
CAPÍTULO 18 – (33 Versículos)
O SENHOR JESUS APARECE A ABRAÃO COM 2 ANJOS -vs 1 a 8
A REAFIRMAÇÃO DA PROMESSA DE UM FILHO POR SARA -vs 9 a 15
O SENHOR ANUNCIA A DESTRUIÇÃO DE SODOMA E GOMORRA -vs 16 a 22
ABRAÃO QUESTIONA A JUSTIÇA DE DEUS -vs 23 a 33
Abraão está acampado na região dos Carvalhais de Manre, onde ele agora habita.
Manre era um Amorreu, irmão de Escol e Aner, confederados de Abraão (Gênesis 14:13); Ele possuía um campo de Carvalhos onde Abraão montou as suas tendas (Gênesis 13:18).
OS CARVALHAIS DE MANRE
Dois lugares distintos onde Abraão faz acampamento em direcção à Terra prometida, têm “Carvalhos” evidenciados.
Uma destas localizações fica em Siquém e a outra em Hebrom, onde o patriarca permaneceu por muitos anos. Nestas duas cidades a Bíblia faz referências aos Carvalhos, em Siquém nos Carvalhos de Moré e em Hebrom nos Carvalhos de Manre.
O Carvalho de Moré onde Abraão acampou pela primeira vez a caminho da Terra prometida Ficava em Sicar (Gênesis 12:7); Aqui “Sicar” é a antiga cidade de “Siquém” entre o monte Ebal e o monte Gerizim;
Ebal (quer dizer “descoberto”) e Gerizim (quer dizer “lugar estéril”); O lugar entre estes 2 montes é conhecido por um lado ser o lugar que Moisés deu a ordem para o povo gravar a Lei do Senhor em pedras pintadas de branco (Deuteronômio 27:1-4) e é também o mesmo lugar onde o povo devia escolher entre a Bênção e a maldição (Deuteronômio 11:26-29); E por outro, por ter sido onde as bênçãos sobre as tribos de Israel foram pronunciadas enquanto a Arca da Aliança ficava entre os 2 montes (Josué 8:30-33) e onde Josué também proclamou a escolha de Bênção ou maldição na sua última exortação ao povo (Josué 24:1-26)
A Arca colocada ali no meio de tanto simbolismo apontava para uma mensagem de Deus comunicada. Se Deus não for o centro da vida e prosperidade da Nação de Israel, eles ficarão postos a descoberto, vulneráveis até se tornarem numa região estéril.
A escolha entre a Bênção e a maldição pronunciadas por Moisés e Josué falam de 2 realidades para o povo: em Deus e prósperos (Jeremias 17:8) ou sem Deus e estéreis (Jeremias 17:5,6).
Por isto este lugar mais tarde foi o lugar onde o reino foi dividido (1 Reis 12:19-25)
Os Carvalhais de Manre onde Abraão se instalou, estava situado em Hebrom que traduzido quer dizer “Aliança”;
A figura do carvalho como árvore milenar associada a lugar sagrado, está muito presente na Bíblia e sempre acompanha a história do povo Judeu, e suas personagens relevantes.
Muito provavelmente a razão porque nós vemos lugares com grandes árvores se tornarem recorrentemente lugares de adoração para o povo de Deus (Gênesis 13:18) (Josué 24:23-26) (1 Samuel 10:3-5) e para os pagãos (Jeremias 17:2) (2 Crônicas 14:3) (Êxodo 34:13) (Isaías 17:8), remota ao simbolismo da Árvore da Vida, do jardim do Éden (que podia muito provavelmente ser um grande carvalho).
Na nossa cultura actual ainda hoje se cultua muito o simbolismo da Árvore da vida que de cultura para cultura varia em nome: Árvore da vida ou do conhecimento do bem e do mal para os judeus; Yggdrasil para os Vikings; Asvattha para os Indianos; Crann Bethadh dos celtas; Wacah chan para os Maias, Incas e Aztecas; etc.
O SENHOR APARECE A ABRAÃO
Abraão então está acampado na região dos Carvalhais de Manre, quando O Senhor lhe aparece fisicamente acompanhado de outros 2 homens.
Aqui O Senhor é O Próprio Senhor Jesus, (outra Cristofania) e os 2 homens que O acompanham são os 2 Anjos que vieram para cumprir a função de trazer juízo sobre as cidades de Sodoma e Gomorra.
Dos versículos 1 ao 8 a postura de Abraão de cordialidade e hospitalidade é evidenciada.
Abraão no seu círculo social era um Senhor, não um servo; um Patriarca, homem rico e influente, mas ainda assim demonstra ser simples e humilde de carácter.
A hospitalidade é carácter daqueles que conhecem e amam a Deus (1 Pedro 4:9) (Romanos 12:10-13); Abraão, praticava a hospitalidade, e quando O Senhor ali aparece acompanhado de 2 Anjos, Abraão corre a recebê-los.
Não é evidente se Abraão sabia ou não naquele determinado momento quem era que estava realmente à sua frente, mas 3 vezes a linguagem aplica um senso de velocidade na prontidão de Abraão: “Correu da porta da tenda para ir ao seu encontro” (Gênesis 18:2); “Abraão apressou-se em ir ter com Sara” (Gênesis 18:6); “correu Abraão às vacas” (Gênesis 18:7).
Seria tão bom que todos nós tivéssemos essa prontidão "não sendo vagarosos no cuidado, mas fervorosos no Espírito servindo ao Senhor" (Romanos 12:11)
A diligência de Abraão causou comoção entre os seus empregados, e é expressa a ideia de reverência e sujeição também.
Abraão “inclina-se à terra” (Gênesis 18:2) e refere-se ao Senhor, por “Senhor” como se reconhecendo nele uma figura de autoridade, fazendo-se ele mesmo de “servo” (Gênesis 18:5).
Isto parece evidenciar que podia haver logo à partida uma perfeita noção de quem ali estava diante dele, contrariando a ideia de que Abrão não fazia ideia.
A hospitalidade segundo a Bíblia pode até estar em alguns casos ligada à visita de Anjos que se apresentam como mero homens, como parece ser este caso (Hebreus 13:2)
A própria pergunta do Senhor por Sara, indica que Ele tinha conhecimento de Abraão e sua família, e na ausência de surpresa à pergunta feita, fica evidente que havia ali alguma intimidade.
Este era um lugar de “Aliança” conforme o próprio nome Hebrom indica. Também não sabemos como Manre se alia a Abraão na história, mas tudo indica que A Aliança de Deus com ele, era a razão disso.
A PROMESSA DE UM FILHO POR SARA
Dos versículos 9 ao 15 O Senhor indaga por Sara, e ali toca no aspecto da Aliança que diz respeito à promessa de um Filho (Gênesis 15:3,4).
Novamente a escritura realça a realidade da Idade avançada de ambos e do estado de menopausa da já estéril Sara, como dificuldades naturais à realização desse plano (Gênesis 18:11);
Isto para que fique claro que todas as impossibilidades deste mundo são possibilidades garantidas se estiverem nos planos da vontade de Deus que não pode ser impedida (Jó 42:2).
“Haveria coisa alguma difícil ao Senhor” (Gênesis 18:14) é a resposta dada a Sara em tom de repreensão, quando céptica, ela se ri dessa ideia (Gênesis 18:13).
Dos versículos 17 ao 21 O Senhor anuncia a Abraão o juízo que Ele traria sobre as cidades de Sodoma e Gomorra e é feita uma comparação entre a maldição às cidades caídas, e a bênção a Abraão e sua descendência (Gênesis 18:18-20)
Há um pequeno momento em que O Senhor fala para Si mesmo acerca de anunciar a Abraão o que haveria de fazer (Gênesis 18:17) e de um ponderar sobre a sentença das cidades (Gênesis 18:21); Isto é propositado na narrativa para enquadrar a postura de Abraão que é exposta logo a seguir (Gênesis 18:23-32).
Nem sempre os Homens entendem o porquê que Deus faz algumas coisas, achando Deus injusto, como se elas tivessem uma noção de justiça maior do que do Próprio Deus!
A JUSTIÇA DE ABRAÃO E A JUSTIÇA DE DEUS
Dos versículos 23 ao 32 portanto, após ouvir do Juízo sobre as cidades caídas, Abraão entra num discurso de provar a justiça de Deus.
A primeira abordagem de Abraão é feita para debaixo do Juízo de Deus distinguir “justos” de “ímpios” (Gênesis 18:23-25).
Curioso que Abraão uns capítulos atrás por causa da sua injustiça por meio de uma mentira, quase levou à destruição da casa de Faraó (Gênesis 12:17-20); Uns capítulos à frente repete a mesma injustiça trazendo a ameaça de desgraça a Abimeleque rei de Gerar (Gênesis 20:2-5);
Contudo, aparece aqui no capítulo 18 ousando por em causa a Justiça de Deus.
Que sabem os Homens injustos sobre a Justiça e o Juízo de Deus? A forma de pensar dos Homens de conhecimento limitado nunca pode determinar o que é justo ou não diante de Deus que tudo vê, e tudo conhece;
Por isso lemos: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” (Isaías 55:8,9)
Deus é um Justo Juiz, um Deus de Justiça e Verdade que não erra em nenhuma das Suas decisões: “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os Seus caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há Nele injustiça; justo e reto é.” (Deuteronômio 32:4)
A verdade é que a Bíblia deixa claro que a nossa justiça está em Deus que nos ensina pela Sua Lei (Salmos 71:15-17) (Salmos 119:66,67); Sem Deus todos nós somos naturalmente injustos (Salmos 14:3) (Salmos 53:3) (Romanos 3:10)
Obviamente que a conversa entre Abraão e O Senhor visa registar a justiça perfeita de Deus para padrão dos eventos futuros quando Deus manda o Seu povo dizimar outros povos pagãos diante Dele.
Os actos de “carnificina” referidos no Velho testamento são todos actos de Justiça de Deus, ainda que nos sejam por vezes difíceis de digerir (1 Samuel 15:3) (1 Samuel 22:19) (Ezequiel 9:3-10) (Josué 10:8-11);
No debate O Senhor responde a Abraão 6x segundo a Sua justiça e misericórdia que se houvessem pelo menos 50, ou 45, ou 40 ou 30 ou 20 ou 10 justos, que Ele pouparia as cidades.
6x a Justiça de Deus prevalece contra os argumentos de Abraão. (6x a justiça de Deus prevalece contra o pecado das cidades)
A cidade foi destruída porque era uma cidade totalmente caída no pecado sem retorno.
O Número 6 como número da queda e do pecado, presente nestas 6 repetições indica o estado perdido daquelas cidades.
O julgamento divino era plenamente merecido, e foi investigado pessoalmente pelo Senhor (Gênesis 18:21) para que saibamos que a destruição daquelas cidades não foi um ato de tirania mas de resposta às afrontas ali cometidas.
O que é suposto aprendermos aqui é que a Justiça de Deus está intimamente ligada à Sua Santidade, e que portanto, se Deus determinar o endurecimento do coração dos pecadores para continuarem no pecado, e por conseguinte o Juízo para com o pecado, Ele nunca comete injustiça, pois o pecador não merece a misericórdia e o pecado merece a punição.
Assim Deus seguindo o conselho da Sua vontade compadece-se de quem quer e endurece a quem quer (Romanos 9:18), até que Venha julgar o mundo e ser glorificado tanto na salvação como na condenação dos Homens:
Ouvi-me, ó duros de coração, os que estais longe da justiça.
Faço chegar a minha justiça, e não estará ao longe, e a minha salvação não tardará; mas estabelecerei em Sião a salvação, e em Israel a minha glória.
E, se a nossa injustiça for causa da justiça de Deus, que diremos? Porventura será Deus injusto, trazendo ira sobre nós? (Falo como homem.)
De maneira nenhuma; de outro modo, como julgará Deus o mundo?
Convém porém também atentar para o facto da intercessão de Abraão por Sodoma, levar Deus a admitir por 6x que se houvessem pelo menos 50, ou 45, ou 40 ou 30 ou 20 ou 10 justos, que Ele pouparia as cidades.
Curioso que as 6 investidas na conversa entre O Senhor e Abraão estejam associadas às 5 cidades que compunham a região de Sodoma e Gomorra (Sodoma, Gomorra, Adama, Zeboim e Zoar); 4 foram totalmente destruídas (Deuteronômio 29:23), e 1 (Zoar) foi poupada (Gênesis 19:20-23).
O Número 5 é o número da Graça e do favor de Deus, e Zoar a 5ª cidade poupada, nos dá uma valiosa lição sobre como até na manifestação da ira de Deus, Sua graça e misericórdia estão presentes.
A queda em pecado pede juízo e condenação, porém, a Bíblia sempre nos demonstra que a Graça de Deus está sempre disponível.
No facto relatado de Deus poupar cidades por causa de justos 2 verdades são reveladas: A intercessão tem poder, e as pessoas contam;
10 crentes fiéis vivendo em Sodoma podiam tê-la salvado do fogo e enxofre.
Isto não é de todo uma oportunidade para os crentes justificarem o seu desejo voluntário de habitar entre o pecado de forma a poupar os ímpios, pois isto negaria a ordem de Deus à separação espiritual para a santificação e à protecção do pecado, do juízo que lhe está destinado. (Apocalipse 18:4)
O que isto nos leva a contemplar, é que se muitas vezes à nossa volta o juízo de Deus não cai sobre os ímpios, ou Sua ira à retardada por causa da nossa presença entre eles que os abençoa.
Por isso refere 10 como o número mínimo e não 1; um pequeno grupo, refere-se a uma comunidade separada e santificada, no meio de uma sociedade perversa.
Assim é a realidade da Igreja no mundo, composta por pequenas células de pessoas que irradiam a graça de Deus, e pelas quais, a ira de Deus não cai sobre o mundo.
Ló da-nos no capítulo seguinte a lição profética de que assim que os justos são retirados do meio dos ímpios, logo vem o juízo e a destruição. (isto é uma figura do arrebatamento e tribulação)
Nós estamos cá para retardar a ira divina pela graça, mas a dada altura, quando o pecado tomar as proporções limites da paciência de Deus, e o arrebatamento ocorrer, nada nem ninguém pode impedir o castigo de Deus de ser despejado sobre a terra.
Por isso assim que no arrebatamento seja retirada a igreja do mundo, entra o período final da tribulação, e depois disso o Juízo final.
Atendei-me, povo meu, e nação minha, inclinai os ouvidos para mim; porque de mim sairá a lei, e o meu juízo farei repousar para a luz dos povos.
Perto está a minha justiça, vem saindo a minha salvação, e os meus braços julgarão os povos; as ilhas me aguardarão, e no meu braço esperarão.
Levantai os vossos olhos para os céus, e olhai para a terra em baixo, porque os céus desaparecerão como a fumaça, e a terra se envelhecerá como roupa, e os seus moradores morrerão semelhantemente; porém a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não será abolida.
Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, povo em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias.
Porque a traça os roerá como a roupa, e o bicho os comerá como a lã; mas a minha justiça durará para sempre, e a minha salvação de geração em geração.
Porém o Senhor dos Exércitos será exaltado em juízo; e Deus, o Santo, será santificado em justiça.
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