
CAPÍTULO 8 – (22 Versículos)
O FIM DO DILÚVIO E A NOVA VIDA NA TERRA -vs 1 ao 22
-A expressão hebraica traduzida como “lembrou-se Deus de Noé” (VAYZËKOR ELOHYM ET-NOACH) implica a ideia de uma ação realizada com base num compromisso ou pacto previamente estabelecido.
Isso significa que não se trata de uma mera lembrança, pois Deus nunca se esquece de nada. Na verdade essa expressão indica a fidelidade de Deus à sua aliança; De Deus ter presente em pensamento naquele momento a finalização da Sua obra.
Sempre que a Bíblia refere que “Deus se lembrou” de alguém, vem imediatamente no seguimento alguma espécie de bênção concedida com base na fidelidade de um relacionamento com Deus (Gênesis 8:1) (Gênesis 19:29) (Gênesis 30:22) (Êxodo 2:24);
-O Dilúvio como símbolo de Juízo termina, e entra em acção um novo momento descrito;
Se formos analisar bem os 40 dias de Dilúvio, e o seu simbolismo, (Sendo o número 40 o número de preparação expectativa e mudança) nós podemos encontrar também na narrativa 3 momentos específicos;
1º momento - A construção da arca e o preenchimento da arca até a porta se fechar – A Preparação.
2º momento – Noé e sua família testemunham do Dilúvio e durante algum tempo enquanto são embalados na arca, esperam pelo seu desfecho e o que virá a seguir - A expectativa.
3º momento – Noé sai da arca para uma nova terra já purgada do pecado e de todas as abominações – A Mudança.
Lembrando que estamos no capítulo 8, o número 8 simboliza ressurreição e nova vida; 8 pessoas apenas sobreviveram ao Dilúvio segundo os desígnios e a vontade de Deus.
-É feita uma referência da data que a arca repousou em terra seca sobre os montes de Ararate; (na actual região da Arménia);
Então semelhantemente ao dia 17 de quando Noé entra na Arca, agora vemos ela repousar também no dia 17 mas do 7º mês do ano seguinte (Gênesis 8:4) que é o Mês de Abibe ou Nissan equivalente a Março/Abril;
O curioso é nós entendermos a importância do dia 17 neste contexto descritivo;
O nome do Monte Ararate, traduzido do Hebraico (Arar+at) quer dizer: Maldição revertida;
Quando Deus institui um novo calendário ao povo Judeu em (Êxodo 12:2) no âmbito da Páscoa, e da passagem do Anjo do Senhor para ferir o Egipto de morte, não o faz à toa;
Este que era o 7º mês que passa a ser o 1º mês, como uma data importante a ter em conta, e isto porque apontava para O Senhor Jesus O Cordeiro do sacrifício que Abraão havia dito a Isaque “Que Deus proveria” (Gênesis 22:8)
O Dilúvio de Noé e a Páscoa no Egipto são eventos que apontam para o mesmo plano de Deus de revelar O Senhor Jesus.
A ordem de tomar um “Cordeiro” sacrificial para usar o seu sangue como protecção contra o Juízo do Senhor, aponta directamente para a obra da Cruz.
Note-se a particularidade de tomar o cordeiro ao 10º dia e guardá-lo até ao 14º dia, para o sacrificar à tarde;
A pergunta agora seria como é que o 14º dia liga esta passagem, ao repousar da arca ao 17º dia; A resposta está nos 3 dias (Mateus 27:63) (Mateus 12:40) em que Jesus O Cordeiro de Deus sacrificado à tarde (Mateus 27:45) ficou morto e ressuscitou.
No mesmo dia, do mesmo mês, com uma diferença de milhares de Anos, Deus profetiza ao novo mundo a salvação em Jesus Cristo!
14+3 = 17, revela que a ressurreição de Jesus, assim como a arca repousar no cume do monte, simbolizam a maldição revertida, e a entrada na Graça para a nova vida.
O FIM DO DILÚVIO E A SAÍDA DA ARCA -vs 5 ao 14
-Então no 10º Mês de Tammuz no 1º dia do mês (Fins de Junho, meados de Julho) aparecem pela primeira vez os cumes dos montes à volta de onde a arca tinha repousado, como sinal de terra seca visível (Gênesis 8:5);
O Número 10 simboliza a provação humana para a Plenitude, e aqui essa plenitude é espelhada na esperança da Terra seca que é colocada aos olhos dos residentes da Arca pelos cumes dos montes tornando-se visíveis; A provação estava a chegar ao fim, e em breve a Terra seca traria um novo começo.
Isto é descrito no Versículo 5, sendo o número 5 um símbolo da Graça e do favor de Deus. Coincidência ou providência?
-No processo de análise das águas descendo, a narrativa descreve o envio de um corvo e uma pomba para a descoberta de lugar habitável. Neste tempo dos 2 pássaros irem e voltarem encontramos 3 períodos de 7 dias evidenciados no percurso particular da pomba (um animal puro, que simboliza na Bíblia a acção do Espírito Santo em contraste com um corvo um animal considerado impuro):
-1º período – (7 dias) um tempo depois de ter enviado o corvo uma pomba é enviada (Gênesis 8:8); Este tempo refere-se a 7 dias, por causa do período que se segue referir “esperou ainda outros 7 dias” (Gênesis 8:10), o que nos indica que 7 dias anteriores foram esperados entre o envio do corvo e da pomba.
-2º período – (7 dias) Estes 7 dias de espera referem-se a 7 dias depois da primeira espera de 7 dias (Gênesis 8:10) e resulta na volta da pomba com um ramo de oliveira no bico;
-3º período – (7 dias) “ainda outros 7 dias” são referidos de espera para o último envio da pomba que não retornou mais (Gênesis 8:12);
Estes períodos de 3x o número 7 ser evidenciado, aponta para o carácter activo da Trindade de Deus na obra perfeita da salvação;
Ainda que num primeiro momento o homem esteja totalmente sem esperança (a figura do corvo que vai e volta sem respostas); -vs 7
No segundo momento, vem a esperança, ainda que demore o o desfecho do cumprimento total da aliança, nós vamos recebendo evidências de que ela está em curso (a segunda pomba e o ramo de oliveira); -vs 8 ao 11
Para então no fim, chegarmos ao terceiro momento, que é a esperança comprovada, de que a morada que Jesus nos foi preparar lugar, está pronta finalmente para nos receber (a terceira pomba que encontrou o seu pouso e descansou); -vs 12
Ainda devemos lembrar a associação entre a Arca de Noé, e as águas do Baptismo como fez o Apóstolo Pedro ao falar da figura espiritual que associa os 2 eventos;
O Dilúvio também representa o Baptismo do Espírito Santo com O qual o velho homem é morto juntamente com o mundo em pecado, mas ele renasce para a novidade de vida (1 Pedro 3:20,21)
-A referência do versículo 13 ao ano 601, serve para demonstrar o tempo que Noé esteve na Arca (sensivelmente 1 ano);
O que é curioso agora de referir é que as águas da Terra voltaram ao seu devido lugar simbolizando a maldição totalmente revertida no dia 1 do 1º mês que é o mês de Tishrei (que é o 7º mês do calendário religioso Judaico);
Contudo Noé e sua família só saíram da Arca depois da ordem de Deus no versículo 16 no dia 27 do 2º mês (que é o mês de Marchesvan o 8º mês);
Note-se o seguinte:
O Dilúvio começa no 2º mês civil (Marchesvan) no dia 17 do mês (Gênesis 7:11) - Rendição à Provação
A arca pousou no 7º mês civil (Nissan) também no dia 17 do mês (Gênesis 8:4) - Fortalecimento da Esperança
No 1º dia do 10º mês civil (Tammuz) o primeiro sinal de Terra aparece (Gênesis 8:5) - Confirmação da Fidelidade
No 1º dia do 1º mês civil (Tishrei) que é 7º mês religioso, as águas voltaram ao seu devido lugar (Gênesis 8:13) – Convicção do Cumprimento
No dia 27 do 2º mês (Marchesvan) que é o 8º mês, O Senhor dá ordem de sair da Arca (Gênesis 8:14-16) – Tomada de posse do Descanso
Existe uma ordem perfeita na descrição destas datas e destes eventos simbolizada nestes dias representados por números que não são aleatórios.
-O Dilúvio foi o Juízo dos ímpios e a provação dos justos; Noé e Sua família por certo, colocados dentro de um ano numa arca com milhares de animais, rodeados de águas tempestuosas sem saber quando haveria de terminar este tempo, tiveram de se apoiar somente na Fé e confiança em Deus para superar aquele desafio;
-A arca encalhando no cume do monte Ararate, foi o primeiro sinal de esperança que aquele percurso estava prestes a chegar ao fim;
Quando um pouco mais tarde, aparecem aos seus olhos o cume dos outros montes visíveis da janela, eles puderam comprovar a fidelidade de Deus, em fazer a Sua parte;
-Quando finalmente as águas retrocedem completamente, e o mundo volta a ser habitável, a fé de Noé é fortalecida ao ver que O Senhor cumpre a Sua promessa, pois a Sua Aliança é firme e inabalável; por fim, finalizada a Sua obra, Deus dá ordem de saída da arca para que Noé e sua família pudessem descansar na plenitude de um mundo novo.
Curioso que todo este percurso começa e acaba no mesmo mês no período de um ano completo, mas há uma diferença de 10 dias notáveis; (a cronologia começa no dia 17 e acaba no dia 27 do mesmo mês no ano seguinte.)
10 dias que simbolizam a provação humana para a Plenitude; Todo o relato do Dilúvio representa isto mesmo, para que nós nos dias de Hoje, tenhamos a firme confiança de que seja qual for a nossa provação neste mundo, Deus está a fazer a Sua obra de nos levar até ao descanso dos novos céus e da nova Terra.
O que é curioso ainda é que Marchesvan o 8º mês é segundo a tradição Judaica o mês que "está reservado para o tempo de Mashiach” que inaugurará o Terceiro Templo, por isso é o único mês que não possui dias festivos ou mitsvot especiais.
Se há uma grande lição a tirar daqui, é que Deus opera tudo matematicamente, meticulosamente, minuciosamente de tal modo que podemos confiar totalmente na Sua providência. Toda a nossa provação produzirá glória, e nela pela fé, alcançaremos como Noé, a plenitude de um mundo novo.
E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.
Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.
A SAÍDA DA ARCA E A ADORAÇÃO -vs 15 ao 22
-Neste processo que envolve todo o evento da arca, nós encontramos novamente 3 momentos em que O Próprio Deus se manifesta para falar directamente a Noé:
1º momento – Deus comunica o Seu desejo de Juízo com a Humanidade e da Sua Aliança com Noé; Deus dá directrizes sobre a construção da Arca (Gênesis 6:13-21);
2º momento – Deus dá ordem a Noé de entrar na arca e levar consigo sua família e os animais designados por Deus (Gênesis 7:1);
3º momento – Deus dá ordem a Noé de sair da arca e povoar a Terra (Gênesis 8:15,16)
No espaço de 2 Anos, Deus dirige-se somente 3 vezes a Noé, mas nas 3 vezes o que a Bíblia nos ensina é que Noé, ouviu, temeu e obedeceu pela Fé (Hebreus 11:7)
Por isso é que encontramos na narrativa bíblica Noé saindo da arca e logo de seguida edificar um altar para Adorar a Deus e oferecer sacrifícios; Noé era um verdadeiro adorador (Gênesis 8:20) e por isso ele foi poupado do Juízo.
A nossa salvação visa em primeiro lugar não o nosso benefício, mas o nosso serviço!
Fomos salvos para servirmos a Deus e não para nos servirmos a nós mesmos!
A razão porque foram oferecidos animais puros logo à saída da arca (Gênesis 8:20) foi porque foram incluídos 7 pares distintos destes tipos (Gênesis 7:2) para este mesmo fim.
-Quem decidiu isto? O Senhor ordenou 7 pares com que fim?
O Próprio Deus estava a passar esta mensagem de que Noé e sua família eram poupados para a continuação da Adoração, propósito para o qual fomos TODOS criados!
Deus está a falar a cada um de nós através deste evento e deste homem Noé (a 8ª pessoa descrita em 2 Pedro 2:5), que igualmente e somente os verdadeiros adoradores nos dias actuais, que fizerem da Cruz a sua arca, e de Jesus seu caminho para o descanso é que estão livres do segundo Juízo que Deus tem preparado despejar no mundo.
O sacrifício feito por Noé, é descrito ter agradado ao Senhor, porque o seu cheiro suave ali (Gênesis 8:21) era um símbolo do futuro sacrifício de Jesus na Cruz; (Efésios 5:2) (2 Coríntios 2:15)
A promessa de Deus não voltar a “amaldiçoar” a Terra, e o monte Ararate significar “maldição revertida”, apontando para o dia 17 do mês de Nissan (Abril) que coincide exactamente com a futura Ressurreição do Senhor Jesus é de uma subtileza indescritível. (Êxodo 12:6) (2 Crônicas 30:15)
Só o Eterno Deus podia sintonizar tudo isto de uma forma perfeita!
Noé como símbolo de “Descanso de consolo” profetizado por Lameque seu pai (Gênesis 5:28,29) é uma figura do Milénio (o 7º milénio de História da humanidade) como o “Repouso do Senhor” representado no 7º dia de “Descanso” (Gênesis 2:3) (Hebreus 4:4) onde Deus repousa da Sua obra da criação do mundo em 7 dias.
Então O “mundo novo” para o qual Noé e sua família saíram, era uma figura desse repouso.
Estes 7 mil anos de História da Terra (6 mil de governo Humano +1 de Jesus a governar) são igualmente representados no êxodo do povo libertos do Egipto por Moisés (que era um arquétipo de Cristo O Libertador) para os conduzir à Terra prometida, que também era apelidada de “Repouso” (Salmos 95:8-11) do qual o escritor de Hebreus também cita (Hebreus 3:11) (Hebreus 4:3) (Hebreus 4:5);
A entrada na “Terra prometida”, é o simbolismo do cumprimento das profecias de Deus de dar ao povo Judeu os governos do mundo por meio do Rei Jesus para um “repouso Glorioso” (Isaías 11:1-10) (Isaías 65:17-23)
Por isso no contexto do Êxodo e o “repouso” da terra prometida (Canaã) é feita uma referência a Josué na carta de Hebreus (Hebreus 4:8) como exemplo da fidelidade recompensada e do repouso que ali poucos obtiveram (Números 32:11-13);
-Porque razão o nome de “Josué” é relevante neste contexto?
Josué era chamado originalmente de Oseias (Números 13:8) entretanto, o seu nome fora mudado por Moisés, em Cades; note-se: "e a Oséias, filho de Num, Moisés chamou Josué". (Números 13:16)
Oseias significa “Salvação”, todavia, seguindo a prática hebraica e semítica de mudar o nome a fim de ratificar a mudança de posição ou destino de alguém, Moisés, influenciado pelo Espírito de Deus, muda o nome do primogénito da tribo de Efraim para Josué que é Yehōshuāh. (Isto não foi ao acaso)
Então nós vemos a mão de Deus usando este nome particular para associar a um “repouso vindouro” a figura do Seu próprio Filho;
De "Oseias" (Joshua) a "Josué" (Yehoshua) e a “Jesus” (Yeshua) fica claro a razão porque Moisés opera a mudança do nome naquele momento.
Josué deu-lhes um repouso temporário, porém Jesus nos dará o descanso eterno!
Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria depois disso de outro dia. Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus.
Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas.
Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência.
Tanto em Salmos como em Hebreus, “O Repouso” está prometido aos fiéis, obedientes e sujeitos a Deus na fé verdadeira (que são os verdadeiros eleitos) no contraste de estar negado a todos os outros que são rebeldes, desobedientes e incrédulos. (Hebreus 3:17-19)
A conotação negativa de “Não entrar no repouso” é a advertência à consciência que dá o fundamento à pregação do “arrependimento” pelo Evangelho, e que distingue os eleitos dos que não são.
Os não eleitos não entraram no repouso, e quem eram eles? Eles eram também os desobedientes!
A verdade que nos compete entender é que os eleitos “crerão” em obediência; os outros continuarão rebeldes na sua injustiça. Não é que haviam obedientes que ficaram de fora porque não eram eleitos! Os eleitos creram e obedeceram, por isso entraram.
Os não eleitos, permaneceram na sua desobediência e incredulidade, por isso ficaram de fora.
-Acaso ficou alguém fora da arca, não incluído nas 8 pessoas que era justo para receber a salvação?
-Obviamente que não!
A Eleição soberana e a consciência livre recebendo a pregação do arrependimento não se opõe uma à outra, mas se completam na narrativa Bíblica.
Nem a Eleição nega a pregação do Evangelho para o arrependimento, nem a pregação de qualquer “pregoeiro” (como Noé) anula a Eleição de Deus.
Por isso o escritor de Hebreus comprova a Eleição predestinada à qual todos os que não se arrependem, não têm, dizendo: ...”não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo.” (Hebreus 4:3)
“Não entrarão” é a porta fechada da arca; a porta fechada das virgens de (Mateus 25:10)!
Noé como pregoeiro da Justiça (2 Pedro 2:5) também referido na passagem como a “8ª pessoa” reflecte esta ideia de que os que são renovados no arrependimento são contados a dedo por Deus.
Também está implícito que o título de 8º pessoa, indica que foi pela sua justiça que as outras 7 foram incluídas na arca; Noé também é um arquétipo de Cristo como Moisés foi mais tarde, e isto ensina-nos claramente que é somente por Jesus O único Justo diante de Deus, o 8º, que é a própria ressurreição e a vida, pelo qual recebemos a salvação e a preservação para não sermos consumidos quando Deus derramar a Ira do Juízo sobre o mundo!
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