
CAPÍTULO 3 – (24 Versículos)
A SERPENTE E A TENTAÇÃO -vs 1 ao 5
A tentação da serpente é apresentada à Mulher particularmente e isto não foi uma decisão à toa; A Mulher foi o alvo preferido de Satanás intencionalmente.
-Porquê?
-1ª razão: Porque primeiro foi feito o Homem depois a Mulher (Gênesis 2:21,22) (1 Timóteo 2:13,14) e isto potencialmente foi visto como uma fraqueza por parte de Satanás;
-2ª razão: Porque o papel da mulher era ser “ajudadora idónea” (Gênesis 2:18), e satanás sabia que se a tentação viesse directamente da mulher "confiável" que o homem a aceitaria mais facilmente.
A serpente então instala a dúvida, para questionar a autoridade de Deus, introduzindo o relativismo à ordem instituída.
Contaminando a idoneidade da Mulher, a sua vulnerabilidade passa a ser a vulnerabilidade do Homem. Por esta razão a mulher depois da maldição passa a ser castigada com uma posição de sujeição, submissão e silêncio diante da autoridade do Homem (Gênesis 3:16) e por conseguinte a não ter uma voz activa no culto espiritual em igreja onde o Diabo pode novamente usá-la para perverter a Verdade e a Ordem instalada (1 Coríntios 14:34) (1 Timóteo 2:11,12).
A serpente então remove o título de Senhor, quando diz: “Foi assim que Deus disse?”
O termo SENHOR (YHVH) usado logo antes na narrativa (Gênesis 3:1), serve para evidenciar que a serpente, não fazia de Deus SENHOR, estando longe da sujeição em rebelião.
Este é o primeiro indício de perigo que Eva não soube detectar para sua própria perdição. O Pecado de Lúcifer como primeiro pecado é aquele com o qual ele mesmo tenta Eva; -A afronta de querer ser igual a Deus.
O PRIMEIRO PECADO
O primeiro pecado descrito na Bíblia não é a desobediência de Adão e Eva, mas a rebelião em regime de independência na rivalidade com a autoridade de Deus.
O sentimento pecaminoso na mente de Eva de independência e oposição à ordem de Deus, é o primeiro pecado do qual Lúcifer também sofreu quando “se achou iniquidade em si mesmo” (Ezequiel 28:15).
A desobediência é a natural consequência de um coração que já se rendeu à rebelião em primeiro lugar.
“Sereis como Deus” (Gênesis 3:5) é a ideia de benefício que a serpente coloca no coração de Eva para transgredir a ordem de Deus. O Diabo sempre promete, mas nunca cumpre!
Toda a essência da rebelião e afronta a Deus tem como base o desafiar da autoridade, e o sentimento de grandeza pessoal que cobiça o poder sobre si mesmo.
Este é o pecado de Lúcifer que continua a produzir filhos do inferno no mundo actual:
E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte.
Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.
Deus lê os desejos do coração de Lúcifer e os expõe publicamente para que vejamos a arrogância da cobiça de querer ser “igual a Deus”!
Deus afirma do alto do Seu Trono dizendo: “A quem, pois, Me fareis semelhante, para que Eu lhe seja igual? diz O Santo.” (Isaías 40:25)
NINGUÉM pode ser igual a Deus, por isso após Isaías descrever a arrogância da pretensão de Lúcifer, faz uma declaração do preço a pagar por tal afronta:
E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.
Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o homem que fazia estremecer a terra e que fazia tremer os reinos?
A bíblia é bem clara que Deus vai abater a soberba dos atrevidos começando por Lúcifer; Leia-se:
Porque o dia do Senhor dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido;
E visitarei sobre o mundo a maldade, e sobre os ímpios a sua iniquidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos.
A queda de Adão e Eva é uma valiosa lição para que saibamos que a afronta a Deus e a soberba da independência não trazem nenhum benefício mas terrível prejuízo.
A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.
O Senhor eleva os humildes, e abate os ímpios até à terra.
E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado.
Quando Lúcifer diz “se abrirão os vossos olhos” a Eva, ele está a apelar para uma falsa ideia de “iluminação” que o pecado da soberba sempre desperta.
O próprio nome "Lúcifer" em Latim (Lux fero) quer dizer literalmente "O portador da Luz" (infelizmente é uma luz falsa que conduz à perdição)
O pecado da rebelião, desobediência e afronta a Deus sempre se acompanha de uma postura super-intelectualizada de menosprezar o conhecimento de Deus como ignorância, e o de exaltar o pensamento humano como sabedoria; A Bíblia diz: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Romanos 1:22)
O princípio da sabedoria é O Temor do Senhor (Provérbios 9:10) e todos os que odeiam a sabedoria de Deus, amam a morte (Provérbios 8:36)
A TENTAÇÃO E A QUEDA -vs 6 ao 10
-Eva cede à tentação e leva Adão consigo ao pecado; A particularidade da árvore ser desejável (VËNECHËMÅD) para Eva não era tanto somente do aspecto agradável, mas de ser desejável na cobiça ou ânsia de entendimento igual a Deus;
O desejo de ter entendimento é um bom desejo a desenvolver, mas o desejo de Eva estava corrompido já na tentação pelo desejo de benefício pessoal, ao ponto de desprezar completamente a ordem instituída por Deus.
Aqui reside a verdadeira essência do pecado no coração humano, e igualmente a verdadeira influência de satanás na consciência pecaminosa. Não é à toa que O Diabo tenha usado na sua última tentação a Jesus no deserto, a promessa dos reinos e a Glória do mundo (Mateus 4:8).
Se Jesus não fosse O Próprio Deus, como qualquer homem normal, seria impossível resistir a tal tentação, mas Jesus não era somente um Homem.
Jesus é Deus e como tal não pode ser tentado e a ninguém tenta (Tiago 1:13).
Por isso o que Deus pede do Homem é totalmente oposto àquilo que O Diabo promete. Sempre haverá uma total oposição entre a influência do Espírito de Deus, e a influência de Satanás.
O QUE DEUS PEDE O QUE O DIABO SUGERE
O arrependimento dos pecados (Mateus 3:2) Permanência no pecado
Liberdade moderada (Gálatas 5:13) Liberdade desenfreada (anarquia)
Limites e regras (1 Coríntios 10:23) (João 14:15) Desafiar limites
Tristeza na miséria do pecado (Tiago 4:9) A celebração do prazer
Alegria na submissão a Deus (Salmos 2:11) Aversão à autoridade de Deus
Sujeição (1 Coríntios 15:28) Rebeldia
Luta contra a carne (Romanos 8:12,13) Rendição à carne
Negação do ego (Lucas 9:23) A auto-aceitação
Vida de simplicidade humilde (Romanos 12:16) Vida de opulência e soberba
Justiça e Santidade (Efésios 4:24) Afronta e decadência
Glória a Deus em Jesus (Romanos 16:27) Glória pessoal no mundo
Por isso o mundo Odeia a Deus e ama o Diabo e o pecado; Para o mundo em rebelião só existe a ideia de prejuízo naquilo que Deus pede de nós, e benefício equivocado nas propostas do Diabo, para que o Homem se renda à euforia até às portas do inferno.
Quando nos habituamos à imoralidade rebelde do pecado que só pede e nunca cede, a privação do supérfluo torna-se tão difícil como a falta do necessário.
As pessoas amam tanto o pecado que não se conseguem negar a si mesmas, ao ponto de não conseguirem vencer vícios, superar maus hábitos, e verem os benefícios eternos que há na Santidade. Não conseguem abdicar de nada, e são dominados por todo e qualquer desejo.
Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.
Não é tolo aquele que abre mão daquilo que não pode reter, para ganhar aquilo que não pode perder.
Esta Ideia de Benefício Pessoal que Eva viu na sugestão da Serpente é aquilo que muitos ainda vêm nos dias actuais em todas as tentações que o Diabo apresenta em contraste àquilo que Deus pede.
O acesso ao conhecimento do bem e do mal, retirou de Adão e Eva a inocência, evidenciado pela vergonha da consciência da nudez.
Aqui vemos o reconhecimento do pecado, e a vergonha associada a ele; Logo de seguida a ideia de culpa é realçada no acto de se esconderem de Deus.
O pecado sempre trará eventualmente a tristeza e a amargura no final de todas as decisões rebeldes. Durante o momento em que comiam do fruto, Eva e Adão não estavam preocupados com as consequências, tendo somente o prazer do benefício pessoal em mente, contudo, assim que o prazer terminou, veio a dor e a tristeza.
O Diabo pode prometer prazeres imediatos, mas ele não pode garantir felicidade permanente. Por isso todos os que cedem à tentação rapidamente descobrem que no fim da euforia está a frustração.
Se você vai sentir a tristeza, sinta-a no arrependimento e seja salvo para a alegria plena:
Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.
Em Jesus nós podemos resistir a qualquer tentação, em vantagem a Adão e Eva.
Através do arrependimento genuíno no reconhecimento da obra da Cruz, a conversão espiritual operada pelo Espírito Santo, dá-nos essa capacidade sobrenatural de vencer o Diabo e ultrapassar a fraqueza e vulnerabilidade da carne.
A Luta da Tentação e os benefícios espirituais eternos da Santidade que Deus pede estão expressos no seguinte versículo:
Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.
A Razão porque depois de convertidos ainda estamos submetidos às tentações, serve o propósito da Santificação, sem a qual ninguém pode ver a Deus (Hebreus 12:14).
Em Jesus somente pode haver discernimento, força, coragem, determinação, e vitória sobre o pecado:
Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.
Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.
Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.
Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.
Na serpente todos caíram, mas em Jesus muitos serão de novo levantados!
DEUS PASSEAVA NO JARDIM - A OMNIPRESENÇA DE DEUS
No versículo 8 diz que O Senhor Deus “passeava no jardim” (Gênesis 3:8); Este relato nos passa a confirmação de que Deus é de facto um Deus de relacionamento e comunhão.
Deus descendo à Terra para desfrutar da Sua própria Criação demonstra o carácter de “acompanhamento” que Deus tem para connosco.
As Escrituras nos ensinam sobre a doutrina da Omnipresença de Deus como Deus preenchendo tudo o que existe com a Sua essência, e que por ela, Ele tem acesso a tudo e a todos de tal forma que embora Deus esteja aparentemente longe, Ele está tão perto como mais ninguém está de nós; Diz o Apóstolo Paulo: “Porque Nele vivemos, e nos movemos, e existimos;” (Atos 17:28).
Enquanto muitos não têm dúvida alguma de esta doutrina ser verdadeira nas Escrituras, não sentem ela ser verdade nas suas vidas; Não crêem de facto que em todo o tempo e em todo o lugar Deus está com elas, vigiando, supervisionando e acompanhando a sua existência em todas as experiências.
A Bíblia apresentando a Omnipresença de Deus faz as seguintes declarações:
Porventura sou eu Deus de perto, diz O Senhor, e não também Deus de longe?
Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que Eu não o veja? diz O Senhor. Porventura não encho Eu os céus e a terra? diz O Senhor.
Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons.
Exaltado está O Senhor acima de todas as nações, e a Sua glória sobre os céus.
Quem é como O Senhor nosso Deus, que habita nas alturas?
O qual Se inclina, para ver o que está nos céus e na terra!
Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.
Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.
Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces.
Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão.
Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir.
Para onde me irei do Teu espírito, ou para onde fugirei da Tua face?
Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que Tu ali estás também.
Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, Até ali a Tua mão me guiará e a Tua destra me susterá.
Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim. Nem ainda as trevas me encobrem de Ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa;
A consciência da constante presença de Deus nas nossas vidas tem de impactar grandemente a nossa forma de viver e tomar decisões.
Se realmente tivermos crido que O Deus de Moisés é o mesmo Deus que nós professamos servir, então fica mais fácil entender e cumprir com aquilo que é de nós pedido.
Leiam-se as palavras de Moisés ao povo que Deus separou e a Eles se manifestou:
Vedes aqui vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor meu Deus; para que assim façais no meio da terra a qual ides a herdar.
Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida.
Pois, que nação há tão grande, que tenha deuses tão chegados como o Senhor nosso Deus, todas as vezes que o invocamos?
E que nação há tão grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje ponho perante vós?
Nós vemos que Deus tinha por hábito ao virar do dia de passear no jardim, para conviver com o Homem que havia criado.
O que se torna evidente é que a presença de Deus no jardim todos os dias mesmo assim não demoveu Adão e Eva de pecarem.
-Não sabiam eles que haveriam de prestar contas?
Há 2 coisas no comportamento de Adão e Eva que convém prestar atenção. Coisas que se o povo Judeu liberto do Egipto tivesse aprendido, não teriam perecido no deserto fruto da constante rebeldia e desobediência;
1ª LIÇÃO:
A ilusão da independência de “serem como Deus” convenceu-os de que estariam livres do domínio da autoridade Divina e isto gerou a ideia de que eles tomariam o controlo daquilo que eles podiam ou não podiam fazer.
Ainda não tinham tomado do fruto proibido e já a sua mente estava contaminada com a concupiscência no acto de se terem deixado “convencer” pela tentação.
A Queda começou na aprovação do mal, que é a concupiscência ou o desejo ilícito de fazer o que não convém e terminou na prática do mal que é o pecado (Tiago 1:14,15). Eva aprovou e depois é que provou do fruto.
A razão porque eles tomaram da árvore proibida, foi porque aprovaram a desobediência em primeiro lugar.
Esta consciência pode despertar-nos para o verdadeiro perigo atrás de qualquer tentação, e travá-la antes da concupiscência “atrair e engodar” o coração.
2ª LIÇÃO:
A cedência à tentação de ir contra a ordem, a justiça ou a Verdade de Deus cega temporariamente para a ideia da consequência do que vem depois.
Adão e Eva só tinham olhos para o benefício de “serem como Deus”, mas não para o prejuízo da morte que estava no aviso prévio estabelecido.
Toda a tentação quando relativizada cria uma cegueira espiritual para as consequências directas do nosso comportamento.
Quem se rende à tentação perde o bom senso, o temor, a prudência e o domínio próprio.
Porventura tomará alguém fogo no seu seio, sem que suas vestes se queimem? Ou andará alguém sobre brasas, sem que se queimem os seus pés?
O JUÍZO DE DEUS SOBRE O PECADO -vs 11 ao 20
-A Bíblia coloca a autoridade de Deus e a autoridade da serpente em confronto, para que seja notório qual é aquela a que devemos obedecer.
Deus amaldiçoa a Terra, o Homem, e retira o acesso ao Jardim para que fique óbvio que rebelião contra Deus só resulta em perda, prejuízo e maldição.
O que é curioso do ponto de vista comportamental é a reacção de Adão e Eva à acusação de Deus. Quando Deus diz a Adão: “Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?” (Gênesis 3:11) a resposta imediata de Adão foi de desviar a atenção da sua própria culpa, e apontá-la para Eva dizendo: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi.” (Gênesis 3:12)
O mais interessante é percebermos que ele podia ter dito apenas que comeu e pedir perdão por isso, mas não o fez.
A natureza do pecado corrompendo o pensamento humano já havia começado; Adão não só deflecte a sua responsabilidade pessoal para Eva, como atribui a Deus uma partilha na culpa que é dele, dizendo “A mulher que TU me deste”.
Quase dá para se ouvir o tom de acusação na voz de Adão recusando a acusação de Deus. Isto é exactamente o que todo o homem pecador faz, quando é acusado no seu pecado; desviar a atenção da própria culpa e buscar formas de acusar o acusador.
Entende-se também um tom de indignação nas palavras de Adão ao referir a mulher, porque esta era suposto ser uma “ajudadora idónea” ou seja confiável e irrepreensível (o que ela obviamente não foi). Se Eva não foi a ajudadora que devia ter sido, Adão também não foi o Líder que devia ser.
De igual forma, Eva recebendo a acusação, assume a mesma postura de Adão, e deflecte a sua culpa para a serpente: “A serpente me enganou, e eu comi.” (Gênesis 3:13)
Assumir a culpa e pedir perdão é a única postura que agrada a Deus; Quem defende a sua própria culpa está a tentar absolver-se a si mesmo e a recusar a legitimidade da acusação de Deus.
Só quem reconhece e assume o seu pecado, se pode verdadeiramente arrepender dele e ser perdoado.
Por isso a Bíblia nos ensina: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” (Provérbios 28:13)
Tiago diz: “Confessai as vossas culpas uns aos outros” (Tiago 5:16); Não diz: "Lancem as vossas culpas para cima dos outros";
O Rei David nos dá um belo exemplo de como Deus reage à culpa encoberta e a culpa confessada: “Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia.Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. (Selá.) Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. (Selá.) (Salmos 32:3-5).
Muitas pessoas sofrem do mesmo problema de Adão e Eva, na dificuldade que têm em serem honestos em relação aos seus próprios pecados. As desculpas e o papel de vítima, no hábito de atribuir a culpa aos outros sempre acaba em culpar a Deus como se Ele por ser soberano, fosse o verdadeiro responsável.
Quem não entende que o pecado que comete é só seu e pelo qual tem de responder pessoalmente, está a pedir de Deus a maldição.
A Bíblia é clara: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.” (1 João 1:8-10)
A maldição que caiu sobre o Homem a Mulher e a serpente fazem parte do Juízo de Deus que está sempre intimamente ligado ao pecado.
O pecado pede Juízo e condenação, enquanto a maldição dura, e só Jesus pode reverter a maldição e tirar o Homem da condenação (Romanos 8:1)
A Maldição caindo sobre os 3, prova que a culpa do pecado cai sempre sobre todos os que pecam. Muitos ainda crêem ser inocentes diante de Deus e que a culpa dos seus pecados é toda do Diabo, mas se assim fosse, só ele tinha sido amaldiçoado.
Deus evidencia uma natural inimizade a partir dali em diante, entre a Mulher e Satanás, como um vínculo que permanecerá de forma a castigar a mulher a uma maior sujeição debaixo do jugo do pecado porque ela foi a primeira a cair na tentação; O grande crime de Eva como “ajudadora” e “mãe de todos os viventes” (Gênesis 3:20) que Deus quer deixar claro foi a falta de sujeição pela qual todos os viventes agora são feitos naturalmente pecadores rebeldes;
Eva abriu o precedente da rebeldia pela falta de sujeição a Adão e a Deus; Isto é o que acontece quando alguém não sabe o seu devido lugar, e de uma forma presunçosa cobiça o poder e a autoridade que não lhe pertence.
Que isto sempre seja exemplo para todos nós, Homens e mulheres de Deus, a quem a sujeição é Ordem.
A dependência na sujeição obediente então é a postura correcta diante de Deus que leva o homem maldito de volta à bênção e para longe do pecado; (Tiago 4:7); Na independência, desobediência e rebeldia, há apenas maldição (Judas 1:12,13).
Do versículo 14 ao versículo 19 entra a Maldição que Deus dirige à serpente, a Eva e a Adão, contudo, existe aqui muito subtilmente inserida também a resposta à saída da maldição.
A SEMENTE DA SERPENTE E A SEMENTE DA MULHER
No versículo 15 a inimizade entre a mulher e a serpente, é passada também para a semente de cada uma. -O que está aqui a ser dito exactamente?
A semente da serpente refere-se ao pecado inserido na Mulher pela serpente (uma semente espiritual), que agora irá passar para os seus filhos, e por estes para toda a Humanidade. É a contaminação do pecado quando a semente de Adão passar pela mulher hereditariamente.
Isto é exactamente o que disse o apóstolo Paulo nas seguintes palavras: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” (Romanos 5:12)
A semente da Mulher referida é onde está escondida a Graça de Deus como contra-resposta ao pecado e à morte.
O termo “semente” (ZARËAKHA) na Bíblia nunca está associada à mulher, mas ao Homem, excepto aqui nesta passagem.
A raíz primitiva do termo hebraico usado (ZERA) pode referir-se a: semente como um grão de plantação, mas igualmente como sémen ou esperma; ou ainda referente a um Filho ou descendência;
Quando a semente é associada à Mulher portanto, é uma profecia sobre o nascimento de Jesus, cuja semente não vinha de nenhum Homem, mas de uma concepção virginal operada pelo Espírito Santo. Literalmente está a falar do nascimento de Jesus, O inimigo mortal da serpente. Por isso a semente está associada à mulher excepcionalmente.
Uma mulher naturalmente só pode engravidar através da semente (o sémen) de um Homem, mas a semente de Eva aqui, apontava para Jesus nascendo sobrenaturalmente sem a semente do Homem ser necessária.
Jesus mediante a obra da Cruz reverteu a maldição de Génesis, e nos deu a vitória contra a morte e satanás. O “ferir o calcanhar” fala das inúmeras tentativas de satanás de impedir Jesus de ir à Cruz, até à traição de Judas (Lucas 22:48).
Por outro lado o “ferir a cabeça” da serpente fala da vitória da Cruz, e da criação da Igreja com os quais Jesus triunfa no fim apesar dos esforços inúteis da serpente de impedir esta grandiosa Obra de se cumprir. (Mateus 16:18) (1 Coríntios 15:55-57)
O profecia de ferir já se cumpriu, agora só falta cumprir-se a de a esmagar completamente: “E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés” (Romanos 16:20)
DA IMORTALIDADE À MORTE -vs 21 ao 24
-Deus termina o acesso de Adão e Eva ao Jardim, e à árvore da vida pela qual, eles eram imortais; O pecado pede juízo, e a expulsão e o abandono de Deus é a inevitável consequência.
A Bênção debaixo da dependência de Deus era a vida eterna, mas uma vez longe de Deus e da árvore da vida, o Homem torna-se mortal caminhando em direcção à consequência que Deus alertou ser o resultado da desobediência dizendo: “Certamente morrerás” (Gênesis 2:17).
A Escritura deixa claro que ninguém pode rejeitar a Deus, mas continuar a usufruir dos benefícios eternos que há Nele. Por isso a “árvore da vida” foi tornada interdita (Gênesis 3:22).
Antes de os expulsar do Jardim, Deus derrama sangue, tirando a vida de animais, para cobrir Adão e Eva de peles (Gênesis 3:21); A morte dos inocentes para cobrir o pecado dos culpados aponta para a Doutrina da Substituição, em que Jesus O Justo, morre pelos injustos (1 Pedro 3:18) (Hebreus 7:22-28)
Assim, fica evidente que o pecado gera morte, e que só o sangue derramado pode cobrir o pecado e aplacar a ira de Deus, revelando assim a obra futura do Seu Filho Jesus “O Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:8);
A morte de Jesus só ocorreria historicamente milénios depois, contudo a Palavra de Deus afirma que ela está operada desde estes tempos de Génesis quando o mundo foi fundado.
Isto revela que ainda antes do pecado surgir no início da fundação do mundo, o Sangue precioso e inocente de Jesus já estava determinado ser a redenção.
-A “Espada inflamada” que é descrita em redor do Jardim, demonstra o exercício da resistência de Deus face ao pecador; o termo “Inflamado” (LAHAT) aponta para ira e furor consumidor (Joel 2:3) (Isaías 30:27).
Muitas pessoas com a ideia errada que Deus é um Deus que somente perdoa, acabam por esquecer que a Bíblia também diz que Deus é um Deus de vingança contra o culpado diante Dele (Naum 1:2,3)
Lançados fora do Jardim, os imortais conheceram a morte, e também o terrível preço na deturpação da verdade com a qual a serpente afirmava: “Certamente não morrereis” (Gênesis 3:4)
Uma boa lição a reter, é que, tudo aquilo que a serpente assegura certamente acontecer, devemos esperar precisamente o oposto.
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