
CAPÍTULO 13 – (18 Versículos)
A RELAÇÃO DE ABRÃO E LÓ -vs 1 ao 7
A SEPARAÇÃO DE ABRÃO E LÓ -vs 8 ao 13
A REAFIRMAÇÃO DA POSSESSÃO DA TERRA PROMETIDA -vs 14 a 18
Assim que Abrão e sua família são “expulsos” do Egipto levando consigo a desonra do seu comportamento, partem de volta à Terra prometida por Deus. Este episódio de estadia no Egipto foi breve na narrativa bíblica e serviu o único propósito de demonstrar que até Abrão O Pai da Fé, em si mesmo não pode nada.
Deus dá-nos aqui uma boa lição, de que a nossa Fé, só pode permanecer inabalável se Deus estiver a dirigir activamente a nossa capacidade de fazer escolhas e se nós estamos em perfeita dependência Dele. De outra forma o caminho do erro será sempre a nossa primeira opção.
O objectivo de Deus é mostrar a Fé de Abrão crescendo na dependência e sujeição, para que ao longo do seu percurso fique notório que a grande Fé pela qual foi reconhecido na bíblia, foi uma fé que começou pequenina, frágil e falível.
O facto de vermos Abrão retornar ao caminho de onde tinha vindo (Gênesis 13:3,4) e ao lugar do Altar que tinha construído para invocar ao Senhor (Gênesis 12:8), nos indica que ele reconheceu que sozinho não ia a lugar nenhum, e que era necessária a instrução e direcção de Deus. Arrependido ele retorna ao lugar de Betel, (Bet-´El) cuja tradução significa “Casa de Deus”.
Tiago citando um contexto de Abrão e o seu testemunho diz: “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.” (Tiago 2:17) e logo a seguir fala das obras de Abrão que aperfeiçoaram a sua fé (Tiago 2:21,22)
Neste percurso nós vemos Abrão praticar a obra do arrependimento e sujeição, de retornar a Deus para se submeter a uma obediência maior.
BETEL E A ADORAÇÃO
Este lugar de Betel tornou-se num lugar icónico para a História de Israel e não é sempre num bom sentido. Quem deu o nome de “Betel” a este lugar foi Jacó mais tarde (Gênesis 28:19), e no tempo de Abrão a cidade chamava-se “Luz” (Josué 18:13). Podíamos dizer que Abrão retornou à “Luz”, depois de ter experimentado as “trevas” no Egipto.
Em Betel também Jacó ergueu um altar a Deus (Gênesis 35:1-7) onde à semelhança de Abrão Deus confirma ali a Aliança de herança daquela Terra a Jacó (Gênesis 28:13-19);
Este lugar tornou-se um lugar histórico de adoração por algum tempo, de tal forma que até a Arca da Aliança esteve ali contribuindo para o simbolismo daquele lugar para os Judeus (Juízes 20:26,27);
Contudo, ainda que Betel tivesse sido usado como um lugar de verdadeira adoração, a dada altura no tempo do reino dividido do Rei Jeroboão I, este lugar de adoração foi profanado por ordem do Rei, com um bezerro de ouro cometendo grande pecado contra Deus (1 Reis 12:28-33); Isto abriu as portas à idolatria cananita que acabaria por influenciar ainda mais a falsa adoração que se instalou entre o povo judeu naqueles dias.
Um lugar de perfeita adoração sendo corrompido e contaminado pela idolatria é um aviso profético para o perigo de se viver uma vida religiosa de adoração para agradar a carne.
Por isso Jeremias fala de Betel como motivo histórico de vergonha para os Judeus; (Jeremias 48:13) como Oséias e Amós referem Betel como um símbolo de “desvio” dos caminhos do Senhor pedindo Juízo (Oséias 10:14,15) (Amós 3:14)
A importância de Betel na história de Abrão e Jacó une ambas as personagens à Bênção e maldição, à adoração verdadeira, e à adoração falsa, ao caminho estreito e ao largo, à obediência e desobediência.
É a fé obediente que confia na providência Divina que pode receber a bênção.
A verdadeira adoração vem do temor e sujeição revelando as obras que lhes estão de acordo.
Abrão retornando a Betel ao lugar onde a Aliança de Deus tinha sido reafirmada, é o reconhecimento de que a adoração verdadeira a Deus pede separação da idolatria, e do pecado.
O “Egipto” é exactamente o oposto daquilo que Deus quer para cada um de Seus filhos.
Abrão demonstrando arrependimento na sua decisão de desprezar a Terra prometida pela fartura do Egipto, estava a deixar uma lição valiosa para a sua descendência, que futuramente iriam desprezar a boa lição de Deus (Êxodo 16:2,3) substituindo a verdadeira adoração pela idolatria e acabariam pagando o preço (Êxodo 32:8).
Deus garantiu em Abrão que a lição do arrependimento, da obediência e adoração zelosa era o caminho da Bênção, e ainda hoje essa lição perdura.
A SEPARAÇÃO DE ABRÃO E LÓ
A narrativa faz um óptimo trabalho em revelar que Abrão tinha aprendido a confiar mais em Deus após a sua desastrosa passagem pelo Egipto.
Por haver uma questão de divisão da Terra para pastagens do gado, que Abrão e Ló tinham separadamente, cria-se uma pequena confusão.
Abrão porém demonstra agora a capacidade de tomar uma boa decisão através da qual se entende a confiança e dependência de Deus.
Nos versículos 8 e 9 Abrão sugere a Ló que escolha primeiro que lado da Terra lhe parecia melhor, e que ao escolher, ele ficaria com a que estaria na direcção oposta.
Se a decisão de Abrão de ir ao Egipto parecia ser em prol de seu benefício, aqui Abrão demonstra que o seu benefício não era o mais importante, mas sim confiar que Deus o encaminharia para onde ele tinha de ir.
Ló porém escolhe somente visando o próprio benefício indo para os lados de Sodoma que eram mais apelativos; Lugar este que a escritura logo refere em tom profético que não havia sido uma boa decisão (Gênesis 13:12,13).
Nem sempre aquilo que nos parece melhor aos olhos, é realmente o melhor, por isso é melhor deixar que seja Deus a escolher por nós. (esta foi a forma de pensar de Abrão que nós deveríamos aprender a desenvolver)
A razão porque na narrativa aparecem Abrão e Ló lado a lado, e esta decisão, é para tornar evidente 2 tipos de escolha, e as consequências que estão no fim dessas escolhas.
A boa escolha diante de Deus NUNCA é a que somente nos beneficia particularmente, mas sim, aquela que é a VONTADE de Deus! A bíblia é clara que a vontade de Deus é sempre para nosso benefício (Jeremias 29:11-13) (Romanos 8:28)
Do versículo 14 ao 18 Deus novamente reafirma a Aliança que havia feito com Abrão e esta agora é a 3ª vez que isto acontece (Gênesis 12:1-3) (Gênesis 12:7) (Gênesis 13:14-17);
O Número 3 na Bíblia sempre descreve a acção plena da vontade de Deus representada na Trindade Divina, numa perspectiva de totalidade.
Esta repetição ou reafirmar da Aliança em 3 momentos distintos serve para estabelecer plena confiança e estimular a Fé de Abrão.
Os que confiam no SENHOR serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.
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