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JÓ 1

CAPÍTULO 1 - (22 versículos)

-Versículo 1- "Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, recto e temente a Deus e desviava-se do mal." (Jó 1:1)

O Livro de , retrata a vida de um Homem exemplar, o qual Deus chamou para o "destaque", de forma a passar-nos maravilhosas lições sobre Sujeição, gratidão, e obediência. Todo o Livro de Jó está centrado numa premissa importante a reter, e da qual iremos aprender a perceber nos desígnios de Deus e Sua soberania, um poder e sabedoria inimagináveis.


O Livro aponta directamente para o binómio -"Sofrimento e Glória"; Isto é do que se trata todo o Livro de Jó.


Jesus Cristo é O exemplo perfeito do plano de Deus, mostrando isto mesmo.

e os ensinamentos que Deus coloca disponíveis na sua vida, apontam para o vindouro sofrimento e Glória de Jesus, suportando não só as tentações e provações do Diabo, como a sujeição a Deus no meio da Tribulação, para que a Sua vontade seja exercida e aceite, e Sua Glória manifesta em última instância.


O Livro de Jó demonstra que a Glória de Deus é o único propósito para o qual existimos, e a única finalidade útil, para o sofrimento experimentado.

Mas analisemos o versículo detalhadamente:

 – ou "Job" (em hebraico: אִיּוֹב; transl.: Iyyov; em árabe: أيّوب; transl.: Ayyūb‎)


O nome em si significa “retornar a Deus”, ou “arrepender-se”, referindo-se ao momento final de um relato; procede de uma palavra hebraica que significa: "alguém a quem foi mostrada inimizade muito provada”.


Na cultura hebraica da Antiguidade, os nomes estavam intimamente associados a experiências de vida, razão pela qual muitas personagens bíblicas aparecem mudando o seu nome, ou a certos lugares serem atribuídos nomes por causa dos eventos ali passados.

Ao introduzir Jó como personagem acerca da qual trata o Livro com o mesmo nome, é-nos dito que ele vivia na Terra de "Uz".


Uz  Algures no norte da Arábia-Deserta, situada em direcção ao Eufrates ficava esta localização. Era nesta área e não na Iduméia, que os caldeus e os sabeus que saquearam os bens de Jó habitam (Vs 15 e 17).


Os árabes dividiam seu país no norte, chamado Sham, ou “a esquerda”; e o sul, chamado Iêmen, ou “a direita”; porque eles se voltavam para o leste; e assim o oeste ficava à esquerda e o sul à direita.

Arábia-Deserta a leste, a Arábia-Petraia a oeste e a Arábia-Félix a sul.


Esta zona era rica em pastagens e ideal para que o negócio do gado prosperasse e isso é evidente nos Versículos 3, e 15.


A passagem continua descrevendo Jó e apelida-o de "íntegro", "recto", "temente a Deus" e que "se desvia do mal"; não afirma contudo que Jó fosse um homem sem pecado, perfeito: (compare Jó 9:20Eclesiastes 7:20), mas fala de uma integridade excepcional em geral, em todos os campos da sua vida.


Jó era uma espécie de Cristo depictado no antigo Testamento Juntamente com outros Homens que Deus igualmente levantou para espelhar a Glória Do Seu Filho, e Sua futura obra de Glória (Como é o caso de Moisés por exemplo, como "salvador" do povo judeu libertando-o do captiveiro" conduzindo-os À "Terra prometida").


Repare-se na seguinte passagem: "Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor DEUS." (Ezequiel 14:14); Jó sendo comparado com outros grandes Homens usados por Deus, atesta para a Justiça de seu carácter, como Digno diante de Deus da mesma forma que estes o foram também. (Gênesis 6:9Gênesis 17:1Provérbios 10:9Mateus 5:48).

Foi o temor de Deus Bíblico e genuíno que afastou Jó do mal e o provou sincero e justo em seus caminhos (Provérbios 8:13).

-Versículo 2- "E nasceram-lhe sete filhos e três filhas." (Jó 1:2);


Nasceram-lhe sete filhos e três filhas. Esta declaração para nós actualmente pode parecer irrelevante, ou sem nenhum simbolismo específico, mas a verdade é que isto é-nos referido como forma de demonstrar a riqueza de Jó, que é agora seguidamente evidenciada para nos remeter para a "posição" que Jó tinha, "socialmente falando".


Filhos e Filhas, na Antiguidade eram símbolo de riqueza e prosperidade, especialmente havendo mais Filhos Machos, dos quais, Jó tinha 7.

Confira: "Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão." (Salmos 127:3);

Jó era verdadeiramente abençoado neste sentido; Confira novamente: "A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor." (Salmos 128:3,4)


Os Filhos e filhas claramente era um grande símbolo da riqueza de Jó por parte de Deus. Não é coincidência que Jó tenha precisamente 7 Filhos e 3 Filhas contudo.

Tanto 7 (nos filhos), como 3 (nas filhas) são números bíblicos ligados à perfeição da acção e do carácter de Deus. A História de Jó está repleta de referências sobre "a vontade perfeita e soberana de Deus" agindo sobre ele.


-Versículo 3- "E o seu gado era de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; eram também muitíssimos os servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente." (Jó 1:3);


Continuando de olhos na perfeição dos desígnios de Deus, e no Número 3 e 7 aludindo para isto, repare na "coincidência" aparente do número do seu gado:

Possuía ele sete mil ovelhas, três mil camelos" exactamente aludindo ao número de 7 filhos e 3 filhas; Se você acha que estes números aparecem aqui ao acaso, observe o seu simbolismo na aplicação directa destas passagens e relatos:


  • NÚMERO 3: (apenas alguns exemplos)

O Número 3 é um número particular e remete-nos imediatamente para a natureza Trina de Deus;​ (1 João 5:7)(Isaías 6:3);​​

​​​

  • Noé teve três filhos que repovoaram a terra após o dilúvio;

  • Abraão recebe a visita de três anjos;

  • José do Egipto teve três sonhos que falavam de três dias: representados por três cachos de uvas e três pães;

  • Egipto teve três dias de trevas na época de Moisés;

  • Três amigos vieram consolar Jó;

  • O templo de Salomão estava dividido em três partes: átrio, lugar santo e santos dos santos (santíssimo);

  • Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia”;

  • Três presentes foram ofertados a Jesus menino aquando do Seu nascimento; Ouro, Incenso e Mirra.

  • Pedro é repreendido por Jesus três vezes.

  • Pedro negou Cristo três vezes.

  • Jesus foi Tentado três vezes pelo Diabo.

  • Jesus ressuscitou ao terceiro dia após a sua morte.

  • São três que dão testemunho de Cristo: O Espírito, a água e o sangue;

(E muitos mais)

​​​​

  • NÚMERO 7: (apenas alguns exemplos)

​​

As referências numéricas do 3 e do 7 quando associadas no mesmo simbolismo encaixam-se, para denunciar totalidade.​

O Número 7 é um número simbólico importantíssimo na Bíblia; representa o número da "Perfeição" da acção de Deus na realidade das coisas temporárias, e isto é evidente na descrição da Criação do mundo em 7 dias específicos.

-No Livro de Apocalipse, o Número 7, ganha especial destaque, descrevendo a perfeita acção de Deus aplicada no Juízo dos dias do Fim, para a Sua Glória.


  • 7 castiçais de ouro e 7 estrelas (Apocalipse 1:20) (Apocalipse 2:1) (Apocalipse 3:1)

  • 7 cartas/7 igrejas (Apocalipse 1:4) (Apocalipse 1:20)

  • 7 Espíritos/7 lâmpadas de fogo (Apocalipse 4:5) (Apocalipse 5:6) (Apocalipse 3:1)

  • 7 selos (Apocalipse 5:1) (Apocalipse 5:5)

  • 7 anjos com 7 trombetas (Apocalipse 8:2) (Apocalipse 8:6)

  • 7 trovões (Apocalipse 10:4)

  • 7 taças de ouro da ira de Deus/7 pragas (Apocalipse 15:7) (Apocalipse 17:1) (Apocalipse 21:9)

-Jesus operou 7 milagres no Sábado, Dia do Senhor (7º dia de semana curiosamente):


  • Curou o Homem de mão mirrada (Mateus 12:10-13)

  • Expulsa um demónio de um homem em cafarnaum (Marcos 1:22-26)

  • Cura a Sogra de Simão de uma Febre (Marcos 1:30,31)

  • Cura Mulher do espírito de enfermidade (Lucas 13:11-13)

  • Cura do Homem Hidrópico (Lucas 14:2-4)

  • Cura do Homem enfermo em Jerusalém (João 5:5-99)

  • Cura do Homem cego (João 9:13-15)


Fica evidente que a prosperidade e riqueza de Jó eram atribuídas à generosidade de Deus, que o tinha abençoado ricamente.

37 aparecendo associados à prosperidade de Jó, tanto familiar, como material, demonstram que tudo o que Jó tinha era dado por Deus, e que toda a vida de Jó estava debaixo do comando Divino.


-Porque é importante saber isto? Para se entender melhor o resto da história de Jó, que se desenrola nos versículos seguintes.


A Expressão: "de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente." (Jó 1:3) atesta para esta prosperidade ímpar. Aqui "oriente" representa nas Escrituras aqueles que vivem a leste da Palestina; como o povo do norte da Arábia Deserta; (Juízes 6:3) (Ezequiel 25:4)


Deus sempre engrandeceu as pessoas que Ele Chamou para serem exemplos para todos nós; Abraão, José, Daniel são belos exemplos disso.

Esse engrandecimento é o testemunho público para o mundo de que Deus é um Deus zeloso e generoso, contudo as bênçãos que Ele dá, Ele também tira, se de facto for necessário outro tipo de testemunho, de forma que temos de nos agradar de igual forma. Bênção não significa apenas "fartura".


Até a prosperidade serve um propósito maior para Deus, do que meramente o nosso conforto e satisfação.

A Vontade de Deus é maior que nossa ideia de benefício básico e vantagem no mundo.

O mundo deve olhar, não para invejar a nossa "riqueza material", mas a nossa "riqueza espiritual", pela qual podemos e devemos glorificar e honrar a Deus por meio do sofrimento, como fez Jó nos versículos seguintes.

Por isso era necessário que Primeiro Jó possuísse tudo, e de seguida perdesse tudo.


Até aqui então temos visto a "grandeza de Jó" e seu testemunho que faria de certeza invejar muitos (e pelo que veremos de seguida, até Satanás).


Repare-se na seguinte passagem em que Isaque também é abençoado por Deus para testemunho público da generosidade Divina muito semelhante a Jó: "E tinha possessão de ovelhas, e possessão de vacas, e muita gente de serviço, de maneira que os filisteus o invejavam." (Gênesis 26:14)


O mundo rapidamente inveja as nossas bênçãos de riqueza material, mas o nosso sofrimento ninguém inveja. Contudo Deus quer mostrar ao mundo através de Jó, que eles deviam ver maior riqueza é na forma como os Seus Filhos reagem ao sofrimento, pois essa é a verdadeira prosperidade que ninguém do mundo pode obter por si mesmo.

Da mesma forma iremos ver seguidamente que Jó embora comece como figura de prosperidade e talvez até de inveja para muitos, rapidamente ele se torna uma figura de sofrimento, tornando-se assim símbolo de escândalo e surpresa para muitos.

O número 3 e o número 7 associados, já nos demonstram que os desígnios de Deus ao proporcionar prosperidade a Jó, estava inter-ligada também à provação que sobreviria a este homem no futuro. 


-Versículo 4- "E iam seus filhos à casa uns dos outros e faziam banquetes cada um por sua vez; e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles." (Jó 1:4);


Este versículo demonstra que a família de Jó era uma família muito unida e que prezavam da comunhão uns com os outros. Era notório que sendo filhos de um homem rico como Jó, sua vida fosse uma vida de prazeres usufruindo dos deleites que a vida lhes proporcionava.

Estes "banquetes" não demonstram serem nenhuma festa de celebração especial, pois mulheres não eram habitualmente convidadas para participarem de celebrações importantes juntamente com os Homens, o que nos revela que possivelmente, eram apenas e como diz o versículo "banquetes", que "cada um fazia por sua vez", de modo a que estivessem sempre juntos naquele ambiente de convívio e deleite.


Isto justifica a declaração do versículo seguinte de que Jó visse os seus filhos como potenciais "transgressores" perante Deus, dada a "Liberdade para o desfrute" que eles apresentavam.

Veja o que diz em provérbios: "O vinho é escarnecedor, a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio." (Provérbios 20:1)


Nas escrituras nada mais é dito sobre a conduta destes filhos, o que parece deixar bastante claro que não seriam filhos e filhas extremamente dedicados e zelosos para com Deus, mas de alguma forma, pessoas mais mundanas, a quem a "festa" e o "prazer" ocupavam a maioria do seu tempo.

-Versículo 5- "Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Porventura pecaram meus filhos, e amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó continuamente." (Jó 1:5);


Existe aqui uma referência interessante novamente do Número 7, ainda que não aparente numa primeira instância. Refere assim o versículo: "decorrido o turno de dias de seus banquetes", ou seja o turno em que 7 irmãos dava um banquete, "cada um por sua vez" conforme descrito no versículo anterior.


Vimos no versículo 4 que as irmãs não davam banquetes, mas por sua vez, eram convidadas somente para os banquetes de seus irmãos.

Então no fim do turno dos banquetes (a cada 7 dias), Jó preparava 10 holocaustos "segundo o número de todos eles" (7 filhos e 3 filhas) e oferecia a Deus, prevendo ele que seus filhos por meio dos seus convívios mundanos porventura houvessem pecado contra Deus.


A escritura informa que isto era algo que acontecia "Continuadamente" (semana após semana), o que também nos indica que estes "banquetes" não eram situações esporádicas, mas recorrentes.


-Holocaustos- os sacrifícios operados por Jó atestam para a "expiação dos pecados" de seus filhos, ou seja, que Jó operava a expiação voluntariamente, não por ele mesmo ou para si mesmo, mas por aqueles que ele amava (seus filhos) enquanto estes andavam seguindo o curso do mundo, o que também nos aponta novamente para Jesus como Aquele que expiou permanentemente os pecados daqueles a quem Deus amou dando Seu Filho Unigénito na figura do - Cordeiro sacrificado na Cruz. (João 1:29)


O Sacrifício ritualístico e simbólico feito por Jó é bem descrito aqui nesta passagem: "Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando algum de vós oferecer oferta ao Senhor, oferecerá a sua oferta de gado, isto é, de rebanho e de ovelha. Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem defeito; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua própria vontade, perante o Senhor. E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação." (Levítico 1:2-4);


Sabemos que Jó estava a demonstrar neste acto consciente e voluntário, uma sujeição, temor, amor e obediência a Deus notáveis. Desta forma estes holocaustos providenciados por Jó, são um glorioso símbolo do sacrifício redentor de Jesus vindouro, o qual é perfeitamente explicado no Livro de Hebreus: "Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?" (Hebreus 9:13,14);


Quando a passagem diz que Jó "Os santificava" (aos seus filhos, os presumidos "imundos"), Hebreus nos revela que Jesus também nos Santifica "continuadamente".


-Versículo 6- "E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles." (Jó 1:6);

Filhos de Deus – Aqui são claramente "anjos celestiais", o "exército dos céus"; (Jó 38:71 Reis 22:19). Eles se apresentam para prestar contas do seu “ministério” estejam eles onde estiverem no universo.

Estes "Filhos de Deus" portanto aqui são Anjos com funções específicas, por certo não estariam ali todos os anjos do céu. Estes eram anjos ministradores, que trabalham a favor dos eleitos de Deus.

"Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?" (Hebreus 1:14);


Aqui em hebraico o termo usado para "Filhos de Deus" é: (הָאֱלֹהִיםHÅELOHYM; O Termo "Senhor" usado para "Deus" por sua vez aparece como: (עַל- יְהוָהAL-YHVH;

O SENHOR – Do hebraico, aparece para nós Jeová (transliterado), o Deus auto-existente, fiel às Suas promessas. Deus diz no Livro de Êxodo que Ele (O Senhor) não era conhecido pelos patriarcas por esse nome.

"E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente conhecido." (Êxodo 6:3);


Mas, como o nome ocorre anteriormente em (Gênesis 2:7-9) o que deve ser entendido é que, até o tempo de Moisés libertar Israel, Ele era conhecido somente por Seu carácter e atributos; ou seja, “Ser quem Ele é” - "O TODO PODEROSO.

Moisés escreveu o Livro de Génesis assim como o Livro de Êxodo, e nós sabemos que quando Moisés pergunta a Deus, como dizer "Quem o havia enviado", Deus responde: "EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós." (Êxodo 3:14);


em Hebraico original aparece assim:

(Hebraico lê-se da direita para a esquerda )

     וַיֹּאמֶר     אֱלֹהִים       אֶל- מֹשֶׁה         אֶהְיֶה        אֲשֶׁר      אֶהְיֶה 

  EHËYEH   ASHER   EHËYEH  EL-MOSHEH  ELOHYM   VAYOMER

 (Eu Sou)   (o que)   (Eu Sou)    (a Moisés)      (Deus)    (e disse)

Isto significa que tirando de lado a cronologia e ordem de quando os Livros de Génesis e Êxodo foram escritos, o que sabemos é que Moisés conheceu primeiro Deus por Seus atributos, e só mais tarde em intimidade (Pelo Seu nome).


Deus revela Sua Divindade a todos (Romanos 1:20), mas Seu Nome (intimidade e comunhão), somente àqueles a quem chama de Filhos. (Apocalipse 22:4);

Talvez por isso vejamos já bem no fim do Livro, no capículo 42 dizer: "Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos." (Jó 42:5);


(Algumas versões traduzem "antes conhecia-te de ouvir falar, mas agora os meus olhos te vêem").

O sofrimento leva à intimidade com Deus!


Satanás  O Versículo diz que quando "os filhos de Deus" foram perante O Senhor, foi também satanás, o que é notório que satanás não é considerado mais um dos "Filho de Deus", e como tal não é um Ministro com o mesmo propósito de todos os outros que compareceram.

Satanás aparece junto a eles servindo um único propósito particular que só ele serve - Trabalhar contra e não a favor.


A Expressão ou termo "Satanás" não é um nome mas "um título", assim como "Filhos de Deus" também servia de Título para os outros Anjos ali presentes.


Lúcifer é o nome do Anjo que compareceu juntamente com todos os outros anjos, diante Do Senhor neste dia. Contudo é por Satanás que ele é identificado.


Satanás ou Satã (Shaitan) (do hebraico שָטָן, significa literalmente: adversário, opositor;

Quando Lúcifer é descrito com este "título", nós somos automaticamente remetidos para a ideia de contrariedade e de oposição.


Por isso nós encontramos 2 grupos distintos entrando na presença Do Senhor:

1) Filhos de Deus - a favor dos santos

2) Satanás o acusador - contra os santos


Satanás como adversário, contrariando os planos e os desígnios de Deus é visto ainda, no momento em que Jesus se depara com Pedro tentando contrariar a vontade de Deus, movido por ignorância. Pedro não sabia que Jesus estava cumprindo profeticamente o caminho para a Cruz determinado pelo Pai, mas satanás que o usava, sabia.

Pedro queria persuadir Jesus a contrariar o plano para o qual estava destinado, de forma a "protegê-lo", segundo um equivocado desejo emocional de afecto. Disse Jesus a Pedro, como se a um "opositor" se tratasse: "Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens." (Mateus 16:23)


Satanás foi juntamente com os restantes anjos diante de Deus, não por sua vontade, seguindo sua desenfreada ideia de liberdade e presunção.


Satanás comparece porque ele é convocado, e obedece a Deus numa última instância, pois Lúcifer como criatura não está "Livre" da autoridade Divina Do Deus Todo poderoso.


Outro Nome bastante usado para apelidar Lúcifer é o termo mais recente -Diabo (do latim diabolus, por sua vez do grego διάβολος, que significa outra característica específica da "função" de satanás no plano de Deus, visando com isso o castigo do Homem.

A função de "caluniador", ou "acusador". Refere Apocalipse o seguinte: "E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite." (Apocalipse 12:10);


Satanás depois da sua rebelião, embora já caído da Glória e rebelde por natureza, ainda assim cumpre um propósito, razão pela qual Deus o mantém "solto" para dominar sobre o mundo. Por isso ele é chamado de príncipe deste mundo (João 12:31); o deus deste século (2 Coríntios 4:4); príncipe do poder do ar (Efésios 2:2) e por isso ele mesmo diz a Jesus: "E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero." (Lucas 4:6)


Tudo o que o Diabo tem lhe foi entregue por Deus para operar o "Mistério" da iniquidade e da injustiça; (que no fundo também é um "ministério") (2 Tessalonicenses 2:7)


Satanás não tem autonomia para fazer o que ele bem quer, mas tudo que lhe é entregue e permitido fazer é porque Deus lhe concedeu permissão para assolar os homens, em forma de castigo e maldição. Isto também contribui para a Glória de Deus no final, no sentido de evidenciar o pecado e a rebelião como indignas e merecedoras de punição, pelos quais, Deus é glorificado no Juízo e na autoridade com que pune a transgressão, e da mesma forma, permitindo a Justiça, segundo o amor, a misericórdia, compaixão e Graça com que Deus glorifica O Filho, e é Nele Glorificado na obra da Redenção.

-Sendo assim, somos todos nós, incluindo satanás peões da vontade de Deus?


A vontade de Deus não é que o mal exista, pois ele existe pela vontade da criatura em contrariar a vontade de Deus, contudo, Deus agrada-se em transformar o mal em Glória, pois esse é o propósito final de tudo quanto existe. Por isso Satanás existe, e Deus permite que ele exista, e por isso também o mal persiste; para que persista também a evidência de que Só Deus é bom! Porém, este plano de Deus ser glorificado permitindo o mal é um plano temporário naquilo que chamamos de Metanarrativa, ou "O plano maior" de Deus.


Toda a desgraça da queda é meramente 1 episódio na trama do guião final de Deus que é de prosperidade absoluta em Glória.

Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da Sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas por Ele. Tudo é por Ele e para Ele - visando a Glória do senhor Jesus Cristo, para Glória de Deus Pai.

Isto é claro no seguinte versículo: "Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem." (2 Coríntios 2:15);


-Versículo 7- "Então o Senhor disse a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao Senhor, e disse: De rodear a terra, e passear por ela." (Jó 1:7);

Vimos no versículo anterior que Satanás apresenta-se diante de Deus, juntamente com os outros Anjos apelidados de "Filhos de Deus".


Um detalhe interessante é comparar que entre os apóstolos (Ministros de Deus ao serviço do Senhor Jesus), também havia um "Judas" traidor, de desígnios contrários ao do grupo.

Assim como Jesus "permitiu" a presença de Judas até que ele cumprisse aquilo para o qual estava destinado (João 17:12), Jesus tratou-o da mesma forma que tratou os outros.

Por isso não deve ser de estranhar que Satanás compareça perante Deus da mesma forma que os outros Anjos.

Há uma razão para isso, o que não quer dizer que Satanás goze da mesma intimidade com Deus que os "Filhos de Deus" ali descritos, o que é notório na distinção do Título que recebe que o diferencia.


Este princípio de "um opositor" no meio dos puros, é uma realidade que aponta para o "trigo" e o "joio", muitas vezes andando juntos mas nem por isso eles partilham dos mesmos propósitos, embora sirvam o papel que lhes está destinado cumprir. Observe a seguinte declaração: "O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal." (Provérbios 16:4);


Aqui no versículo 7, vemos Deus perguntar activamente dirigindo-se a Satanás: "De onde vens"? A pergunta serve o propósito de colocar em evidência um "prestar de contas".

Obviamente Deus não precisaria de perguntar a Satanás de onde ele vinha, mas a pergunta visa a ordem, pela qual Satanás obedece respondendo: "De rodear a terra, e passear por ela."

Satanás não ousou não responder, ou ripostar a pergunta de Deus, o que evidencia a autoridade daquela reunião e da pergunta de Deus em primeiro lugar.

A ideia de satanás rodear a terra e passear por ela remete-nos imediatamente para a descrição feita por Pedro: "porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;" (1 Pedro 5:8)


A razão porque Satanás o acusador rodeia a Terra é para descobrir quem acusar perante Deus. Seus demónios, suprindo a necessidade de satanás de estar devidamente informado operam como agentes de espionagem diante de todos os homens, para que contornando a falta de omnisciência de satanás, ainda assim ele possa saber o que se passa de maior relevância.

Claramente um Homem como Jó (Temente a Deus, recto e íntegro) não passaria despercebido a Satanás.


-Versículo 8- "E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e recto, temente a Deus, e que se desvia do mal." (Jó 1:8)


Curioso atentar para o facto de que não foi Satanás quem colocou "" em destaque na conversa, mas Deus que por Sua iniciativa, lança Jó diante de satanás e de todos os Anjos como um símbolo de obediência e sujeição, e isto também para obviamente expor diante de todos a incapacidade de satanás de estar sem se opor a tudo quanto honra e glorifica a Deus.


Veja o que diz na seguinte passagem referindo-se ao Anti-Cristo (o diabo encarnado):"O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus." (2 Tessalonicenses 2:4);


Obviamente Deus sabia de antemão os desejos do coração pérfido de satanás em relação a Jó. Nós vemos logo no versículo a seguir que quando Deus refere Jó, Satanás não age como se ele não tivesse noção de quem Jó era. Aliás ao contrário pelo seu discurso ele sabia exactamente quem era Jó.

O que vemos aqui é que Deus novamente demonstrando sua Omnisciência e poder, antecede a iniciativa de satanás, privando-lhe desse elemento de surpresa, e Ele mesmo coloca Jó primeiro diante de todos como referência de obediência.

"Observaste tu a meu servo Jó?"

(Nenhum verdadeiro servo Do Senhor escapa ao olho do adversário de Deus).


Parece que quase ouvimos Deus dizer implicitamente nesta pergunta: "Consideraste tu bem como Eu sou Adorado, honrado e servido por um mero homem, enquanto tu me desonras sendo um Anjo?"


"ninguém há na terra semelhante a ele" é uma declaração tremenda vinda da boca de Deus; Jó é engrandecido aos olhos de satanás, com que real propósito?


O objectivo era mesmo engrandecer Jó? Obviamente que não. Deus estava sendo glorificado perante Satanás pela vida de Jó usada como exemplo. Ou seja, Jó estava sendo um instrumento útil, para elevar os olhos de satanás para a Glória de Deus debaixo da sujeição, do temor e da obediência.

Tudo características que Satanás não tem, e por isso Deus as lança em sua cara.


É deslumbrante ver como Deus na Sua infinita sabedoria, demonstra a Sua glória enquanto coloca satanás exposto em vergonha.

Deus procede elogiando Jó de tal maneira, que o coração de satanás se sente progressivamente cheio de inveja, ódio e presunção e isso é visível nas acusações que ele passa a proferir contra Jó no versículos seguintes.

-Versículo 9- "Então respondeu Satanás ao Senhor, e disse: Porventura teme Jó a Deus debalde?" (Jó 1:9)


O despeito, inveja e presunção de satanás jorram em suas palavras cínicas. O termo "debalde" significa "em troca de nada"?

A ideia de que tem de haver um interesse pessoal de benefício associado à ideia de alguém voluntariamente adorar a Deus, é a forma mais básica com que Satanás revela a sua real condição caída da Glória.


Satanás não consegue mais ver o valor de Deus, porque ele está demasiado ocupado a valorizar-se acima de Deus, por isso ele não crê que seja possível alguém amar a Deus sem um interesse.

Satanás julga a Deus segundo sua visão de si próprio; Afinal quem o amaria a ele sem que haja algo em troca? Não testou ele Jesus prometendo-lhe a glória do mundo? (Mateus 4:8,9) Este é o truque de Satanás de oferecer algo em troca de ser adorado, pois ele sabe que em si mesmo não tem valor algum que o faça apelativo.


A promessa de riquezas e dos reinos deste mundo a Jesus em troca de adoração é a realidade de uma criatura sem valor algum, desesperada por auto-Glória recorrendo até à pouca vergonha de oferecer o mundo Àquele a quem o mundo pertence.


A razão porque satanás sentiu necessidade de colocar na balança vantagens e benefícios perante Jesus, é porque no fundo ele sabia e sabe no seu âmago que sem algo para dar em troca, ninguém poderia nem pode realmente adorá-lo por quem ele é, muito menos Jesus a quem ele não é sequer digno de estar em presença.


Por isso ele captiva e alicia o coração humano constantemente com promessas subtis de desejos de prazer, dinheiro, sexo, relevância, fama e sucesso.

Sem vantagens para dar em troca, segundo as suas próprias palavras: "porventura quem o adoraria a ele "a troco de nada"?


Contudo o Mundo está repleto de pessoas que conhecem e adoram a Deus tão somente por quem Ele é, e não pelo que Ele faz ou deixa de fazer por nós.

Este é o grande ódio de Satanás que o tornou inimigo de Deus e do Seu povo; a cobiça da Adoração sincera da Criação para com O Criador, e talvez por isso sua função principal seja precisamente a de "acusar" e de se "opor" a tudo que glorifica a Deus.


A Ideia de benefício como o objecto de propósito é o que fez com que ele parasse de adorar a Deus, e desejasse ser adorado como Deus.

Satanás era "o querubim ungido", ou seja, ele era dos anjos que mais próximo estava de Deus; "no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas." (Ezequiel 28:14);


O contemplar da Glória de Deus é a origem da perversão de Satanás, que a dada altura desejou toda aquela Glória para si mesmo; "até que se achou iniquidade em ti." (Ezequiel 28:15);

Satanás viu na Glória de Deus um benefício, que por meio da Glória, ele também pudesse receber o louvor e a adoração dos outros Anjos.


A forma como ele projecta em Jó o seu carácter interesseiro e egoísta é a razão porque Deus enaltece Jó em primeiro lugar. 

Existe uma Lição muito importante a tirar desta visão medíocre de satanás sobre quem Deus é.

Deus não é o meio pelo qual acedemos às riquezas dos céus; ELE É O TESOURO a descobrir entre todas as riquezas dos céus, e Cristo é o rosto preciosíssimo desse prémio tão valioso.

"Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência." (Colossenses 2:2,3)


Disse Deus a Abraão: "Eu sou O teu escudo, O teu grandíssimo galardão." (Gênesis 15:1);


Quem dera que todos percebessem que nós adoramos a Deus não pelo que Ele faz ou deixa de fazer, mas por quem Ele é; Seu carácter Santo, atributos Divinos, Sua Majestade, Soberania e poder são as razões porque Deus deve ser adorado.


Ainda que Deus não nos beneficiasse em nada, Ele mesmo assim continuaria sendo digno de adoração, quando mais sabendo que Deus nos abençoa ricamente, e que na Sua presença está "O Favor da vida"  (Salmos 30:5) (Provérbios 8:35);

Toda a sabedoria e ciência serve o único propósito de descobrir só a manifestação de Deus a nós é motivo mais que natural para que O Adoremos.


Não é nosso dever somente adorar a Deus, mas nossa honra e privilégio!


-Versículo 10- "Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra." (Jó 1:10);

Satanás continua obviamente justificando a "integridade" de Jó de modo a minimizar a honra do servo e por conseguinte, de diminuir a Glória de Deus.


Seu objectivo é claro: Criar uma condição de benefício na obediência voluntária de Jó.


Ao acusar Jó de ser uma pessoa interesseira, de modo que a sua fidelidade estava condicionada aos bens que Deus havia lhe concedido possuir, ele queria criar o cenário onde, acaso tudo aquilo que ele tem lhe fosse tirado, certamente Jó mudaria seu comportamento.


A evidência do foco na "prosperidade" em detrimento da "Glória de Deus como objecto final, é o que nós vemos hoje nas igrejas pentecostais guiadas pela mente de satanás.

As pessoas fingem adorar a Deus, mas seus corações estão sempre centrados na aquisição de bens e no volume de potenciais riquezas que Deus venha eventualmente a conceder. Sem a promessa constante destes benefícios, Deus perde todo o interesse aos seus olhos.


Esta posição de satanás é um registo que Deus visava demonstrar para testemunho perpétuo de como o coração enganoso pode perverter a ordem de prioridade na consciência humana, para que o homem servindo-se a si próprio, ainda assim pense estar a "adorar a Deus".


Nada é mais certo, que "adorar" ao Deus verdadeiro, através do método errado, é pura idolatria. A Adoração certa é esta: "Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade." (João 4:23,24)


A Adoração em espírito é o contraste perfeito para nos mostrar que a adoração nada tem a haver com a carne (os desejos de possessão, de riquezas materiais, de prosperidade terrena), mas é algo que existe entre O Espírito de Deus e o espírito daqueles que adoram.

Veja ainda: "Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas." (2 Coríntios 4:18);


-Versículo 11- "Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face." (Jó 1:11)


Satanás julga Jó segundo a natureza do pecado natural que ele semeou no coração de todos os homens, por isso fala com confiança que Jó não seria excepção, e que retirando dele as vantagens e benefícios, Deus se tornaria indesejável e indigno de adoração.


Para satanás, que observava a Terra e sempre o fez desde o Éden, testar os limites do carácter humano é sua área de conforto, pois ele é -o tentador- por excelência; outro título que lhe cai na perfeição (Mateus 4:3). 


"estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem" é a mesma forma que Ele usa para tentar Jesus: "Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães."

É interessante ver nos versículos a seguir que não é Deus que retira de Jó nada, mas Satanás a mando de Deus. Se Deus estendesse a Sua mão directamente para fazê-lo estaria a seguir a ordem de satanás, obedecendo-lhe.

"Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta." (Tiago 1:13);


É maravilhoso ver que a vontade de Deus sempre é superior à vontade da criatura, e que embora satanás fizesse o que lhe é natural em rebelião, todos os seus passos iam ao encontro da vontade de Deus soberana.


"e verás se não blasfema contra ti na tua face." é uma declaração de desprezo às palavras de louvor que Deus proferiu a favor de Jó no Versículo 8.


As palavras de Satanás são verdade para muitos homens, incluindo muitos dos que se dizem "Cristãos".

É comum ouvir "crentes" dizerem: "chateei-me com Deus", ou "eu e Deus estamos de relações cortadas"; Muitas pessoas assim que Deus as priva de algo que elas têm por muito precioso, elas fazem exactamente aquilo que satanás afirma que Jó faria.

Para a grande maioria das pessoas, tire a prosperidade deles e você tira a religião que elas professam seguir;

confira: "Vós tendes dito: Inútil é servir a Deus; que nos aproveita termos cuidado em guardar os Seus preceitos, e em andar de luto diante do Senhor dos Exércitos?" (Malaquias 3:14);


-Versículo 12- "E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor." (Jó 1:12);


Aqui vemos que o momento em que satanás tem poder para afligir Jó, surge somente após Deus assim o permitir; "Eis que tudo quanto ele tem está na tua mão"; Satanás não tem poder de tomar absolutamente nada de nós, que Deus não determine, isto porque Ele é um Deus zeloso e protector de todos os Seus filhos.


Jó foi entregue por Deus nas mãos de satanás, como um teste para provar a satanás e a todos nós que todo aquele que pertence a Deus não conta com as suas próprias forças, fé e méritos, no combate contra as Trevas, mas que Deus é que sustenta os crentes de forma a que a firmeza na dependência Dele não seja totalmente abalada.

Veja as seguintes passagens: "Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar." (1 Coríntios 10:13); e ainda: "Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus. Uns encurvam-se e caem, mas nós nos levantamos e estamos de pé." (Salmos 20:7,8); e ainda: "Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça." (Isaías 41:10)


O que é pertinente meditar aqui é que, Deus não estava dependendo de Jó ficar firme ou não, estando em jogo a possibilidade de satanás ainda assim ter alguma chance de ver seus argumentos provarem-se certos.

Em momento algum Deus dependeu de Jó para sair vencedor sobre satanás. Jó por sua vez, dependeu totalmente de Deus para vencer.


Muitos diriam que um Deus justo jamais deixaria que Jó fosse afligido daquela maneira, sem ter feito mal nenhum mas isso é porque as pessoas não têm os olhos postos na Glória de Deus, mas no bem estar dos homens em primeiro lugar.

Se a aflição de um dos Seus filhos, permitir a edificação e disciplina do filho, o testemunho da Fé aos ímpios, as inúmeras lições à igreja, e por fim, contribuindo tudo em Glória para Deus, porque razão Deus não se agradaria em usar Seu filho desta forma e de qualquer outra?


Aliás não foi exactamente isso que Ele fez com Jesus, Seu filho legítimo? Seu único Filho? E porque razão ficaria indignado um filho que tem como único propósito glorificar O Pai? Vimos em algum momento Jesus indignado e tratando-se como injustiçado por ter de vir à Terra com o único propósito de morrer uma morte terrível por pessoas miseráveis como nós? Virou-se Ele contra O Pai por causa disso? Ao contrário Ele disse: "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." (João 6:38).


Diz o versículo que Deus apenas deu poder a satanás para tocar nas possessões de Jó, mas sobre a vida de Jó, satanás não tinha permissão para atentar.


"E Satanás saiu da presença do Senhor." Esta expressão deixa claro que assim que Deus lhe dá permissão para testar Jó, Satanás sai de imediato. O sentido original aqui passado é que satanás praticamente sai porque é "mandado sair".

Em Hebraico:

(Novamente leia-se da direita para a esquerda )

    וַיֵּצֵא        הַשָּׂטָן      מֵעִם          פְּנֵי          יְהוָה

   YHVH        PËNEY        MEIM   HASÅTÅN   VAYETSE

 (Senhor) (presença do)  (da)    (satanás)   (E saiu)

-VAYETSE- significa: sair; ir-se; ir embora; partir; deixar; no sentido de: cumprir com o dever; exportado; enviado para fora;

"yitse', leyatse'" -Tradução: exportar; e "yutsa'" -Tradução: ser exportado; traduz-se melhor assim em termos de significado: "e satanás foi enviado para fora da presença Do Senhor".


Assim que satanás cumpre o seu papel de acusador, e recebe a permissão de Deus para testar Jó, ele é imediatamente lançado fora da presença Do Senhor para -"Cumprir com o seu dever".


Vimos logo no versículo 6 que satanás não entrou no seio Do Senhor por sua vontade, mas foi convocado; vimos ainda que ali entrou não como "Filho de Deus", mas como "opositor"; agora vemos que cumprindo o seu propósito ele é imediatamente removido para fora, ou seja, até para sair ele não sai por sua própria vontade.

Subjugado a Deus, é a posição em que se encontra satanás, e é isso que nos ensina esta passagem.


Nunca jamais Satanás ocupou um lugar na sua rebeldia, de "Liberdade" ou "autonomia" para fazer somente o que ele quer fora da soberania Divina.


Se satanás sendo ele quem é não pode escapar dos desígnios soberanos de Deus, porque pensa o Homem que pode?

-Versículo 13- "E sucedeu um dia, em que seus filhos e suas filhas comiam, e bebiam vinho, na casa de seu irmão primogénito," (Jó 1:13);

Um detalhe curioso é perceber que este versículo antecede todas as desgraças que se seguem caindo sobre Jó nos versículos seguintes, e ele começa a evidenciar os Filhos de Jó desfrutando de prazeres, embora os filhos de Jó sejam a última coisa que satanás toca para provar Jó (versículos 18 e 19)


Este versículo então introduz a provação apresentando primeiro perante nós, a "Paz, deleite, prazer, segurança e conforto" (Tudo coisas que definimos como -O aproveitar da vida).


O referir do "comiam, e bebiam vinho" é um indício disto mesmo. As provações que iriam cair sobre Jó, e sobre a sua família e possessões, viriam de surpresa, sem aviso prévio.

Deus não mandou alertar Jó, ou avisou-o para estar preparado psicologicamente para tal. Jó embora venha nos versículos seguintes demonstrar imenso sofrimento e dor ao passar pela provação, ele também demonstra que estava preparado para ser provado.


-Estamos todos preparados e fortalecidos como Jó para receber o sofrimento enquanto desfrutamos dos prazeres da vida?

Esta é a lição a considerar; Observe-se a seguinte passagem: "Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam." (Tiago 1:12);


Certamente Jó provar-se-à ser "Bem-aventurado" conforme um verdadeiro filho de Deus deve ser perante as provações que possam cair sobre ele a qualquer momento.


-Versículo 14- "Que veio um mensageiro a Jó, e lhe disse: Os bois lavravam, e as jumentas pastavam junto a eles; (Jó 1:14);

Aqui prossegue a linha de pensamento do versículo anterior introdutório à provação, apresentando um a um os problemas que sobreviriam repentinamente sobre Jó de forma seguida e fulminante.


Satanás não estava com meias medidas, e enquanto os filhos de Jó desfrutavam de mais um banquete (descrito no versículo anterior que era especialmente em casa do "Primogénito") tudo acontece, de forma a dar-nos a ideia que todas aquelas desgraças tiveram lugar num curto espaço de tempo (enquanto durava o banquete).


O primeiro ataque directo foi contra os bois e as jumentas as "possessões menores" (500 juntas de Bois e 500 jumentas).

Isto para se perceber um ritmo de intensificação e violência crescendo à medida que satanás solta a sua ira desenfreada sobre Jó.


O que é importante perceber nesta ordem de ataques, do menor ao maior, acabando no versículo 19 com a vida dos próprios filhos, é que Satanás depois de ter poder sobre alguém, ele não pára enquanto não o destruir, por isso não devemos "dar lugar ao Diabo" (Efésios 4:27) mas resistir imediatamente assim que ele subtilmente se apresenta a nós pela tentação.

O Diabo e Jesus têm objectivos completamente diferentes em seus propósitos:

"O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância." (João 10:10)


A influência do Diabo é como uma avalanche que começa sempre com um pequena bolinha de neve (a pequena tentação), até que crescendo em dimensão e alcance, devasta tudo por onde passa (a dependência e escravidão ao pecado).

-Versículo 15- "E deram sobre eles os sabeus, e os tomaram, e aos servos feriram ao fio da espada; e só eu escapei para trazer-te a nova." (Jó 1:15);

Sabeus – não os da Arábia-Félix, mas os da Arábia-Deserta, descendentes de Sabá (Seba), neto de Abraão e Quetura (Gênesis 25:1-4). Estes povos eram típicos saqueadores dos quais são descendência as beduínos do deserto nos dias actuais.

1 servo apenas aparece sobrevivendo ao ataque para dar a Jó a notícia daquela desgraça.

-Versículo 16- "Estando este ainda falando, veio outro e disse: Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os servos, e os consumiu, e só eu escapei para trazer-te a nova." (Jó 1:16);

Mais 1 outro servo de um outro grupo aparece para trazer notícia de outra desgraça.

Desta vez As Ovelhas (7 mil) e respectivos servos que delas cuidavam são dizimados por "Fogo do céu".


Satanás no versículo anterior usa outros homens (seus servos -Homens rebeldes a Deus) como forma de afligir Jó.

Aqui ele faz cair "fogo do céu" (uma manifestação de poder sobrenatural, de forma a imitar o poder de Deus).


Sabemos que satanás não tem o mesmo poder que Deus tem, contudo como "o príncipe das potestades do ar" (Efésios 2:2) ele tem alguns truques na manga para "operar maravilhas" inclusive fazer cair fogo do céu como vemos acontecer no relato do fim dos tempos (Apocalipse 13:13) através dos seus falsos mestres (Mateus 24:24), da o "anti-cristo" do "Falso Profeta" e seus demónios (Apocalipse 16:14)


-Isto porquê? porque um ataque vindo de homens poderia ser percebido como uma acção humana da causalidade terrena, mas um ataque dos céus, rapidamente demonstraria que suas desgraças eram de origem sobrenatural ou Divina.


Satanás queria dar a entender que Deus estava a trair a confiança e a Fé de Jó afligindo-o Ele mesmo, o que não é a verdade. Desta forma ele pretende criar indignação, inimizade e desejo de vingança no coração de Jó.


No versículo 15 anterior, o servo que anuncia a desgraça diz: "só eu escapei para trazer-te a nova";

Neste versículo 16 o outro servo trazendo a notícia diz o mesmo: "só eu escapei para trazer-te a nova";

Vemos no versículo 17 a seguir o terceiro servo repetindo: "só eu escapei para trazer-te a nova";

Por fim no versículo 19 o quarto servo informa igualmente que: "só eu escapei para trazer-te a nova";


Satanás deixou que 1 servo apenas em cada situação sobrevivesse, de forma a intensificar esta ordem crescente de desgraça, e não dar a Jó tempo de se recuperar de uma notícia, até que recebesse a outra.


Esta desenfreada chegada de notícias em registo de tragédia é uma forma de oprimir Jó a perder a esperança de que as coisas irão melhorar.

Se a ordem de desgraça for contínua e obedecendo a um ritmo de maior intensidade, é muitíssimo mais difícil para alguém consolidar a dor e ver com esperança um momento de alívio, segurança e descanso.

A iminência de uma nova chegada de más notícias, ainda que elas não cheguem, consegue proporcionar tanta dor, como a chegada delas.

O desejo de Jó era que terminassem as notícias de desgraça por certo, e que no meio daquilo houvesse alguma explicação, mas Deus nunca a deu a Jó.

Por isso lemos:

"A esperança adiada desfalece o coração, mas o desejo atendido é árvore de vida." (Provérbios 13:12);


Nós até podemos carregar até a morte as dúvidas de porquê que certas coisas nos aconteceram, e a razão de tanto sofrimento, sem nunca recebermos respostas concretas, mas devemos ainda assim confiar em Deus que tudo tem um propósito, e ele nos beneficia espiritualmente: "sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." (Romanos 8:28)


-Versículo 17- "Estando ainda este falando, veio outro, e disse: Ordenando os caldeus três tropas, deram sobre os camelos, e os tomaram, e aos servos feriram ao fio da espada; e só eu escapei para trazer-te a nova." (Jó 1:17);


1 outro servo chega, desta vez atribuindo aos Caldeus outro ataque, que agora foi feito sobre os camelos (3 mil) e os servos que deles cuidavam.

Os camelos eram bens preciosíssimos naquela região. Chamados de os "Taxis do deserto" ainda pelos povos nómadas e bérberes, pois podiam atravessar grandes distâncias com pouquíssimas reservas de água, e eram fundamentais para viajar por causa da sua resistência e resiliência.


Caldeus – em hebraico – {Chasaim}; não apenas "saqueadores" como os Sabeus do versículo 15; mas um povo experimentado na guerra, como está implícito na expressão "Ordenando os caldeus três tropas"; Sabemos que estes eram terríveis e destemidos conforme a descrição No Livro de Habacuque: "Porque eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcha sobre a largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas. Horrível e terrível é"; (Habacuque 1:6,7)


As três "tropas" provavelmente foram para atacar os três milhares separados de camelos de Jó e respectivos servos (Vs.3) num único coordenado ataque.

Novamente satanás usa homens para atacar, de forma a criar confusão na mente de Jó em relação aos ataques.

-Versículo 18- "Estando ainda este falando, veio outro, e disse: Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogénito," (Jó 1:18);


1 último servo chega para interromper a informação da desgraça anterior, e aqui apresenta a última desgraça, a mais terrível de todas, a qual se adivinhava logo no versículo 13, quando se refere que os filhos e filhas de Jó comiam e bebiam, ser o plano final de satanás para destruir Jó até ao chão.

Deus não deu permissão a satanás para tocar na vida de Jó, mas nada referiu sobre seus filhos, o que satanás rapidamente percebe como uma oportunidade para afligir Jó ao ponto sem retorno (julgava ele).

Por isso ele deixou para o fim o esta tragédia descrita no versículo seguinte.

-Versículo 19- "Eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, que caiu sobre os jovens, e morreram; e só eu escapei para trazer-te a nova." (Jó 1:19);


Aqui é descrito pelo último servo sobrevivente que um "grande vento" abalou de tal forma os alicerces da casa que ela caiu sobre todos os seus filhos e filhas tomando suas vidas.

Aqui novamente e para finalizar usa de poder sobrenatural para evidenciar aquela ordem de desgraças como se provocada directamente pela mão Do Próprio Deus.

Vimos no início que paz, prosperidade e prazer eram o estado habitual na vida de jó e de sua família. Nada o poderia preparar para receber de Deus aquele desafio, afinal jó era tão íntegro que até sacrificava a Deus por pecados que possivelmente nem chegassem a existir no coração dos seus filhos.


Jó, enquanto chegavam servos uns atrás dos outros, imagine-se a confusão de ele tentar perceber a origem dos ataques e os propósitos que serviam. Azar? provação? causalidade? Castigo? coincidência? providência? (tudo possibilidades da imaginação humana limitada face ao medo, ansiedade e insegurança)


Quem nunca pensou no meio de intensa adversidade: "porque razão isto me está a acontecer tudo ao mesmo tempo?" Como é sempre de esperar do inesperado: "Um mal nunca vem só";


Como a maioria de nós pensa, raramente vemos uma provação directa vindo de Deus, achamos sempre que são apenas circunstâncias de causalidade, ou mesmo achando que são provações de Deus em determinada altura (quando o círculo aperta), nunca vamos ao ponto de imaginar Deus dando ordem ou permissão a satanás para nos ferir directamente.


Queremos sempre imaginar que Deus está do nosso lado só para tudo o que nos é agradável, e que satanás quando nos faz mal fá-lo sem a permissão de Deus, o que como vemos aqui nesta passagem, não é verdade.


Esta é a arma de satanás contra Jó por meio desta investida psicológica.

Entre determinar se tudo aquilo vinha dos homens ou vinha directamente de Deus, satanás manipula as emoções de Jó em ataques psicológicos consecutivos como ele é hábil em fazer, tudo de forma a levar Jó a rebelar-se contra Deus no fim.


Repare-se na ordem:

1º ataque -de ordem humana (Sabeus) - Tomam bois e jumentas e servos;

2º ataque -de ordem sobrenatural (Fogo do céu) -Toma ovelhas e servos

3º ataque -de ordem humana (Caldeus) - Tomam camelos e servos;

4º ataque -de origem sobrenatural (Vento forte) - Toma os filhos e filhas de Jó;

-Versículo 20- "Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou." (Jó 1:20);


Jó "levantando-se", após receber a morte dos seus filhos representa a gota final no seu desespero.


"O rasgar do manto" (ou das vestes) era a marca convencional da profunda tristeza e desalento; alguns exemplos: (Gênesis 37:34) (2 Samuel 13:31) (2 Reis 19:1) (Ester 4:1);

O manto era uma peça extra que significava também um sinal de posse (pois tecido naquela altura era mercadoria dispendiosa e não estava ao alcance de muitos); desta forma rasgando o manto Jó mostrava que suas posses eram reputadas por perda por amor a Deus, como disse Paulo séculos mais tarde tão eloquentemente: "Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo," (Filipenses 3:7,8)


O Manto também era um símbolo de protecção, que ao ser rasgado aqui demonstra sinal de vulnerabilidade;


"Rapar a cabeça" (e/ou as barbas) era sinal de humilhação, auto-negação e também de desonra associados à tristeza; confira: (Jeremias 41:5) (Isaías 15:2) (Isaías 7:20);


"Lançar-se em terra" (é praticamente o acto de prostrar que significa: ajoelhar e curvar-se para a frente perante o corpo ou deitar completamente de cara no chão); é uma manifestação corporal de sujeição e de reverência também usado para reconhecimento público da autoridade ou da realeza; confira: (Marcos 14:35) (Gênesis 18:2) (Gênesis 19:1) (Gênesis 24:52) (Gênesis 33:3) (Gênesis 37:10) (Gênesis 42:6);


"E adorou" - Jó depois de ouvir todas as tragédias que se acumularam em desgraça após desgraça, segundo o plano de satanás para afrontar a Deus, faz exactamente o oposto do que satanás esperava; Jó curva-se em reverência e sujeição a Deus reconhecendo Nele toda a autoridade, honra e Majestade, e ADORA-O!


Não deve haver bofetada maior para satanás do que aqueles 2 joelhos dobrados em terra, adorando Ao Senhor!


"Adorou" significa sobretudo que Jó recebeu de Deus as provações e ainda assim achou Deus digno, justo e bom; O pesar da perda não foi maior do que o amor a Deus, algo que muitos crentes precisam aprender com Jó.


Dobrar os joelhos perante Deus é necessário para que saibamos sempre realmente qual é o nosso lugar diante Dele; Este é um hábito recorrente que os muçulmanos têm preservado e que, talvez, também nós cristãos deveríamos redescobrir, ao menos, nos momentos da prova, seguindo o exemplo extremo de Jesus no Getsêmani; É interessante saber que naquela época era costume das pessoas orarem em pé. Mas naquele momento Jesus ajoelhou-se. Mateus escreve que Ele “caiu com o rosto em terra” (Mateus 26:39);


-Versículo 21- "E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; O Senhor o deu, e O Senhor o tomou: bendito seja O Nome do Senhor." (Jó 1:21);

Este é um dos versículos mais maravilhosos da Bíblia no que diz respeito ao relacionamento entre um homem e o seu Deus; o total desapego ao mundo para honrar e adorar a Deus por meio da negação de tudo o que é supérfluo.


Claramente aqui é visível que se o sofrimento nos aproximar mais de Deus, já nos abençoou.

Jó atesta para o estado em que somos trazidos à vida (sem nada) - "Nu saí do ventre de minha mãe" e para o estado em que deixamos esta vida (sem nada) - "e nu tornarei para lá";


Note-se a declaração de Salomão, outro Homem a quem Deus deu em fartura e abundância: "Há um grave mal que vi debaixo do sol, e atrai enfermidades: as riquezas que os seus donos guardam para o seu próprio dano; Porque as mesmas riquezas se perdem por qualquer má ventura, e havendo algum filho nada lhe fica na sua mão. Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu tornará, indo-se como veio; e nada tomará do seu trabalho, que possa levar na sua mão." (Eclesiastes 5:13-15);


Jó reconhece que a vida é a maior bênção divina, e mesmo no meio de muitas aflições, ela continua sendo motivo para enchermos o nosso coração de acção de Graças perante O nosso Deus.

É no espírito (para as coisas do céu) que as riquezas de valor devem ser verdadeiramente conquistadas e retidas (Mateus 6:20).


Note-se ainda a referência: "Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele." (1 Timóteo 6:7);


"Ventre da minha mãe" - é alusão ao pó da terra do qual fomos feitos, pois é notório que quando alguém morre não retorna ao ventre da sua mãe biológica, mas que volta ao pó (à Terra) do qual foi feito. Note: "Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra." (Salmos 139:15); e ainda: "E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu." (Eclesiastes 12:7);


"O Senhor o deu, e O Senhor o tomou" - é a constatação de que nós e tudo o que temos é propriedade exclusiva de Deus: "Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam." (Salmos 24:1);


"Bendito seja O Nome do Senhor" - É o momento chave de toda esta narrativa, e a razão pela qual toda esta passagem aponta para Jó.

Satanás diz no versículo 11: "Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face." Jó por sua vez, fez exactamente o oposto, bendizendo e não amaldiçoando a Deus contrariando a expectativa frustrada de satanás.


A gratidão é uma característica irrevogável da Santificação; Deus Dá, e Deus tira. Entre o dar e o tirar, temos muito tempo para usufruir das coisas que não merecemos, e desfrutar delas serve não o propósito da auto-satisfação, mas o propósito de Glorificar a Deus pela gratidão.

Porque Quando Deus dá, e quando Deus tira, o propósito não é que valorizemos o que nos foi dado, ou o que nos foi tirado, mas AQUELE que Deu e Tirou.


Porque Dele são todas as coisas! Tudo aquilo que você já teve e hoje não tem, ou aquilo que você tem, e não sabe se terá amanhã, são coisas que não lhe pertencem, portanto, esteja grato Hoje por aquilo que Deus lhe dá e por aquilo que Ele lhe tira.

-Versículo 22- "Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma." (Jó 1:22);


Aqui é declarado que em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus culpa ou negligência no Seu cuidado para com Ele.

Deus chamou Jó naquele preciso momento de provação para o propósito de nos passar valiosas lições sobre auto-negação, sujeição, obediência, reverência, gratidão e espírito de sacrifício, de forma a que possamos olhar para Jó e ver O Filho amado, Jesus Cristo, um exemplo bem mais perfeito que Jó no que diz respeito a Bendizer o Nome do Senhor por meio de injustiças, e sofrimento incalculável.


Outra coisa importante a reter aqui, é que Jó não permaneceu fiel porque ele era excepcionalmente bom em si mesmo, mas é porque Jó dependia Do Senhor e tinha um relacionamento verdadeiro com Ele, que pode suportar todas as provações sem pecar.


Devemos portanto nos submeter às provações sem questionar a Deus a razão pela qual Ele o permite, pois sabemos que Deus nada fez sem propósitos, e todos os propósitos de Deus são bons: "Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e recto é." (Deuteronômio 32:4);







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