo: “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho;” (Gálatas 1:6), e ainda: “Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?” (Gálatas 5:7)
O Êxodo do povo Judeu pelo deserto tem um poderoso simbolismo de nos mostrar que a maioria dos homens começam bem, mas caem pelo caminho, quando cedo esquecem o que O Senhor fez e faz por eles todos os dias, voltando à “idolatria do Egipto espiritual” que é a escravidão da carne no amor ao mundo (Gálatas 6:8).
Por isso o segredo para vivermos uma espiritualidade verdadeira e saudável, é nos lembrarmos sempre de ver Deus onde nos temos esquecido que Ele está; -No Seu Trono de Glória!
Ainda que façamos muitas boas obras, se não andarmos devidamente diante do Senhor, com o coração certo em obediência da Verdade, no amor do primeiro mandamento (Deuteronómio 6:5) nunca seremos totalmente aprovados por Ele conforme de nós é pedido (2 Pedro 3:14).
Os Homens de (Mateus 7:22) fizeram milagres, muitas maravilhas e expulsaram demónios, e ainda assim foram rejeitados pelo Senhor!
Eles não amavam O Senhor Jesus de todo o seu coração, alma e todas as forças, razão porque Jesus lhes rejeita dizendo “Nunca vos conheci” (Mateus 7:23), sendo o termo (Ginosko) referente à intimidade cúmplice que não havia entre eles.
- APOCALIPSE 2:4
-”Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor” (Apocalipse 2:4) A “multiplicação da iniquidade” fora e dentro das Igrejas têm “esfriado o amor de muitos” (Mateus 24:12) de tal forma que muitos crentes se sentem mais perseguidos dentro das Igrejas do que propriamente lá fora no mundo. Isto é lamentável e vergonhoso!
Em muitos casamentos, o entusiasmo e a dedicação perdem-se na monotonia do dia-a-dia de tal forma que a dada altura as pessoas tornam-se estranhos dentro da mesma casa; Cruzam-se mas não se tocam, olham-se mas não se vêm.
Existe hábito e rotina, e proximidade, mas não existe mais dedicação ou disposição para investir na outra pessoa. Quem sabe muitos crentes da igreja de Éfeso estavam a sentir isso no seu relacionamento com O Senhor Jesus.
O “deixar o primeiro amor” descrito, é de alguma forma também o esquecer ao longo da caminhada cristã, a razão porque caminhamos, porque lutamos, e acima de tudo, por QUEM vivemos.
É o activismo e o ritualismo, sem a reverência, devoção e o amor; É o perder o “alvo” (Filipenses 3:7-14).
O termo “deixar” (aphíēmi) refere-se a abandonar, deixar para trás, colocar em segundo plano longe dos olhos; despedir-se como quem parte para longe.
O termo era usado para referir-se ao despedir no divórcio quando cada um se aparta do outro.
Este é o primeiro passo para a “Apostasia” (apostasía) que é o estado final do divórcio ou abandono.
Criar hábitos, pode levar alguém a praticar determinadas obras, somente pela rotina do que é habitual, e não pelo amor natural ao Senhor.
Um outro sábio ditado diz: “O hábito é a vitória do tempo sobre a vontade”; Quem sabe você tem servido a Deus actualmente, não porque seu coração está cheio de amor e fervor, mas tão somente porque você está habituado a fazê-lo.
O tempo e a repetição dos mesmos comportamentos, faz deste tipo de pessoas máquinas programadas para repetir funções sem qualquer consciência do porquê que as fazem.
O problema é que o afastamento é um processo gradual e contínuo que termina sempre no total abandono.
Muitos religiosos por este mundo fora, em todas as épocas fizeram e ainda fazem muitas obras que para Deus não têm valor nenhum pois não são feitas com um Amor perfeito diante de Deus (Mateus 7:22:23).
-Mas o que é então um Amor perfeito diante de Deus?
O grande problema da Igreja de Éfeso ainda persiste nos dias actuais, onde Ministérios são levantados, Igrejas plantadas, obras iniciadas, mas Cristo não é o centro, e as motivações não são verdadeiramente a Glória de Deus.
É a relevância social, o impacto carismático, a contribuição cultural, o Louvor emocional, as convenções intelectuais, os debates nas redes sociais, as parcerias sociais, a união religiosa ecuménica, as reformas, as estratégias humanas que se tornam o combustível que move os Ministérios e as pessoas que os desenvolvem.
Isto é o oposto do que é o amor perfeito que Deus pede de Nós!
O retorno ao “primeiro amor” é o retorno ao fundamento que é Cristo (1 Coríntios 3:11) para o propósito do Louvor da Glória de Deus somente (Efésios 1:12).
Sem o amor de e a Cristo, de nada nos valeriam quaisquer obras (1 Coríntios 13:1-8); Por isso lemos: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” (1 Coríntios 13:13).
Para que seja claro, este "Amor" é o amor da Sujeição, do fervor e entrega para a honra e o louvor do Deus da Glória comunicado no Seu Filho Jesus por meio do Seu Santo Espírito.
O Amor perfeito tem Jesus como Centro, de modo a que Ele reine nos nossos pensamentos e sobre os nossos desejos para a Santidade, domine sobre as nossas vontades para a moderação, se exalte sobre o nosso coração e emoções para a paz e a esperança, seja honrado na nossa conduta e prioridades para o bom senso, seja dignificado nas nossas palavras e opiniões para a justiça, temido na nossa consciência para a obediência, reverenciado aos nossos olhos para o louvor constante, Adorado na nossa alma em Espírito e em Verdade para a completa devoção.
Lembramos ainda que a Igreja de Éfeso de Apocalipse, é a mesma Igreja que recebe a carta de Paulo aos Efésios sensivelmente 20 a 30 anos antes.
Será que durante estes 20 a 30 anos, o amor dos Efésios foi esfriando, ou o amor deles permaneceu frio todo este tempo até que Jesus o condena abertamente por carta?
Não é à toa que Paulo na sua carta aos Efésios cite o amor prático 20x (Efésios 1:4) (Efésios 1:15) (Efésios 2:4) (Efésios 3:17) (Efésios 3:19) (Efésios 4:2) (Efésios 4:15) (Efésios 4:16) (Efésios 5:2) (Efésios 5:25) (Efésios 5:28) (Efésios 5:33) (Efésios 6:23) (Efésios 6:24).
Na bíblia o Número 20 simboliza: trabalho, préstimo ou serviço; o que se entende que, sem o amor bíblico posto em prática na obra do crente, o serviço não pode agradar a Deus plenamente.
Uma coisa que tem de ser bem entendida, é que o benefício das almas perdidas, é secundário ao propósito da Adoração e serviço para o louvor da Glória de Deus.
Muitas pessoas transformam o “amor pelas almas perdidas” (que é bíblico) num “amor mundano e secular” (anti-bíblico) colocando-o acima do Amor a Deus e à Sua verdade.
Para entendermos verdadeiramente o que é este primeiro Amor, temos que ir ao Velho testamento ao princípio da autoridade de Deus sobre o povo de Israel e lembrar as Suas palavras por meio de Moisés: “Amarás, pois, O Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.” (Deuteronómio 6:5).
Lembrando a voz de Jesus dizendo 7x às Igrejas “Quem tem ouvidos para ouvir ouça”, vejamos o versículo anterior dito a Israel naqueles dias: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.” (Deuteronómio 6:4).
Muitas pessoas infelizmente embora tenham olhos e ouvidos, não os usam devidamente (Isaías 42:20). Outra grande tristeza é vermos que até aqueles que crêem que Jesus é O Deus vivo, e O chamam de Senhor, não se comportam como verdadeiros servos (Lucas 6:46).
O "Ouve Israel" é transportado para nós agora como "Ouve Igreja"!
O “ouvir” é na verdade o “Atentar” para esta grande Verdade esquecida por muitos crentes ao longo da sua caminhada.
De que Cristo é O Único Senhor sobre nós; que O nosso Deus é o único Deus que deve ser servido (Mateus 6:24).
Por isso o versículo que se segue em (Deuteronómio 6:5) é tão importante ouvir e reter: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças”.
O Senhor Jesus está portanto a evidenciar para nós a diferença entre o amor bíblico da sujeição em obediência e separação do mundo, do amor idólatra que está em conluio com o pecado e o amor ao mundo. (1 João 2:15-18) (Tiago 4:4)
O primeiro mandamento é a base do Primeiro Amor por isso Jesus repete as Palavras do primeiro grande mandamento dado a Israel: “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento.” (Mateus 22:37-38).
O amar o próximo é o segundo mandamento, para que saibamos a ordem correcta instituída por Deus (Mateus 22:39).
“De todo o teu coração” - O coração em grego (kardía) e em hebraico (lay-bawb') é a fonte da circulação do sangue no corpo, de modo a que seu uso na bíblia diz respeito ao centro da vida ou vigor de alguém.
Por isso também está associado ao Homem interior, sua vontade e desejos, inclinações, convicções e determinação, onde as emoções e as paixões definem o carácter moral.
Sabemos então que, quando o coração pára, a vida termina. A nossa vida espiritual é provada então no “palpitar” fervoroso no acto de servir ao Senhor!
Se o coração não “palpita” pelo Senhor, nós estamos a ter uma vida espiritual à beira da morte, como estão os Homens nos hospitais ligados a uma máquina (ou como os ímpios já mortos e não o sabem).
“De toda a tua alma” - A alma em grego (psychḗ) e hebraico (neh'-fesh) tem semelhanças com o coração no sentido de também representar os desejos, emoções e paixões mas tem maior profundidade, pois o coração, representa o corpo carnal que está destinado a desaparecer; A alma porém como “sopro de vida” representa a passagem para a eternidade.
O seu uso na Bíblia pretende adicionar outra camada de substância à essência individual do Homem, a qual em responsabilidade dará contas a Deus. O coração quando o Homem morre deixa de bater, a alma porém permanece e será julgada.
“De todo o teu pensamento” - O pensamento em grego é (diánoia) e em hebraico o termo usado é forças (meh-ode'). A razão porque há uma diferença entre estes 2 termos usados nos 2 testamentos tem como objectivo o reforço da ideia de Abundância.
Em Hebraico fala de forças, como os ímpetos, e evidencia a quantidade, o grau ou a magnitude da força empreendida. Desta forma quando percebemos o termo pensamento referido pelo Senhor Jesus, logo entendemos que se trata de tudo quanto se ocupa a nossa mente a maioria do tempo.
Nesta consciência mental que processa a ligação do coração à alma, está o termo de responsabilidade, onde é pregado o Evangelho do arrependimento.
Se virmos o coração, como algo associado à realidade terrena, e a alma associada à realidade eterna, o pensamento, é a balança que pesa entre ambas as realidades, e como nós realmente processamos mentalmente a ideia de ambas em relação ao nosso início, caminho e destino final.
Aqui está a obrigação, o dever e a responsabilidade da liberdade individual de cada um debaixo da soberania de Deus que tudo observa.
Há um sábio ditado que exemplifica bem isto dizendo: “Semeie um pensamento e colha uma acção; Semeie uma acção e colha um hábito; Semeie um hábito e colha um carácter; Semeie um carácter e colha um destino”.
A razão porque Jesus cita o Antigo testamento e fortalece estas 3 áreas da individualidade de cada um de nós, é para que saibamos que o acto de servir pede completa e total rendição.
Jesus através da Sua Palavra pede uma devoção total, tanto da parte superficial, quanto da mais profunda do nosso ser (Hebreus 4:12).
A ordem de Negar a si mesmo (Lucas 9:23-25) é dada ao Homem no intuito de o ensinar a total rendição e o abandono do mundo.
Deus prova o coração, para no fim Julgar a Alma; O pensamento por sua vez é a consciência interna que acessa ambos, e é onde reside a batalha entre a carne e o espírito.
É onde existem os conflitos interiores baseados naquilo que sentimos em relação a quem éramos, e quem gostaríamos de ser em contraste à real natureza de quem na verdade somos.
Podemos criar um exemplo simbólico então de que o coração define o início, o pensamento o caminho, e a alma o destino final.
A razão porque Deus entrega “mandamentos” aos Homens é para criar as bases na consciência livre do pensamento de um sistema de juízo permanente.
Nas cartas às Igrejas vemos O Senhor Jesus começar o Juízo pela Sua casa (1 Pedro 4:17) re-educando-os no caminho certo através de um apelo à consciência para o arrependimento e o retorno ao primeiro amor.
Por isso O Senhor nos deixa também a responsabilidade de nos educarmos uns aos outros no temor e na obediência à Sua Palavra, por meio da exortação (1 Tessalonicenses 5:11), admoestação (1 Tessalonicenses 5:12) e juízo comum (1 Coríntios 6:5) e isto para que O amor bíblico reine nos nossos corações, alma e pensamento.
O Amor de Deus bíblico é o descrito em (1 João 5:3) como o “Amor que guarda os Seus mandamentos”, reforçado ainda em (João 14:21-24) e (João 15:10); O Amor verdadeiro está firmado em obediência da fé na acção da submissão à autoridade da Palavra.
O “Amor esfriado” dos últimos dias, é o amor desobediente e de aparência, que não pretende nem guardar nem obedecer à Palavra de Deus como se ela realmente fosse a autoridade final.
Por isso embora se leia na Bíblia que a salvação não é pelas obras mas pela graça por meio da Fé (Efésios 2:8-9), e isso seja absolutamente verdadeiro, também é verdade que a Fé legítima está intimamente associada às obras de obediência (Romanos 16:26) (1 Pedro 1:2) de modo que a prática da obra comprova a fé diante de Deus e dos Homens (Tiago 2:17-26).
Desta forma a fé verdadeira produz obras de acordo (Efésios 2:10); a fé fingida não produz obras (Tiago 2:17).
Não existe na bíblia em lado nenhum a ideia de que possa haver fé verdadeira e íntegra sem as obras naturais que a acompanhem, por isso lemos: “E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tiago 1:22).
Tiago fala sobre o praticar as obras colocando diante dos Homens aquilo que ele se refere por “a lei perfeita da liberdade” (Tiago 1:25) para mostrar que a Soberania de Deus colocou nos Homens um termo de responsabilidade, ao qual respondemos ou com integridade ou com falsidade, aceitando ou rejeitando a acção do Espírito de Deus falando aos nossos corações, colhendo por fim aquilo que semeamos livremente (Gálatas 6:7-9).
Por isso a carta de Tito está cheia de referência à prática da obra tanto do lado reprovável, como na aprovação, e lemos:
“Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra.” (Tito 1:16)
"não sendo ouvinte esquecediço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito." (Tiago 1:25)
“Em tudo te dá por exemplo de boas obras.” (Tito 2:7)
“e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.” (Tito 2:14)
“que lhes obedeçam, e estejam preparados para toda a boa obra.” (Tito 3:1)
“Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que creem em Deus procurem aplicar-se às boas obras.” (Tito 3:8)
“E os nossos aprendam também a aplicar-se às boas obras, nas coisas necessárias, para que não sejam infrutuosos ”. (Tito 3:14)
O nosso amor não deve ser à obra, em legalismo, mas ao Deus das obras, em sujeição, porque o Amor a Deus em obediência à Verdade, é o princípio de todas as boas obras louváveis.
Tendo em conta o “amor esfriado” e reprovado dos Efésios que era a causa apontada do desvio das “primeiras obras”, lembremos na bíblia que:
-O nosso amor não deve ser fingido (Romanos 12:9) (2 Coríntios 6:6);
-Que o amor deve proceder de um coração puro, e de uma boa consciência, e também de uma fé não fingida. (1 Timóteo 1:5);
-Que o amor fraternal não fingido procede da obediência à Verdade (1 Pedro 1:22);
-Que o amor deve ser sofredor e benigno (1 Coríntios 13:4);
-Que deve exceder todo o entendimento (Efésios 3:19);
-Que o amor de Deus não produz mal ao próximo (Romanos 13:10);
-Que ele cobre uma multidão de pecados (1 Pedro 4:8) (Provérbios 10:12);
-Que o amor nunca falha (1 Coríntios 13:8);
O problema é que no amor, quem falha somos sempre NÓS!