Génesis -Capítulo 20
CAPÍTULO 20 – (18 Versículos)
ABRAÃO SARA E ABIMELEQUE -vs 1 a 18
-Novamente a narrativa revela o lado negro de Abraão agindo em si mesmo, caindo nos mesmos pecados.
A ideia de vermos Abraão alternar entre uma postura de aprovação e outra logo de seguida de desaprovação, serve para nos mostrar a cada um, esses 2 lados que estão presentes em nós:
O lado da aprovação, quando vivemos na sujeição e dependência de Deus deixando que Ele decida por nós, vivendo em Espírito;
E o lado negro da desaprovação, na cedência ao pecado, quando começamos a decidir por nós mesmos e a viver segundo as emoções.
Viver pelo Espírito é a única forma de estarmos sempre debaixo da aprovação de Deus e longe do pecado: “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.” (Gálatas 5:16)
O PECADO DE CAIR NO MESMO ERRO
Abraão então torna a cair exactamente no mesmo pecado que havia cometido no Egipto com Faraó, perdendo a confiança em Deus, e usando da mentira para se proteger a si mesmo. (Gênesis 12:9-15)
Uma das formas mais fáceis de nós reconhecermos a doutrina da Depravação total é percebermos que embora sejamos seres inteligentes e racionais, quando o pecado toma conta de nós, a repetição do mesmo erro, é inevitável.
Ainda que tenhamos aprendido as lições e lidado com as consequências, contra toda a lógica, voltamos a repetir as mesmas misérias, por vezes no decurso de uma vida inteira.
Abraão parte para a terra do sul onde habitou entre Cades e Sur, peregrinando em Gerar.
A terra do Sul é novamente a região perto da fronteira com o Egipto, na região do deserto de Neguev.
A referência de que algo é ”o nosso norte” simboliza “Direção e destino” em forma de equilíbrio ou estabilidade; Esta expressão vem de se seguir a estrela Polar no céu para se saber onde fica o norte.
É uma expressão que se tornou ditado popular, através do frequente uso dos viajantes que passou para o vocabulário comum.
É curioso usar esta analogia, porque vemos que sempre que Abraão “desce ao sul” (perdendo o norte), como uma figura de “deixar que seja Deus a conduzi-lo espiritualmente”, entre a provação com o pecado.
O que a narrativa bíblica quer mostrar é a natureza pecaminosa de Abraão confiando em si mesmo, e a natureza de Abraão confiando em Deus por contraste.
Uma revela a depravação total e a natural predisposição para obedecer ao pecado (o caminho da condenação e do inferno), e a acção da Eleição de Deus por outro lado, agindo, para tirar o homem desse caminho, e redirecioná-lo à Terra prometida (o caminho da salvação e do céu)
ABIMELEQUE É AVISADO POR DEUS
No versículo 2 Abraão repete a mesma estratégia de fazer Sara passar-se somente por sua irmã temendo por sua vida, e desta vez, não é Faraó, mas Abimeleque Rei de Gerar que toma Sara para si por mulher metendo Abraão na mesma posição desonrosa.
Desta atitude vem novamente o desejo de Deus de punir o Homem que toma Sara por mulher, ainda que o faça legitimamente.
A razão porque Deus aparece em sonho a Abimeleque, e não a Faraó, é porque Abimeleque aparece como alguém que aparentemente tem conhecimento de Deus e sua nação é descrita como justa: “por isso disse: Senhor, matarás também uma nação justa?" (Gênesis 20:4)
A razão porque Deus se dirigiu pessoalmente a Abimeleque naquela situação e não a Abraão, era para estimular Abraão à responsabilidade de profeta intercessor, papel para o qual tinha sido chamado.
Deus diz a Abimeleque o seguinte: “restitui a mulher ao seu marido, porque profeta é, e rogará por ti, para que vivas” (Gênesis 20:7); Desta forma assim Deus usa e encoraja Abraão (Gênesis 20:17) para ser exactamente uma bênção para as Nações conforme a promessa (Gênesis 12:3) e não uma maldição como até então tinha sido por meio de suas próprias decisões.
Então na primeira ocorrência desta má conduta de Abraão, ele causa mal a Faraó que resulta em pragas, mas agora o mal que faz a Abimeleque irá resultar em morte para todo o seu povo (Gênesis 20:3) (Gênesis 20:7) e sua descendência será impedida (Gênesis 20:17).
Vemos então que a repetição dos mesmos erros, causa progressivamente males maiores e pede igualmente castigos maiores. À medida que a prática do mesmo pecado progride, maior a afronta cometida contra Deus.
Abraão repete 2 vezes este pecado (Gênesis 12:11-13) (Gênesis 20:2), e mais tarde seu filho Isaque faz exactamente a mesma coisa (Gênesis 26:6,7) com Abimeleque filho do Rei, que também era Rei em Gerar.
A semelhança entre o comportamento do pai e do filho, é para evidenciar a Eleição do amor de Deus passada por gerações de pecadores (O plano de Deus de redimir para si um povo especial) da mesma forma que o pecado também passa de pais para filhos.
Este Temor (como medo) que leva Abraão e Isaque a se esconderem atrás de uma mentira não deve mais existir quando recebemos o espírito de adopção de filhos em Jesus, através do qual somos feitos Filhos de Deus:
De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne.Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.
Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus.Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.
Abimeleque confronta Abraão com 2 perguntas importantes que têm valiosas conotações espirituais para nós:
1ª- ”Que nos fizeste? E em que pequei contra ti, para trazeres sobre o meu reino tamanho pecado?” (Gênesis 20:9)
Esta pergunta coloca Abraão diante da sua própria injustiça, pela qual ele traria a desgraça sobre tudo e todos que pertenciam a Abimeleque (Gênesis 20:7). Abraão dois capítulos atrás cheio de sentimento de “auto-justiça”, questionava Deus sobre a Sua Justiça na destruição de Sodoma (Gênesis 18:23-33); Porém aqui não está muito preocupado com a injustiça que fez cair sobre todos aqueles inocentes.
Um Homem de Deus deve sempre equacionar todas as suas decisões e ponderar os limites de todas as suas atitudes, de forma a prever as consequências directas de tudo o que faz.
A melhor forma de alcançar isto, é confiar em Deus em primeiro lugar acima de todas as circunstâncias e anseios.
2ª- ”Disse mais Abimeleque a Abraão: Que tens visto, para fazer tal coisa?” (Gênesis 20:10)
Esta pergunta aponta para a experiência observável de Abraão. Que havia Abraão visto, até ali, senão que Deus é um Deus fiel, que cuida, dirige, providencia? Que Deus é um Deus de Aliança e promessas que se cumprem? Havia então alguma razão para aquele “temor” despropositado que o levou a repetir o mesmo erro duas vezes, colocando inocentes em injustiça?
A pergunta a todos nós agora seria também sobre o que nós temos visto da parte de Deus nas nossas vidas, para vivermos em ansiedade e insegurança, temor e incredulidade? Não é Deus, Aquele que promete e cumpre? Não é Deus um Deus de Amor, justiça e protecção? Um Deus de Bênção e prosperidade eterna?
Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é.
Saberás, pois, que O Senhor teu Deus, Ele é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que O amam e guardam os Seus mandamentos.
Abraão temia ser morto por Homens que cobiçavam a sua mulher, pois não estava ainda perfeitamente ciente de quem realmente era O Deus com quem tinha feito Aliança:
Bendito seja O Senhor, que de dia em dia nos carrega de benefícios; O Deus que é a nossa salvação. (Selá)
O nosso Deus é O Deus da salvação; e a DEUS, O Senhor, pertencem os livramentos da morte.
Abraão e suas falhas registadas, nos mostram que o aperfeiçoamento da fé, vem com as lições, as provações, e a experiência. Abraão como um verdadeiro Homem de Deus, ainda que demonstrando estas fraquezas, nos dá exemplos de crescimento na fé, e de evolução espiritual (a santificação) ao longo da narrativa.
Muitas pessoas ditas crentes infelizmente usam estas fraquezas registadas para justificarem uma vida constante de permanência e repetição no mesmo erro.
Estas pessoas temem mais aos Homens do que temem a Deus e não importa a quantidade de lições, elas nunca aprendem (2 Timóteo 3:7).
Por isso que ecoem sempre no nosso pensamento as palavras do Senhor Jesus: “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.” (Mateus 10:28)
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