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Génesis -Capítulo 17

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CAPÍTULO 17 – (27 Versículos)


  • A ALIANÇA DE DEUS TRANSFORMA HOMENS -vs 1 a 16

  • ISMAEL E ISAQUE -vs 20 a 22

  • A ORDEM DA CIRCUNCISÃO -vs 10 a 14 / 24 a 27


-Novamente Deus aparece a Abrão para reafirmar a Sua Aliança com ele após o relato de uma provação acontecendo na vida de Abrão, e da sua Fé ser testada;

Desta vez porém, Deus activamente pede de Abrão 2 condições que se tornam parte da Aliança.

  1. Andar em Sua presença;

  2. Ser perfeito;


Desde Génesis 12 que o símbolo de uma Aliança como pacto de Deus é posta em evidência à medida que certos eventos ocorrem na narrativa.

7 referências distintas ao símbolo da Aliança são feitas, onde vemos os 2 lados do pacto serem honrados.


(1ª Referência)

Em (Gênesis 12:1-3) Uma Aliança é feita com Abrão, e a condição pedida é que Abrão saia da sua terra, da sua parentela, e da casa de seu pai em direção a uma nova Terra prometida. O que Deus oferece em troca dessa condição é a bênção de engrandecer o seu nome, e fazer dele uma grande Nação pela qual a terra será abençoada.


(2ª Referência)

Após chegar aos montes da região da Terra prometida (Gênesis 12:5,6), Deus aparece de novo e a Aliança é posta de novo em evidência. Aqui vemos Deus prometer a herança de possessão da Terra à descendência de Abrão. Em troca, Abrão mostrando a sua fidelidade à fidelidade de Deus, edifica ali um altar ao Senhor como símbolo de serviço e adoração. (Gênesis 12:7)


(3ª Referência)

Depois de Abrão ser provado na terra do Egipto, sobe de novo para os montes na região da Terra prometida (Gênesis 13:3-9), e ali juntamente com Ló, uma questão de divisão de terras parece se apresentar, e Abrão entrega nas mãos de Deus o seu caminho, quando coloca em Jó a iniciativa de escolher que lado preferia para habitar. Assim que Ló escolhe e se afasta, Deus aparece de novo a Abrão e a Aliança é de novamente confirmada, na herança da sua descendência à totalidade da terra, na qual cresceria de forma a que não se pudesse contar (Gênesis 13:15,16)


(4ª Referência)

Após a guerra entre a confederação de Reis acontecer e o encontro com o Rei Melquisedeque, A Palavra do Senhor veio numa visão a Abrão (Gênesis 15:1-3) e o tema da Aliança é centrado na protecção e galardão de Deus em contraste com as adversidades deste mundo onde Abrão agindo na dependência de Deus, evidencia o seu desejo de ter um Filho herdeiro; Deus por Sua vez revela a Abrão que a descendência numerosa dele seria por meio de um Filho Herdeiro saído das suas próprias entranhas (Gênesis 15:5-7)


(5ª Referência)

Neste momento um pouco à frente ainda vemos uma outra referência à Aliança de Deus, quando Abrão pede discernimento para reconhecer a acção de Deus na sua vida e faz um sacrifício ao Senhor (Gênesis 15:8-11); Deus responde-lhe com uma visão profética acerca da sua descendência como Nação, e as provações, que acabariam na possessão de toda aquela terra, por meio da destruição de 10 povos idólatras que ali habitavam. (Gênesis 15:12-21)


(6ª Referência)

Seguidamente Abrão influenciado por Sara, deposita a sua confiança na estratégia de obter um filho com a serva Agar, em vez de esperar pelo filho da promessa de Deus (Gênesis 16:1-4) o que resulta numa Aliança à parte que Deus agora faz com a serva e sua descendência , criando uma rivalidade futura entre ambos os filhos, e as Nações que deles viriam (Gênesis 16:7-13); A obediência de Agar em voltar e se humilhar diante da sua senhora contrasta com a desobediência de Abrão em não confiar e esperar o filho da promessa.


(7ª Referência)

Abrão tem agora 99 anos e Deus provando-o durante 24 anos, chama-o agora para viver em Sua presença e ser perfeito; A Aliança de Deus com Abrão torna a ser referida, enquanto Abrão cai de rosto prostrado como postura de total reverência e sujeição (Gênesis 17:3); Deus estabelece que Abrão se tornará o pai de muitas Nações, e que da sua descendência virão reis da terra e que esta Aliança passará dele para seus filhos, em suas gerações como uma Aliança perpétua. (Gênesis 17:4-9)


O que nós vemos aqui nas referências à Aliança de Deus e na postura de Abrão, é que Deus está connosco o tempo todo no nosso percurso na Fé; Mesmo por meio de provações, e recaídas, no nosso melhor e nosso pior, a fidelidade de Deus não pode ser anulada.

Ainda que Abrão tivesse pecado contra Deus algumas vezes quando fora provado, Deus ainda assim o conduziu e abençoou.

Porém, a narrativa Bíblia nos dá um belo exemplo, que certas atitudes na provação podem trazer sérias consequências para as nossas vidas, a curto, médio e longo prazo.


Quando Abrão cedendo à pressão da sua mulher, movido por sua própria falta de confiança em Deus, faz um filho à serva, é a primeira vez que vemos Deus introduzir na narrativa uma "outra Aliança” pela qual viria posteriormente sério castigo.


Ao longo das referências à Aliança entre Deus e Abrão, vemos sempre uma relação directa entre o comportamento de Abrão (antes ou depois), e a Bênção prometida de Deus sendo referida. Note-se:


A POSTURA DE ABRÃO A BÊNÇÃO DE DEUS


Abrão obedece e sai da sua Terra; Promessa de grandeza e possessões;

Abrão edifica um altar ao Senhor; Promessa de possessão da Terra;

Abrão deixa Deus conduzir seu caminho; Promessa de grande descendência;

Abrão revela dependência de Deus; Promessa de um Filho;

Abrão pede discernimento e sacrifica; Promessa profética de uma Nação;

Abrão não confia e espera na promessa; Desvio de bênção para a serva;

Abrão em reverência e sujeição; Promessa da Aliança às gerações;


O capítulo 16 quando fala em Aliança, Abrão não é contemplado nela, porque é para deixar claro que na desobediência há desvio da Bênção.


Muitas vezes Deus desvia a bênção de nós e coloca-as sobre os nossos adversários, de forma a castigar-nos para que saibamos que para cada escolha há uma consequência.

A bíblia nos garante que nas provações, a confiança em Deus prova-nos que Deus é bom: “Provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que Nele confia. Temei ao Senhor, vós, os seus santos, pois nada falta aos que O temem.” (Salmos 34:8,9)


Segundo este princípio de desviar a Bênção, ao longo do percurso da Nação de Israel como descendência de Abrão, vemos inúmeras vezes na Bíblia Deus virar-se para os inimigos do Seu povo e levantá-los ou abençoá-los temporariamente de forma a usá-los como castigo à desobediência.

Deus levanta povos e Nações inimigas de Israel, e sua bênção se torna em castigo para o povo Judeu rebelde e desobediente. (Isaías 9:11,12) (2 Reis 17:6-20) (Oséias 10:9,10)


A expressão: “anda em minha presença e sê perfeito.” (Gênesis 17:1) vem no seguimento de Deus se afirmar: “Eu Sou O Deus Todo-Poderoso”; (Gênesis 17:1)

Esta afirmação sobre quem Deus é, seria motivo mais que suficiente para qualquer um de nós, se render completamente. (isto é se acreditarmos com Fé que Ele assim é)


A IMPORTÂNCIA DA MUDANÇA DE NOME


Quando lemos no âmbito da Aliança que Deus decide mudar o nome de Abrão para Abrão (Gênesis 17:5) e de Sarai para Sara (Gênesis 17:15) isto serve para realçar uma mudança ou transformação no relacionamento com Deus que visava agora um maior grau de exigência; Por isso a ordem de “andar na Sua presença”, e de “ser perfeito”.

A ordem de Deus mais tarde à descendência de Abraão dizendo: “Sede Santos porque Eu Sou Santo” (Levítico 11:45) (Levítico 19:2) (Levítico 20:26) é a continuação do plano de Deus de levantar da Terra um sacerdócio real, um povo especial que ainda hoje está em vigor (1 Pedro 2:9); Por isso para nós ainda está em vigor essa mesma ordem (1 Pedro 1:16)


A mudança de nome na Bíblia aparece aqui como a primeira de inúmeras vezes que isto acontece ao longo da História de Israel com algumas personagens chave no plano de Deus.

Seguindo a prática hebraica e semítica de mudar o nome a fim de ratificar a mudança de posição ou destino, Deus muda o nome de Abrão e Sarai.

Nas escrituras a partir daqui, com a mudança do nome, altera-se também a função e a responsabilidade diante de Deus e do povo de Israel. (Curioso ver que a mudança do nome sempre acompanha "um estatuto" diferente)


A mudança de nome de Oséias para Josué (Números 13:16) e de Jacó para Israel (Gênesis 35:10) por exemplo mostram isto perfeitamente.


A mudança de nome, simboliza a ideia de “conversão”; Uma conversão é uma transformação de uma coisa para outra diferente. Há uma caracterização de uma “nova identidade” que é suposto ter em conta neste simbolismo.


Nesta nova identidade, está presente a ideia do chamado de Deus para fora do mundo (Gênesis 12:1); Aqui há também uma referência à doutrina da separação que convém atentar. O Filho de Deus convertido e transformado, corta com a influência do mundo e com o pecado (2 Coríntios 5:17) (Tiago 4:4) (1 João 2:15-17) (Tito 2:11-13) (2 Timóteo 2:4,5).


A CIRCUNCISÃO E A DOUTRINA DA SEPARAÇÃO


Por isso logo na sequência da passagem Deus institui a Circuncisão ainda antes da Lei Levítica estar em vigor. (Gênesis 17:10-14)

O acto de circuncidar tem o simbolismo espiritual de “cortar com o imundo” e aponta para uma obediência espiritual de não haver comunhão com as trevas, ou de concordância entre duas naturezas opostas.

Se somos chamados à Santidade, devemos rejeitar a impiedade.


Leiam-se as palavras de Paulo a este respeito:

Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?

E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?

E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?

Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.

Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei;

E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.

2 Coríntios 6:14-18


Tendo em conta a circuncisão como um “corte cirúrgico” para remover algo considerado imundo, leia-se: “Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação.” (1 Tessalonicenses 4:7)

A circuncisão tornar-se-ia uma obrigação da Lei cerimonial de Deus para com o povo Judeu, mas seu propósito era somente de revelar a transformação operada através da obra de Jesus na Cruz mais tarde, e do poder do Espírito Santo na nova criatura;

Uma vida de Santidade e separação do pecado pela Graça e não pela Lei: “Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura.” (Gálatas 6:15) Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne.” (Filipenses 3:3)

Por isso ainda no Velho testamento é demonstrado que circuncisão sem sujeição a Deus não tem valor algum (Deuteronômio 10:16); Um “coração circuncidado” é o alvo de Deus para o Seu povo (Deuteronômio 30:6);


Abraão demonstra mais uma vez perfeita obediência quando Ele mesmo, seu filho Ismael, e seus homens operam a circuncisão mediante a ordem de Deus (Gênesis 17:23-27).


A bênção e a mudança de nome portanto sobre a vida de Abraão e Sara marcam um novo momento na narrativa, na iminência do nascimento de Isaque.

Abraão nos versículos (Gênesis 17:17,18) parece ainda incrédulo com a possibilidade de um filho vir da sua mulher velha e estéril. Por isso ele ainda cita Ismael sendo o único filho que ele tem, como se a bênção de Deus viesse sobre ele.

Contudo Deus logo o esclarece, que a promessa não diz respeito a Ismael, mas a Isaque nascido de Sara (Gênesis 17:19).


A Ismael Deus refere também bênção, e nele é feita também uma promessa de o multiplicar grandissimamente e dele vir uma grande Nação.

12 príncipes da sua descendência são referidos aqui e mais tarde detalhados na passagem de (Gênesis 25:12-16);

A referência a 12 príncipes aqui deve ser bem entendida, através do simbolismo do Número 12; Se este número aponta para a perfeição de Deus para a eternidade, o que representam estes 12 príncipes aqui citados? (Gênesis 17:20)


A resposta está logo no versículo seguinte dizendo: “A minha Aliança, porém, estabelecerei com Isaque” (Gênesis 17:21); Isto porque 12 são também os príncipes de Israel, cada um representando as 12 Tribos (Números 1:44);


Comparando 12 príncipes, e a Aliança feita em Isaque, Deus quer logo deixar bem claro que não existe nenhum lugar de honra na eternidade para os descendentes de Ismael.


Em Apocalipse, na referência aos Tronos na visão de João, existem 24 tronos e 24 Anciãos (Apocalipse 4:4) que são ocupados pelos 12 príncipes de Israel e os 12 Apóstolos.


A bênção a Ismael e sua descendência é uma bênção terrena somente, para cumprirem o seu papel “feroz contra todos” (Gênesis 16:12), sendo este papel parte integrante do plano de Deus.

Por isso Deus alerta Abraão para ouvir a intuição de Sara a respeito de Ismael e Agar após o nascimento de Isaque (Gênesis 21:9-12).


Na perseguição de Ismael a Isaque, uma profecia era feita acerca do plano de Deus para ambas as descendências: “Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também agora.” (Gálatas 4:29)


Continue o estudo no próximo capítulo


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