
CAPÍTULO 21 – (34 Versículos)
O NASCIMENTO DE ISAQUE CONFORME A PROMESSA -vs 1 a 8
ISMAEL E ISAQUE -O FILHO DA ESCRAVA E O FILHO DA LIVRE -vs 9 a 21
BERSEBA E A ALIANÇA DE ABRAÃO COM ABIMELEQUE -vs 22 a 34
Os versículos 1 e 2 apontam para o cumprimento da Aliança de Deus com Abraão, na concretização da promessa de um filho que lhe havia de nascer. (Gênesis 15:4) (Gênesis 18:10-12)
As expressões: “como tinha dito” e “como tinha prometido” de (Gênesis 21:1) e “ao tempo determinado, que Deus lhe tinha falado” de (Gênesis 21:2) atestam para a natureza fiel de Deus, e também, para a execução perfeita do plano de Deus no tempo devido.
Deus já tinha referido o “tempo determinado” anteriormente a Abraão e Sara, para lhes exercitar na paciência e confiança de fé (Gênesis 18:14).
Não é o Homem que determina o tempo da Bênção, mas O Próprio Deus.
O TEMPO DETERMINADO DE DEUS
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Quando Salomão diz: “Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim.” (Eclesiastes 3:11) ele está a referir a inabilidade natural da condição humana de contemplar o plano maior de Deus agindo sobre o mundo (eventos e circunstâncias além do domínio humano).
“Tudo” (ET-HAKOL) referindo-se à totalidade de todas as coisas, é feito “em seu tempo”.
Os termos (VËITO) e (GAM ET-HÅOLÅM) referem-se ao tempo em que acontecem os eventos, as ocasiões, as ocorrências ou experiências do destino;
O “mundo no coração do Homem” refere-se portanto a eras, ou épocas num tempo que abrange da antiguidade ao futuro longínquo, para todos os tempos; perpetuamente como num tempo contínuo, indefinido ou sem fim; na eternidade.
Deus “anuncia o fim desde o princípio” (Isaías 46:10) porque ainda que o homem não possa descobrir sozinho a obra eterna do plano de Deus, há um conhecimento interior gravado em cada um da realidade eterna que nos está reservada (seja ela de vida ou morte eterna).
O Senhor Jesus disse aos seus discípulos: “Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.” (Atos 1:7)
Ainda que haja em cada um de nós a consciência sempre presente da eternidade, Deus oculta em parte certos aspectos do Seu plano, para que haja dependência Dele e confiança em Fé que Deus dirige a história soberanamente.
As expressões “tempos e estações” (CHRONOUS E KAIROUS) falam do tempo dos homens (o tempo cronológico ou tempo medido) e o tempo de Deus (A eternidade que está fora do tempo)
O Homem longe de Deus nada sabe sobre estas coisas; Deus porém, através da Sua palavra dá revelações aos Seus filhos, para os manter informados em relação ao desenvolvimento do Seu plano, em obediência, preparação e vigilância na plenitude dos tempos: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” (Deuteronômio 29:29)
A Fé, confiança e sujeição a Deus começa a alinhar o nosso coração e pensamento aos planos eternos que dizem respeito a nós e a todo o mundo.
Quando este capítulo 21 de Génesis refere um “Tempo determinado” (LAMOED) refere-se a algo pré-estabelecido ou pré-determinado.
Este termo como ocorre em (Gênesis 1:14) e (Levítico 23:4) é também usado para as festas judaicas, como sendo decretadas para ocorrer em lugar e tempo determinados como sinais da vontade de Deus sendo exercida.
A sujeição ao tempo de Deus é também um sinal evidente da Fé verdadeira que é provada por Deus na prática.
Por certo depois de Abraão e Sara duvidarem da concretização da promessa de Deus, tomando a iniciativa de fazer um filho bastardo da escrava, sua fé foi aumentada, quando Deus no tempo determinado lhes cumpre a promessa concedendo-lhes um filho que era só deles.
A fé de Abraão aumentou grandemente, depois de provar da fidelidade de Deus, e isso é evidente logo no capítulo 22 quando Deus lhe pede Isaque em sacrifício (Gênesis 22:1,2).
A CIRCUNCISÃO DE ISAQUE
Vemos no versículo 4 que aos 8 dias conforme predeterminado por Deus (Gênesis 17:11-14), Abraão opera a circuncisão do seu filho Isaque, como havia também feito a Ismael (Gênesis 17:24-27).
A circuncisão no capítulo 17 acompanha a particularidade da “mudança de nome” de Abrão, para Abraão (Gênesis 17:5-10). Esta associação é importante, e deve ser bem compreendida como o aspecto principal da obra de Deus na vida de quem Ele escolhe para fazer Aliança.
A Circuncisão é um símbolo de separação do mundo, ou de corte com o imundo.
A ideia de “imundo” passa a ideia de algo sujo, corrompido, impuro ou contaminado.
Quando Deus nos chama para fazer Aliança, Ele pede de nós a separação do mundo, conforme também fez com Abraão simbolizada no pedido para partir da sua terra, da sua parentela e casa de seu pai (Gênesis 12:1).
Esta é uma separação para o serviço em Santidade conforme vemos bem presente na Bíblia, tanto na dispensação da Lei (Jó 14:4) (Levítico 5:2,3) (Levítico 15:31) (Ageu 2:13) como na dispensação da Graça (2 Coríntios 6:14-18) (Gálatas 1:15) (Tiago 4:4) (Tiago 1:27).
A circuncisão também aparece como passo essencial para se entrar na Aliança e receber a Bênção, que em Abraão estava associada à promessa de uma descendência, e de uma terra como herança (Gênesis 17:4-8).
Uma coisa interessante de se notar no simbolismo da circuncisão no Antigo testamento é que os incircuncisos não participavam dessas promessas de Deus.
Isto porque não faziam parte do povo escolhido de Israel e estavam separados do lado de fora tidos como “imundos”.
Homens de outras nações passavam a participar dos privilégios dos judeus somente quando eram circuncidados (Êxodo 12:47-51).
Se alguém que se dizia por povo de Deus não obedecia à ordem da circuncisão, era naturalmente “extirpado do seu povo” (Gênesis 17:14); A ordem à separação não era voluntária mas obrigatória.
Um exemplo disto está em Josué capítulo 5; Depois da peregrinação no deserto, o povo chegou à terra prometida, contudo, eles não se tinham ainda circuncidado (Josué 5:2-9).
O que nós vemos é que somente depois de se cumprir esta ordem, é que eles podiam celebrar a Páscoa, a festa que os lembrou da salvação da nação das mãos dos egípcios (Josué 5:10). No dia seguinte, começaram a comer do fruto da terra prometida (Josué 5:11,12) e, logo em seguida, começaram a conquistar a terra.
Estes dois privilégios conquistados na obediência à ordem, ligados especificamente às promessas da nação e da terra, reforçam o significado original da circuncisão.
A separação, ou o corte com o imundo, leva à entrada na promessa; Sem corte, não há bênção.
O versículo 9 de Josué 5 expressa bem o simbolismo da circuncisão como a libertação do opróbrio do Egipto (a escravidão impedia-os de circuncidar).
Isto espiritualmente falando aponta para como a escravidão ao pecado nos impede de circuncidar o nosso coração, para que haja uma verdadeira separação do mundo.
Leia-se:
Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor teu Deus pede de ti, senão que temas o Senhor teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, Que guardes os mandamentos do Senhor, e os seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem? Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há. Tão-somente o Senhor se agradou de teus pais para os amar; e a vós, descendência deles, escolheu, depois deles, de todos os povos como neste dia se vê. Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz.
Tendo em conta a circuncisão como um “corte cirúrgico” para remover algo considerado imundo, leia-se: “Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação.” (1 Tessalonicenses 4:7)
A circuncisão tornar-se-ia uma obrigação da Lei cerimonial de Deus para com o povo Judeu, mas seu propósito era somente de revelar a transformação operada através da obra de Jesus na Cruz mais tarde, e do poder do Espírito Santo na nova criatura;
Uma vida de Santidade e separação do pecado pela Graça e não pela Lei: “Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura.” (Gálatas 6:15) “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne.” (Filipenses 3:3)
Por isso ainda no Velho testamento é demonstrado que circuncisão sem sujeição a Deus não tem valor algum (Deuteronômio 10:16); Um “coração circuncidado” é o alvo de Deus para o Seu povo (Deuteronômio 30:6);
Hoje em dia, a nossa “circuncisão” é espiritual pois o templo de Deus é agora interior, onde habita O Próprio Espírito Santo de Deus.
Desta forma a nossa separação e pureza é principalmente espiritual mas que resulta igualmente e sempre que necessário, também numa separação física (1 Coríntios 5:7-13) (2 João 1:10,11) (Apocalipse 18:4).
A palavra “extirpar” quer literalmente dizer: cortar ou amputar uma parte do corpo; fala de expulsão, extração ou excisão; simboliza meter para fora da comunhão ou do convívio; lançado para longe ou retirado do meio; excomungado;
Em Hebraico aparece nas escrituras sempre no tom de “cortar” (VËNIKHËRËTÅH) do verbo (Karat) ou no Grego (ekkóptō) com o mesmo simbolismo.
Esta ideia de cortar com aquilo do mundo que é impedimento à santidade e pureza, está bem expresso nas palavras do Senhor Jesus, que usa este termo em grego dentro deste simbolismo: “Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno.” (Mateus 18:8).
Outro uso deste termo “cortar” (ekkóptō) por Jesus é: “Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo” (Mateus 7:19).
O Senhor Jesus nos mostra que o acto de cortar com aquilo que não pode produzir nada de bom é o princípio natural do pensamento puro.
Então vemos que aos 8 dias exactamente como era a ordem de Deus à circuncisão (Gênesis 17:12), Isaac é circuncidado (Gênesis 21:4); Ismael porém foi circuncidado aos 13 anos (Gênesis 17:25).
O Número 13 é um número de duas faces que beneficia quem está a favor e de azar para quem está contra; Ligado a prejuízo, maldição ou má sorte para quem está em falta.
Alguns exemplos podem ser considerados nas seguintes passagens:
No dia 13 do mês de Adar (o 13º mês do calendário Judaico) os inimigos de Israel esperavam assenhorear-se deles, mas sucedeu-se exactamente o contrário. (Ester 9:1) (Ester 8:10-13); O dia do suposto azar (Ester 3:7-13) viria a se tornar no dia da sorte e felicidade do povo judeu (Ester 9:17,18)
O Rei Salomão edificou a sua casa em 13 anos; (1 Reis 7:1) uma casa, que nós sabemos vir a cair juntamente com o seu trono por causa do seu grande pecado de Apostasia e Idolatria contra o Senhor, fruto da mistura com mulheres pagãs (1 Reis 11:4-11). os 6 degraus do trono de Salomão, também já apontavam para a sua queda. (2 Crónicas 9:18)
Ismael era da idade de 13 anos quando foi circuncidado (Gênesis 17:25); Ismael foi o Filho de Abraão, que se tornou simultaneamente um símbolo de bênção e maldição.
Desde o ano 13 do reinado de Josias num período de 23 anos, Jeremias pregou arrependimento ao povo de Judá, sem que eles escutassem, o que resultou em maldição da parte do Senhor na invasão dos Babilónios como forma de castigo. (Jeremias 25:3-9)
Ao 13º ano de serviço a Quedorlaomer, a confederação de 5 reis, se rebela, sendo registada na bíblia a primeira guerra (Gênesis 14:4).
Depois da desobediência de Abraão, Deus esperou 13 anos para tornar a falar com ele (dos 86 aos 99 anos) (Gênesis 16:16) (Gênesis 17:1)
Josué e seu exército conquistou Jerico a cidade rebelde, após 13 voltas ao redor da cidade conforme as direcções de Deus para sua condenação (6+7 vezes) (Josué 6:3,4);
Os Filhos de Gérson e os Filhos de Arão receberam por sorte por ordem do Senhor pelo ministério de Moisés, 13 cidades por herança Josué 21:4 (Josué 21:6) (1 Crônicas 6:62).
O benefício de Isaque como descendência abençoada de Abraão é a causa do prejuízo de Ismael em não ser reconhecido como o primogénito.
No versículo 5, diz que Abraão era da idade de 100 anos quando lhe nasceu o seu filho confirmando a promessa de Deus.
A promessa até definia o nome do filho que Deus lhe havia de dar (Gênesis 17:19);
Quando Deus prepara o Seu plano, Ele cuida de todos os detalhes ao pormenor para que seja feito exactamente como Ele determina. A plena consciência deste facto teria demovido Sara e Abraão a acharem que um filho da escrava estava de acordo com as determinações da promessa.
O Número 100 da idade de Abraão aqui simbolizado, representa o “cumprimento de dívida”, quando uma dívida prometida é cumprida e honrada.
Deus sempre honra as Suas promessas; Por isso, para quem sabe esperar, tudo vem a seu tempo.
A RIVALIDADE ENTRE ISMAEL E ISAQUE
Dos versículos 7 ao 13 vemos Ismael ter uma atitude de desprezo por seu irmão mais novo, muito provavelmente incutido por Agar sua mãe, fruto da rivalidade que havia entre ela e Sara desde a sua gravidez.
O pecado da inveja, e da cobiça sempre dá lugar a sentimentos de rancor, raiva, inimizade, vingança.
Sara pretende alertar Abraão deste potencial perigo, e Abraão indigna-se por causa do amor a Ismael que também era seu filho (Gênesis 21:10,11).
Tendo em conta que Isaque teria por volta de 3 anos que era a idade comum para o desmame (Gênesis 21:8), Ismael teria agora por volta dos 17 anos.
O Banquete que é dado para celebração do desmame de Isaque, provoca despeito e “zombaria” em Ismael que é já um Homem feito. Esta é a origem de Sara pedir legitimamente o seu afastamento.
Se uma vez Sara aparece como má influência sobre a decisão de Abraão (em fazer um filho bastardo segundo os costumes e não segundo a fé em Deus), agora aparece aqui exercendo boa influência sobre a decisão de Abraão, alertando-o para o potencial perigo de deixar Agar e Ismael por perto, havendo este espírito de rivalidade.
Era óbvio que havia se criado um distanciamento entre Sara e Agar; o próprio uso do termo “serva” (HÅÅMÅH) na afirmação: “o filho desta serva” (Gênesis 21:10) é diferente do termo “serva” (SHIFËCHÅH) usado em (Gênesis 16:1); Enquanto que primeiramente ela é reconhecida como serva pessoal da sua senhora, agora é tratada simplesmente como uma serva qualquer.
Abraão à partida lhe “parece mal aos seus olhos” esta conversa de Sara (Gênesis 21:11) porque provavelmente pensa ser apenas uma intriga, porém a intervenção de Deus na narrativa vem reforçar a inevitável separação que é pedida.
Abraão já tinha demonstrado estar dividido em relação a Ismael no passado (Gênesis 17:18), não havendo ainda entendido perfeitamente o plano de Deus em Isaque. (Gênesis 12:3) (Gênesis 17:19) (Gênesis 21:12)
O que vemos porém é que o caminhar com Deus por vezes pede decisões difíceis, que nós não compreendemos bem.
Decisões que levam a perda, renúncia, dor, nos mostram o plano de Deus em Jesus, em que o sofrimento leva à Glória.
Por isso no Cristianismo só usa a Coroa quem carrega a Cruz. O sofrimento sempre vale as cicatrizes que deixa, e essa é a razão porque Jesus depois de ressuscitado ainda retém as marcas nas mãos (João 20:25-27) (Zacarias 13:6)
Abraão então despede Agar e Ismael (Gênesis 21:14) para que a promessa de Deus a respeito de Ismael (Gênesis 17:20) também se cumprisse.
Da mesma forma que Deus aparece a Agar uma vez no deserto quando ela foge (Gênesis 16:7-13), agora lhe aparece de novo no deserto quando ela é expulsa (Gênesis 21:15-21). (Deus iria agora usar Ismael para futuramente provar e castigar o seu povo).
O deserto aponta para “provação” associada a Ismael debaixo da direcção de Deus.
Os versículos 20 e 21 revelam que Ismael cresceu desenvolvendo o perfil de guerreiro conforme a profecia de Deus acerca do seu carácter feroz e temível (Gênesis 16:12); Sua descendência é então associada ao povo egípcio, como era também sua mãe, e à cultura do povo árabe, os “Ismaelitas” que são hoje os eternos rivais e inimigos dos “Judeus” descendentes de Abraão por Isaac. (Gênesis 39:1) (Salmos 83:1-6)
Até aos tempos do novo testamento e aos dias actuais vemos a profecia acerca do povo judeu e do povo árabe em constante rivalidade.
O povo árabe como descendentes de Abraão, não entendem que não estão debaixo da Bênção e favor de Deus para a herança da promessa feita em Isaque.
Ainda que O Senhor tenha abençoado também a Ismael, e sua descendência conforme vemos na narrativa (por amor a Abraão), Seu desejo para este povo é de submissão, como era o papel de Agar a Sara.
A presunção de Agar e a rivalidade de Ismael ainda hoje estão presentes no carácter do povo árabe em relação ao direito de primogenitura que contraria a vontade directa de Deus.
Por isso não pode haver “união e paz” que durem entre estes 2 povos e culturas na realidade terrena, como pretendem fazer os “acordos de Abraão” como iniciativa política hoje em desenvolvimento, da qual se levantará brevemente o Anticristo como “Messias”.
A Promessa, a Aliança, e a Bênção estão em Isaac que é uma pré-figura do Jesus por vir; É em Jesus que está a entrada na prosperidade; O direito à “primogenitura” que foi dado a Isaac acima de Ismael, é a primogenitura de Jesus, O Filho de Deus conforme a promessa.
Toda a história destes 2 filhos em Génesis são figuras espirituais para nós:
Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa.O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar.
Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos.
Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós.
Porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz; Esforça-te e clama, tu que não estás de parto; Porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido.Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque.
Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também agora.
Mas que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre.
De maneira que, irmãos, somos filhos, não da escrava, mas da livre.
A ALIANÇA DE ABRAÃO COM ABIMELEQUE
Do versículo 22 ao 34 vemos que a prosperidade de Abraão cresceu muito naqueles tempos debaixo do favor de Deus, e por essa razão, Abimeleque o rei dos Filisteus vem a Abraão juntamente com o seu comandante de exército para fazer uma Aliança com ele.
O facto de que Abimeleque reconhece o favor de Deus sobre Abraão, pode bem ser a grande razão porque existe um desejo de Aliança da sua parte (Gênesis 21:22)
Afinal já havia uma história entre eles, no episódio de (Gênesis 20:1-18) com o incidente envolvendo Sara, onde Abraão tinha ficado em falta.
A presença de Ficol o “príncipe do exército” de Abimeleque (Gênesis 21:22) fortalece a ideia de que esta Aliança era uma Aliança estratégica de fins militares.
Era muito comum haver este tipo de Alianças políticas e militares no contexto da segurança e protecção mútua contra nações inimigas vizinhas; um bom exemplo disto está na confederação dos reis de (Gênesis 14:1,2).
A troco desta Aliança, Abraão negoceia a tomada de posse de um poço seu que tinha sido tomado injustamente por servos de Abimeleque sem o seu conhecimento.
Uma vez Abraão tinha sido causa de injustiça a Abimeleque, e agora pelos vistos o caso inverteu-se e é Abraão o injustiçado. (Gênesis 21:25,26)
Este acordo mútuo é pago por Abraão com ovelhas e vacas (Gênesis 21:27) e são destacadas “7 cordeiras” à parte (Gênesis 21:28-30) como o reconhecimento de que o poço não era “uma oferta”, mas uma “restituição” visto que o poço já pertencia a Abraão embora tinha sido tomado à força.
Um poço de água naqueles tempos era muito importante como controle de recursos, e um ponto estratégico de domínio sobre uma região. Por isto o número 7 é registado na narrativa, para que fique evidente que a mão de Deus estava ali a restituir a Abraão aquilo que era seu por promessa.
O nome de Berseba (Beer-Seba) dado àquele lugar significa “poço do juramento”; O que nós vemos aqui é que A Aliança de Deus com Abraão é reforçada em tom de Bênção até nos relacionamentos de Abraão com as pessoas à sua volta.
Um bosque plantado por Abraão naquele lugar, simboliza que Abraão consagra aquele lugar ao Senhor; isto é evidente na declaração de que ele “invocou lá o nome do Senhor” (Gênesis 21:33); O termo “O Deus Eterno” (El Olam) também traduzido como “O Deus das Eras” mostra que Abraão tinha ganho maior conhecimento de quem Deus era aos Seus olhos. Esta expressão denota um aumento de intimidade e comunhão com Deus desde a sua saída de Ur dos Caldeus.
O simbolismo das árvores para os pagãos de antigamente sempre estava associada de alguma forma a adoração.
Abraão não era mais pagão, por isso ele dedica aquele bosque ao Deus Eterno. Muito provavelmente a razão porque nós vemos lugares com grandes árvores e bosques se tornarem recorrentemente lugares de adoração para o povo de Deus (Gênesis 13:18) (Josué 24:23-26) (1 Samuel 10:3-5) e para os pagãos (Jeremias 17:2) (2 Crônicas 14:3) (Êxodo 34:13) (Isaías 17:8), remota ao simbolismo da Árvore da Vida, do jardim do Éden.
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