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Génesis -Capítulo 27

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CAPÍTULO 27 – (46 Versículos)


  • A ELEIÇÃO DE JACÓ NA BÊNÇÃO DE ESAÚ -vs 1 a 29

  • ESAÚ E A PERDA DA BÊNÇÃO -vs 30 a 40

  • O ÓDIO DE ESAÚ POR JACÓ – vs 41 a 46


Isaque já próximo do fim dos seus dias, seu lugar na narrativa como protagonista irá passar para para Jacó, no centro do plano de Deus.


A “velhice” de Isaque (Gênesis 27:1) (agora aos 123 anos de idade, 1 ano depois da morte de seu irmão Ismael - Gênesis 25:17) demonstra uma passagem de tempo considerável em relação aos capítulos anteriores; Isaque foi pai de seus filhos Jacó e Esaú aos 60 anos de idade no capítulo 25 (Gênesis 25:26)


O tempo de peregrinação entre Gerar (Gênesis 26:3-6) e Berseba (Gênesis 26:23) foi o necessário para que Isaque envelhecesse e sua relevância na história narrada desse lugar a outro momento, agora centrado no seu filho; Curiosamente e ainda que pareça que Isaque está no fim dos seus dias, ele ainda viveu até aos 180 anos de Idade (Gênesis 35:28,29)


A História de Abraão, Isaque e Jacó, sendo repetida em sequência com tantos simbolismos semelhantes não é à toa.

Aqui neste capítulo, por causa do estado avançado de idade de Isaque, na suposta iminência da sua morte, era necessário passar a autoridade para o seu sucessor, o filho primogénito, que aqui seria Esaú (Gênesis 25:25) (Gênesis 27:2-4).

A narrativa então agora passa a colocar Jacó e Esaú em destaque debaixo da decisão de Isaque de passar a Bênção (Gênesis 27:4).

Por causa disto vemos nos versículos 5 a 10 uma intervenção desesperada de Rebeca para desviar a Bênção de Esaú para Jacó.


Podemos considerar esta atitude como mau carácter da parte de Rebeca e de Jacó, contudo se voltarmos 2 capítulos atrás vemos que O Próprio Senhor determina a Rebeca que haveria uma inversão da Bênção, onde O maior serviria ao menor (Esaú serviria a Jacó) (Gênesis 25:23).


Outra informação pertinente do capítulo 25 para considerar no contexto é o relato de que: “amava Isaque a Esaú, porque a caça era de seu gosto, mas Rebeca amava a Jacó.” (Gênesis 25:28)

Quando o capítulo 27 começa a demonstrar a intenção de Isaque de abençoar Esaú vemos que existem 2 factores em conta:

-A primogenitura cultural, porque Esaú era o primeiro filho;

-Também havia uma preferência especial de Isaque por Esaú.


Deus porém tinha determinado a bênção a Jacó e não a Esaú (Gênesis 25:23), assim como anteriormente tinha determinado a Isaque e não a Ismael (Gênesis 17:19)


Contudo Isaqueestava cego” espiritualmente para ver os desígnios de Deus conduzindo a história. A cegueira de vista de Isaque é descrita assim: “os seus olhos se escureceram, de maneira que não podia ver” (Gênesis 27:1).

Este simbolismo aponta para a mão de Deus agindo de acordo com a cegueira espiritual de Isaque indo contrariamente à vontade de Deus.

Havia 2 cegueiras aqui descritas em Isaque, uma de origem física, e outra de origem espiritual.


Porque Deus tirou a visão de Isaque foi mais fácil sua mulher e filho o enganarem. Muitas vezes é assim que Deus nos castiga entregando-nos vulneráveis nas mãos dos outros para que aprendamos que a vontade de Deus é para ser honrada e cumprida.


Quando lemos que ao descobrir que Jacó tinha tomado a Bênção de Esaú: “estremeceu Isaque de um estremecimento muito grande” (Gênesis 27:33), é no sentido de demonstrar o que acontece aos homens quando eles percebem que a vontade de Deus reina sobre a sua.


Deus diz com toda a autoridade: “Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.” (Isaías 55:11)


A ELEIÇÃO EM JACÓ


Há uma correlação nos paralelos entre Abraão e Sara em relação a Ismael e Isaque e agora com Isaque e Rebeca em relação a Jacó e Esaú.


Abraão tinha preferência por Ismael e Sara por Isaque; Agora novamente vemos Isaque ter preferência por Esaú, e Rebeca por Jacó.

Em ambas as situações, os Homens estão equivocados, e as mulheres certas o que é curioso;


-Porque razão isto se torna evidente na narrativa?


Os Homens culturalmente falando sempre dão preferência aos filhos “mais fortes ou hábeis” e as mulheres à “sensibilidade ou fragilidade” por seu instinto protector.


Deus queria evidenciar, que Ele vai buscar os mais fracos, ou os menos capazes, para Neles demonstrar melhor o Seu poder. Deus determina a provação para expor a fraqueza, de forma a que seja Ele a providenciar a força.

Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos!


Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.

Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados.

Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;

E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele.

1 Coríntios 1:25-29


Deus disse a Paulo que: “A minha graça te basta porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12:9); Porque toda a Glória de Deus é realçada no poder transformador, no suprimento e direcção que a Graça concede.


Não é à toa que no contexto da Graça na salvação, Paulo aponta para a Glória indevida dos Homens em contraste com a Glória de Deus: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” (Efésios 2:8,9).


O Homem não tem nada em que se gloriar, porque todo o seu mérito e capacidades louváveis, vêm por intermédio do poder de Deus na graça concedida.

Notem-se alguns bons exemplos: (Juízes 6:14-16) (Êxodo 31:1-6) (Êxodo 4:10-16) (Efésios 2:10)


Jacó, assim como Isaque foram escolhidos por Deus ao contrário da expectativa comum, para este mesmo fim - o de revelar a Eleição de Deus.

Esta ideia de Deus escolher o menos apelativo segundo os padrões humanos, leva-nos a contemplar a Eleição de Deus a Israel como Nação de entre os povos: “O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos;” (Deuteronômio 7:7)


David foi semelhantemente escolhido por Deus de entre irmãos aparentemente mais robustos e fortes, para que fique evidente que Deus não escolhe como escolhem os homens (1 Samuel 16:7) (Mateus 22:16) (1 Coríntios 1:27,28) (Tiago 2:5).


Assim quando no versículo 10 Rebeca induz Jacó a roubar a bênção de Esaú, ela está a fazê-lo segundo o plano de Deus que lhe havia sido revelado (Gênesis 25:23).

FOI DEUS que determinou colocar Jacó à frente de Esaú, e FOI DEUS que comunicou a Rebeca a profecia de Jacó receber a bênção sobre Esaú; contudo, é importante referir que NÃO FOI DEUS que motivou Rebeca a agir com engano (esta foi uma decisão sua, ainda que fosse ao encontro do que Deus havia determinado).


Deus não tenta ninguém, nem tem parte nenhuma com o pecado ou com a prática do mal (1 João 1:5) (Salmos 5:4) (Tiago 1:13).


A razão talvez porque Jacó rouba a bênção enganando o seu pai, é porque ele tinha comprado o direito de primogenitura de seu irmão legitimamente (Gênesis 25:31-33).

Se a primogenitura tinha passado para ele, assim a bênção também.

Na verdade quem estava a errar ali era Isaque dando a bênção ao filho que a tinha desprezado levianamente.


Uma coisa que fica evidente é que a Eleição de Deus embora seja segundo o conselho da Sua vontade, não tendo o comportamento humano como base justificativa, o que vemos é que o comportamento humano está de acordo com a Eleição de Deus.

Nunca vemos na bíblia nenhum caso de pessoas agindo perfeitamente ou justamente, segundo temor, obediência e sujeição a Deus a serem desprezadas por Ele.


Muito pelo contrário lemos David dizer: “a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” (Salmos 51:17)


Sempre que a Eleição de Deus é posta em evidência na forma como Deus escolhe, vemos que ninguém a merecia.


Desta forma a Eleição para a salvação é sempre graça sendo concedida, e a condenação é sempre o pagamento devido.


Quando Paulo cita em (Romanos 9:13) a passagem profética de Malaquias que diz: “Não era Esaú irmão de Jacó? disse O Senhor; todavia amei a Jacó,” (Malaquias 1:2), ele estava a demonstrar que Deus pode se compadecer ou não, segundo o conselho da Sua vontade, mas que não depende do homem em si.

Tanto Jacó como Esaú demonstram aqui traços de carácter duvidoso no seu comportamento para evidenciar esta mesma verdade.


Esaú demonstra o seu carácter, desprezando a sua primogenitura diante de uma refeição como se ela nada valesse (Gênesis 25:29-34).

Ainda que Jacó tenha recorrido a métodos de desonestidade aproveitando-se da fome do irmão para lhe tomar o direito de primogenitura (Gênesis 25:30-33), e enganando o Pai para lhe roubar a bênção (Gênesis 27:6-19), sua bênção estava determinada por aquilo que Deus é, e não por aquilo que Jacó se revelava ser.

Disto fala Paulo dizendo: “Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.” (Romanos 9:16)


Por isso nesta mesma passagem e contexto, Paulo refere Jacó e Esaú fazendo uma exposição firme sobre o tema da Eleição particular não se baseando em qualquer factor humano, mas unicamente no beneplácito da Sua vontade soberana inquestionável (Romanos 9:10-16) (Efésios 1:11) (Isaías 65:9).


O acto de Esaú desprezar a sua primogenitura de forma tão casual, também nos revela que Esaú mereceu o desprezo de Deus; Ao desprezar aquele direito de honra por uma mera refeição, ele também desprezou as promessas de Deus e os costumes que lhes estavam associados.


Tocando no carácter de Esaú, o escritor de Hebreus diz: “E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou.” (Hebreus 12:16,17)


Leia-se: “E disse Esaú a seu pai: Tens uma só bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a sua voz, e chorou.” (Gênesis 27:38)


A bênção que ele reivindicava era para o primogénito, que não era mais ele.


Jacó recebe a bênção de Isaque, e isto é importante para que fique evidente que Jacó por Isaque é o verdadeiro sucessor de Abraão. Ele é escolhido por isso, do mesmo modo que seu pai, tomando a Bênção em lugar do primogénito.


E isto porque Jacó vai fundar a Nação de Israel de onde virá O Messias, Primogénito de Deus (Colossenses 1:15) "O Eleito" (Isaías 42:1) por quem nós também vamos receber a Bênção; Por isso o escritor de Hebreus se refere a nós como fazendo parte da “Igreja dos primogénitos” (Hebreus 12:23).


Assim sendo, é muito importante provar a legitimidade de Jacó à semelhança de Isaque que era o “Filho da Promessa” debaixo da Aliança feita a Abraão (Romanos 9:8);


O facto de Deus amar um e odiar outro deliberadamente (Romanos 9:13) confunde muitas pessoas que não têm um verdadeiro entendimento do carácter Santo de Deus.


Deus “amou a Jacó” porque era Nele, que Jesus estava evidenciado na promessa feita a Abraão; Deus não odiou deliberadamente Esaú, só porque lhe apeteceu;

Este ódio, estava a demonstrar o desprezo de Deus por qualquer outro caminho que Ele não centrou na pessoa do Seu Filho; E também convém referir que a própria expressão vem ao encontro do ódio de Esaú por Jacó (Gênesis 27:41); Todo aquele que odeia aquele a que Deus ama, tem Deus por seu inimigo;


Quando Deus diz a Isaque que Abraão “guardou os estatutos, preceitos e Leis de Deus” (Gênesis 26:5), faz uma declaração sobre uma realidade legislativa, moral e judicial futura, alusiva ao tempo posterior a Moisés, aquele que recebeu as Leis directamente de Deus para os Homens; É uma declaração anacrónica, apontando para um “outro tempo”; Isto para que agora Isaque tenha a mesma postura de obediência e sujeição ao plano de Deus e Jacó depois de si, debaixo da Aliança eterna que com eles é feita.


Vemos que recebendo a mesma bênção de Abraão e Isaque (Gênesis 28:13-15) Jacó entra no mesmo compromisso de obediência e sujeição a Deus (Gênesis 28:20-22).


Tanto Abraão, como Isaac, e Jacó, são homens escolhidos para no futuro da Sua descendência vir O Senhor Jesus o cumprimento final da promessa, e uma melhor Aliança; acerca de Jesus neste contexto diz a carta aos Hebreus: “Mas agora alcançou Ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas.” (Hebreus 8:6)


AS 2 BÊNÇÃOS DE ISAQUE


Jacó portanto recebe a Bênção da Liderança (Gênesis 27:26-29) que era destinada a Esaú por tradição. Esta bênção é determinada porém, por Decreto de Deus contra o esperado pelos homens.


Esaú recebe a Bênção da sujeição (Gênesis 27:39,40) que era a única bênção restante que Isaque podia dar naquelas circunstâncias.


Logo de seguida no versículo 41 lemos que: “Esaú odiou a Jacó por causa daquela bênção, com que seu pai o tinha abençoado” (Gênesis 27:41).


Este ódio de vingança e despeito, pelo qual Esaú desejava agora a morte do seu irmão, dizendo: “Chegar-se-ão os dias de luto de meu pai; e matarei a Jacó meu irmão.” é a origem da afirmação de Deus de “amar a Jacó e odiar a Esaú (Malaquias 1:2) (Romanos 9:13).

Este ódio é muito semelhante ao ódio de Caim por Abel, quando este cobiçou a relevância que Deus colocou na oferta de seu irmão, desprezando a sua (Gênesis 4:4-6).


Esaú não tinha o direito de se indignar por não receber a bênção visto que tão levianamente tinha desprezado sua primogenitura anteriormente (Gênesis 25:31-33); da mesma forma que Caim não tinha por se indignar, conforme lemos nas palavras do Senhor a Ele (Gênesis 4:7); desta forma, o ódio de Esaú era um ódio injusto, e a suposta injustiça de Jacó era justificada.

Esta aparente inversão de juízo de valores aqui aponta para a forma equivocada como muitos olham para a eleição de Deus, e o mérito humano.


O SENHOR deixou bem claro a Caim: “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito?” (Gênesis 4:7)


Aqueles que odeiam a sujeição, não reconhecem os seus erros e se indignam com a justiça de Deus como se ela fosse injustiça são aqueles que DEUS ODEIA.


Esaú odiou “aquela bênção” de seu pai, porque era uma bênção de sujeição como lemos: “pela tua espada viverás, e ao teu irmão servirás" (Gênesis 27:40)


A indignação de Esaú e o senso de injustiça que ele sentiu face à Eleição de Deus em Jacó está bem demonstrada nas palavras de Paulo:


Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma.

Romanos 9:14


Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à Sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?

Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?

Romanos 9:19-21


A justiça de Deus reina sobre a injustiça dos homens de tal forma que ninguém pode julgar aquilo que Deus faz como se tendo maiores ou melhores juízos de valor sobre o que é determinado soberanamente por Ele.


A IDA DE JACÓ PARA HARÃ NA CRONOLOGIA BÍBLICA


A partir do versículo 42 ao 46 vemos Rebeca intervir, tendo conhecimento do desejo de Esaú de vingar-se de Jacó; sua estratégia é de enviar Jacó para Harã, onde Labão seu irmão habita.

Quando lemos: “E mora com ele alguns dias, até que passe o furor de teu irmão;” (Gênesis 27:44), entende-se ser um período incerto de dias até que a ira de Esaú passe, e com ela o desejo de vingança.

O termo “alguns dias” (YÅMYM ACHÅDYM) fala de um número incerto, referindo-se a um período indefinido de um dia depois do outro, até que se decida o contrário;

Analisando ao detalhe a cronologia bíblica para determinar tempos e idades, é possível rastrear certos eventos a determinadas datas, de forma a entender na narrativa de alguns capítulos o tempo entre momentos descritos.


É possível determinar com base em várias referências temporais na Bíblia que Jacó recebeu a bênção de Isaque no mesmo ano que Ismael seu tio morre no anno Mundi de 2171, equivalente ao ano gregoriano de 1833 a.c (Gênesis 25:17).


A morte de seu irmão muito provavelmente foi uma das razões porque Isaque sente que sua morte pode também estar próxima (Gênesis 27:2), apressando a bênção da sucessão.


No momento da Bênção concedida, Jacó e Esaú têm 63 anos e Isaque 123 anos de idade (Gênesis 25:26).


Entre o versículo 41 e o 43 existe um período de tempo que não é bastante claro na narrativa, mas num estudo cronológico detalhado se torna evidente.


O tempo de “ódio” de Esaú, durou vários anos, até que Rebeca se apercebesse do desejo de vingança pelo qual ele pretendia tirar a vida a Jacó (Gênesis 27:41).

Na narrativa parecem momentos seguidos um ao outro, contudo, Jacó só partiu para Harã no anno Mundi 2185 (Gênesis 28:5) 14 anos depois, quando Rebeca orienta Isaque a enviá-lo à procura de esposa para aqueles lados (Gênesis 28:1,2).


-Como podemos chegar a estas datas?


Jacó nasceu no Anno Mundi 2108 quando seu pai Isaque tinha 60 anos (Gênesis 25:26) e faleceu no Anno Mundi 2255 aos 147 anos de idade: (Gênesis 47:28) (2108 + 147 = 2255).


Quando lemos: “Jacó viveu na terra do Egito dezassete anos, de sorte que os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento e quarenta e sete anos” (Gênesis 47:28) encontramos 2 valores temporais a considerar.


Basta subtrair estes 17 anos do ano da sua morte para determinarmos quando Jacó se encontrou com seu filho José, sendo ele já governador do Egito; Isto então no Anno Mundi 2238, resultado de (2255-17).


Sabemos que Jacó e seus filhos se mudaram para o Egito no mesmo ano em que José se revelou a seus irmãos e sabemos que quando isto aconteceu, José mencionou que já haviam se passado dois anos de fome e que mais cinco anos ainda restavam dos 7 anos (Gênesis 45:6) segundo a visão profética do sonho do rei (Gênesis 41:25-30).


Deduzimos então com clareza que o início do período de fome se iniciou no Anno Mundi 2236, (2238 -2) e ainda que 7 anos antes disto, no Anno Mundi 2229, (2236 -7) iniciou-se o período de 7 anos de fartura.

José portanto foi nomeado governador do Egito nesta ocasião (Gênesis 41:39-46) no Anno Mundi de 2229.


Se José neste momento tinha 30 anos de idade conforme se lê: “E José era da idade de trinta anos quando se apresentou a Faraó, rei do Egito” (Gênesis 41:46), então ele nasceu no Anno Mundi 2199, resultado de (2229 – 30).


Quando José nasceu (Gênesis 30:25), e Jacó decide deixar a casa de Labão às escondidas, ao encontrar-se com ele a caminho, diz: “Tenho estado agora vinte anos na tua casa; catorze anos te servi por tuas duas filhas, e seis anos por teu rebanho; mas o meu salário tens mudado dez vezes.” (Gênesis 31:41).


Vemos então que o tempo da multiplicação do rebanho (Gênesis 30:30-34) após os 14 anos de serviço pelas filhas (Gênesis 29:18-28) foi de mais 6 anos. (14+6 = 20)


Cumprindo o tempo de pagamento do dote de 7 anos por Lia + 7 anos por Raquel, e havendo nascido José, o relato nos conta que Jacó decide voltar à sua terra (Gênesis 30:25), contudo ainda permaneceu em Harã mais 6 anos cuidando do rebanho.


Todavia, basta subtrair 14 anos da data de nascimento de José no Anno Mundi 2199, que determinamos a saída e chegada de Jacó a Padã-Arã, aos 77 anos de idade no Anno Mundi 2185 (2199 – 14) quando Isaque tinha 137 anos.


Este tempo entre a Bênção e a partida para Harã, é considerado um tempo de exílio ou martírio para Jacó, e embora a bíblia não nos indique o que se passou aqui em detalhe, o livro apócrifo de Jasher, no capítulo 29 afirma que após receber a bênção, Jacó, para fugir à ira de Esaú busca refúgio temporário na casa de Éber, pai de Pelegue, onde permaneceu por 14 anos (Jasher 29:20).


Também o Talmude Babilónico e a Seder Olam Rabbah apresentam esta informação de acordo com os tempos descritos na cronologia bíblica.


Como Éber nasceu no Anno Mundi 1723 e viveu 464 anos (Gênesis 11:18,19) ainda estava vivo nesta altura, o que torna esta possibilidade aceitável.


No final do capítulo no versículo 46, vemos um desabafo de Rebeca a Isaque sobre as filhas de Hete, as mulheres que Esaú tinha tomado para si: “Enfadada estou da minha vida, por causa das filhas de Hete” (Gênesis 27:46).


O carácter de Esaú era evidente até na escolha das suas mulheres, havendo se tornado possivelmente uma pessoa amarga, que incitava nelas o despeito e rancor por causa da bênção perdida.


Rebeca sabendo que esta situação não agradava a Isaque (Gênesis 28:8) usa isto a favor do envio de Jacó para longe.


Esta é a justificação da ida de Jacó para Harã mais tarde, como vemos nas palavras de Isaque no início do capítulo seguinte (Gênesis 28:1,2).


Continue o estudo no próximo capítulo



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