
APOCALIPSE 1 -1 a 10
O Livro de Apocalipse toma o nome do termo grego (Apokalupsis) que significa isso mesmo: “Revelação”.
Todo o Livro de Apocalipse à semelhança do Livro de Daniel, é profecia transmitida ou revelada por Deus por meio de sonhos e visões inspirados ao profeta. No Livro de Daniel, dadas a Daniel, e no Livro de Apocalipse, dadas a João.
Essas visões e sonhos vinham muitas vezes por meio de símbolos que representam acontecimentos que iriam ocorrer ou mensagens que deviam ser transmitidas.
Este é o caso também do Livro de Apocalipse, por isso lemos logo o primeiro versículo dizer:
Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo;
Apocalipse 1:1
- APOCALIPSE 1:1
-”Revelação de Jesus Cristo” (Apokalypsis Iēsou Christou) (Apocalipse 1:1) - Todo o Livro portanto trata de se revelar ou descobrir uma mensagem profética, que complementa e completa as profecias de Daniel, sendo aquele Livro também chamado de “O Apocalipse do velho testamento”.
A revelação convém atentar, não ser propriamente de João, que é apenas o mensageiro designado por Deus, mas de Jesus Cristo que a recebe do Pai e a revela ao Seu servo por meio do Espírito Santo.
Isto é uma obra Divina da Trindade, de revelação de Deus e do Seu plano eterno em Jesus! (Apocalipse 1:4-5)
-O termo “Aos seus servos” (Ho Doulos autos) (Apocalipse 1:1) - revela que as revelações são somente para aqueles servos, os que saíram da escravidão ao pecado e do Jugo de Satanás, comprados (1 Coríntios 6:20) para serem propriedade de Jesus (Romanos 1:6) como “escravos de Cristo”, debaixo do jugo suave e o fardo leve que Ele nos dá agora a carregar (Mateus 11:30). Escravos a quem a liberdade foi concedida, mas abdicamos dela para nos colocarmos livremente ao serviço ao nosso Senhor permanentemente (Êxodo 21:2-6). A nossa “independência” deve pedir dependência de Cristo!
Não fomos libertados, para sermos “livres” de Cristo, mas “Livres” de satanás! (João 8:36)
A revelação é para esses somente que foram libertos dos grilhões de Satanás.
Então a todos os servos de Jesus, a revelação é dada para bom entendimento dos tempos proféticos em que vivemos, e para a boa leitura dos eventos mundiais que precedem o fim anunciado por Deus.
A falta de entendimento das escrituras (e de Apocalipse particularmente) não tem a ver com nenhum plano de Deus de nos confundir com leitura simbólica e difícil, mas da nossa própria negligência em sermos estudiosos aplicados.
A linguagem “difícil” da Bíblia, incluindo simbologia, sonhos proféticos e parábolas, tem como fim confundir aqueles que não são de Deus (Mateus 13:10-17) e não confundir os crentes.
O entendimento vem do Espírito Santo, que é dado a cada um que se converte (1 João 2:27) segundo a Mente de Cristo (1 Coríntios 2:13-16) no compromisso fiel de viver na Palavra (2 Timóteo 2:15).
Os filhos de Deus falam entre si, e há entendimento e sabedoria, como diz Paulo aos Coríntios: “falamos sabedoria entre os perfeitos” (1 Coríntios 2:6).
Contudo, quando há dificuldade em fazer a sabedoria fluir entre crentes, para bom entendimento de coisas que a Bíblia é exímia em esclarecer, então há que questionar, se todos são considerados “perfeitos” segundo a Palavra (1 João 4:6) ou se fizeram negligentes para ouvir, "meninos na fé" (Hebreus 5:11-14).
-”As coisas que brevemente devem acontecer” (Apocalipse 1:1) - Toda a mensagem de Apocalipse portanto deve ser recebida com o interesse pela prontidão diária para um reencontro com O Senhor a qualquer momento.
O próprio uso do termo usado para “brevemente” (táchos) apresenta a ideia de “proximidade” ou de “iminência”, como algo que não deve ser considerado distante para ser relativizado.
Por isso vemos aqui neste primeiro capítulo e semelhantemente no último, a repetição dos mesmos termos no mesmo tom:
“para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer”.
Apocalipse 1:1
“para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acontecer.”
Apocalipse 22:6
“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.“
Apocalipse 1:3
“E disse-me: Não seles as palavras da profecia deste livro; porque próximo está o tempo.”
Apocalipse 22:10
As coisas sendo repetidas no primeiro e no último capítulo desta forma, servem para nos lembrarmos que Jesus é “O primeiro e o derradeiro” e que Suas palavras são para serem levadas com seriedade e Temor, pois é Ele que as diz Às Igrejas.
Por isso também vemos a repetição dessa verdade no primeiro e último capítulo:
“Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ómega, o primeiro e o derradeiro”
Apocalipse 1:11
“Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro.”
Apocalipse 22:13
-”Pelo Seu Anjo as notificou a João seu servo” (Apocalipse 1:1) – João é notificado da mensagem de Deus pelo Seu “Anjo” (ángelos), que é uma referência ao Senhor Jesus como O enviado de Deus, ou mensageiro da parte do Pai (João 9:7) (João 6:29) (João 17:3) (João 8:42) (Actos 3:26).
- APOCALIPSE 1:2
- “O qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto.” (Apocalipse 1:2) – Assim como O Senhor Jesus não falou de Si mesmo (João 12:49) mas falou segundo O Pai, João agora, não fala também de si mesmo, mas do que recebeu, do testemunho de Jesus Cristo que é a Palavra de Deus revelada (1 João 5:7). Os filhos de Deus não devem falar de si mesmos da sua própria sabedoria, mas segundo a Palavra, sustentados somente no poder de Deus pelo Espírito (João 16:13) (1 Pedro 1:10-12) (2 Pedro 1:20-21).
- APOCALIPSE 1:3
-”Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas”; (Apocalipse 1:3) – O termo “Bem-aventurado” (makários) refere-se a felizardo, ou sortudo, como abençoado; Isto referindo-se ao Homem (leitor ou ouvinte) que opera 3 funções básicas respectivas à profecia revelada.
É necessário para alguém ser considerado bem-aventurado, que: Leia (anaginṓskō) as palavras da profecia; Oiça (akoúō) as palavras da profecia; e Guarde (tēréō) as palavras da profecia;
O que a palavra aqui nos ensina, é que se alguém lê e ouve apenas, mas não guarda, não é abençoado como devia, pois a bênção está no acto final de “Guardar”.
Ler, representa, obter conhecimento distinto; Ouvir, significa, atender ou considerar o que foi dito; e Guardar refere-se a cuidar de algo para que permaneça da mesma forma com que foi recebido.
Mais à frente nas carta às Igrejas detalhadas, a Igreja de Filadélfia recebe a bênção do arrebatamento, mediante esta mesma condição de “guardar a palavra da paciência” (Apocalipse 3:10).
Interessante vermos que o conteúdo deste Livro e sua mensagem é propositadamente dirigido às Igrejas (Apocalipse 1:4) e são escolhidas 7 da Ásia menor para serem as destinatárias principais (Apocalipse 1:11).
A bem-aventurança associada às palavras da profecia, existe, porque estas palavras não são de João propriamente.
Por isso João depois de esclarecer que a revelação de todo o Livro de Apocalipse é de Jesus Cristo, ao dirigir-se em carta às 7 Igrejas ele faz questão de demonstrar que a Trindade gloriosa de Deus está por trás da sua mensagem, e também da sua intenção ao trazer-lhes a revelação em Graça e Paz;
A Trindade está descrita nas palavras: “da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono e da parte de Jesus Cristo a Fiel testemunha”, para que saibamos que esta é uma mensagem Divina, e não de Homem algum propriamente, como toda a Bíblia o é (2 Timóteo 3:16).
- APOCALIPSE 1:4
-”Daquele que É, e que Era, e que há de vir” (Apocalipse 1:4) - Presente, Passado e Futuro é uma referência ao termo Hebraico “El Olam” usado para descrever Deus Pai, como “Deus eterno”, ou “Deus de todas as Eras”; (Salmos 90:2) (Lamentações 5:19)
-”da parte dos sete Espíritos que estão diante do Seu trono” (Apocalipse 1:4) -Esta referência refere-se à presença do Espírito Santo, sendo Ele também uma das 3 Pessoas da Trindade. O Espírito Santo une O Pai ao Filho, e nós a Deus, Ele conhece todas as coisas ainda as profundezas de Deus (1 Coríntios 2:10-11).
A referência ao Número 7, como sendo 7 Espíritos, diz respeito a 7 aspectos distintos do Espírito Santo (que é uma só Pessoa) habitando em Jesus, que por sua vez, é O Próprio Deus revelado, ou “A Revelação”.
Isto encontra-se numa profecia de Isaías acerca de Jesus, que descreve os 7 Espíritos como: (1) O Espírito do Senhor (2) O Espírito de Sabedoria (3) de entendimento (4) de conselho (5) de Fortaleza (6) de conhecimento (7) de Temor do Senhor (Isaías 11:2).
O Número 7 associado ao Espírito Santo aparece ainda na passagem de (Zacarias 4:2-6) no simbolismo das 7 lâmpadas referidos ainda em (Apocalipse 4:5). Se repararmos ao longo de Apocalipse, O Espírito Santo aparece associado ao Número 7 outras vezes para evidenciar a a acção directa de Deus na realidade temporária da Terra nos últimos dias.
7 Espíritos = Trono (Apocalipse 1:4); 7 Espíritos = 7 estrelas (Apocalipse 3:1); 7 Espíritos = 7 lâmpadas de fogo (Apocalipse 4:5); 7 Espíritos = 7 pontas e 7 olhos (Apocalipse 5:6);
O Anticristo estará no governo mundial nestes dias, mas quem na realidade controla os eventos mundiais é O Eterno Deus soberanamente.
- APOCALIPSE 1:5
-”E da parte de Jesus Cristo, que é A fiel testemunha” (Apocalipse 1:5) - A revelação é da parte de Jesus que é o Anjo enviado de Deus para notificar a João acerca do cumprimento final das profecias dos dias do fim.
Assim como João é testemunha de Jesus conforme descrito em (Apocalipse 1:2), Jesus é a fiel testemunha de Deus!
O testemunho é um acto de credibilidade confiável, e sempre aparece na bíblia como um compromisso sério com a Verdade diante de Deus (Êxodo 20:16) (3 João 1:12);
Entre os Homens, 2 ou 3 testemunhas eram necessárias para se aceitar algo como verdade (Deuteronómio 17:6) mas no céu, Jesus é a única testemunha que nos basta, pois ainda que os Homens possam dar eventualmente falsos testemunhos (Provérbios 14:5), o de Jesus é sempre verdadeiro (João 5:31-37) (João 3:32-34).
Se o testemunho dos Homens íntegros é bom, o de Deus é muito melhor (1 João 5:9)
-”O Primogénito entre os mortos” (Apocalipse 1:5) – O termo “primogénito” (Prōtotokos) refere-se ao “primeiro”, como primeiro numa linha de produção em série, mas não no sentido em que Jesus foi o primeiro a ser “criado” como uma “criatura”, afinal Jesus é O Criador de todas as criaturas e tudo o resto que existe (Colossenses 1:15-19). O termo deu origem à palavra “Protótipo”, como o modelo posto em observância para que uma linha de montagem fosse preparada à Sua imagem, e isto é exactamente o que o livro de Génesis nos ensina (Génesis 1:26-27).
Assim como João usa essa expressão “Primogénito” para descrever Jesus, Paulo também o faz em (Colossenses 1:15), e ambos têm a mesma intenção, usando o mesmo termo grego.
Se porventura a ideia fosse descrever Jesus como uma criatura, o termo grego usado seria (Prōtoctisis) e não (Prōtotokos). O termo ainda pode ser usado para denunciar a ideia de “preeminência”, como “primeiro em tudo” (em autoridade, em poder, em relevância e glória).
Isto é o que Paulo também afirma dizendo: “para que em tudo tenha a preeminência” (Colossenses 1:18).
Agora, Jesus não foi o primeiro a se levantar dos mortos. Pois há referência a alguns que ressuscitaram da morte além do Senhor Jesus, tanto no Antigo como no Novo Testamento; pessoas estas que ressuscitaram mas eventualmente morreram de novo; Curiosamente temos 8 exemplos, sendo o Número 8 na Bíblia o símbolo da ressurreição e nova vida em Cristo:
No Antigo Testamento:
O filho da viúva de Sarepta (1 Reis 17:17-24)
O filho da mulher sunamita (2 Reis 4:32-37)
O homem que foi encostado nos ossos de Eliseu (2 Reis 13:20-21)
No Novo Testamento:
O filho duma viúva (Lucas 7:11-15)
A filha do Jairo (Lucas 8:49-55)
Lázaro (João 11:43-44)
Tabita ou Dorcas (Atos 9:37-40)
Êutico (Atos 20:9-12)
Mas Jesus foi O primeiro a sair da morte para sempre! Ele Venceu a morte, e deu-nos a nós a vitória sobre ela (Actos 2:24) (Apocalipse 1:18) (1 Coríntios 15:54-57) (João 11:25-26).
-”O Príncipe dos Reis da Terra” (Apocalipse 1:5) – Esta expressão visa enaltecer a autoridade de Jesus sobre toda a autoridade terrena, evidenciando a Sua supremacia. Isto é uma referência directa a (Salmos 89:27) que visa evidenciar a vocação Messiânica de Jesus, como O Rei prometido no antigo testamento (Isaías 9:7) (Daniel 9:25) (Daniel 7:27).
Outra expressão é usada em Apocalipse para descrever a manifestação gloriosa de Jesus ao mundo e diz: “Rei dos Reis e Senhor dos Senhores” (Apocalipse 19:16) comprovando a Sua majestade e Realeza.
Acerca desta autoridade e deste dia glorioso, o Apóstolo Paulo diz: ”Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” (Filipenses 2:9-11).
É O Senhor que dá poder e autoridade aos Homens, assim como é o Senhor que tira; Daniel falando da soberania de Deus o confirma, dizendo: “Ele remove os reis e estabelece os reis;” (Daniel 2:21)
Jesus após a Sua ressurreição, antes de ir para junto do Pai, deixa claro que Ele tem todo o poder: “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra.” (Mateus 28:18).
Jesus é a autoridade maior a temer e reverenciar, e é Ele que “regerá as Nações do mundo com vara de Ferro” (com autoridade) (Apocalipse 12:5) (Apocalipse 19:15).
Ao longo da Revelação em 22 capítulos, entende-se não ser apenas uma “Revelação de Jesus Cristo”, mas sobretudo uma “Revelação sobre Jesus Cristo”, O Seu papel e Obra, no plano eterno do Pai.
Esse papel está no aspecto sacrificial desse plano de Amor que levou Jesus à Cruz (Hebreus 12:2).
-”Àquele que nos amou, e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados” (Apocalipse 1:5) – A exaltação de Jesus (Filipenses 2:6-11) e a Glória que é expressada na Sua Pessoa ao longo do Livro de Apocalipse é o resultado da obra gloriosa da Cruz (1 Coríntios 6:11) (Romanos 8:34-39), e a vitória Dele sobre a morte e o pecado. (Romanos 6:22) (Apocalipse 3:21).
Quando Jesus morre, um soldado lhe furou o lado com uma lança e logo saiu sangue e água (João 19:34), sendo o sangue o símbolo da purificação dos pecados (Hebreus 1:3), e a água, a santificação do crente (Efésios 5:26-27) para a Vida eterna em Jesus (João 4:13-14).
- APOCALIPSE 1:6
-”E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai ” (Apocalipse 1:6) – Por intermédio de Jesus, e da obra da Cruz, nós nos tornamos herdeiros do reino (Gálatas 3:29) (Apocalipse 5:10) (2 Timóteo 2:12), herdeiros de Deus (Romanos 8:17) eleitos para sermos um sacerdócio real, como povo especial, exaltado em Jesus (1 Pedro 2:9).
-”A Ele glória e poder para todo o sempre. Amém”. (Apocalipse 1:6) – João não perde a oportunidade de deixar claro que o propósito de tudo o que existe é dar glória a Deus (Salmos 57:11)(Romanos 11:36) (1 Pedro 5:11) (Apocalipse 4:11) (Apocalipse 5:13). Afinal é para isso que fomos criados (Salmos 150:6)
- APOCALIPSE 1:7
-”Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá” (Apocalipse 1:7) –A vinda de Jesus com as Nuvens é o cumprimento da profecia anunciada pelos Anjos no dia da Sua subida aos céus para junto do Pai (Actos 1:9-11).
Dos versículos 6 ao 8, João faz um resumo da bendita esperança, e da glória que nos está reservada e revelada em Jesus, de forma a que os destinatários das cartas que se seguem, tenham em mente o que está verdadeiramente em jogo.
A vinda gloriosa do Senhor Jesus nos céus no fim de todas as coisas, para todos O verem, está evidenciada logo aqui, para que se saiba que embora até esse momento, Jesus tenha preferido a abordagem simples da conquista pela fé, quando o tempo certo chegar, e a Graça terminar o papel de resgatar os eleitos de Deus, Jesus se manifestará de outra forma, e embora desprezado até ali, Ele mesmo se Exaltará sobre tudo e todos (Isaías 2:20-17).
Se alguém tinha Jesus por fraco ou frouxo, até então, verá Jesus em toda a Sua majestade e poder.
A referência que diz: “Até os mesmos que O trespassaram” evoca as palavras do Senhor Jesus a Caifás e aos membros do Sinédrio, responsáveis por Sua crucificação (Mateus 26:64), denunciando que a Glória da Sua majestade, naquele dia, abrangerá os vivos e os mortos, visível desde o terceiro céu, até às profundezas da Terra.
“Todo o Olho O verá”, refere-se literalmente a todos, especialmente àqueles que estiveram na presença de Jesus no passado, e não reconheceram a glória da Sua Majestade.
Por isso O Próprio Senhor Jesus falou da Sua vinda gloriosa no fim, num tom que evoca Temor e Terror àqueles que se encontrarem sem a Sua protecção naquele dia (Mateus 24:27-28).
Esta vinda gloriosa de Jesus nos dias finais, está presente desde o velho ao novo testamento, em inúmeras passagens, e o tom é sempre o de Glória no Juízo sobre a Terra (Salmos 50:1-4) (Zacarias 14:1-9) (Joel 2:1-3) (Isaías 13:9-13) (Jeremias 25:30-33) (Mateus 24:29-30) (2 Pedro 3:10-12).
Logo no início da revelação, Os olhos sendo postos no final, na vinda gloriosa de Jesus, tem como intuito revelar o fim da esperança para muitos, e acentuar a importância de se estar do lado vitorioso naquele dia (Apocalipse 17:14).
Este momento descrito aqui é o momento detalhado de (Apocalipse 19:11-16).
A expressão “e todas as tribos da Terra se lamentarão sobre Ele. Sim. Amém” logo de seguida, visa destacar o cenário dos versículos que se seguem também no final da bíblia ao surgimento de Jesus nos céus, e diz: “Vinde, e ajuntai-vos à ceia do grande Deus; Para que comais a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a carne dos fortes, e a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam; e a carne de todos os homens, livres e servos, pequenos e grandes.” (Apocalipse 19:17,18)
- APOCALIPSE 1:8
-”Eu sou O Alfa e O Ómega, O princípio e O fim, diz O Senhor" (Apocalipse 1:8) – Quando Jesus diz ser O Alfa e O Ómega Ele está a identificar-se com O Pai, porque Jesus é Deus! (Colossenses 1:15-17) (João 8:58) (Êxodo 3:14).
As letras do Alfabeto Grego são:
Alfa- beta- gamma- delta- epsilon- zeta- eta- theta- iota- kappa- lambda- mu- nu- xi- omicron- pi- rho- sigma- tau- upsilon- phi- chi- psi- Ómega.
O princípio e o Fim, como a abrangência completa do poder de Deus comunicado aos Homens.
Assim como as letras de um alfabeto servem para construir palavras, e frases para comunicar, Jesus simboliza a Verdade e a Glória de Deus comunicadas aos Homens.
Fora Dele não há sabedoria, nem cultura, não há vida, nem salvação.
Mais dramático ainda, não há nem pode haver a ideia de Divindade, ou espiritualidade, sem Jesus! Ele é a expressa imagem da pessoa de Deus (Hebreus 1:3), pois Nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade (Colossenses 2:9).
Esta afirmação é a Revelação perfeita de Jesus Cristo tanto de Cordeiro como Leão, tanto de Salvador como Vingador, tanto daquele que dá o perdão, como daquele que aplicará o Juízo.
Jesus aplacou a ira de Deus na cruz, e aplicará a ira de Deus no fim!
A obra de Deus eterna, da qual os Homens fazem parte, começa e termina em Jesus!
Há um deslumbre a descobrir na beleza descrita do Cristo do Apocalipse! O Antigo Testamento profetizou acerca do Messias e Rei por vir, e os Evangelhos nos falam de Sua encarnação.
Mas a não ser que conheçamos a revelação que Cristo faz de Si mesmo no Apocalipse, a nossa compreensão da majestosa e sublime pessoa de Jesus será incompleta.
João deixa isto claro, quando apresentando-se a si mesmo como aquele por quem a mensagem vem, logo descreve Aquele que lhe deu a mensagem colocando O Senhor Jesus e Sua autoridade, como o centro das Revelações.
No fim da sua descrição, lemos Jesus falando na Primeira Pessoa, descrevendo-se como “O Alfa e O Ómega, O princípio e O fim” (Apocalipse 1:8).
No último capítulo da Bíblia novamente Jesus fala na Primeira Pessoa, identificando-se como: “Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro.” (Apocalipse 22:13).
Isto para que fique evidente do principio ao fim do Livro, que tudo é acerca de Jesus, não somente na narrativa do Livro, mas na história da Humanidade, na vida singular de cada pessoa desde que a criação existe, de todo o átomo, célula, pessoa, animal, elemento, corpo celeste, tudo é a Glória de Deus em Jesus sendo comunicada!
Nada começa, nem termina sem que Deus o determine em Jesus, a plenitude da Divindade por quem tudo subsiste (Colossenses 1:15-19), e é em Jesus que tudo vive, se move e existe (Actos 17:28-31).
-“que é, e que era, e que há de vir, O Todo-Poderoso.“ (Apocalipse 1:8) – A ideia de “presente” (que É), de “passado” (que Era) e “futuro” (que há de vir) evoca a ideia da eternidade de Jesus como sendo Deus, e da Sua obra que está preparada desde a eternidade.
Quando lemos estas mesmas palavras em (Apocalipse 1:4), vemos que tanto O Pai como Jesus são descritos da mesma forma para nos trazer à lembrança de que quem vê Jesus vê O Pai (João 14:9), pois Eles são 1 desde a Eternidade partilhando a mesma Glória (João 17:5).
O Jesus que veio à Terra e habitou entre nós nascido de Mulher (João 1:14) (Gálatas 4:4) é O mesmo que aparece várias vezes no Antigo Testamento como “Anjo do Senhor” (o que chamamos de Cristofania) (Génesis 16:7-13) (Génesis 18:1-3) (Génesis 32:24-30) (Juízes 6:11-22) (Daniel 3:25-26), assim como é Aquele que virá nos céus conforme prometeu (Actos 1:11) (João 14:3).
A existência de Jesus é eterna e precede o Seu nascimento de mulher na história dos Homens (João 8:58).
Jesus em Apocalipse é O Cordeiro vitorioso, no Trono (Hebreus 12:2), representando a vitória sobre o pecado e a morte, sendo exaltado O Salvador da Humanidade, Rei dos Reis e Senhor dos Senhores! (Apocalipse 17:14) (Apocalipse 19:16) por quem temos a vitória final assegurada contra o Diabo e os reinos deste mundo que o seguem.
A Mensagem de Apocalipse portanto visa uma perfeita visão dessa vitória garantida em Jesus. Mensagem esta, que é para os que têm a vitória assegurada, ou seja, aqueles que servem a Jesus.
Dos versículos 9 ao 11, João começa a encaminhar o seu discurso àqueles que participam da Fé como servos de Jesus, e até ao fim do capítulo 3, encontramos 7 igrejas identificadas, e seus crentes, no centro da mensagem.
- APOCALIPSE 1:9
-”Irmão e companheiro na aflição, no reino e paciência de Jesus Cristo” (Apocalipse 1:9) – João apresentando-se como “irmão” (Adelphos) e “companheiro” (Syngkoinonos) em Cristo, refere-se ao seu estado prisioneiro na Ilha de Patmos (No mar Egeu entre a Grécia e a Turquia), por causa do Evangelho e do testemunho de Jesus Cristo.
“Irmão”, sugere, que em comum há a partilha da mesma origem que é espiritual na Graça; Somos feitos irmãos em Cristo (Hebreus 3:1), membros da mesma família dos céus (Efésios 3:15) tendo o mesmo Pai (Efésios 2:18).
“Companheiro”, como alguém que partilha das mesmas experiências segundo o mesmo propósito (Filipenses 3:16) ou participante com alguém em alguma coisa, neste caso sendo das aflições (1 Pedro 4:13) e da Glória de Deus (1 Pedro 5:1).
A nossa entrada na Graça nos faz participantes das aflições de Cristo e todos os apóstolos do Senhor Jesus padeceram como nós também padecemos (2 Coríntios 1:5-7) (Colossenses 1:24) (2 Timóteo 1:8);
O termo usado para “aflições” (Thlipsis) refere-se ao acto de esmagar, comprimir, para expressar a pressão exercida à força sobre uma pessoa.
Esta é a pressão natural do mundo contra os filhos de Deus (João 16:33) (1 Pedro 5:9) (João 15:18-19).
A ordem portanto é que se temos que sofrer as aflições, que assim seja, como bons soldados de Cristo (2 Timóteo 2:3) sempre lembrando que: “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas.” (Salmos 34:19).
A promessa e certeza que nos foi deixada é que “as aflições deste tempo presente, não são para comparar com a glória que em nós será revelada” (Romanos 8:18)
E tudo isto por causa do Reino dos Céus, a onde pertencemos, e do qual somos cidadãos para servir ao Senhor Jesus (1 Tessalonicenses 2:12) (2 Tessalonicenses 1:4-5) com paciência e esperança (1 Tessalonicenses 1:3) (2 Tessalonicenses 3:5).
- APOCALIPSE 1:10
-”Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor” (Apocalipse 1:10) – João fala da experiência de um “arrebatamento” dos sentidos (gínomai), como uma experiência sobrenatural onde teve acesso em presença ao Senhor Jesus que lhe falou com grande voz “como de trombeta”!
Neste momento no texto original o verbo usado, transmite a ideia de: Estar de repente num determinado lugar; um evento repentino acontecer; Ser levantado para aparecer num palco; sofrer uma mudança de um momento para o outro; Deste arrebatamento surge Jesus com uma mensagem directa que deve ser registada e transmitida a 7 Igrejas da Ásia menor (Apocalipse 1:11) nomeadamente Éfeso, Esmirna, Pérgamo Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia.
Curioso que vejamos na narrativa do Apocalipse um arrebatamento para receber directrizes a serem enviadas às 7 igrejas (Apocalipse 1:11) e logo de seguida após as directrizes serem entregues, outro arrebatamento descrito (Apocalipse 4:1-2), para evidenciar o que se segue a partir dali, sendo portanto a revelação de Jesus como Aquele que tem o poder de julgar a Terra (Apocalipse 5:1-5) (João 5:22-27) abrindo os selos, dando início à Tribulação (Apocalipse 6:1).
Há uma ordem perfeita de acontecimentos descritos, que nos leva a perceber que Deus tem planeados uma série de eventos para estes dias, que começa com uma mensagem de alerta de preparação às Igrejas.
-O primeiro arrebatamento de João simboliza a sua experiência pessoal com O Senhor no dia da revelação;
-O segundo arrebatamento simboliza a experiência colectiva da Igreja no dia da nossa redenção.
A “voz de trombeta” que igualmente se repete no momento dos 2 arrebatamentos descritos de João (Apocalipse 1:10) (Apocalipse 4:1-2), faz associação ao arrebatamento da Igreja profetizado por Paulo (1 Tessalonicenses 4:16), e o “Tom” da voz, impele ao Temor e Tremor diante da Majestade do Senhor Jesus que é necessário desenvolver nestes dias.
O arrebatamento da Igreja é um chamado directo do Senhor para fora do mundo, antes de começar o seu juízo sobre a terra que O desprezou até ali.
Ele passará com a abertura dos 7 selos, de Cordeiro a Leão, e a tribulação é apenas o início dos juízos de Deus sobre a Terra.
Por isso a Igreja recebe logo no início deste Livro, cartas de admoestação, exortação e apelo à firmeza na fé no acto de guardar a Palavra; Afinal não diz a Escritura que “o juízo começa primeiro pela casa de Deus”? (1 Pedro 4:17).
Havendo as 7 igrejas sido devidamente informadas da mensagem transmitida pelo Senhor Jesus, a narrativa muda, e nunca mais o termo “Igreja” é usado no período da Tribulação.
Isto serve para evidenciar a “ausência da Igreja” como “Corpo de Cristo” na Terra (1 Coríntios 12:27), que foi “arrebatado” para se unir à “Cabeça” que é O Senhor Jesus (Efésios 4:15).
A remoção da Igreja da Terra como (Sal e Luz) é igualmente o evento que dá surgimento ao aparecimento do Anticristo no cenário político do Governo Mundial (2 Tessalonicenses 2:6-8) mostrando o alinhamento de Deus perfeito que dá início à Tribulação.
“No dia do Senhor” aqui referido, é mal interpretado por muitas pessoas, Ao ponto até de associarem este dia à volta pública de Jesus, para justificar que o arrebatamento só vai acontecer nessa altura.
Embora numa primeira abordagem esta seja a associação mais “básica” ou “fácil” de fazer, ela não está correcta.
Algumas seitas ainda, associam o “dia do Senhor” como o dia do arrebatamento acontecendo a um “sábado”, para justificar seu mau ensino que refere que todos aqueles que celebram culto ao Domingo são hereges e não serão arrebatados.
O termo “Dia do Senhor” aqui nesta passagem, na Verdade não se refere directamente à volta Pública de Jesus, nem ao sábado, mas particularmente a um Domingo com um dia da semana específico.
Também não reforça a ideia de que o arrebatamento irá acontecer forçosamente a um Domingo, porém também nada impeça que assim seja se for essa a intenção do Senhor.
O termo grego (kyriakós hēméra) evoca a ideia do dia que pertence ao Senhor, ou o dia que diz respeito ao Senhor.
Por causa disto, muitos partem logo do princípio que esta expressão diga respeito a um Sábado, como o dia instituído por Deus na Velha Aliança com o povo Judeu, para ser separado para Deus (Êxodo 20:8-11) (Deuteronómio 5:15) o que é a conclusão mais básica, todavia errada.
João dirige-se aos Cristãos da Nova Aliança em Jesus, e a observância do Sábado não é mandamento para nós Igreja do Senhor (Gálatas 4:9-11) (Colossenses 2:16-17) como O Próprio Senhor Jesus o demonstrou (Marcos 2:24-28) (João 9:16).
Contudo se alguém quiser por razão particular e pessoal guardar o Sábado, que o faça sem legalismo de imposição (Romanos 14:5-6).
Convém é interpretar a bíblia correctamente, imparcial e fiel à mensagem original.
A nova Aliança em Cristo é uma Melhor Aliança, firmada em Melhores promessas (Hebreus 8:6), como tal, não deve ser desprezada para satisfazer os legalismos que a ignorância sobre a Graça produz para a imposição da Lei (Gálatas 5:1-4)
Nunca em lado nenhum nas Escrituras é evidenciado “o Sábado” como “O dia do Senhor”.
As referências do “Dia do Senhor” no velho testamento, referem-se sempre em tom profético, em relação a algo “futuro” posterior à Lei implementada por Deus, lei essa, dada especificamente para o povo Judeu no ”passado”.
O “futuro” daqueles dias do passado, é o nosso presente, na “dispensação da Graça” também chamada “era da Igreja”.
O que faz a passagem de uma dispensação para a outra, é a chegada do Senhor Jesus, sua vida e obra consumada.
Daí que “o Dia do Senhor” seja uma expressão profética futura, que diz respeito a Jesus que é o nosso Senhor (Efésios 3:9-11) e não a um dia da semana específico.
Nos tempos de Jesus “O sábado” continuava a ser observado pelas comunidades Judaicas a quem tinha sido dirigido, e O Senhor Jesus o confirma em suas interações com os fariseus (Mateus 12:5-8) (João 7:22-24), mas Jesus na sua mensagem de Graça sempre acaba sabiamente condenando os fariseus em seu legalismo (Lucas 11:39-54).
Portanto Jesus em lado nenhum deixou ordenanças ou reforçou a extrema importância de “guardar o Sábado” como algo que os fariseus faziam em sua obsessão hipócrita da Lei.
Muito pelo contrário Jesus não guardou o Sábado como eles esperavam, propositadamente para lhes mostrar que a Graça é superior à Lei, e que a Lei da imposição estava determinada até ao tempo da Sua morte, para a reconciliação com Deus (Efésios 2:14-17) (Romanos 7:4-6) (2 Coríntios 3:6-17) (Gálatas 3:19-26).
Sabemos que Jesus não veio para “destruir a Lei ou os profetas” (Mateus 5:17), mas para mostrar o cumprimento da Lei segundo o coração de Deus, e não segundo o coração dos Homens.
Quando Jesus no Sábado operou Milagres (Mateus 12:8-13) e permitiu Seus discípulos fazerem obras (Mateus 12:2) (Mateus 15:2), Ele estava ainda a guardar o Sábado, mas não da forma que os fariseus criam que o Sábado tinha de ser guardado, presos à concepção errada da Lei dentro da Graça (Mateus 12:10).
Jesus é a própria expressão da Lei de Deus, por quem nós passamos para a Graça como Filhos de adopção (Gálatas 4:3-6), aperfeiçoados Nele (e não na Lei) (Hebreus 7:11-19).
O Domingo acaba desconsiderando o legalismo do Sábado na era da Igreja, pois foi o dia em que O Senhor Jesus ressuscitou dos mortos (Marcos 16:9), uma obra que para sempre mudou a história dos Homens, e separou e distinguiu o Cristianismo, de qualquer religião, credo ou forma de espiritualidade.
Desde então que os crentes se reuniam no primeiro dia da Semana (o Domingo) para celebrar a vitória sobre o pecado e a morte conquistada por Jesus nesse dia particular (Actos 20:7).
Convém também lembrar, que o Domingo, não ganha agora nenhum estatuto de ser o “sábado cristão” para ser defendido com o mesmo legalismo religioso.
Embora nos seja natural dedicar um dia ao Senhor para celebrar Aquele que venceu a morte por nós para nos dar vida eterna, em Honra, reverência e piedade (Hebreus 12:28), nós não estamos mais debaixo da Lei (Romanos 6:14-15) para fazermos destas “sombras das coisas futuras” como Paulo diz (Colossenses 2:17) (Hebreus 10:1), uma Lei de imposição sobre nós (Gálatas 3:1-7) (Gálatas 5:4).
A Lei foi criada para aqueles que se consideram justos, para abater a sua soberba;
O Evangelho da Graça veio para os perdidos, para os levantar da Humilhação.
Por isso Jesus disse: "E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento." (Marcos 2:17)
O termo “Dia do Senhor” aqui na afirmação de João, portanto, refere-se a um Domingo, pois esse termo do Antigo testamento, na era da Igreja primitiva foi aplicado ao Domingo por causa do dia da Ressurreição em que O Senhor Jesus venceu a morte e nos deu a vitória (1 Coríntios 15:55-57).
No Antigo testamento este mesmo termo é usado para descrever o Juízo de Deus sobre a Terra nos últimos dias. (Joel 1:15) (Amós 5:18) (Sofonias 1:14) (Jeremias 46:10) -NT (Actos 2:20) (1 Coríntios 5:5) (2 Coríntios 1:14) (2 Pedro 3:10).
Nós sabemos agora que o juízo de Deus Pai irá ser aplicado por Jesus O Filho (João 5:22-27).
Os primeiros crentes, iluminados pelo Espírito acerca do nosso Senhor Jesus entenderam bem que este termo usado nas Escrituras do Antigo testamento se dirigia profeticamente à glorificação de Jesus pelo Pai (João 17:1-5) para receber a autoridade para julgar.
O Domingo então ganha uma nova dimensão aos olhos da Igreja e dos crentes, sendo agora também referido como “o dia do Senhor” à semelhança da Sua vinda gloriosa no fim dos dias, para aplicar a justiça e o juízo sobre a Terra.
A associação da morte de Jesus ao Domingo, e o uso do termo “Dia do Senhor”, referir-se tanto ao Domingo, como à vinda final de Jesus tem um sentido particularmente importante que é o propósito de mostrar que Deus Pai aplicou Sua justiça e Juízo sobre O Cordeiro na Cruz (em vez de aplicá-lo sobre nós) para que Sua morte e ressurreição Lhe confiram o poder de um dia voltar para Ele mesmo aplicar a justiça e o Juízo! (Sobre todos aqueles que não estão lavados no Seu sangue)
O poder e a autoridade de Jesus para julgar vêm directamente da vitória da Cruz, na Sua morte e ressurreição!
Por isso o Domingo acaba “substituindo” de alguma forma o sábado aos olhos da Igreja (o abandono da Lei imposta, para a Graça recebida em Jesus) servindo o propósito de associar a vitória da Cruz ao acto do Juízo final de Deus sobre todos os Homens.
Então quando o “dia do Senhor” era referido no Antigo testamento para referir a vinda gloriosa de Jesus, estava também a anunciar que essa autoridade vinha directamente da vitória de Jesus primeiro sobre a sua própria morte (no Domingo da ressurreição), para no fim, depois de ter todos os inimigos a Seus pés, dar a todos a vitória permanente sobre o último inimigo que é a morte (1 Coríntios 15:25-26).
Até já no velho testamento o uso do termo, apontava profeticamente para a vitória de Jesus no final da Tribulação, como o passo final da vitória previamente conquistada na Cruz.
A associação do Domingo ao dia da Vinda gloriosa de Jesus para todo o olho O ver, serve o fim de apontar para a Obra gloriosa da redenção na crucificação de Jesus como simultaneamente a obra da Salvação e da condenação, do perdão e do Juízo, num momento de Jesus como Salvador, e no outro de Jesus como Vingador.
A descrição de João do “seu arrebatamento” é referida “no dia do Senhor” para descrever que isto aconteceu a um Domingo, contudo está implícita a ideia de que este arrebatamento e visão, que ele recebe, estão inseridos num momento de transição cronológica nos últimos dias, em que a era da Igreja vai terminar, e o tempo de Justiça e juízo vai tomar lugar na recta final culminando com a vinda gloriosa de Jesus.