top of page

Génesis -Capítulo 4

undo_arrow_left_edit_back-512.png

CAPÍTULO 4 – (26 Versículos)


  • A REPRODUÇÃO E MULTIPLICAÇÃO DO HOMEM -vs 1 ao 7


Génesis 4 tem lugar logo após a expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden por causa da desobediência à ordem estabelecida de Deus. Aqui vamos ver as consequências directas do pecado da independência do homem querer decidir por si mesmo o que é melhor para ele.

O capítulo começa com Adão e Eva tendo relações sexuais de acordo com a ordem de Deus de frutificar e multiplicar (Gênesis 1:28); Daqui nasce o primeiro Homem que não é criado directamente por Deus. Caim, é o primeiro homem a nascer em pecado.

A reprodução ordenada por Deus é agora o método pelo qual o homem pode se multiplicar.

Caim então, como primeiro homem nascido da contaminação do pecado debaixo da maldição, personifica a natureza humana corrompida;


Na maldição do Senhor a Adão e Eva, a inimizade entre a semente da mulher e a semente da serpente (Gênesis 3:15) já está simbolicamente evidente em Caim e Abel. A guerra espiritual já começou ali (a tal separação entre a luz e as trevas).


Isto aponta então para 2 elementos figurativos, sendo um, a natural inimizade do próprio Diabo contra O Senhor Jesus que é O Filho de Deus, que viria mais tarde como descendência de Eva; e a natural inimizade entre a boa semente, os eleitos de Deus, e a má semente, os escravos do Diabo;

O jugo de servidão a Satanás é a semente da serpente, introduzida no coração dos Homens.

Nos primeiros filhos de Adão e Eva, esta inimizade entre as 2 sementes é logo identificada, no simbolismo de Caim como a semente da serpente, e Abel a semente de Deus apontando para Jesus;


-Caim é o símbolo do Homem caído, maligno e perverso; Abel o segundo Filho porém, é o símbolo de um Homem justo e agradável a Deus (1 João 3:12); Por isso é feito um destaque notável entre Caim e Abel, não só de carácter mas de obra na figura das ofertas prestadas;


Nesta simbologia, Deus também passa uma mensagem sobre a realidade de Adão como primeiro Homem, e Jesus como O segundo Adão; (1 Coríntios 15:45-47).

Adão, falhou na sua missão como filho obediente; Cristo era O único que poderia cumprir plenamente a missão que Deus lhe confiou de ser obediente até à morte; Jesus ao contrário de Adão é O Filho perfeito.

Por isso, Cristo é o último Adão, ou seja, aquele que plenamente cumpriu a vontade do Pai, que foi obediente até a morte, e morte de Cruz (Filipenses 2:8)


O episódio da tentação do Diabo no deserto serve para mostrar a real diferença entre o primeiro Adão e Jesus (Mateus 4:1-11); O primeiro Adão estava rodeado de riquezas e prosperidade e não resistiu; Jesus privou-se de tudo para estar no pior estado de carência, e ainda assim permaneceu fiel a Deus;


Assim sendo, Abel como justo também morre nas mãos de um injusto apontando para Jesus e Sua morte na Cruz; Caim simboliza a humanidade em injustiça diante de Deus e Abel a justiça de Deus em Jesus; Abel figura Jesus como O JUSTO que morreu pelos injustos; (1 Pedro 3:18)


A OFERTA DISTINGUE O JUSTO DO INJUSTO


Aqui vemos a obediência de Abel na sua oferta segundo a vontade de Deus, e a desobediência de Caim, na oferta segundo a sua própria vontade.

Os versículos de (Gênesis 4:3,4) apontam para os contrastes da desobediência de Caim como Adão e da obediência de Abel como Jesus (Romanos 5:19);


Nas ofertas consagradas, fica evidente a razão porque Deus se agrada de um e não de outro; O termo “primogénitos” na descrição da oferta de Abel, e a ausência do termo “primícias” na oferta de Caim, revela que o coração de ambos era diferente;

O termo usado (MIBËKHOROT) fala de: dar a primogenitura, a preferência ou a prioridade; de escolher ou selecionar o maduro como o melhor; Tendo noção àquilo que o termo se refere fica mais fácil perceber porque a oferta de Caim não agradou a Deus.

Abel colocou Deus em primeiro lugar, dando o seu melhor, enquanto Caim, deu aquilo que ele achava suficiente para agradar; Por isso Hebreus descreve a oferta de Abel associada à (Hebreus 11:4) (A obra de coração); Caim escolheu o caminho da religião (a obra forçada);


A bíblia bem nos ensina que até no acto de ofertar, deve ser como Deus determina, e não como nós entendemos. Um bom exemplo disto está em (Deuteronômio 23:18) dizendo: “Não trarás o salário da prostituta nem preço de um sodomita à casa do Senhor teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao Senhor teu Deus.” Tanto a prostituta como o sodomita, eram pessoas que viviam na prática do pecado e sua conduta era abominável a Deus, de tal forma que mesmo que trouxessem todo o seu dinheiro como oferta, não seria aceito.

Era uma situação tão grave que era preferível quebrar um eventual voto a trazer esse tipo de contribuição. O texto de Deuteronómio nos mostra que algumas pessoas podiam tentar combinar a vida de pecado com a vida religiosa, tendo a oferta como o meio pelo qual seriam aceites.

Ainda nos dias de Hoje muitas pessoas pensam assim, que podem ser aceites por Deus em seus pecados desde que apresentem uma espécie de serviço, oferta ou adoração conforme lhes parecer bem.

Malaquias também expressa bem este tipo de oferta desprezível a Deus dada conforme a conveniência religiosa ou a avareza, e não conforme um espírito de sujeição e gratidão a Deus (Malaquias 1:8) (Malaquias 3:8,9);


No contexto judaico, um dinheiro ganho com o pecado era maldito, ou uma oferta dada de mau coração não seria aceite por Deus, pois contaminaria o santuário e os sacerdotes que dali comiam. Ananias e safira são um belo exemplo de oferta contaminada pela mentira de um coração cheio de avareza (Atos 5:1-10).

O Senhor Jesus fala sobre o tema da oferta associada ao perdão e a forma do coração estar limpo para ofertar dizendo: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.” (Mateus 5:23,24)


As ofertas devem ser dadas de Livre consciência em perfeita noção do que é que Deus ordena como legítimo para ser aceite.

A contaminação do pecado torna qualquer oferta inaceitável por Deus, por isso NINGUÉM é aceite por Deus, sem o sangue precioso de Jesus que purifica de todo o pecado (1 João 1:7)

Outro exemplo está nos despojos contaminados que Saul trouxe dos amalequitas achando que sua oferta iria agradar a Deus e não agradou (1 Samuel 15:21,22)

A contaminação com o pecado é um factor importante para entendermos bem o que é a Santidade de Deus!

Façamos uma comparação: Até para doação de sangue existem critérios. Alguns doadores são rejeitados, por maior que seja sua boa vontade. Nem adianta dizer que se vai doar 5 litros. A contaminação deve ser levada a sério.


A oferta de Caim não foi aceite porque estava contaminada por um coração rebelde e desobediente que visava determinar por si mesmo o que era bom ou não.


Note-se a reacção de Caim face ao descontentamento de Deus pela sua oferta: “E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.” (Gênesis 4:5)

O perfil do Homem perverso é exactamente o de fazer somente aquilo que ele quer, de validar-se a si mesmo, e depois esperar ser validado pelos outros.

A ira de Caim é sinónimo de profunda frustração e egoísmo. Do sentimento de egoísmo à inveja é um passo, e quando a oferta de Abel é aceite e a sua não, a inveja gera ressentimento e rancor, que leva ao ódio e por conseguinte à violência.

Aqui dá para perceber perfeitamente como o rastilho do mau carácter sempre acaba da pior maneira possível.


O interessante é a reacção de Deus à ira de Caim, quando lemos: “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” (Gênesis 4:7)

Esta afirmação de Deus de apelo à liberdade de consciência para a responsabilidade individual é dita trazendo à memória o episódio do Jardim onde Adão e Eva não fizeram o bem, tomaram a decisão errada, foram dominados pela serpente e acabaram pagando o preço terrível da maldição.


A doutrina da Liberdade de consciência é uma doutrina importante a entender para se entender também bem a doutrina da soberania de Deus e da Eleição e predestinação.

Sem um entendimento correcto, é muito fácil cair-se em graves erros doutrinários e perverter a consciência humana para a responsabilidade pessoal (sem a qual não faria sentido a pregação do arrependimento pelo Evangelho).


A LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA


Quando Deus diz: “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito (Gênesis 4:7) Ele está a colocar na consciência livre o termo de responsabilidade pelo qual cada homem terá de prestar contas a Deus: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.” (2 Coríntios 5:10)

Agora imagine-se Caim usando má doutrina para se desculpar diante de Deus:


Fazendo mau uso da soberania de Deus, Caim diria: “Mas eu só posso fazer o bem se Tu me fizeres fazer o bem”;

Fazendo mau uso da Eleição de Deus, Caim diria: “Mas eu só posso andar nas boas obras se Tu me tiveres elegido para eu andar nelas;

Fazendo mau uso da Predestinação de Deus, Caim diria: “Mas eu só fiz aquilo que tu me predestinaste para fazer;


Como é óbvio o mau entendimento destas doutrinas pode levar pessoas a sempre desculpar o comportamento individual, e a relativizar a responsabilidade humana diante de Deus que por ser soberano se torna o verdadeiro responsável por tudo aquilo que o homem faz ou deixa de fazer.

Isto é exactamente o que os ímpios fazem equivocados, quando culpam Deus por todo o mal que há no mundo.


SIM, Deus é soberano, e todos os que são salvos são eleitos por Deus para a Salvação. SIM, é a graça de Deus a razão porque os Homens são salvos; SIM, tudo o que acontece está predestinado.


De igual forma, SIM, o Homem é responsável por aquilo que faz; SIM, o homem não pode fazer nada para se salvar a si mesmo embora suas decisões livres o deixem inescusável; SIM, a decisão do Homem livre não está livre da Vontade de Deus.


Para entendermos realmente o que Deus disse a Caim sobre o “fazer o bem” para “ser aceito” temos de compreender como Deus actua soberanamente e sobrenaturalmente a Sua vontade sobre todas as coisas.


A primeira coisa a discernir é que Soberania não implica comparticipação ou responsabilidade; Soberania fala de poder dominante e não de participação permanente. Quando a Bíblia aponta para a Soberania de Deus, está a descrever que Ele domina sobre todas as coisas, tendo a decisão humana nenhum poder de implicar ou contrariar as decisões de Deus sobre o mundo, mas isto não quer dizer que tudo o que acontece é forçosamente o resultado de uma decisão voluntária de Deus.

O pecado acontece sempre debaixo da vontade de Deus, mas não é a vontade de Deus que determina a prática do pecado.


A soberania descreve e exalta a magnitude do domínio de Deus operando voluntariamente o bem, apesar da prática do mal partindo voluntariamente do coração corrompido dos Homens.

O Senhor tem estabelecido o Seu trono nos céus, e o Seu reino domina sobre tudo.” (Salmos 103:19)


Não há nada que aconteça sem Deus ter o domínio e a autoridade para intervir (como acontece com um regente soberano) mas isso não implica que Ele tem parte directa em tudo o que acontece. A verdade é que quando Deus não tem parte directa, Ele tem sempre uma parte indirecta; Deus pode indirectamente permitir o mal para directamente transformá-lo em bem usando as más decisões humanas, para produzir boas coisas. É neste sentido que Paulo diz: “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Romanos 8:28)


A Soberania de Deus como todas as outras é uma característica secundária à Santidade, Porque a Santidade é o maior atributo de Deus de onde partem todos os outros. Assim sendo, A Soberania, O Amor, a justiça, a Verdade, a misericórdia, a graça e tudo o resto que procede de Deus sempre têm a assinatura da Santidade.

Se Deus é Santo Ele NUNCA pode desejar ou ser responsável pela prática do mal. A razão porque Deus é um “Deus que se ira todos os dias” em justo Juízo (Salmos 7:11) é precisamente por causa do pecado que afronta a Sua santidade.

-Porque razão Deus sentiria ira por causa do pecado que Ele mesmo decretava para que os homens cometessem??


Deus pode ser Soberano sobre o mal que é praticado no mundo, sem ser responsável ou ter parte com o mal que é praticado!

Deus decreta as consequências para cada mal praticado pelo Homem, de forma a que o Seu plano sempre se cumpra, mas Ele não decreta que o Homem pratique o mal, de forma a que o Homem não tenha nenhuma opção senão praticá-lo debaixo da vontade de Deus para que assim seja.

O facto de Deus predestinar eventos e decretar sobre o comportamento humano directrizes que permitem a prática do mal, não quer de todo dizer que Deus activamente força o homem à prática do mal contra a sua vontade.

A predestinação do mal simplesmente garante que o mal que o pecador naturalmente faz, será feito conforme a vontade do pecador, e também conforme a vontade de Deus que o permite.


Muitas pessoas equivocadas em relação à doutrina da Soberania não entendem que as duas seguintes afirmações estão correctas:

  1. A vontade de Deus não pode ser contrariada; (Isaías 43:13) (Isaías 46:9,10) (Isaías 45:6,7)

  2. A vontade de Deus é todos os dias contrariada; (Mateus 23:37) (Isaías 65:12) (Ezequiel 18:23)


Uma afirmação fala da vontade de Deus sobrepondo-se totalmente às vontades humanas, e a outra fala da vontade de Deus permitindo parcialmente a vontade do Homem de seguir livre curso. Se por ignorância alguém apenas aceitar a primeira afirmação e negar a segunda ele está a entrar em má doutrina, e terá de aceitar a realidade que é somente a vontade de Deus que decreta a existência da malignidade, o que vai contra o carácter Santo de Deus descrito na Bíblia. (O carácter de Deus é justo e não pactua com o mal (Tiago 1:13) (1 João 1:5) (Deuteronômio 32:3,4)


Claramente a vontade de Deus não é nem pode nunca ser a prática do mal que Ele mesmo odeia e condena.


A forma como Deus intercala entre as duas realidades é soberanamente e perfeitamente operada para que Ele continue sendo soberano na Sua vontade, e que o Homem esteja sendo responsabilidade por suas decisões.

Leia-se o seguinte versículo: “O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal.” (Provérbios 16:4)


O "ímpio para o dia do mal", seguido à declaração de que "O Senhor fez todas as coisas", parece evidenciar que os pecadores foram criados especificamente para fazer o mal; contudo não é disto que se trata o versículo.

O que o versículo refere é que dentro dos pecadores condenados que amam naturalmente a prática do pecado, a quem a Eleição da Graça não abrange, e a estes somente, Deus também usa soberanamente para ainda assim conduzir a Sua vontade incontornável. Mas Deus não lhes força a mão para pecar, porque pecar é o que eles já fazem naturalmente.


Deus simplesmente conduz a mão dos ímpios de forma a que quando eles praticam o mal que lhes é natural, o exercício da Sua vontade esteja soberanamente agindo sobre ela para a concretização da Sua vontade incontornável.

(Faraó é um belo exemplo, sendo endurecido por Deus para perseguir o povo até ao mar vermelho (Êxodo 14:4-8)


Ou seja, aos condenados e perdidos (os não eleitos), Deus continua a usar, para que sua prática da maldade sirva propósitos ainda maiores que Deus decretou necessários.

Os ímpios condenados também são instrumentos nas mãos de Deus para a concretização da Sua vontade. Não há ninguém que possa através de decisões pessoais, construir realidades tanto pessoais como colectivas, que possam transcender a soberania de Deus: “Porquanto, quem tem resistido à Sua vontade? (Romanos 9:19)


Por vezes um perdido praticando o mal visa a conversão de um eleito; ou a punição de outros perdidos; ou ainda em alguns casos o mal praticado num momento é transformado em bênção terrena para muitos; E todas estas coisas fazem como diz o versículo: "Atendem aos Seus próprios desígnios";

Foi Assim que José percebeu e perdoou a traição de ser vendido pelos seus próprios irmãos tornando-se um homem de poder caindo nas graças do Faraó:

Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.

Gênesis 50:20


Incluir na Soberania a intervenção directa de Deus para a tomada de todas as decisões humanas é o começo da má doutrina e o início da heresia.

Como Deus opera a Sua vontade soberana, ainda assim concedendo Liberdade de consciência aos Homens, ninguém pode saber. É uma obra Divina!


-Caim estava predestinado matar Abel? Sim!

-Mas foi a predestinação de Deus ou a decisão de Caim que levou à morte de Abel?


Quando a Bíblia diz: “Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniquidade, nem contigo habitará o mal.” (Salmos 5:4) ela não é dúbia em duplo sentido. Verdadeiramente Deus não comparticipa com a prática do mal, portanto podemos ser objectivos em dizer que a decisão de Caim em inveja foi a causa da morte de Abel, ainda que ela estivesse predestinada por um Deus que não pode ser surpreendido pelas decisões humanas.


As palavras de Deus a Caim apontam para uma ligação individual entre cada pessoa e O Próprio Deus, onde a intervenção Divina pela Graça comum ou pela Graça salvífica evidencia um termo de responsabilidade ao Homem, enquanto alerta acerca de um juízo futuro.


Deus apela ao domínio sobre os desejos pecaminosos dizendo: “sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” (Gênesis 4:7) Se Deus nos pede domínio sobre os desejos é porque a liberdade de consciência pode receber o apelo.

Vamos distinguir agora a intervenção da Graça comum da Graça salvífica, ou da liberdade de consciência do verdadeiro Livre-arbítrio.


  • A Intervenção da Graça comum (que é dada a TODOS sem excepção) influencia e consciencializa através de um padrão moral externo forçado à carne (A Lei). Aqui o Homem pode tomar inúmeras boas decisões influenciadas pela graça comum que lhe é manifestada, mas nenhuma delas que o leve à salvação. O Homem tem liberdade de consciência abrangente para questões básicas entre o bem e o mal, (Romanos 2:14,15) (Ageu 1:5-9) (Romanos 1:19,20) mas não tem livre arbítrio para amar o bem e odiar o mal, pois é escravo da carne e está morto espiritualmente; (Romanos 7:5) (Colossenses 2:13)


Aqui nós pregamos o arrependimento dos pecados e a salvação em Cristo Jesus (Atos 17:30,31). Não podemos esperar que as pessoas se salvem a si mesmas pois sabemos não lhes ser possível fazê-lo, mas podemos ainda assim, pregar o arrependimento em coerência e condenar publicamente o pecado na consciência livre do pecador. Entregamos tudo a Deus que pode resistir aos soberbos e dar graça aos humildes (Tiago 4:6) compadecendo-se de quem quer, e endurecendo a quem quer (Romanos 9:18), e isto é totalmente e somente entre cada homem e Deus.


  • A Intervenção da Graça salvífica (que é dada a MUITOS é o resultado da vontade de Deus de salvar por meio da Eleição) opera na consciência livre do Homem um discernimento espiritual sobre a moralidade do bem e do mal. Aqui Deus grava a justiça e a Verdade no interior do pecador dando-lhe assim a possibilidade de tomar decisões para ir ao encontro da Salvação que lhe está dirigida. Aqui o Homem já pode arbitrar espiritualmente sobre o bem e o mal porque foi libertado e vivificado Pelo Espírito Santo mediante o reconhecimento da obra de Jesus na Cruz; (João 8:36) (2 Coríntios 3:17) (Efésios 2:1) (João 5:21)


Aqui nós reconhecemos que a pregação do arrependimento ouvida produziu a fé verdadeira e que Deus deu “maior graça” àquele a quem humilhou para salvar; Ainda que O Homem tenha tomado a decisão de buscar a salvação, essa decisão foi tomada pela poder de Deus que o capacitou.


Como ambos os homens tomam decisões exteriormente, apenas o interior provará com o tempo, quem foi convertido em justiça e em verdade, e quem ainda vive preso à moralidade imposta pela Lei.


Caim prossegue de Coração endurecido e isso é evidente no tom arrogante da sua resposta a Deus quando lhe pergunta sobre o paradeiro de Abel (Gênesis 4:9).


Abel o Justo morre, e Caim amaldiçoado prossegue para formar uma sociedade sem Deus, “O caminho de Caim” (Judas 1:11), que representa a Humanidade rebelde, maldita e condenada a vaguear a terra até chegar o dia do seu Juízo;


  • A MORTE COMO RESULTADO DO PECADO -vs 8 ao 16


A falta de sujeição a Deus é o início de uma descoberta descontrolada de pecados e de emoções pérfidas que nos assemelham cada vez mais à natureza do próprio Diabo.

E Caim representa isso mesmo; ego, soberba, presunção, Inveja, cobiça, raiva, rancor, ciúmes, vingança, desprezo, arrogância e violência tornam todo o homem num rebelde criminoso diante de Deus; Quem não está em sujeição, está em anarquia;

Esta é a grande lição passada aqui no relato do primeiro convívio social entre homens já debaixo da maldição e do jugo de satanás.


Note-se que desde o início do relato bíblico nós vemos um seguimento que é praticamente um resumo de todo o plano de Deus e uma lição individual para cada um de nós reter permanentemente em consciência:

A Bíblia começa com: > A Criação como a Glória de Deus partilhada > A Criação do Homem como o desejo de Deus Se relacionar > As ofertas de Bênção e Graça e a exaltação do Homem > A instituição da ordem e da hierarquia de autoridade > A desobediência e a desgraça no pecado > A rescisão das Bênçãos e o castigo do Juízo > o pecado e a morte como resultado; > a Graça somente no sacrifício do Senhor Jesus;


A Bíblia até aqui revela o plano de Deus para nós como criação Sua, a nossa postura e como nos devemos comportar diante Dele e da Sua autoridade; Fala ainda do preço a pagar pela rebeldia; demonstra o lugar de bênção, e o lugar de maldição; aponta para a realidade dura da escolha de independência, na continuidade de miséria até à morte; Esclarece ainda que existe uma forma de restaurar todas as coisas ao formato original, e que somente o sacrifício de Jesus pode cobrir os nossos pecados para nos restituir ao favor de Deus.


Não é à toa que a Bíblia diga que: “no Seu favor está a vida” (Salmos 30:5); A morte física de Abel contraste com a morte espiritual de Caim para nos mostrar que o promessa de Morte no Jardim era verdadeira, e que o relativismo da serpente era puro engano. A serpente quando nos ilude para ceder à tentação ela não tem em mente o nosso benefício pessoal, mas a nossa destruição.


Tendo em perfeita consciência que a morte paira sobre cada um de nós, convém lembrar que o desfrutar da desobediência cedo acaba, e que logo a seguir vem a punição.

Enquanto comiam do fruto, Adão e Eva estavam a saborear a sua independência, mas como qualquer pecador iludido na sua aventura rebelde, a consequência não era importante.

Todo aquele que desafia a Deus e prossegue no caminho da desobediência pode até desfrutar da viagem, mas rapidamente irá lamentar o destino.


Todos aqueles que vivem sem se preocupar com o amanhã e o prestar de contas a Deus fazendo planos amando o mundo e o que nele há devem meditar nos seguintes versículos:

Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos;

Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.

Tiago 4:13,14


E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga.

Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.

Lucas 12:19-21


De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.

Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.

Eclesiastes 12:13,14


Caim é então lançado de diante de Deus condenado a rodear o mundo como um perdido (fugitivo e vagabundo) (Gênesis 4:12) revelando o estado espiritual de todo o homem que obedece ao pecado; Se alguém quer ver como Deus lida com a rebelião presunçosa da independência dos Homens criminosos, condenados a andarem a terra como “Fugitivos” e “vagabundos” na terra, leia: (Salmos 2:1-5) (Jó 12:17-25);


  • A DESCENDÊNCIA DE CAIM E A INIQUIDADE -vs 17 ao 24


-Caim é feito fugitivo e o relato é que ele se deslocou para “o lado oriental do Éden”;


A descrição da edificação de uma cidade, serve para demonstrar que ali ele começou uma descendência como um povo; Uma comunidade que leva a uma sociedade;


Caim é o primeiro homem na Bíblia a edificar uma cidade (Gênesis 4:17) de nome “Enoque”;

A tradução do nome do Hebraico original (CHANOKH) significa: “Iniciado”, “Dedicado” ou “consagrado”;


O que fica aqui evidente é que ambos Caim e Abel se tornam símbolos de 2 reinos distintos.

Assim o mundo é dividido e separado espiritualmente em 2 cidades (os reinos do mundo e o reino dos céus).

A Cidade de Caim que é a cidade do Diabo (do mundo) e a Cidade de Abel que é a cidade de Deus (dos céus)


Caim torna-se o fundador de uma cidade no mundo, que se torna um símbolo da união em pecado, onde os homens se iniciam ou se dedicam a praticar o pecado naturalmente, consagrados ao Diabo a quem obedecem em rebelião; Da descendência de Caim, vem logo a seguir na narrativa bíblica um outro Homem perverso e Babel a cidade da rebelião.

Abel é consagrado ao Senhor, sendo ele o primeiro homem a morrer na Terra e a fundar a cidade dos céus preparada para todos os que vencem a morte, justos diante de Deus.


Como Abel é uma figura de Jesus, e Sete uma figura da Igreja, os simbolismos apontam para uma descendência espiritual através da morte, e da nova vida, para nós como o povo santo da Igreja de Deus cuja habitação é dos céus (João 14:2,3) e não deste mundo (João 17:16).


A MULHER DE CAIM E A SUA ORIGEM


A mulher que ele toma era provavelmente, uma irmã, ou prima dos outros filhos de Adão e Eva não nomeados, que se dispersam e não são descritos por não serem relevantes ao plano de Deus e à mensagem particular transmitida;


A própria expressão ”Ao cabo de dias” (Gênesis 4:3) (MIQUETS YAMYM) descreve ao fim de muitos dias; Sendo que “Quets” significa: Fim ou término; e “Yamim” fala de: dias ou anos de vida relacionados com um futuro distante; é possível então que neste período, outros filhos tenham sido gerados e dispersos segundo a ordem de Deus para a procriação e a multiplicação; Deus havia dado a ordem da Multiplicação para “encher a terra” (Gênesis 1:28) portanto não faria sentido que só tivessem tido até ali 2 filhos adultos.


Estima-se com alguma precisão pelo estudo das genealogias de que a criação do Homem ocorreu no ano de 4004 a.c do calendário gregoriano ou ano zero do Anno Mundi e que a expulsão de Adão e Eva do Jardim ocorreu no ano 3971 a.c ou no ano 33 do Anno Mundi. Isto faz com que Adão tivesse praticamente a mesma idade de 33 anos de Jesus Cristo quando morreu.

Assim sendo, a morte espiritual de Adão já apontava profeticamente para a morte física de Jesus O segundo Adão.


Logo após a expulsão, vemos em (Gênesis 4:1,2) o nascimento de Caim e Abel, o que se presume terem sido próximos um do outro, dado que Adão e Eva estavam sozinhos no mundo e a ordem era procriar.

Na narrativa entende-se que Caim e Abel já eram de idade adulta. Adão tinha 130 anos quando nasceu Sete (Gênesis 5:3); Embora não haja nenhum detalhe a afirmar que estes eram os únicos filhos de Adão e Eva ou que haviam mais filhos fora estes, a realidade é que a Mulher de Caim do lado oriental do Éden tinha de ter nascido da descendência de Adão e Eva.

Dados os 130 anos de Adão em (Gênesis 5:3), fica evidente que durante 93 anos Adão e Eva viveram fora do Jardim e procriaram conforme a ordem de Deus passada.

Este período é muito grande para o nascimento de somente 3 homens e nenhuma mulher.

Em (Gênesis 5:4,5) vemos que “filhos e filhas” foram gerados além de Caim, Abel e Sete;


Factores que nos ajudam a resolver o mistério da “Mulher” de Caim:

  • -Nem todos os descendentes de Adão são mencionados por nome; (Gênesis 5:4,5)

  • -A idade de Caim quando se casou e procriou não é mencionada; (Gênesis 4:17)

  • -Caim demonstra ter conhecimento de outras pessoas mais distantes; (Gênesis 4:14)

  • -Os 93 anos de vida de Adão não envolvem muita informação precisa; (Génesis 4 e 5)

  • -“ao cabo de dias” refere-se a um grande período de tempo sem relevância (Gênesis 4:3)


Tudo isto em consideração leva-nos a crer que é propositado que estas pessoas com quem Caim se mistura estejam envoltas em irrelevância. -Mas porquê?


Este novo povo criado da união de Caim com esta “mulher sem nome”, era uma sociedade sem Deus, descrita somente até à 6ª geração; (O número 6 na Bíblia simboliza a maldição da queda). Somente 6 gerações demonstra que Caim e suas descendências foram “desarraigados da Terra” não tendo um futuro longo.


Como Caim simboliza a Humanidade caída, a Palavra de Deus aponta para o futuro de todos os ímpios perdidos no pecado; Por isso lemos: “A face do Senhor está contra os que fazem o mal, para desarraigar da terra a memória deles.” (Salmos 34:16) E ainda: “Porque os malfeitores serão desarraigados; mas aqueles que esperam no Senhor herdarão a terra.” (Salmos 37:9)


Toda a descendência de Caim descrita nas 6 gerações também revela a humanidade e os 6 milénios de uma sociedade sem Deus em rebelião; (O 7º dia do descanso representa o 7º Milénio do repouso)


A descendência de Caim é descrita, onde é evidente na figura de Lameque, que o pecado continuava a reinar livremente entre eles, debaixo da ira de Deus permanente figurada no castigo de 70x7 (Gênesis 4:24).

Suas gerações terminam antes da 7ª geração, para que fique evidente que nenhum deles tinha entrada no repouso do Senhor e na Bênção eterna.


  • UMA NOVA DESCENDÊNCIA EM SETE -vs 25 a 26


-O nascimento de um novo filho "Sete" para substituir Abel (Gênesis 4:25) apresenta um novo caminho de esperança para a Humanidade, onde a Santidade e a sujeição a Deus contrastam com a impiedade de Caim e sua descendência.


-Ficam agora evidentes 2 caminhos separados na Terra, entre um povo que honra a Deus, e outro que o desonra. Aqui está visível a separação entre os justos e os ímpios, o caminho do serviço a Deus e o caminho da rebelião; O caminho do Crime, e o caminho da Justiça; Se Caim representa a humanidade caída, e Abel O Senhor Jesus (O Justo que morre injustamente), Sete tem um simbolismo muito profundo e profético;

Abel representa O Senhor Jesus em corpo mortal, enquanto que Sete O Jesus ressurrecto de corpo Glorificado, No qual a Igreja e Ele são feitos um só corpo para a Glória de Deus Pai (João 17:21).

A Igreja é simbolizada na descendência de Sete (em Enos) como o crescimento e expansão da Igreja (a descendência de Cristo Pelo Espírito) e vemos isto na seguinte expressão: “então se começou a invocar o nome do Senhor.” (Gênesis 4:26) (Salmos 145:18) (Atos 2:21) (Romanos 10:13) (1 Coríntios 1:2);


Continue o estudo no próximo capítulo



© 2020 - A Bíblia Sagrada - Versículos expositivos em registo de comentário - Versículos por Tema para estudo - (Requer acompanhamento da Palavra de Deus)

bottom of page