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Génesis -Capítulo 9

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CAPÍTULO 9 – (29 Versículos)


  • A BÊNÇÃO DE REPOVOAR A TERRA -vs 1 ao 7


-A expressão “Frutificar” (PËRU) e “Multiplicar” (URËVU) (Gênesis 9:1) (Gênesis 9:7), têm praticamente o mesmo sentido, então estes 2 verbos usados no discurso seguidos um do outro fortalecem a ideia de 2 tipos de crescimento;

O primeiro termo refere-se a "frutificar" no sentido de qualidade, produzir frutos, no sentido de gerar ou produzir coisas boas;

O segundo termo "Multiplicar" aponta mais para quantidade, no sentido de crescimento em grandeza de número, como aumentar sobremaneira ou excessivamente; alargar, expandir;

Isto é interessante para que saibamos que o crescimento sem qualidade nunca é a visão correcta segundo a mente de Deus;


Na Parábola da Figueira Verdadeira O Senhor Jesus deixa isto bem evidente no seu discurso (João 15:1-8); Por isso quando na passagem diz: “para que vades e deis fruto” (João 15:16), passa a ideia de ir pelo mundo, produzindo e frutificando em qualidade e quantidade.

Isto não é fácil num mundo onde reina a mediocridade e a corrupção, onde o sentido de excelência tem sido negligenciado por causa dos interesses carnais.

Como diz Paulo, porque: “Porque todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus.” (Filipenses 2:21)


Perder este padrão de qualidade na quantidade passado por Deus resultou neste mundo caído que embora numeroso está igualmente dividido.

Toda a desgraça deste mundo está ligada ao número crescente de pessoas em quantidade, e do número decrescente da qualidade que há nelas.

A grande multiplicação sem qualidade, produziu uma sociedade de seres humanos medíocres e inúteis vivendo aquém do seu potencial, pervertendo tudo aquilo que outrora foi perfeito.

No versículo de (Gênesis 9:1) e (Gênesis 9:7) então vemos o reforço da frutificação e multiplicação.

Porém entre estes 2 versículos encontramos uma mensagem particular de 2 realidades distintas associadas ao comportamento que Deus quer evidenciar.


  • Num primeiro momento Deus exalta e abençoa Noé e sua família, exactamente como fez com Adão no Éden, dando-lhes uma posição de domínio sobre os animais:

  • A Adão e Eva diz: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra;” a ordem era: “sujeitai-a; e dominai (Gênesis 1:28)

  • A Noé e sua família diz: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra;” a ordem era: “o temor de vós e o pavor de vós virão sobre todo o animal da terra”; “tudo nas vossas mãos são entregues" (Gênesis 1:28)


Nota-se uma semelhança entre ambas as narrativas, e vê-se que Deus quer espelhar o seu favor sobre Noé e sua família da mesma forma como fez com Adão e Eva.

Isto serve para que percebamos que as intenções de Deus para connosco são sempre boas e partem sempre da vontade de estender o Seu favor sobre nós.

Se há causa para maldição e perda de bênção, é somente por causa da nossa natureza rebelde.


Então da mesma forma como Adão e Eva receberam instruções para obedecer, e a advertência das consequências caso assim não fosse (Gênesis 2:16,17), Noé e sua família recebem também uma instrução particular, onde Deus diz:

Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; tudo vos tenho dado como a erva verde.

A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.

Gênesis 9:3,4


Assim que institui Sua ordem, passa a advertir que se for o caso, da mão dos animais que eram supostos estarem-lhe sujeitos, Deus “requererá o seu sangue” (Gênesis 9:5) exactamente em maldição conforme fez com Adão e Eva.


Então num momento o homem está exaltado para dominar os animais, noutro momento porém será amaldiçoado e dominado pelos animais;

Assim como num momento no Éden, Adão e Eva tinham esse estatuto de poder e autoridade (Gênesis 1:28) e depois o perderam (Gênesis 3:17-19), assim Deus diz a Noé, que a história se repetirá por causa da desobediência que perdura;

Aqui Deus faz uma advertência de aviso à consciência, tendo em conta a realidade do Éden, e a natureza humana entregue ao pecado da rebelião.

Enquanto houver desobediência independente, haverá maldição.


Estas duas realidades (de Bênção e Maldição) são espirituais e revelam o contraste entre a natureza do homem e a natureza de Deus.

O ser humano foi criado para dominar a natureza e não para ser dominado por ela; a maldição inverteu os papéis, quando o Homem no éden inverteu também a hierarquia da autoridade, desobedecendo a Deus e obedecendo à Serpente.


Quando olhamos para a narrativa do início de Génesis sabemos que toda a humanidade foi amaldiçoada primeiro na perda da vida eterna, quando Adão e Eva imortais foram banidos do Jardim, e logo depois no primeiro evento pós Éden com Caim e o primeiro derramamento de sangue como a representação da natureza do pecado;

O que aprendemos é que a Queda fez de nós criminosos diante de Deus.


Se a perda da vida eterna (em Adão) conduziu o pecado ao derramamento de sangue (em Abel), assim também Deus nos revela que no derramamento de sangue (de Jesus o segundo Adão) o Homem será restaurado à Vida eterna!


Ainda que o dilúvio tenha trazido um “reset” na terra, não resetou de todo a existência do pecado no coração do Homem. Esta é a preciosa lição que Deus nos dá através de Noé.

Sem Jesus o Noé dos dias actuais e sem a Cruz a nossa arca, ninguém está seguro quando a ira de Deus for despejada na Terra uma última vez.


Até ao versículo 6 (na queda ainda em vigor) vemos no cenário de uma nova Terra, que a vida e a morte são logo postos em contraste e o valor do sangue é tornado o centro da atenção;

Se formos até ao Livro de Levítico observar o ritual da expiação do pecado, lemos o seguinte: "Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma." (Levítico 17:11)


Por isso também vemos os Apóstolos já na dispensação da Graça, e não da Lei, manter ainda este princípio da abstenção da carne com sangue (Atos 15:20).


A importância do valor da vida no sangue descrito em Génesis 9, aponta para o Sangue precioso do sacrifício de Jesus futuro, pelo qual, podemos ser restaurados ao domínio sobre a Natureza conforme pretendido por Deus;


Desprezar o sangue de Jesus porém, coloca o homem num lugar de insignificância diante de uma natureza que clama pelo sangue de Jesus derramado na Terra, à semelhança do sangue de Abel!


Todo o sangue derramado será requerido por Deus de volta (Lucas 11:50,51) para que o valor da vida seja posto em evidência, de forma a que se o sangue dos profetas e dos homens justos tem este efeito, quanto mais o derramar do sangue de Jesus O Deus Homem! (Hebreus 10:29)


  • A ALIANÇA DE DEUS E O ARCO ÍRIS -vs 7 ao 17


-No versículo 17 termina o relato da Aliança de Deus que é descrita aqui não só com Noé, mas com todos os que vierem depois dele (toda a Terra);

Vimos que a Maldição revertida estava simbolizada na arca pousar no cume do Monte Ararate no dia 17 do mês de Nissan, e que esta data corresponde exactamente à ressurreição de Jesus Milénios mais tarde.

Jesus é Mediador de uma melhor Aliança que esta (Hebreus 12:24) e o Seu sangue é melhor que o de qualquer sacrifício (Hebreus 9:12-14)


O Arco íris é descrito por Deus como “o meu arco” (Gênesis 9:13) e ele passou a ser um “sinal” no céu que Deus usa para comunicar e reafirmar Sua promessa por “Gerações eternas” (Gênesis 9:12).

-Onde na Bíblia “O Arco” também aparece posto em evidência?


Em Apocalipse no relato do arrebatamento em Espírito de João ao Trono do céu, lá estava “o arco celeste” em destaque (Apocalipse 4:2,3).

O arco íris tem o espectro de 7 cores principais que reflectem a luz do sol, assim como Jesus reflecte a Luz da Glória do Pai; A Aliança do arco-íris, é uma aliança de retardar o Juízo por Graça, e Jesus é precisamente Aquele que vinha trazer a dispensação da Graça e do perdão do meio do arrependimento. Por isso vemos o arco celeste presente no trono da Glória de Deus e Jesus ser descrito como o “Cordeiro que é a Sua lâmpada” (Apocalipse 21:23) Aquele que reflecte a Luz do Pai.


Na narrativa bíblica de (Gênesis 9:13-17) o Arco é um sinal de promessa de misericórdia, e nós sabemos que a misericórdia de Deus é estendida ao mundo na Própria Pessoa de Jesus. É por Ele, que a terra não foi já dizimada inúmeras vezes desde aqueles tempos antigos.

Por isso ainda que a misericórdia esteja em efeito, a Palavra de Deus no Novo testamento, nos indica que ainda que a promessa feita pelo sinal do arco-íris, fosse de não voltar a destruir a terra com um Dilúvio, a promessa em si, não dizia que Deus não iria mais julgar o mundo pelos seus pecados, ou de novamente destruir a Terra.

Ainda que as pessoas escarneçam da promessa, da Aliança, e do Sinal no céu que Deus deixou, a palavra de Deus nos indica que esta mesma terra se “reserva para outro juízo”:


Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências, E dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.

Eles voluntariamente ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus, e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste.

Pelas quais coisas pereceu o mundo de então, coberto com as águas do dilúvio, Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios.Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.

O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para connosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.

2 Pedro 3:3-9


O Arco-íris aparece com uma mensagem de “Aviso” e de “lembrança” da ira de Deus na figura do Dilúvio; Também é um símbolo de beleza no meio da destruição, para revelar que no carácter de Deus tanto há juízo manifesto como perdão disponível.

A decadência da cultura perversa desdenha dos “avisos” que a Palavra anuncia, mas seu desdém não pode anular a realidade do segundo Juízo de fogo que está por vir.

No cenário de uma Terra devastada por tsunamis onde só havia destruição e morte Deus revela a Graça que estaria sendo derramada sobre o mundo apontando para Jesus e o perdão que estaria sendo concedido a muitos centrado na Cruz, a segunda Arca.


A mensagem do arco-íris é uma mensagem da beleza do carácter de Deus de que ainda na realidade de um mundo completamente entregue à rebelião do pecado, a infidelidade humana não anula a fidelidade de Deus (Romanos 3:3) (Lamentações 3:22,23) e de que o plano original de Deus de redimir para si “um povo especial” (Tito 2:14) continuaria inabalável.

O Arco é a Aliança do Amor de Deus em Jesus e a professa certeza de que Deus estenderia o tempo de misericórdia para a esperança de um mundo que continuará pós Juízo para todos os que O buscam (Lamentações 3:24-26).


  • O POVO JUDEU ENTRE TODOS OS POVOS -vs 18 ao 29


-No Versículo 19 lemos que dos 3 filhos de Noé (Sem, Cão e Jafé) toda a Terra foi novamente povoada.

Assim como depois da saída do Jardim, vemos o pecado a mostrar a sua face, aqui logo depois da saída da Arca, a narrativa nos mostra a natureza humana e sua decadência.

No final deste capítulo um episódio peculiar é contado, acerca de Noé e seus filhos.


A BEBEDEIRA DE NOÉ


É dito que Noé plantou uma vinha, bebeu do vinho produzido e embebedou-se. Provavelmente não ainda ciente do potencial do vinho para produzir o efeito de “bebedeira”, Noé bebe perdendo o controlo dos seus sentidos; Estando neste estado então, revela a sua nudez sem inibição e é visto naquele estado por um dos seus filhos.


Cão foi o filho que descobriu a nudez de seu pai, e em vez de proteger o pai da vergonha logo ali, foi expô-la aos seus 2 irmãos.

Esta é a razão da atitude de Noé de amaldiçoar Canaã quando fica lúcido e descobre o sucedido.


Quando lemos que “Cão é o pai de Canaã” (Gênesis 9:18) é logo introduzido na narrativa a descendência de Cão em particular e um filho específico é citado dos 4 que teve (Gênesis 10:6).

-Se Cão teve Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã como filhos, porquê que só Canaã é referido?


Noé amaldiçoa a descendência de Cão, mas abençoa a de Sem e de Jafé, tendo Sem recebido a preeminência como Líder; Isto é evidente nas expressões:

-”Bendito seja o Senhor Deus de Sem” (Gênesis 9:26)

- “Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem” (Gênesis 9:27)


Os filhos de Cão conforme descrito no capítulo 10 seguinte são: “Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã.” (Gênesis 10:6) Todos eles deram origem a nações actuais que são “malditas”, ou seja inimigas do povo de Deus à excepção de Israel no meio delas que Abraão como descendência de Sem tomou para si segundo a ordem de Deus (Gênesis 12:1).


(Cuxe é o Sudão / Etiópia actual; Mizraim o Egipto; Pute a Líbia, e Canaã é hoje a região de Israel que abrangia até ao Líbano e à Síria);


Da descendência de Cão e Canaã portanto procedem as tribos e e povos que habitavam ao redor dessa região conhecida como a “Terra prometida” que mais tarde Deus prometeu dar ao povo Judeu.

Aqui nós vemos que o amaldiçoar de Noé a Canaã estava de acordo com a vontade futura de Deus de dar aquela terra a Abraão.


Exatamente no capítulo 12, sendo este (12) o número da perfeição de Deus para as coisas eternas, O Senhor faz esta Aliança com o descendente de Sem (Abraão) e é referido que aquela terra prometida como Herança era povoada pelos “Cananeus” (Gênesis 12:6) descendentes de Canaã.

Canaã seria a 12ª geração a partir de Adão (Adão, Sete, Enos, Cainã, Malalel, Jarede, Enoque, Matusalém, Lameque, Noé, Cão e Canaã) e então é ele a origem do povo Cananeu (Gênesis 10:15-20).

É exactamente no capítulo 12 que Deus diz a Abraão para sair e ir ao encontro da Terra que Deus lhe haveria de revelar, e esta terra era a terra de Canaã (Gênesis 12:1,2)


Nesta passagem lemos que Abraão tinha 75 anos (Gênesis 12:4) quando saiu da sua terra, para ir para a terra que Deus lhe haveria de mostrar (a terra prometida); Como sabemos pelo estudo das genealogias na narrativa bíblica, Abraão nasceu no ano 1948 fazendo com que o momento aos 75 anos da Aliança de (Gênesis 12:1,2) bata no ano de 2023 do Anno Mundi que é o calendário oficial da idade da terra.


Quem sabe seja no ano de 2023 agora do nosso calendário gregoriano, que Deus nos leve a sair desta Terra também para irmos ao encontro dessa Terra prometida da qual aguardamos conforme a promessa (João 14:2,3).


É interessante vermos que as palavras de maldição de Noé contra seu filho Cão e Canaã particularmente, são altamente proféticas.

A expressão “servo dos servos seja aos seus irmãos.” (Gênesis 9:25) dirigida a Canaã é melhor entendida, quando percebemos que “Abraão” vem das gerações de Sem (Gênesis 11:10-26).


Aquele evento da bebedeira e o comportamento de Cão estavam predestinadas para levar Noé a ter aquela reacção de maldição, indo ao encontro do plano de Deus de dar aquela Terra a Abraão e à sua descendência.

Noé ainda que muito provavelmente sem ter noção disso, acabaria de profetizar que um dos descendentes de seu filho Sem (Abraão) e o grande povo que se levantaria como Nação a partir dele, iria herdar a terra dos cananeus.

A profecia de Noé, e o cumprimento da Aliança de Deus a Abraão, estão vivos e presentes na Nação de Israel para testemunho de que Deus cumpre as Suas promessas! Por isso também confiamos que brevemente entraremos nessa Terra que nos é prometida e figurada desde a Antiguidade!


Continue o estudo no próximo capítulo


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