
APOCALIPSE 1 - 11 a 20
- APOCALIPSE 1:11
-”Que dizia: Eu sou O Alfa e O Ómega, O primeiro e O derradeiro;” (Apocalipse 1:11) A voz que João ouvia como de Trombeta, é a voz que tem a mensagem em forma de cartas para as igrejas, por isso logo lemos: “e o que vês escreve-o num Livro, e envia-o Às sete igrejas que estão na Ásia”; o tempo dos verbos “escrever” e “enviar” estão ambos no modo imperativo, que denuncia uma Ordem.
O verbo “ver” é usado 8 vezes em 7 versículos neste capítulo (Apocalipse 1:2) 1x (Apocalipse 1:7) 1x (Apocalipse 1:11) 1x (Apocalipse 1:12) 1x (Apocalipse 1:17) 1x (Apocalipse 1:19) 1x (Apocalipse 1:20) x2 para denunciar que o Livro de Apocalipse é um Livro bastante “visual”.
Devemos “ver” todo o livro do Apocalipse com os olhos do Espírito, pela fé, lembrando sempre que: “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.” (Hebreus 11:1)
Assim como João viu sobrenaturalmente as coisas determinadas por Deus para os últimos dias, assim nós também devemos ao ler a Palavra, “visualizar” quão terríveis serão estes tempos.
O número 8 é o número que simboliza o Senhor Jesus, e o número 7 representa a perfeição de Deus ou da completude do plano de Deus na realidade temporária dos Homens.
-Coincidência ou providência?
Aqui João repete, a afirmação gloriosa que Ele ouviu de Jesus directamente, no Versículo 8 para remeter as cartas às Igrejas debaixo da autoridade de Jesus.
A repetição destes títulos de Alfa e Ómega, Princípio e fim, Primeiro e Derradeiro ditos na primeira Pessoa por Jesus aparece 4 vezes ao longo de toda a carta do Apocalipse (Apocalipse 1:8) (Apocalipse 1:11) (Apocalipse 21:6) (Apocalipse 22:13) como se repetida para nos ensinar a ver Jesus como Ele deve ser realmente visto; Nas escrituras o Número 4 aponta para o carácter de alguém por trás de uma obra, ou como uma obra aponta para o carácter de alguém ou de alguma coisa.
O que é que estes estatutos apresentados determinam acerca do carácter de Jesus senão que Ele é Deus! Que razão haveria para esta repetição calculada nas escrituras senão para remeter a nossa consciência para Jesus como a 3º Pessoa da Trindade.
Na bíblia por vezes vemos também a repetição de 3 (ou de 3 vezes, ou do próprio número 3) remetendo igualmente para A Trindade, com o mesmo propósito (alguns exemplos): 3x Santo (Isaías 6:3) (Apocalipse 4:8); 3x Sua vontade (Efésios 1:5) (Efésios 1:9) (Efésios 1:11); 3x Louvor da Sua Glória (Efésios 1:6) (Efésios 1:12) (Efésios 1:14); 3x Jesus diz EU SOU à semelhança da declaração de Deus a Moisés (Êxodo 3:14) no Velho testamento (João 8:24) (João 8:58) (João 18:4-6);
Tudo está sujeito A Deus, ao único Deus eterno, manifesto em 3 Pessoas gloriosas que são O princípio e o fim de todas as coisas.
Jesus tem o carácter de Deus, porque Ele é Deus, sendo a expressa imagem da Sua pessoa (Hebreus 1:3).
Aliás esta afirmação da boca do Senhor Jesus tem como intuito evocar as Palavras do Deus eterno no Antigo testamento que dizem: “Quem operou e fez isto, chamando as gerações desde o princípio? Eu O Senhor, O primeiro, e com os últimos Eu mesmo.” (Isaías 41:4) e ainda: “Dá-me ouvidos, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; Eu sou O mesmo, Eu O primeiro, Eu também O último.” (Isaías 48:12)
A referência ao Alfa e Ómega servem ainda o propósito de nos indicar a sabedoria e o conhecimento de Deus em Cristo (Colossenses 2:3) A tal “sabedoria entre os perfeitos” ou “sabedoria de Deus oculta em mistério” em contraste à “sabedoria deste mundo” (1 Coríntios 2:6-8);
A Civilização grega na Antiguidade já se levantava para ser exaltada como o “berço da cultura, e do conhecimento”, por meio da filosofia, medicina, matemática, e a origem do culto do Humanismo e à ciência.
Homens como Hipócrates “Pai da Medicina”; Tales de Mileto e Sócrates “Pais da Filosofia”; Pitágoras “Pai da Matemática”, e os movimentos do Gnosticismo, Epicurismo, Estoicismo, Neoplatonismo, Ceticismo, e mais tarde o Iluminismo foram as principais influências da nossa cultura moderna.
Porque era óbvia a influência da cultura Grega na altura, o Próprio Novo testamento acaba sendo escrito nesta língua (o Grego Koiné ou clássico).
Por isso a primeira e última letras do alfabeto grego para Identificar Jesus, deixa claro, que antes que houvesse sequer “cultura” entre os Homens, Ele era A Sabedoria de Deus comunicada a toda a Criação (Colossenses 2:3).
É evidente na Bíblia que a Sabedoria e a inteligência são exaltadas em Deus (Provérbios 2:6-7) (Provérbios 3:13) (Provérbios 4:5-9), porque fora Dele, só há ignorância, cegueira, e morte espiritual (Jó 5:14) (Provérbios 1:22) (Provérbios 4:19) (Mateus 15:14).
Isto é o que João comunicava através das palavras de Jesus àquelas 7 Igrejas da Ásia Menor.
Sem Jesus todos os Homens estão em trevas; Por isso lemos: “Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:12); E ainda: “Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.” (João 11:9-10)
Estas 7 igrejas entre o capítulo 2 e o capítulo 3, recebem as cartas, e nelas vemos em detalhe, a mensagem de aprovação ou reprovação, advertência e exortação, aviso de castigo, culminando na promessa do Senhor de galardão a todos os fiéis.
- APOCALIPSE 1:12
-”7 castiçais de ouro” (Apocalipse 1:12) – A primeira ordem que João recebe do Senhor Jesus no versículo anterior, era de registar aquilo que via, para o comunicar às Igrejas. A primeira coisa então vista e registada por João são “7 castiçais de ouro” (Hepta Lychnias Chryseos).
O Número 7 trata da perfeição de Deus e da Sua obra no que diz respeito àquilo que é temporário na realidade terrena, enquanto que o Número 12, da perfeição desse plano para aquilo que é permanente ou eterno. Por isso vemos várias vezes a repetição do número 7 e do número 12 no livro de Apocalipse. Mas o número 7 também simboliza plenitude da perfeição, ou completude.
As 7 igrejas, representam de uma forma perfeita e completa a Igreja do Senhor Jesus, a qual Ele valorizou (o símbolo do ouro assim o demonstra) ao ponto de comprá-la com o Seu próprio sangue (Actos 20:28) (1 Coríntios 6:20) mais valioso que qualquer metal.
Claramente se percebe uma associação dos 7 castiçais, às 7 Igrejas, como supostas fontes de Luz naquela região geográfica, e no final da passagem isto é tornado óbvio (Apocalipse 1:20). Embora estas sejam 7 igrejas locais reais, elas também simbolizam 7 tipos de Igreja e de crente, e 7 eras específicas da história da Igreja desde a sua criação até aos últimos dias.
A referência a “Castiçais” como símbolo remete-nos para a passagem de (Zacarias 4:2), que primeiramente é uma referência ao candelabro do Templo (Êxodo 25:31), que era figura do poder e presença do Espírito Santo agindo entre os Homens (A Iluminação da Verdade de Deus comunicada).
Na Igreja de Deus verdadeira, é O Espírito Santo que conduz os crentes! Esta profecia de Zacarias aponta para (Apocalipse 11:3-4) para a chegada das 2 Testemunhas à Terra durante o período da tribulação depois do arrebatamento da Igreja.
Eles estarão imbuídos pelo poder do Espírito Santo para converter o povo Judeu e combater o Anticristo durante um período de 1260 dias ou 42 meses, respectivos a 3.5 anos, como metade do período total da Tribulação de 7 anos.
Na associação dos símbolos usados em Apocalipse e Zacarias, entendemos que O Espírito Santo em Jesus deve ser a autoridade conduzindo a vida cristã; são Eles que Governam a Igreja e fazem a Obra Divina em nós.
O “vaso de azeite no Topo” (Zacarias 4:2), juntamente com a verdade de Jesus ser “A cabeça do corpo” (Colossenses 1:18) nos indicam, que esta é a ordem perfeita que aquelas Igrejas deviam seguir para serem realmente “luz” (e por isso muitas delas são severamente repreendidas).
As Igrejas são compostas por crentes em Cristo, Homens salvos, que são “Luz do mundo” agora em Jesus (Mateus 5:14) após a Sua partida (João 9:5).
Nós fomos chamados para brilhar como a luz da aurora (Provérbios 4:18) resplandecer como astros entre os Homens perversos (Filipenses 2:15) como filhos do dia (1 Tessalonicenses 5:5) Filhos da luz (Efésios 5:8).
Agora vendo que o símbolo do castiçal, se refere aqui especificamente à Igreja, em destaque na visão de João, convém lembrar que um castiçal em si não dá luz, sendo apenas o instrumento que dispersa a Luz; é necessário então que haja o Azeite (O Espírito Santo) e o fogo que o acende (O poder de Deus na fé verdadeira).
-Sem o azeite e o fogo para o acender, de que serve um castiçal? Que Luz pode dar o castiçal em si mesmo?
Isto é um bom exemplo indicador, que a Igreja sem crentes verdadeiros, ou convertidos, não pode ser Luz, pois a igreja como castiçal, não pode ter em si mesma a Graça e a Glória, a unção e o poder, a Verdade e a Libertação, sem Jesus Sua cabeça dispensando todas estas coisas por meio do Espírito Santo àqueles que são Seus (João 15:5), que unidos formam o corpo (1 Coríntios 12:27) para ser a Luz do mundo!
Por isso, O Senhor Jesus também adverte, que se a nossa suposta luz, é falsa, ou meramente aparente, no sentido de não haver integridade na fé, obediência à verdade, e sujeição a Cristo, então nós estamos mais em trevas do que aqueles que assumem as trevas logo à partida.
E diz a palavra: “Vê, pois, que a luz que em ti há não sejam trevas.” (Lucas 11:35); “Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” (Mateus 6:23)
Muitas Igrejas e crentes dispersos pelo mundo afirmam ser e ter a luz de Cristo, mas estão em trevas, iludidos!
O Espírito Santo não está com eles, conduzindo-os a Cristo, e como tal o poder de Deus e a Fé genuína não produz nem sal nem luz no mundo, como Jesus assim nos ordena: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus 5:16)
Os Castiçais são de “Ouro” (Chryseos); Este elemento desde o Velho testamento que aponta para o tabernáculo, e ao Templo, e também àquilo que é Divino ou celestial, à riqueza da Glória de Deus. (Zacarias 4:2) (2 Crónicas 13:11) (Êxodo 25:10-18) (Êxodo 25:31-39).
Nós somos valorizados por Deus como Igreja (1 Pedro 1:2-7), somente em Cristo em separação do mundo para a Santidade em obediência à Verdade (Tiago 4:4-5) (Romanos 1:5) (Romanos 12:2).
Igrejas ecuménicas, de mãos dadas com o mundo, na união religiosa anti-bíblica, NÃO TÊM a aprovação de Deus (2 Coríntios 10:18) nem a Sua valorização (Apocalipse 18:2-8).
- APOCALIPSE 1:13
-”E no meio dos sete castiçais” (Apocalipse 1:13) – O termo “no meio” (mésos) indica que Jesus deve ser o centro da vida das Igrejas; Ele é a Luz das igrejas no mundo.
Jesus coloca-se no meio das Igrejas para demonstrar Sua autoridade nas palavras que lhes são dirigidas e revelar que infelizmente nem todos nas igrejas vivem ligados a Jesus como se Ele fosse realmente o Centro do seu culto espiritual racional, e o centro das suas vidas.
Lembrando as palavras de Paulo acerca daqueles que estão ligados a Cristo, permanecendo na sua carnal compreensão, não discernindo a vontade de Deus e por isso permanecem sem crescimento espiritual: “E não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus.” (Colossenses 2:19); “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.” (Efésios 4:15-16)
-"Um semelhante ao Filho do homem” (Apocalipse 1:13) – Isto é uma clara referência à visão profética de Daniel (Daniel 7:13-14) acerca do Senhor Jesus e da autoridade e poder que Ele tem sobre tudo e todos! Ele mesmo disse isso de Si mesmo para que não houvesse dúvida alguma de que Ele deve ser obedecido (Mateus 28:18).
Muitos ficam confundidos com a realidade de Jesus ser simultaneamente “Filho de Deus” e “Filho do Homem” pois não entendem que estas expressões, são usadas nas Escrituras como “títulos” que visam descrever 2 estatutos de Jesus comunicáveis.
-“Filho de Deus” é a 3ª Pessoa da Trindade, que partilha da mesma essência de Deus, sendo Ele mesmo Deus, mas sendo singularmente “O Filho” distinto “Do Pai” e “Do Espírito Santo”.
Deus por vezes usa linguagem figurativa que ao Homem é mais fácil entender. Assim como um filho leva consigo o código genético de Seus pais, sendo uma pessoa distinta e singular, Jesus tem a essência da Divindade em Si mesmo, porém sendo distinto dentro da Trindade.
Disto fala Paulo dizendo: “Porque Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Colossenses 2:9). (Toda e não somente alguma)
Por isso também lemos que Jesus está incluído na Divindade de Deus como: “O resplendor da Sua Glória, e a expressa imagem da Sua Pessoa” (Hebreus 1:3).
Seres humanos não podem ser simultaneamente 2 pessoas distintas e a mesma pessoa ao mesmo tempo.
Isto porque nós somos criaturas, porém Deus é O Criador, e a Trindade é uma Divindade, ou uma Entidade Divina, que não está limitada às barreiras físicas da criação como nós (1 João 5:7).
Desta forma quando Jesus diz: “Eu e O Pai somos Um” (João 10:30) como Ele e O Pai partilhando a mesma Unidade na pluralidade (João 17:21-22) de serem igualmente 2 Pessoas distintas, Ele não está a falar de nada impossível, ou contraditório. Jesus é Deus! (João 1:1) (Colossenses 1:15-17)
-“Filho do Homem” é a expressão que revela que Jesus sendo A Palavra de Deus “se fez carne e habitou entre nós” (João 1:14); Que Jesus “sendo em forma de Deus não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo semelhante aos homens” (Filipenses 2:6-7).
Esta expressão visa demonstrar que Jesus em Si tem simultaneamente a natureza de ser 100% Deus e 100% Homem. O termo “Filho do Homem” descreve a natureza humana de Jesus após nascer de uma mulher.
Ele sozinho veio fazer o percurso que nos está proposto, para que Seu exemplo de vida nos abra os olhos para o plano eterno que Ele nos está preparado.
Deus nunca pede a nenhum de nós, nada que Ele mesmo não se predispôs a dar o exemplo.
Como faziam os sumo-sacerdotes a favor dos homens sendo eles mesmos também homens fracos, Jesus veio assumir a fraqueza humana, como os tais, mas a diferença, é que como esses sacerdotes eram pecadores, não podiam verdadeiramente e permanentemente garantir por meio dos sacrifícios a salvação de ninguém.
Jesus porém, sem pecado, ao entregar-se a Si mesmo em sacrifício vivo, sua morte veio a ser a causa da eterna salvação a todos os que Lhe obedecem (Hebreus 5:1-10).
E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo;
E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.
Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão.
Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.
Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.
Hebreus 2:14-18
Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
Hebreus 4:15
Por isso, este termo “Filho do Homem” era uma das expressões preferidas do Senhor Jesus referindo-se a Si mesmo (Mateus 12:8) (Marcos 14:21) (Lucas 22:69) (João 5:27), e aparece 88x no Novo testamento.
Assim como o livro de Apocalipse que é a revelação de Jesus Cristo (Apocalipse 1:1) no grego original contém exactamente 888 palavras lembrando que o Número 8 na bíblia é o número do Senhor Jesus e o símbolo da ressurreição e nova vida.
-”vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro” (Apocalipse 1:13) – A roupa comprida até aos pés, refere-se a um “Robe” ou “Éfode” (podḗrēs) como aqueles usados pelos sacerdotes no Templo (LÅEFOD) (Êxodo 25:7) (Êxodo 28:4) (Êxodo 29:5).
Isto aponta para Jesus como o nosso Sumo-Sacerdote eterno (Hebreus 4:14-15) (Hebreus 8:1-2) (Hebreus 9:11).
O “Cinto de ouro” pelos peitos, é a referência ao peitoral usado também pelo Sumo-Sacerdote, como Arão usou para entrar na presença de Deus, e é chamado também de “peitoral do juízo” (Êxodo 28:29-30).
A associação destes 2 elementos evidencia a autoridade sacerdotal de Jesus, à qual o Apóstolo João reconhece e transmite às igrejas.
Estes 2 elementos não se podem separar um do outro conforme lemos em (Êxodo 28:28) porque o peitoral confere ao sacerdote a capacidade de julgar e tomar decisões em relação aos Homens diante de Deus.
O Peitoral era uma espécie de cinto de ouro com uma bolsa onde se colocavam 2 pedras preciosas sagradas chamadas de “Urim” e “Tumim” (Êxodo 28:30) provavelmente concernentes às 2 pedras de ónix gravadas com 6 tribos cada, das 12 tribos de Israel, e colocadas nas Ombreiras do Éfode (Êxodo 28:8-10).
Existe muito mistério à volta destes instrumentos, pois a bíblia não dá muitos detalhes sobre como isto funcionava, a não ser que de alguma forma, serviam para julgar entre o povo, submetendo a Deus qualquer decisão (1 Samuel 28:6).
Era uma espécie de “lançar sortes”, em que Deus comunicava directamente através delas ao sacerdote, e que provavelmente foi a inspiração dos pagãos para o misticismo de usar “pedras” para consultar espíritos e seus “deuses”.
O uso destes instrumentos de juízo ao que parece foi restrito a um período de tempo específico, somente até ao cativeiro babilónico. Ao entrar em contacto com aquela nação pagã, os babilónios adoptaram alguns costumes dos Judeus, na imitação dos seus rituais sagrados, da mesma forma que o povo Judeu trouxe de volta da babilónia muito da sua idolatria e paganismo.
Por isso o Livro de Esdras indica que no pós-exílio não havia um sacerdote com “Urim e Tumim” (Esdras 2:63) e o que parece, é que nunca mais houve a partir de então, muito provavelmente por causa da idolatria constante do povo.
O Livro de Actos em (Actos 1:26) também menciona a prática de “lançar sortes” como um artifício extraordinário válido para tomar decisões, provavelmente um hábito que persistiu para uma forma comum de selecção aleatória inspirada nessa prática antiga.
Hoje todo o cristão pode discernir a vontade de Deus pela ação do Espírito Santo que lhe guia em toda a verdade (João 16:13) para julgar todas as coisas na recta justiça (João 7:24).
O interessante é que ao João descrever O Senhor Jesus com essa indumentária perfeita à luz dos elementos antigos do Sumo-sacerdote segundo a ordem de Deus, ele aponta para 2 aspectos importantíssimos de Jesus no Livro de Apocalipse.
Jesus como Sumo-Sacerdote entregou a Sua vida em sacrifício por nós, para nos dar a “Salvação e a vida eterna”; os Robes compridos até aos pés são figura disto mesmo.
Porém o Cinto de ouro tem o propósito de nos relembrar, remetendo ao simbolismo do “Urim e Tumim” que nele eram guardados, que o “arrebatamento é um galardão” para a obediência de guardar a Palavra da paciência (Apocalipse 3:10) após O Senhor julgar o Seu povo digno ou não diante de Deus Pai.
As “sortes serão lançadas” naquele dia, para se tomar a decisão de “quem vai” e “quem fica” conforme descrito em (Malaquias 3:16-18)
Jesus em Suas palavras duras em tom de advertência e exortação dirige-se às 7 igrejas deixando claro que Ele também julga o seu povo, como o sacerdote fazia diante de Deus nos dias antigos sendo Ele também uma figura de bênção protecção e perdão, ou de juízo, castigo e punição.
Leia-se acerca disto: “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” (1 Pedro 4:17)
Crentes descomprometidos e não zelosos, serão julgados de modo a que não recebam o arrebatamento como benefício, estando destinados a passar a Tribulação.
- APOCALIPSE 1:14
-”Sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve” (Apocalipse 1:14) – A descrição de João acerca de Jesus continua, e passa das características externas da roupa e acessórios, para a qualidade das características físicas (ou seja daquilo que Ele representa, para aquilo que Ele é).
A “cor branca” associada à cabeça e cabelos aponta para a Santidade perfeitas (Apocalipse 7:13) associadas a um Reino eterno como as “vestes brancas” também demonstram (Marcos 9:3) (Apocalipse 3:5) (Apocalipse 7:9).
Os “Cabelos brancos“ é sinónimo também de longevidade, sabedoria e honra (Levítico 19:32) (Provérbios 16:31) e ambos concordam na ideia passada de um reino eterno para sempre onde reinará a justiça e a Santidade, onde nós seremos honrados por Jesus como Ele é honrado pelo Pai em glória.
A "neve" serve como elemento comparativo, por causa da sua particular habilidade de refletir e espalhar a luz. Dentro da natureza, a neve é o elemento que melhor descreve a cor branca.
Em (Daniel 7:9) há uma descrição sobre Deus Pai O “Ancião de dias”, que é semelhante a forma de João descrever O Filho; isto nos indica que Jesus realmente é “a expressa imagem da Pessoa do Pai“ (Hebreus 1:3), sendo A Trindade composta por 3 Pessoas distintas mas coexistentes, coeternos e co-iguais em essência.
A bíblia sempre apresenta descrições, atributos e títulos a Jesus que eram exclusivos a Deus Pai no Antigo testamento para afirmar e reafirmar persistentemente a realidade da Divindade de Jesus.
Alguns exemplos são o “Eu Sou” de (Êxodo 3:14) dito por Jesus acerca Dele mesmo em (João 8:24-28); O “Primeiro e o Último” de (Isaías 48:12) dito também por Jesus acerca de Si mesmo (Apocalipse 22:13) ou como João se refere a Jesus (Apocalipse 2:8); ou a “Eternidade de Deus” antes que o mundo existisse feita em (Salmos 90:2) associada a Jesus em (João 17:5); Vemos ainda “o poder sobre todas as coisas” de (1 Crónicas 29:12) atribuído a Jesus em (Colossenses 1:17) entre muitos outros;
Não só os cabelos eram brancos mas igualmente a cabeça, para evidenciar a “brancura” como de uma luz radiante que emanava de Jesus; Isto é uma descrição da Glória Divina, de Jesus Glorificado e exaltado.
Jesus na Terra manifestou-se uma vez desta maneira aludindo para a Sua verdadeira natureza de Glória (Mateus 17:2) a qual Ele manifestará eternamente directamente da cidade Santa e do Seu Trono junto do Pai (Apocalipse 21:23-24) (Apocalipse 22:5) (Apocalipse 22:16).
-”Os Seus olhos como uma chama de fogo” (Apocalipse 1:14) – A descrição dos olhos fala da profundidade de Jesus exercendo a autoridade que Lhe é concedida pelo Pai (Mateus 28:18) para vencer e reinar eternamente (Apocalipse 17:13-14). Muitos milénios de afronta e rebelião, culminam agora neste momento tão esperado, em que os juízo de Deus começam a ser despejados na terra até ao juízo final.
O ditado popular diz: “Os olhos são o espelho da alma”, na medida em que o olhar de alguém melhor revela a sua identidade, personalidade, carisma e intenção.
Desde o início do Livro de Apocalipse então, é notório o tom de juízo que paira no ar, trazendo-nos à lembrança as palavras de Paulo aos Romanos: "E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou" (Romanos 9:22-23)
Os olhos de Jesus são como uma “chama de fogo” de modo a evocar a santidade de Deus representada no Fogo desde o Velho testamento. (Êxodo 3:2) (Êxodo 14:24) (1 Reis 18:38-39) (Levítico 3:5) (2 Samuel 22:8-13).
A bíblia nos ensina que Deus é como um “Fogo consumidor” (Hebreus 12:29) e que, todos nós estamos diante dos “olhos do Senhor” e da Sua autoridade e Juízo (Hebreus 4:13) (Provérbios 15:3) (2 Crónicas 16:9) de onde vêm tanto a bênção como o castigo.
O termo em grego - Pur Katanaliskon - de "Puros", trata de: um Fogo que consome e purifica, ou de purificação pelo fogo.
Por isso a Bíblia implica que Deus não irá mais destruir a terra com água como fez com o dilúvio, porém o fará através do fogo (2 Pedro 3:7)
Sendo assim os olhos de Jesus em fogo nos remetem logo no início da carta de Apocalipse para a realidade de que Ele tem poder para julgar (João 5:22) (Actos 17:31) e muitos dentro das igrejas sem se arrependerem e converterem, estão a viver vidas que pedem juízo da parte de Deus.
Aliás os “olhos em chamas de fogo” estão presentes em descrição novamente em (Apocalipse 19:12) no final, no momento em que Jesus exerce a Sua glória em juízo sobre as Nações congregadas de modo a que se entenda logo desde o capítulo 1, que esta figura realmente representa o ardor da ira crescendo (Naum 1:6).
Na Bíblia o Fogo tem sempre o papel de figurar a ideia de purificação do pecado, por meio de juízo da ira de Deus, para remeter o Homem para um lugar de humildade diante da Glória de Deus.
Os olhos de Jesus ardendo em fogo, demonstram a passagem de “Cordeiro a Leão”, nos tempos finais em que Jesus passará de Salvador a Vingador, e essa visão de Jesus visa fazer estremecer aquelas 7 Igrejas, para atentar para as sérias palavras em carta escritas.
Os olhos amorosos de Jesus que choraram por Lázaro (João 11:35) estão agora a acender a chama da justiça e vingança (Salmos 94:1-2) (Salmos 94:9) (Salmos 5:4-5) (Salmos 11:4-7) (1 Pedro 3:12).
O Senhor Jesus está prestes a assumir o papel que Lhe foi dado pelo Pai e que desde os tempos antigos está profetizado.
Diante Dele um fogo consome, e atrás Dele uma chama abrasa; a terra diante Dele é como o jardim do Éden, mas atrás Dele um desolado deserto; sim, nada Lhe escapará.
Joel 2:3
(אֵשׁ -"ESH" - um fogo; תְּלַהֵ - "TËLAHET" - uma chama; incendiar, arder, queimar, inflamar; simboliza Juízo, Ira Santa, purificação do pecado; esterilização de todo o mal;)
Eis que O Nome do Senhor vem de longe, ardendo a Sua ira, sendo pesada a Sua carga; os Seus lábios estão cheios de indignação, e a Sua língua é como um fogo consumidor.Isaías 30:27
(כְּאֵשׁ - "KËESH" de "ESH" - um fogo; - אֹכָלֶת - "OKHÅLET" - comer, alimentar-se, devorar; consumir; destruir;)
- APOCALIPSE 1:15
-”E os seus pés, semelhantes a latão reluzente” (Apocalipse 1:15) – A referência aos pés, figurados no aspecto de “latão reluzente” (Chalkolibanon) como “refinados numa fornalha” trata de chamar a atenção para as armaduras usadas pelos Reis ou figuras de grande estatuto na antiguidade, que eram de metal refinado ou extremamente polido de modo a que brilhassem debaixo do sol de uma forma imponente.
Em (Actos 12:21) vemos Herodes vestido de “vestes reais” (esthḗs basilikós) diante do povo evocando a ideia de glória como aludindo à Divindade.
Alguns historiadores associam as vestes de Herodes, à prática de bordar placas metálicas polidas em forma de escamas que tornavam algumas vestes reais em peças de armadura mais leves, providenciando simultaneamente, conforto, protecção e imponência.
O latão reluzente, é feito de uma liga metálica de Bronze e Zinco muito mais leve que o ouro, mas mantendo o mesmo aspecto e brilho.
Os “pés de Jesus” são postos em evidência, porque aqui também espelham a glorificação de Jesus no caminho que Ele mesmo abriu, quando andou entre nós.
Jesus veio primeiro andar entre os Homens, com os pés formosos de quem traz a paz, anuncia as boas novas, o bem, e a salvação (Isaías 52:6-7) dos quais nós também tomamos o exemplo (Romanos 10:15). Contudo, os pés de Jesus em Apocalipse, já vêm revestidos de armadura reluzente, trazendo no fim dos tempos, a imponência da Sua autoridade para aplicar a justiça e o juízo.
Lembrando sempre que Jesus é o “Senhor dos Exércitos” (Salmos 24:7-10) vemos os seus pés transformados para descrever a breve entrada triunfal de Jesus nos céus quando Ele vier para julgar a Terra, ao qual todo o joelho se dobrará, e toda a língua confessará que Jesus é O Senhor para glória de Deus Pai (Filipenses 2:11) (Romanos 14:11) (Isaías 45:23).
-”Sua voz como voz de muitas águas” (Apocalipse 1:15) – Quem já ouviu de perto o som de cataratas, cascatas ou grandes quedas de água sabe o que esta analogia realmente alude.
Um som forte e possante, capaz de envolver todos os outros sons à sua volta. Esta será a voz do bramido que se levantará desde o Trono dos céus contra os moradores da Terra (Jeremias 25:30-31).
A mesma analogia está no Velho testamento para a voz de Deus (Ezequiel 43:2), novamente fortalecendo a Divindade de Jesus em toda a Sua Autoridade.
Na Bíblia “muitas águas” ou “o mar” também simboliza o som de um grande número de pessoas, que podem representar por vezes, “o mundo pagão”, um “grupo de pessoas unidas”, “Nações” ou “exércitos” (Salmos 144:7) (Números 24:7) (Isaías 17:13) (Jeremias 51:13) (Jeremias 51:55);
Esta comparação feita à voz de Jesus é ainda melhor compreendida na passagem que descreve Jesus revestido da mesma glória em (Daniel 10:6).
A voz de Jesus assim descrita portanto, fortalece a ideia de autoridade sobre todas as vozes; A voz de Jesus é a voz da supremacia.
- APOCALIPSE 1:16
-”Ele tinha na Sua destra sete estrelas” (Apocalipse 1:16) – Na própria passagem, somos esclarecidos acerca da identidade simbólica das “7 estrelas” como sendo “7 Anjos”, referindo-se a 7 líderes espirituais, ministrando as 7 igrejas da Ásia Menor, a quem as revelações são dirigidas (Apocalipse 1:20).
Charles Spurgeon referindo-se a isto diz: “Quem poderá ver 7 estrelas, ou ainda, 7 mil estrelas, estando na presença do Sol que brilha em toda a sua glória?”.
As estrelas estão na “destra” ou “mão direita” do Senhor Jesus, para indicar que as igrejas estão debaixo da Sua autoridade, sendo a mão direita um símbolo de exercício de controlo, Justiça e poder. (Êxodo 15:12) (Salmos 21:8) (Salmos 48:10) (Actos 7:56) ou ainda de provisão, distinção ou Eleição (Génesis 48:13-14) (Salmos 73:23) (Salmos 18:35) (Isaías 41:13).
As 7 Igrejas recebem o título de 7 castiçais, porém a “Luz” está aqui associada em primeiro lugar aos 7 dirigentes destas congregações como 7 estrelas, para que meditemos sobre o perigo de haverem congregações de fiéis, debaixo de direcção infiel.
Se a direção de uma igreja estiver corrompida por falta de Verdade, Zelo e discernimento do Espírito Santo, todo o corpo será afectado.
Lembramos novamente as palavras do Senhor Jesus a respeito: “A candeia do corpo é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso.” (Lucas 11:34).
-Se virmos uma congregação como o “Corpo de Cristo” o que acontece quando ela é dirigida por Homens cujos olhos estão no mundo e no seu próprio ventre? -A resposta seria: "Todo o corpo será tenebroso".
Se a candeia do corpo é o olho, logo entendemos que dirigentes que não olham somente para Cristo, são portas abertas para trazer as trevas do mundo directamente do púlpito para dentro das igrejas.
“Igrejas tenebrosas” é o que mais há por aí nestes dias por conta dos dirigentes que assumem esse cargo, e por culpa das congregações de crentes imprudentes que não os submetem a uma análise bíblica e os removem de lá.
-”da Sua boca saía uma aguda espada de dois fios” (Apocalipse 1:16) – Esta afirmação logo de seguida, nos chama novamente para o tom de Temor que a descrição perfeita de Jesus deve criar em todos os Homens que dizem reconhecer a Sua autoridade.
A ideia de uma espada sair da boca é figurativa às palavras incisivas que são proferidas em tom de juízo (Isaías 49:1-2) (Apocalipse 19:15);
A Palavra de Deus, é também comparada a uma “espada”, de modo a que a Bíblia seja comummente chamada de “A espada do Espírito” (Efésios 6:17).
Por isso Jesus começa a proferir palavras duras à Sua Igreja, usando a Espada da verdade para provar aqueles que dizem andar na Verdade (Apocalipse 2:12) como fez com a Igreja de Pérgamo.
A autoridade de Jesus como uma Espada aguda de 2 fios, está com todos os crentes que dominam e manejam bem a Palavra da Verdade (2 Timóteo 2:15), como Paulo fez com os Coríntios dizendo: “Porque nada podemos contra a Verdade, senão pela Verdade” (2 Coríntios 13:8).
A “espada de 2 fios” é uma espada que é afiada de ambos os lados, sendo o tipo de espada ideal para “penetrar” para cortar a fundo ou “trespassar” conforme descrito em (Hebreus 4:12) com esse mesmo propósito.
Mas há uma característica interessante do uso desta expressão que era usado nos dias antigos, e encontrado em muitos escritos variados externos à Bíblia.
Essa expressão referia-se ao aspecto positivo e negativo, que alguma coisa pode ter simultaneamente na sua aplicação.
A Bíblia por exemplo pode ser usada como uma arma espiritual contra o pecado e as más obras de alguém, mas deve ser usada desta forma por alguém irrepreensível, pois na medida em que pode ser usada por nós contra outros, pode igualmente ser usada pelos outros contra nós (ou por nós mesmos contra nós).
Antigamente havia um ditado que expressa bem esta ideia e dizia o seguinte: “Até aquele que maneja bem a espada, acaba eventualmente por cortar-se a si mesmo”.
A bíblia faz isto mesmo connosco, de modo a que se alguém a quer usar como uma arma somente para atacar alguém, rapidamente acaba sendo ele mesmo a vítima.
O ideal é que sejamos usados pela Palavra enquanto a usamos e aplicamos; Ela deve ser autoridade sobre nós também que a manejamos em primeiro lugar. E nunca deve ser usada para atacar pessoas, mas para atacar o pecado e as obras infrutuosas das trevas.
Muitos homens na história quiseram usar a Palavra para exercer autoridade sobre os outros, mas não se permitiam submeter eles mesmos à sua autoridade, acabando por ser trespassados no fim por seus 2 fios ou 2 gumes.
Se repararmos, a figura de espada ao longo da história sempre foi simultaneamente, ou símbolo de morte quando é usada para ferir e destruir adversários, ou símbolo de honra, quando é usada para atribuir títulos a heróis e coroar reis.
Quando A escritura usa esta expressão, está a falar também, de como O Senhor Jesus pela Sua Palavra pode trazer a bênção ou a maldição, a vida (João 6:63) ou a morte (Isaías 66:15-16) sobre cada um de nós à Luz da Verdade.
A espada é símbolo de autoridade tanto sobre os ímpios para os Julgar e destruir, como para os crentes, para os castigar ou honrar.
Leia-se o que diz a Palavra neste tom:
Vede agora que Eu, Eu o Sou, e mais nenhum deus há além de mim; Eu mato, e Eu faço viver; Eu firo, e Eu saro, e ninguém há que escape da minha mão.
Porque levantarei a minha mão aos céus, e direi: Eu vivo para sempre.
Se Eu afiar a minha espada reluzente, e se a minha mão travar o juízo, retribuirei a vingança sobre os meus adversários, e recompensarei aos que me odeiam.
Embriagarei as minhas setas de sangue, e a minha espada comerá carne; do sangue dos mortos e dos prisioneiros, desde a cabeça, haverá vinganças do inimigo.
Jubilai, ó nações, o seu povo, porque Ele vingará o sangue dos seus servos, e sobre os seus adversários retribuirá a vingança, e terá misericórdia da sua terra e do seu povo.
Deuteronómio 32:39-43
-”O Seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece” (Apocalipse 1:16) – A transfiguração de Jesus no monte, a Pedro, Tiago e João, descreve a mesma luz resplandecente, como a figura da Glória partindo de Jesus (Mateus 17:1-2).
Sendo O Senhor Jesus a expressa imagem de Deus, Sua glória é igualmente comparável ao Sol (Salmos 84:11) na medida em que ele descreve a maior fonte de luz, calor, de onde procede toda a vida.
A presença do Sol nos nossos céus, tem ainda a função de nos fazer meditar sobre a natureza de Deus em toda a Sua glória, sem O qual toda a vida perecerá.
No final da Bíblia já no contexto dos Novos Céus e Nova Terra, O Senhor Jesus ocupará o lugar do Sol, trazendo a Luz eterna em todo o seu esplendor (Apocalipse 21:23) (Apocalipse 22:5).
- APOCALIPSE 1:17
-”E eu, quando O vi, caí a Seus pés como morto;” (Apocalipse 1:17) – A reacção de João diante da Visão da Glória do Senhor, é semelhante à dos profetas Antigos em suas visões proféticas (Ezequiel 1:28) (Habacuque 3:16).
No momento da transfiguração de Jesus no monte, os discípulos também demonstram um sentimento semelhante de “Temor” como sendo profundamente impactados no momento (Mateus 17:7).
Quando nós crescemos na graça e no conhecimento de Jesus Cristo (2 Pedro 3:18) nós desenvolvemos a consciência de quem realmente Ele é (O Deus vivo); Então, a nossa visão Dele é transformada, para Pelo Espírito, contemplarmos tal Glória, de modo a que partilhemos do mesmo espanto, e do mesmo Temor daqueles homens, ao ler sobre as experiências sobrenaturais que eles tiveram. O maior lugar de honra no Universo, é aos pés de Jesus (Efésios 1:22).
Devemos operar a nossa salvação como Paulo diz: “com Temor e Tremor” (Filipenses 2:12) de modo a que a visão da “Glória que em nós há de ser revelada” (Romanos 8:18) conduza os nossos passos como Igreja do Senhor.
João ao obter esta visão gloriosa do Senhor Jesus cai estarrecido e imóvel, e convém lembrar que este é o mesmo João que reclinou a sua cabeça sobre o peito do Senhor Jesus um dia (João 13:23).
Será que a nossa intimidade com O Senhor Jesus, ainda nos permite à semelhança de João, saber separar a amizade e a confiança, da reverência, temor e sujeição?
Muitas pessoas na “entrada na Graça”, por causa da ideia de “segurança na salvação”, desconsideram o temor que leva à reverência e obediência constante, que o cristão deve ter em relação ao Senhor. (João 15:13-15) (Salmos 2:11-12)
-”E Ele pôs sobre mim a Sua destra” (Apocalipse 1:17) – A “destra” conforme referido à mão direita que também é referida no versículo 16, simboliza provisão, distinção ou Eleição (Génesis 48:13-14) (Salmos 73:23) (Salmos 18:35) (Isaías 41:13);
Aqui neste caso, face ao temor de João, a “destra” refere-se à ideia da Sua mão direita sendo posta sobre o ombro de João de modo a confortá-lo, sendo a provisão de segurança e protecção o símbolo comunicado.
De igual forma, também entendemos que somente os eleitos de Deus podem descansar nessa certeza de estarem debaixo da provisão e segurança Divinas.
Curioso que leiamos no versículo seguinte logo dizer “Não temas”, passando essa ideia de segurança e protecção como a Palavra sempre nos assegura quando nos diz para não temer (Isaías 41:10) (2 Reis 6:16-17).
Mas, alguém pode ficar confuso sobre a razão porque Deus na Sua palavra nos indica que devemos “operar a nossa salvação com temor e tremor” (Filipenses 2:12), ao mesmo tempo que nos diz que “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.” (1 João 4:18).
O temor pode ser entendido na Palavra, como “medo da punição” ou como “reverência em obediência”, e portanto seu entendimento deve ser enquadrado no contexto devidamente.
O temor e tremor (Phobou kai Tromou) de (Filipenses 2:12) e de (1 João 4:18) usa 2 palavras gregas que se referem literalmente a “Medo” e visam apontar para o aspecto de que Deus pune a desobediência e o incumprimento dos requerimentos necessários para se ser aprovado.
Mas a forma como estas palavras são lidas ou processadas, é diferente de um verdadeiro filho de Deus para um religioso não convertido.
Desta forma, o crente verdadeiramente fiel tem medo de falhar para com Deus por causa do Amor para não depcecioná-lo ou desonrá-lo, e não por causa do medo da punição; e isto somente porque suas falhas, são de pecados de impulso por causa da natureza caída do nosso corpo, e não de pecados planeados.
Agora o crente que está em desobediência professa em pecados de estimação planeados, defendidos e “santificados” aos seus próprios olhos, esse deve sim ter medo da punição, pois a ira de Deus sobre eles permanece (Efésios 5:6) (Colossenses 3:6).
“Crer em Deus” para muitos religiosos, é um crer semelhante ao dos demónios, embora ainda mais rebelde, pois os demónios crêem e estremecem (Tiago 2:19) coisa que muitos que dizem crer não fazem.
Os demónios estremeceram no confronto com O Senhor Jesus, reconhecendo diante Dele que há um tempo de castigo que lhes está determinado (Mateus 8:29); O “estremecer” (phríssō) fala em tremer de tremor, ficar horrorizado em pavor;
Infelizmente há muitas pessoas por este mundo fora, que se apelidam e intitulam de crentes, caminhando para o inferno, sem estremecer.
Convém lembrar a alguém vivendo assim, que: “Coisa horrível é cair nas mãos do Deus vivo” (Hebreus 10:31).
A “destra” portanto é o lugar de honra à direita, o lugar das “ovelhas” (os que são de Deus), tendo por contraste o lado esquerdo dos “bodes” (os que não são de Deus) (Mateus 25:31-46)
-”Não temas; Eu Sou O Primeiro e O Último” (Apocalipse 1:17) – A presença do Senhor é fonte de paz, segurança, protecção, e refúgio (Salmos 4:8) (Isaías 32:17-18) (Provérbios 14:26).
Assim como sabemos ser aqui o mesmo João de (João 13:23), também sabemos ser O mesmo Jesus, que Ama João, e não constitui nenhuma ameaça para todos os que O temem (Eclesiastes 12:13).
O Temor do Senhor na bíblia sempre aponta para sabedoria, inteligência e prudência (Provérbios 9:10) (Provérbios 1:29) (Salmos 34:7-11) (Provérbios 2:3-5).
Os títulos de “Primeiro e Último” são referências ao poder supremo de Deus em Jesus (Isaías 41:4) (Isaías 48:12), e são usados aqui para apaziguar o temor de João.
Paulo confortando os seus irmãos da Igreja em Roma diz: “Se Deus é por nós, quem será contra nós”? (Romanos 8:31). Nada nos pode separar do Amor de Deus (Romanos 8:38-39) onde há protecção contra todo o mal (Provérbios 19:23).
- APOCALIPSE 1:18
-”O que vivo e fui morto, mas eis aqui vivo para todo o sempre” (Apocalipse 1:18) – A obra gloriosa da Salvação, não é somente acerca da crucificação, como fazem alguns religiosos ainda venerando a imagem de Jesus cravado numa cruz.
A obra completa é acerca da Crucificação (Actos 2:36), da morte e ressurreição (1 Coríntios 15:4), da ascensão aos céus (Actos 1:9) (Efésios 4:8-10), e da exaltação soberana de Jesus (Filipenses 2:9) culminando com Ele assentado à destra do Pai no Trono (Hebreus 8:1) (Hebreus 10:12)!
A tradução para português “eis aqui”, do grego (Idou) refere-se a: ver com os olhos, e ver com a mente, como “contemplar” alguma coisa.
A contemplação da vida de Jesus, após vencer a morte, deve dar-nos a capacidade de transcender as limitações da carne que nós comuns mortais padecemos nesta terra e proporcionar uma olha directa na glorificação da vida eterna que nos está reservada.
No último capítulo do Livro de Jó, nós vemos a transformação da forma como Jó via Deus antes do sofrimento, e como ele passou a vê-Lo: “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos.” (Jó 42:5)
Com os olhos postos então na vida eterna, lembramos ainda o que Jó também nos ensina profetizando sobre Jesus muito ainda antes de Ele vir consumar a Sua obra: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.” (Jó 19:25); O tempo de “Ele se levantar sobre a Terra” está próximo.
O tempo “presente do indicativo” usado no verbo “viver” após o "Eis aqui" -"vivo"- (Zao) é usado para determinar um estado Presente de vida que se prolongará eternamente em continuidade.
A ideia da eternidade, ser um eterno “presente” está aqui explícita na mensagem de Jesus a João.
Jesus disse a marta quando estava na iminência de trazer de volta à vida seu irmão Lázaro: “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?” (João 11:25-26)
Crer na vida de Jesus, é crer na vida eterna, e na promessa de imortalidade que há em Jesus.
Se Ele venceu a morte, e vive “para todo o sempre”, também nós à Sua semelhança, venceremos, e viveremos (Romanos 8:11-18).
Nós também podemos o simbolismo das mesmas palavras de Jesus ao anunciar o Evangelho, porque nós de alguma forma um dia também estivemos mortos no pecado (Efésios 2:1) mas fomos espiritualmente vivificados (Efésios 2:5), para agora viver para sempre em Jesus (Romanos 6:23).
Com ousadia podemos então testemunhar dessa vitória, e dedicar publicamente a nossa vida Àquele que venceu a morte por nós (Gálatas 2:20).
Jesus diz ainda hoje a cada um de nós: “Crês tu nisto?” Quem duvida, não tem Jesus, e quem não tem Jesus não tem a vida (1 João 5:11-12) (1 Coríntios 15:13-20).
Talvez a grande tragédia da vida, seja aquilo que morre em nós, enquanto vivemos.
A morte da fé, da esperança, e da certeza da vida eterna prometida em Jesus!
Lembrando o exemplo do Senhor Jesus e as palavras de Paulo aos Romanos:
Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si.
Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.
Porque foi para isto que morreu Cristo, e ressurgiu, e tornou a viver, para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos.
Romanos 14:7-9
-”E tenho as chaves da morte e do inferno” (Apocalipse 1:18) – A vida de Jesus após a morte é sinónimo de poder e autoridade sobre os piores inimigos do Homem perdido no pecado (a Morte e o Inferno).
A vitória de Jesus nos dá plena certeza que Ele (e só Ele) tem autoridade para mudar para sempre o nosso destino.
Jesus tem “As chaves” da morte e do inferno, na medida, que Ele é o único que tem o poder de selar o destino de cada um de nós; De abrir a porta da Graça e do favor Divino, ou fechá-la permanentemente.
A “Morte e o inferno” apontam directamente para o Juízo com o qual seremos julgados (2 Coríntios 5:10) (Apocalipse 20:12) (Eclesiastes 12:13-14) por Jesus a quem foi dado esse poder e autoridade (João 5:22)
Este “inferno” (Hades) aqui descrito não é ainda o “Inferno final” como o -Lago de fogo- (Apocalipse 20:14) para onde vão os perdidos depois do juízo final.
Refere-se portanto ao lugar onde os mortos (sem Cristo) estão “aguardando o juízo” (Mateus 11:23-24) (Mateus 16:18) (Apocalipse 6:8) (Actos 2:27-31); O mesmo termo no Antigo testamento em Hebraico (Sheol) tem o mesmo significado.
Assim como vemos um pouco à frente, na promessa à Igreja de Filadélfia, Ele referir a “Porta aberta que ninguém pode fechar” (Apocalipse 3:8) referindo-se à porta do arrebatamento para livrar Sua igreja da Tribulação.
Esta porta é aberta com a “Chave de David” (Isaías 22:20-22) que representa a autoridade soberana de um Rei, como descreve: “O que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre” (Apocalipse 3:7).
Na passagem de Isaías, o servo Eliaquim recebeu esta chave, como símbolo de autoridade do Rei, tendo passado mais tarde a ocupar o cargo de Governador do palácio em Jerusalém.
Jesus recebe a autoridade do Pai para governar não um mero palácio, mas para reinar sobre tudo e todos.
Se alguém não se pode opor abertamente à autoridade de um Rei terreno ou de alguém que recebe autoridade de um rei, quem poderá opor-se à autoridade de Jesus O REI DOS REIS?
- APOCALIPSE 1:19
-”Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer” (Apocalipse 1:19) – A ordem de registar tudo o que é revelado torna a evidenciar a importância dos conteúdos revelados (Apocalipse 1:3), e a necessidade que há em estar informado em relação a todas estas coisas.
As Igrejas devem ter noção de como a Palavra de Deus revelada é fonte de vida, para impelir o crente a vigiar e estar preparado (Mateus 25:13) (1 Pedro 4:7) (Lucas 21:36).
A expressão “que tens visto”, refere-se a um período passado em continuidade até ao presente momento em que se encontra; quando diz “as que são” refere as revelações que João está presentemente a receber e que dizem respeito às 7 Igrejas particularmente até ao arrebatamento; e por fim “as que depois destas hão de acontecer”, é respectivo ao momento posterior às Igrejas, que diz respeito à Tribulação até ao fim dos tempos.
As revelações de João irão acompanhar um grande período de tempo que pode ser dividido em 3 partes: O tempo da pré-tribulação (o tempo de evangelismo e preparação da Igreja para o arrebatamento), o tempo da tribulação (que descreve o arrebatamento dando início aos últimos 7 anos), e o tempo pós tribulação (o fim da tribulação, dando lugar ao Milénio e por fim a eternidade).
- APOCALIPSE 1:20
-”O mistério das sete estrelas que viste na minha destra e dos sete castiçais de ouro” (Apocalipse 1:20) – No final do primeiro capítulo introdutório do Livro de Apocalipse, entra a visão das 7 estrelas e 7 castiçais, colocando as 7 Igrejas da Ásia menor e seus dirigentes, anteriormente referidos (Apocalipse 1:4) (Apocalipse 1:11), num lugar de destaque, pois o capítulo seguinte logo começa a dirigir-se particularmente a cada um, dando ênfase à sua conduta, préstimo, e posição diante do Senhor que as julga.
O “Mistério” acaba sendo aparentemente desmistificado, quando logo passa a referir que “as sete estrelas são os Anjos das 7 Igrejas” e “os sete castiçais são as sete igrejas”.
Mas o “Mistério” como algo que está escondido, secreto ou oculto, não óbvio ao entendimento básico, não se refere somente à interpretação directa dos símbolos das estrelas e dos castiçais.
O Mistério também se refere ao teor da mensagem que as igrejas e seus líderes recebem no cenário cronológico das revelações, e do plano de Deus para os últimos dias.
No entendimento progressivo da mensagem, logo percebemos que as cartas têm a finalidade de preparar as igrejas para o arrebatamento secreto (Apocalipse 4:1-2), na iminência da Tribulação que começa de seguida com a abertura dos 7 selos nos capítulos 5 e 6.
Não é de estranhar que Paulo também use o termo “Mistério”, referindo-se ao arrebatamento na sua carta aos Coríntios (1 Coríntios 15:51).
O Senhor Jesus disse em (Mateus 13:11) que a nós os Seus “discípulos”, nos “é dado conhecer os mistérios do reino dos céus” mas aos outros homens, de fora, “não lhes é dado”.
Em relação aos mistérios da Bíblia é importante ter em conta o que o Antigo testamento nos diz de forma clara e concisa: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” (Deuteronómio 29:29)
Desta forma, quando a Palavra nos é revelada, e nela contém toda a informação pertinente para a desconstrução dos símbolos, e o entendimento profundo das mensagens de aparente dificuldade, nós devemos investir todo o nosso esforço para desmistificar os textos e entender a revelação.
Deus não tem o intuito de nos escrever um Livro, que nos é depois impedido o entendimento, como se nós fôssemos “os de fora”, a quem o discernimento é impedido.
A bíblia é clara ao mostrar que mensagens encriptadas impossíveis de entender, eram destinadas aos ímpios que rejeitavam a Jesus, com o intuito de os impedir o acesso à Salvação: “E ele disse: A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros por parábolas, para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam.” (Lucas 8:10); “Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure.” (João 12:40)
A ideia de “Mistério” aqui tem o objectivo de mostrar que algo tinha sido outrora ocultado, mas que a revelação trouxe clareza e desmistificação. As 7 Igrejas e seus 7 dirigentes, postos em evidência no início da carta de Apocalipse, nos mostra uma organização de momentos cuidadosamente planeados por Deus nos últimos dias.
A palavra “Mistério” (mystḗrion) (também traduzido por “segredo”) aparece 4x no Livro de Apocalipse (Apocalipse 1:20) (Apocalipse 10:7) (Apocalipse 17:5) (Apocalipse 17:7) e 27x no total em todo o Novo testamento.
A Igreja como corpo de Cristo (Romanos 11:25) (Efésios 3:9-10) e como Noiva (Efésios 5:32) assim como a eleição dos gentios (Romanos 16:25) (Efésios 3:1-6) é considerado um mistério.
De igual forma a própria obra da salvação dos eleitos como propósito escolhido do Pai para glorificar O Filho aos olhos do mundo (Efésios 1:9) e da Própria Divindade de Jesus (Colossenses 2:2) (1 Timóteo 3:16) também é descrito do mesmo modo; “Um Mistério”, do qual nós somos todos privilegiados em descobrir por revelação na Palavra.
As 7 estrelas e os 7 castiçais, fazem parte de um grupo de símbolos na narrativa de Apocalipse, onde o Número 7 em comum a todos, nos revela a perfeição do plano de Deus na realidade temporária da Terra para os últimos dias.
Assim sendo encontramos também, 7 lâmpadas e 7 espíritos (Apocalipse 4:5), 7 pontas e 7 olhos (Apocalipse 5:6), 7 anjos com 7 trombetas (Apocalipse 8:6), 7 cabeças e 7 montes (Apocalipse 17:9), 7 Anjos com 7 Taças (Apocalipse 21:9), continuadamente expressando a ideia de que tudo está perfeitamente orquestrado por Deus para acontecer segundo a ordem de Deus imposta à realidade dos Homens.
Da mesma forma que Deus preparou o Juízo destes dias sobre a terra em rebelião, Deus também preparou o escape a estes juízos àqueles que “guardam a palavra da Sua paciência“ (Apocalipse 3:10).
Agora identificados os símbolos, e sabendo que a narrativa está a colocar as 7 igrejas em evidência, e seus dirigentes, como destinatários das cartas, o capítulo 2 segue-se a descrever particularmente o resumo de cada carta a cada Igreja.