
CAPÍTULO 22 – (24 Versículos)
ABRAÃO E O SACRIFÍCIO DE ISAQUE -vs 1 a 14
A REAFIRMAÇÃO DA ALIANÇA PELA FÉ -vs 15 a 18
ABRAÃO EM BERSEBA E A DESCENDÊNCIA DE SEU IRMÃO -vs 19 a 24
A expressão “depois destas coisas” (Gênesis 22:1) vem no seguimento do fim do capítulo anterior que diz: “peregrinou Abraão na terra dos filisteus muitos dias.” (Gênesis 21:34).
Isto é para demonstrar que algum tempo considerável se passou; que não são eventos seguidos imediatamente um do outro.
No capítulo 21 nasce Isaque e no capítulo 22 ele tem já uma idade adulta, e isso é verificado na narrativa.
A idade concreta de Isaque não está descrita na bíblia, mas há várias informações e simbolismos que nos podem indicar alguns factos pertinentes a considerar.
Desde a ordem de ida ao Monte Moriá (Gênesis 22:2) até à sua subida, vemos Isaque transportando lenha para o holocausto sobre as suas costas enquanto subiam o monte (Gênesis 22:5,6); Esta tarefa era a tarefa de um adulto e não de uma criança.
O termo usado por Abraão para se referir a Isaque como “moço” (VËHANAAR) à semelhança dos outros “moços servos” que o acompanhavam (EL-NËÅRÅYV) em (Gênesis 22:5) vem de (NA´AR e NO´AR -נוער) que se refere a: homens Jovens serviçais; Homens adultos que ainda apresentam sinais de juventude, de idades compreendidas entre os 20 e os 30 anos sensivelmente;
ISAQUE UM ARQUÉTIPO SACRIFICIAL DE CRISTO
Como sabemos, existe uma “Cristofania” presente em Isaque que é um arquétipo de Cristo.
Muitos estudiosos da bíblia apresentam diversas idades possíveis para Isaque, como, 20, 25, 30 ou 33.
Abraão morreu no ano 2123 do Anno Mundi aos 175 anos (Gênesis 25:7), exactamente 75 anos depois do nascimento de Isaque (Gênesis 21:5) à semelhança da idade de 75 anos (Gênesis 12:4) quando Deus lhe pede para sair da sua terra em direcção à terra prometida.
Sara ainda era viva e sua morte é relatada aos 127 anos logo no capítulo seguinte (Gênesis 23:1); Sara era mais nova que Abraão 10 anos (Gênesis 17:17) o que nos indica que no momento da sua morte, Abraão tinha 137 anos de idade.
Se Abraão tinha 137 anos quando Sara morreu, e Isaque nasceu quando ele tinha 100 anos, então a morte de Sara ocorreu quando Isaque tinha 37 anos.
No capítulo anterior quando Abraão se reúne com Abimeleque, lemos que: “peregrinou Abraão na terra dos filisteus muitos dias.” (Gênesis 21:34)
O termo "Muitos dias" (YÅMYM RABYM) fala de: um número abundante de dias, como muitos; numerosos; número grande ou excessivo;
O termo “depois destas coisas” (ACHAREY HADËVÅRYM) usado em (Gênesis 22:1) e depois em (Gênesis 22:20) referindo que Abraão habitou em Berseba (Gênesis 22:19) leva-nos a concluir que o tempo na terra dos filisteus em Berseba junto ao poço comprado de Abimeleque, compreende um grande número de anos de “negócios ou ocupações”, pois esta expressão sempre pretende fazer ponte entre eventos, distanciados entre grandes períodos de anos, e não somente de dias ou meses.
Por esta razão, existe um período de tempo aqui que pode ser calculado debaixo de imprecisão hipotética. Tudo depende do tempo exacto da permanência de Abraão em Berseba, antes e depois de Moriá até à morte de Sara.
Uma possível sugestão é que depois da subida ao monte eles tenham retornado a Berseba onde já tinham habitando durante muito tempo, por mais 4 anos (até aos 37 anos quando Sara morre) o que colocaria Isaque no Monte Moriá por volta dos 33 anos, à semelhança também do Senhor Jesus quando foi levado como “um cordeiro para o matadouro” (Isaías 53:7).
Tendo em conta que Deus calcula e conduz recorrentemente de forma metódica os simbolismos proféticos do seu plano na narrativa bíblica, não seria de estranhar que tudo se encaixasse desta forma.
Esta sincronia nos simbolismos mostra-nos a obediência e sujeição de Isaque a Abraão (Gênesis 22:9,10) sendo verificáveis futuramente no carácter sujeito e obediente de Jesus ao Pai (João 6:38)
O próprio acto de Isaque carregar a lenha às costas para o seu próprio sacrifício (Gênesis 22:6), aponta para Jesus carregando a Sua cruz (João 19:17).
Se considerarmos a possível idade de 33 anos de Isaque, vemos que é também a mesma idade que o “primeiro Adão” tinha quando um animal foi morto para cobrir o seu pecado (Gênesis 3:21-23), na expulsão do Jardim do Éden.
Jesus também é feito símbolo de sacrifício com 33 anos de vida, no cume de uma montanha, “O monte Calvário” na cidade de Jerusalém.
Nós vemos em (Gênesis 25:20) que Isaque se casa com 40 anos de idade, portanto 7 anos depois de ser feito “cordeiro” na montanha de Moriá, com Rebeca que é igualmente um arquétipo da Igreja, como “Noiva de Cristo” (Gênesis 24:60) (João 3:29).
O Número 7 é o número da acção perfeita de Deus nas coisas temporárias, e nós sabemos que a provação de sacrifício de Isaque foi temporária, para que o sacrifício feito por Jesus em seu lugar fosse Eterno!
Estas figuras temporárias tinham eram perfeitamente preparadas por Deus para que o Seu plano estivesse sendo comunicado a nós desde o princípio (Isaías 46:10). Por isso A bíblia também afirma que Jesus é "O Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo" (Apocalipse 13:8).
O Monte Moriá (também na Jerusalém actual) é o lugar onde O Senhor apareceu ao Rei David (1 Crônicas 21:26-28) e também onde foi erguido o templo de Salomão (2 Crônicas 3:1,2), onde está actualmente a mesquita do Domo da Rocha.
Um lugar portanto cheio de significância profética no contexto da passagem de Génesis 22.
Abraão, o homem que se dispôs a sacrificar seu filho no altar, lembra Deus Pai, Aquele sobre o qual a palavra de Deus, em (Romanos 8:32), diz: “...que nem mesmo o Seu próprio filho poupou”.
E Isaque, o filho obediente até a morte, é uma figura viva de Jesus, o Filho de Deus, Aquele que foi descrito por João como: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (João 1:29)
Logo no início desta passagem, vemos que o pedido de Deus feito a Abraão para sacrificar o seu filho, era uma provação (Gênesis 22:1).
A ideia de sacrifício na Bíblia está carregada de fortes simbolismos, debaixo da estrita obediência ritualística.
Em (Gênesis 22:7,8) vemos então que era necessário que o pecado fosse pago pelo derramamento de sangue, por isso Isaque perguntou pelo cordeiro para o sacrifício.
Isaque sabia que um holocausto apenas com fogo e lenha seria inútil e insuficiente; Nesta ocasião Abraão profetizou acerca da vinda futura do Cordeiro de Deus, e Seu Sacrifício Eterno e Permanente: “Deus proverá para Si o cordeiro para o holocausto”.
Este seria Cristo Jesus, “O Cordeiro de Deus”.
A razão porque Deus pede a Abraão seu filho Isaque em sacrifício não devia ser mal interpretada sem o conhecimento amplo do contexto.
E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que Eu te direi.
Abraão vinha de um passado pagão, e de uma cidade que era um dos maiores centros de adoração da "deusa" mesopotâmica Nanna.
Antigamente praticamente todos os falsos deuses pagãos (Nanna, Moloque, Quemós, Astarote, Baal, e por aí fora) pediam sacrifícios como símbolos de adoração.
Por isso Abraão não estranhou o pedido que O Deus ELOHIM lhe pedia.
Mas Deus tinha uma valiosa lição para registar ali na provação de Fé de Abraão.
Quando Abraão obedecendo ao pedido de Deus decide imolar o seu filho, Deus o interrompe dizendo: “Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho.” (Gênesis 22:11,12)
No versículo 14 vemos logo de seguida que Deus providencia um carneiro que ali estava por perto preso pelos chifres num arbusto (Gênesis 22:13).
O que Deus queria deixar bem evidente, é que Ele era diferente de todos os deuses pagãos que Abraão conhecia que pediam os filhos dos homens em sacrifício.
Quando Deus brada dos céus a Abraão para impedir o sacrifício de Isaque, Ele mostra, que ao contrário do que seria de esperar, Ele é um Deus que prefere sacrificar Seu Próprio Filho perfeito, para poupar os filhos dos pecadores.
O Deus Elohim é um Deus de amor sacrificial, que opera sozinho o resgate dos pecadores, e essa é a obra gloriosa da Cruz que Jesus veio fazer por todos nós, para revelar o Amor incondicional de Deus, e a compaixão que Ele tem dirigida de mão aberta a quem se entregar a Ele pela Fé.
Porque a Escritura diz: Todo aquele que Nele crer não será confundido.
Quando na Escritura, Deus diz a Abraão “o teu único filho” (Gênesis 22:2) já apontava para o desejo de Deus providenciar o Seu único Filho em lugar de Isaque.
Isaque não era o único filho porque Abraão também era Pai de Ismael, mas a figura de Isaque como filho da promessa, era um símbolo do Próprio Filho de Deus, O Cordeiro sacrificial.
O termo “Unigénito do Pai” usado várias vezes na bíblia para se referir a Jesus, é para nos remeter ao episódio do monte Moriá e o que Deus fez ali por Abraão, como símbolo para todos nós. (João 1:14) (João 3:16) (1 João 4:9) (João 3:18)
Leia-se a analogia feita pelo escritor de Hebreus: “Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigénito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar;” (Hebreus 11:17,18)
O termo grego para unigénito (monogenḗs) é a junção de “Mono”+”Genes” que aponta para o único a receber a herança genética.
Jesus é o único que partilha da Divindade de Deus, sendo Ele uma das 3 pessoas da Trindade.
Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigénito, que está no seio do Pai, Esse O revelou.
Uma curiosidade interessante é que do capítulo 12 ao capítulo 22, desde a manifestação de Deus a Abraão e o início da Aliança, até à revelação do sacrifício de Jesus figurado em Isaque temos exactamente 10 capítulos de provação.
O Número 10 como número que simboliza a provação para a plenitude, revela-nos na história entre estes capítulos como Deus quer comunicar o Seu plano eterno e obra gloriosa centrada em Jesus.
Até as nossas provações servem para que vejamos mais e mais da Glória de Deus em Seu Filho amado.
MORIÁ E O PLANO DE DEUS
O próprio nome do Monte Moriá está associado a 2 símbolos maravilhosos.
Deus indica o nome da Terra de Moriá a Abraão quando para lá o dirige (Gênesis 22:2).
O Nome Moriá no Hebraico (Mōriyāh) é a abreviação e junção de três outras palavras.
As palavras hebraicas que formam Moriá são:
-Maqon- (lugar)
-Raah- (ver, examinar, inspecionar, perceber, considerar)
-Yah- (a forma contraída do nome de Deus)
Sendo assim, o significado exato dessa palavra pode ser definido como “o lugar onde Deus é visto”.
Na passagem ainda lemos que Abraão chamou àquele lugar: “O Senhor proverá; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá.” (Gênesis 22:14)
Quem foi visto no simbolismo do sacrifício do cordeiro que Deus providenciou no lugar de Isaque, senão O Próprio Senhor Jesus, O Deus vivo?
É em Jesus que nós podemos ver O Próprio Deus (João 14:8,9) (João 20:28); é Nele que são providenciadas e concedidas todas as bênção espirituais e o favor do céu.
No fim da passagem, vemos dos versículos 15 a 18 que Deus novamente brada dos céus, para desta vez reafirmar novamente a Aliança e associar a Bênção à obediência da fé dizendo: “em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.” (Gênesis 22:18)
Convém referir que a Fé que salva é esta fé obediente; Fé sem obediência não vem do Espírito de Deus mas da emoção, e não tem poder para salvar.
Na Bíblia a Fé que salva sempre está intimamente ligada à obediência (Romanos 1:5) (Romanos 16:26) (2 Coríntios 10:5,6) (Hebreus 5:8,9) (Lucas 6:46) (1 Timóteo 3:9,10)
Do versículo 19 até ao 24 vemos Abraão retornar a Berseba para habitar na região junto ao poço que tomara de Abimeleque no capítulo anterior.
Acaba a passagem com o relato da descendência de Naor, irmão de Abraão, filho de Terá (Gênesis 11:26); A importância desta genealogia aqui tem como ponto principal trazer à narrativa Rebeca nascida de Betuel (Gênesis 22:23).
Aqui é referida na genealogia de Naor 8 filhos (Uz, Buz, Quemuel, Quésede, Hazo, Pildas, Jidlafe e Betuel); De Betuel o 8º filho, nasce Rebeca, que se torna um antigo símbolo da Igreja como Noiva de Cristo.
O Número 8 ajuda-nos a olhar já aqui para Rebeca como esse símbolo que depois se torna ainda mais evidente no capítulo 24; O número em si é o número do Senhor Jesus e simultaneamente da ressurreição e nova vida.
A Igreja nasce de Jesus assim como Rebeca nasce de Betuel.
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